sexta-feira, 24 de junho de 2016

A EUROPA, A ILHA E O FASCISMO



Rui Peralta, Luanda

Um detalhe que ressalta das declarações de testemunhas do assassinato da deputada trabalhista Jo Cox é o facto do alegado assassino ter gritado “Britain First” (Grã-Bretanha primeiro) enquanto disparava. Enquanto este detalhe é, ou não, confirmado o líder do grupo de extrema-direita Britain First (BF), Paul Golding, nega as ligações do grupo ao assassino e considera que a morte da deputada trabalhista foi um “crime desprezível”, em declarações muito pouco convincentes, atendendo á usual terminologia do bando em questão (por norma os discursos do senhor Golding e os comunicados do seu bando utilizam uma terminologia muito pouco “british”).

Formado em 2011 por Jim Dowson, um pastor protestante e ex-militante de um outro grupo de extrema-direita o Partido Nacional Britânico (BNP), o BF marca presença nas ruas, através de acções diversas e é particularmente activo nas redes sociais (no facebook goza de 1,5 milhões de “gostos”). Os seus protestos incidem sobre a comunidade islâmica e as mesquitas são o seu alvo preferido (muitas vezes em acções conjuntas com a English Defence League, EDL um grupo anti-islâmico, formado em 2009), embora o grupo proclame o seu “anti-racismo” e negue ser uma organização racista.

Claro que o Brexit não é um exclusivo da extrema-direita ou das facções mais direitistas dos Conservadores, mas sim um assunto transversal a todas as formações políticas britânicas e que divide internamente conservadores e trabalhistas. O Brexit é um sentimento legítimo e soberano, tal como a permanência do país na U.E. e poderia ter representado um momento de discussão e de reflexão sobre a Europa e o seu futuro. Acabou, no entanto, por representar um renascimento do fascismo (que nunca teve muitos adeptos ingleses), na ilha.

A extrema-direita movimenta-se por toda a Europa, do Norte ao Sul. França, Alemanha, Áustria, Bélgica, Holanda, Dinamarca e mesmo a fina flor da social-democracia nórdica (Suécia, Noruega, Finlândia) sofrem fortes pressões eleitorais da extrema-direita, através de intensas campanhas racistas e xenófobas contra os imigrantes e refugiados. A islamofobia e a homofobia fazem parte do discurso fácil e incendiário do populismo. Grupos como o PEGIDA (acrónimo de Patriotas Europeus Contra a Islamização do Ocidente) formado na Alemanha, em 2014, na cidade de Dresden, surgem por quase toda a Europa. Os grupos nacionalistas da extrema-direita europeia ganharam protagonismo com a questão dos refugiados e dos imigrantes.

A Frente Nacional, em França, o Partido da Liberdade na Áustria e na Holanda, os Democratas Suecos, têm o mesmo discurso islamofóbico e anti-imigração e em defesa dos “valores ocidentais”. Os medos da classe média, o seu poder de compra em declínio, o desemprego e as faltas de perspectivas profissionais, as incertezas económicas, geram o ambiente necessário á expansão do populismo nacionalista da extrema-direita. Em simultâneo as organizações de extrema-direita ganham respeitabilidade aos olhos das classes médias.

Quanto ao Brexit terminou com a vitória dos que pretendem a saída da UE. Com este processo cai o mito da irreversibilidade da integração europeia e da intocabilidade dos tratados europeus. Inicia-se um processo de incertezas com fortes impactos na economia-mundo. A fortaleza britânica separa-se da fortaleza-europa. E no meio de tantas fortalezas imperiais estabelece-se uma imensa fortaleza da angústia.

Talvez seja o momento de erguer as barricadas da esperança...

Portugal. CONVENÇÃO DO BLOCO: O SUCESSO E O ESPECTRO



Ana Sá Lopes – jornal i, opinião

As coisas mudaram, o Bloco faz parte de uma maioria parlamentar, teve resultados eleitorais extraordinários, mas tem um espectro em cima: a Europa. 

A maior parte dos comentadores políticos, eu incluída, levou um banho quando decretou a decadência do Bloco de Esquerda, emaranhado em contradições internas, com cisões estrondosas e divisões que pareciam irreconciliáveis.

Não eram só os comentadores: dentro do próprio partido, poucos apostavam no sucesso eleitoral de um partido que depois do afastamento de Francisco Louçã parecia ter perdido a capacidade de se impor na agenda política. Numa entrevista que deu ao i na véspera das eleições legislativas, um dos fundadores do partido, Fernando Rosas, admitia que na situação em que a coisa estava era muito bom que o Bloco viesse a ter 5%. Acreditava nas “meninas” para aguentarem o barco e não o deixarem naufragar. Milagre: as “meninas” conseguiram o melhor resultado de sempre do Bloco de Esquerda. Catarina Martins impôs-se como líder – o que nunca tinha acontecido na liderança bicéfala que partilhou com João Semedo – e é hoje protagonista da geringonça que quase todos os portugueses consideravam impossível de pôr em prática. Antes, Mariana Mortágua na comissão parlamentar do BES e como porta-voz para os assuntos de economia, e depois Marisa Matias como candidata presidencial, provaram que era possível solidificar o partido depois do afastamento dos fundadores. Tinha sido Miguel Portas, numa entrevista que deu ao i dois anos antes da sua morte, a dizer que a salvação do Bloco passava pelo afastamento dos fundadores. Estava certo. 

As coisas mudaram, o Bloco faz parte de uma maioria parlamentar, teve resultados eleitorais extraordinários, mas tem um espectro em cima: a Europa. 

Na entrevista que publicamos nesta edição, Mariana Mortágua admite que o Bloco se distanciou do Syriza, que já não sabe o que é o Syriza e que nem o próprio Syriza já saberá o que é. Mas se, hipoteticamente, o Bloco chegasse ao poder como partido mais votado o que restava? Para não se tornar no Syriza, apenas sair. Esse é o espectro de que o Bloco já começa a conseguir falar.

Brexit. Referendo leva a “um profundo questionamento do projeto europeu” – João Oliveira



Deputado do PCP já reagiu à saída do Reino Unido da União Europeia.

Para o deputado do PCP, o resultado do referendo sobre o Brexit, tem um “um significado muito claro e deve se respeitado”.

Deve-se evitar “quaisquer motivos de contornar ou impedir a concretização desta expressão popular porque isso só contribui para reações extremas”, defendeu.

João Oliveira defende, ainda, que o referendo leva a “um profundo questionamento do projeto europeu” e vai na sequência do que tem defendido o partido, nomeadamento “o preparar o país para se libertar da união europeia”.

Esta é também a prova, refere na antena da SIC Notícias, da “capacidade soberana de cada povo de decidir o seu caminho”.

Andrea Pinto – Notícias ao Minuto

"A questão não é termos mais ou menos Europa mas termos melhor Europa" – António Costa



Primeiro-ministro promete proteção dos direitos dos portugueses residentes no Reino Unido e admite que “o caminho não é a desintegração”.

“Temos com o Reino Unido a mais antiga aliança do mundo, muito anterior à entrada de Portugal para as comunidades europeias e que prosseguirá muito além da saída da União Europeia”, começou por realçar o primeiro-ministro português, em reação ao resultado do referendo que ditou a saída do Reino Unido da União Europeia.

Em conferência de imprensa, António Costa deixou claro que o Governo “tudo fará para assegurar todos os direitos da comunidade portuguesa no Reino Unido, as melhores condições para as relações económicas com o Reino Unido e os britânicos que residem, visitam ou investem em Portugal”.

“Hoje é um dia triste para a Europa”, admitiu, salvaguardando que “esta pode ser uma oportunidade para os 27 países da UE reafirmem a sua vontade de prosseguir juntos, refletindo sobre o que significam estes resultados”. Porque “a questão não é termos mais ou menos Europa, mas termos melhor Europa”.

Já no que toca à volatilidade dos mercados, António Costa garantiu que “temos as necessidades de financiamento asseguradas até 2017”.

“Amizade com o Reino Unido e o povo britânico” é o que promete o chefe do Executivo português, ciente de que o caminho “não é a desintegração, mas perceber as necessidades dos cidadãos e dar-lhes uma resposta”.

“Esta decisão dos britânicos não deve ser interpretada para uma depressão coletiva, para multiplicar movimentos de divisão na Europa, mas para perceber a mensagem que os cidadãos europeus repetidamente têm dado”, explicou, elencando o que, a seu ver, os europeus precisam: “reforçar o sentimento de segurança sob ameaça terrorista, conseguir ser um espaço de liberdade dentro de fronteiras devidamente geridas, ter uma economia que assegure a prosperidade e recuperar os valores próprios da União Europeia”.

Goreti Pera – Notícias ao Minuto

APÓS BREXIT. PEDE-SE O NEXIT E O FREXIT. UNIÃO EUROPEIA ESTÁ A FERRO E FOGO



Vários países já reagiram aos resultados do referendo que deu 51,9% dos votos a favor da saída da União Europeia, por parte do Reino Unido.

O povo inglês decidiu que não quer mais fazer parte da União Europeia. O ‘sim’ a favor do Brexit venceu com mais de 50% dos votos e as reações começam a surgir em catadupa. Só esta manhã, já foram conhecidas diferentes intenções de outros países que querem fazer o mesmo referendo, ou seja, dar ao seu povo a possibilidade de decidir se o respetivo país deve ou não permanecer no espaço europeu.

O povo inglês decidiu que não quer mais fazer parte da União Europeia. O ‘sim’ a favor do Brexit venceu com mais de 50% dos votos e as reações começam a surgir em catadupa. Só esta manhã, já foram conhecidas diferentes intenções de outros países que querem fazer o mesmo referendo, ou seja, dar ao seu povo a possibilidade de decidir se o respetivo país deve ou não permanecer no espaço europeu.

A Holanda foi a primeira a dar a conhecer a sua intenção em referendar uma hipotética saída. O deputado holandês Geert Wilders, líder do partido islamófobo Partido para a Liberdade, instou a Holanda a realizar um referendo sobre a saída da União Europeia, defendendo que "os holandeses merecem ter também um referendo. O Partido para a Liberdade exige, consequentemente, um referendo ao 'Nexit' (da junção entre o nome Holandês, Nederland e a palavra ‘exit’), uma saída holandesa da União Europeia".

Seguiu-se a Irlanda, que pela voz do partido de Sinn Féin, defendeu hoje uma votação na Irlanda do Norte sobre a unificação com a República da Irlanda. "Temos uma situação em que o Norte vai ser arrastado para fora [da União Europeia] devido a uma votação em Inglaterra (...). O Sinn Féin vai fortalecer o seu pedido, sua exigência de longa data, para uma votação sobre a fronteira", afirmou Declan Kearney, presidente do partido, antigo braço político do IRA, após os resultados do referendo indicarem que o Reino Unido votou a favor da saída do bloco europeu.

Por fim, Marine Le Pen, líder da extrema-direita francesa, pediu hoje a realização de um referendo semelhante ao do Reino Unido em França, sugerindo um 'FRexit'. "A vitória da liberdade! Como eu pedi há anos, deve fazer-se o mesmo referendo em França e nos países da UE", escreveu a presidente da Frente Nacional (FN) na sua conta no Twitter.

Mais tarde, a esquerda ultranacionalista dinamarquesa também disse o mesmo, por palavras diferentes. "Felicidades para os britânicos, tomaram a sua decisão. A conclusão é clara: a UE subestimou completamente o ceticismo das pessoas. Tirou demasiado poder aos estados e agora pagará o preço", afirmou na rede social Facebook o líder do ultranacionalista Partido Popular Dinamarquês, Kristian Thulesen Dahl, acrescentando que "um referendo é a única consequência correta do resultado britânico, mas claro que deve haver tempo suficiente para o debate".

João Oliveira – Notícias ao Minuto - Imagem: The Economist

“BREXIT É UM PASSO FORTE NA DESAGREGAÇÃO DA UNIÃO EUROPEIA”



Em reação ao resultado do referendo britânico, Pedro Filipe Soares lembrou que “quem brinca com o fogo acaba por se queimar”, como aconteceu a David Cameron e à UE que tem imposto às pessoas “um projeto de crise permanente”.

“Podemos resumir o resultado e o processo a um ditado popular: quem brinca com o fogo acaba por se queimar. É o caso de David Cameron e da União Europeia”, resumiu Pedro Filipe Soares esta sexta-feira de manhã à RTP.

“Quem acha que pode impor às pessoas projetos de crise permanente, de retirada de direitos, quem tem uma atitude de humilhação perante outros povos, está a deixar que cresça um sentimento enorme antieuropeu que é aproveitado pelos partidos da extrema-direita”, prosseguiu o líder parlamentar bloquista.

A vitória do Brexit “é um passo forte de desagregação da UE, incapaz de responder aos anseios das pessoas e de perceber o mundo onde estamos”, marcado pela economia estagnada e o desemprego elevado.

“A continuar estas políticas, este referendo será o primeiro de vários”, acrescentou Pedro Filipe Soares, lembrando que vários partidos já o pediram noutros países.

Outra consequência deste terramoto político europeu diz respeito a Portugal, afirmou o líder parlamentar do Bloco, para quem “seria inaceitável que agora se viessem aplicar sanções” ao nosso país. “Esperemos que exista a consciência por parte da UE que há questões mais importantes a tratar do que as sanções a Portugal. Esperemos que a Europa reflicta sobre si própria e perceba que o seu desígnio não pode ser a austeridade”, concluiu.

Esquerda.net

COMO A NATO CONTROLA A POLÍTICA DA UE RELATIVA AOS MIGRANTES



F. William Engdahl*  - O Diário

Com este fundamentado e claro texto, o norte-americano de origem alemã, William Engdahl, não desmascara apenas o humanismo alemão, protagonizada pela senhora Merkel, perante o drama das centenas de milhares de refugiados em fuga das sucessivas guerras lançadas pelo imperialismo ocidental.

Denuncia também que hoje se torna claro «para muitos, que algo sinistro está em marcha, algo que ameaça destruir a integridade social e mesmo toda a Europa como civilização. Mas o que poucos se apercebem é que todo este drama é orquestrado, não pela chanceler alemã Ângela Merkel, ou pelos burocratas sem rosto da União Europeia no seio da Comissão de Bruxelas. Este drama na realidade é orquestrado por uma cabala constituída por um laboratório de ideias [Think tanks] e outros círculos de influência estreitamente ligados à NATO.

Um fluxo incontrolável de refugiados de guerra vindos da Síria, Líbia, Tunísia e outros países muçulmanos, desestabilizados pelas revoluções coloridas de Washington do tipo «Primavera árabe», criou a maior deslocação social através da União Europeia desde o fim da Segunda Guerra Mundial, da Alemanha à Suécia passando pela Croácia. Torna-se hoje claro para muitos, que algo sinistro está em marcha, algo que ameaça destruir a integridade social e mesmo toda a Europa como civilização. Mas o que poucos se apercebem é que todo este drama é orquestrado, não pela chanceler alemã Ângela Merkel, ou pelos burocratas sem rosto da União Europeia no seio da Comissão de Bruxelas. Este drama na realidade é orquestrado por uma cabala constituída por um laboratório de ideias [Think tanks] e outros círculos de influência estreitamente ligados à NATO.

A 8 de Outubro de 2015, no meio de vagas de centenas de milhares de refugiados que chegavam à Alemanha vindos da Síria, da Tunísia, da Líbia e de outros países, a chanceler alemã Angel Merkel novamente confiante proclamava por ocasião de um programa popular na televisão alemã. «tenho um plano». Ela aproveitou essa ocasião para lançar um desafio ao seu parceiro no seio da coligação governamental, Horst Seehofer da CSU bávara: um crítico acerbo da posição de Merkel desde o Verão de 2015: consistia em acolher os refugiados de braços abertos, o que conseguira fazer entrar mais de um milhão de refugiados na Alemanha só no último ano [1]

Desde aí, com uma resolução férrea, a chanceler alemã defendeu o regime criminoso de Erdogan na Turquia, como um dos parceiros mais essenciais no seu «plano».

Uma grande parte do mundo considerou com estupefacção o modo como ela ignorou os princípios da liberdade de expressão, decidindo perseguir publicamente um comediante bem conhecido da televisão alemã, JanBöhmermann, pelas suas piadas sobre o presidente turco [2]. O mundo ficou abismado ao ver aquela que se julga o símbolo da democracia europeia, ignorar a prisão de jornalistas da oposição por Erdogan e o seu silenciamento da oposição turca, enquanto urdia planos que visavam a estabelecer uma verdadeira ditadura dentro da Turquia. Os observadores ficaram ainda mais perplexos, quando o governo de Berlim resolveu ignorar as provas mais que abundantes de que Erdogan e a sua família ajudavam materialmente e forneciam uma base de retaguarda aos terroristas do EIIL a operar na Síria, participando na realidade na criação desta crise de refugiados de guerra. Os observadores ficaram ainda siderados ao vê-la criar um compromisso da União Europeia para dar milhares de euros ao regime de Erdogan a fim de, imagine-se, poder travar dos fluxos de refugiados que vinham de campos de refugiados turcos através da fronteira até aos países vizinhos da União Europeia, a Grécia e outros países.
O plano Merkel

Estas acções aparentemente inexplicáveis, da parte daquela que era antes encarada como uma dirigente alemã pragmática, parecia remontar à aquiescência dada a um documento de 14 páginas preparado por uma rede de laboratórios de ideias pró-NATO, sabiamente intitulado «plano Merkel». Mas o que a chanceler alemã de novo cheia de confiança não disse à sua entrevistadora, a apresentadora Anne Will, nem aos telespectadores, é que o «seu» plano lhe fora dado apenas quatro dias antes, a 4 de Outubro de 2015: provinha de um documento que já se intitulava «Plano Merkel», criado por um novo laboratório de ideias [think tank] internacional, bastante anunciado e objectivamente bem financiado, respondendo pelo doce nome de «iniciativa para Estabilidade Europeia (ISE). O site na Internet do ISE testemunha o que esta organização possui escritórios em Berlim, Bruxelas e Istambul, na Turquia [3].

De modo suspeito, os autores deste plano do ISE intitularam-no como se proviesse da chancelaria federal alemã [4] e não das suas próprias instalações [5]. Mais suspeito ainda é o conteúdo deste «Plano Merkel»» do ISE. Pois além de se ter encarregado de mais de um milhão de refugiados em 2015, preconiza que a Alemanha deverá «aceitar garantir asilo a 500.000 refugiados sírios registados na Turquia durante os próximos doze meses». Mais ainda, «a Alemanha deverá aceitar as reclamações da Turquia […] e fornecer um meio de transporte assegurado aos candidatos aceites […] já registados junto das autoridades turcas…» E finalmente, «a Alemanha deverá aceitar e auxiliar a Turquia, a fim de obter uma isenção de visto para os seus próprios viajantes em 2016 [6]

O chamado Plano Merkel é na realidade um produto de círculos de influência [thinks tanks] norte-americanos ligados à NATO, e governadores de países membros da NATO ou membros potenciais [7]. Ter presente a máxima «seguir o rasto do dinheiro [8]» é instrutivo neste caso, a fim de compreender quem governa hoje a União Europeia.

Iniciativa para a Estabilidade Europeia (ISE)

A ISE nasceu dos esforços da NATO para transformar o sudoeste da Europa, após a guerra da Jugoslavia instigada pelos Estados Unidos nos anos 90, que resultou na balcanização desse pais e no estabelecimento de uma importante base americana da NATO, Camp BondSteel, no Kososvo.

O actual presidente do ISE directamente responsável pela versão final do documento chamado «O Plano Merkel» é um sociólogo austríaco a viver em Istambul, Gerald Knaus. Knaus é membro do ECFR, o Conselho Europeu para as Relações Externas (CERE). É também membro da Sociedade Aberta [9]

Fundada em 2007, a ECFR é uma imitação do influente CFR de Nova Iorque, o círculo de influência criado pelos Rockfeller e seus amigos banqueiros, com JP Morgan à cabeça, durante as negociações de paz de Versailles em 1919 a fim de coordenar a política externa anglo-americana global. De modo significativo, o criador e fornecedor de fundos do ECFR é o bilionário norte-americano e financiador das revoluções coloridas, George Soros. Em virtualmente todas as revoluções coloridas mantidas pelo Departamento de Estado norte norte-americano, desde o desmembramento da União Soviética, incluindo a Sérvia em 2000, da Ucrânia, da Geórgia, da China, do Brasil e da Rússia, George Soros e as ramificações das suas Fundações para uma Sociedade Aberta estavam sempre presentes, agindo na sombra, financiando as ONGs e outros activistas para a «democracia», a fim de instalar regimes pró-Washington e pró-NATO [10].

Os membros seleccionados [da ECFR] chamados Membros [Members] ou associados [associates] do Conselho com sede em Londres, influenciam o Co-presidente Joschka Fischer, o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros e membro do partido ecologista alemão, que distorce a ideologia do seu próprio partido a fim de, em 1999, manter os bombardeamentos ilegais de Bill Clinton contra a Sérvia, sem o apoio do Conselho de Segurança da ONU [11].

Os outros membros do influente Conselho para as Relações Externas de Soros incluem o antigo secretário-geral da NATO Xavier Solana. Inclui também o plagiador desmascarado e antigo ministro da Defesa alemão, Karl-Theodor zu Guttenberg; Annette Heuser, directora executiva da fundação Bertelsmann [12] em Washington DC; Wolfgang Ischinger, presidente da Conferência de Segurança de Munique [13]; Cem Özdemir, presidente do reagrupamento politico alemão Alliance90/Os Verdes [14]; Alexander Graf Lambsdorff, do partido liberal democrata alemão Freie Demokratische Partei, FDP), eurodeputado; Michael Stürmer, correspondente em chefe do jornal Die Welt; André Wilkens, director da fundação Mercator (Mercator Foundation); assim como o defensor da pederastia no Parlamento europeu Daniel-Cohn-Bendit, conhecido como «Danny le Rouge» durante as revoltas estudantis francesas de Maio de 68, era um membro do grupo autonomista «combate revolucionário» [RevolutionärenKampf] em Rüsselsheim, Alemanha, junto do seu aliado actualmente presidente do ECFR, Joschka Fischer. Os dois fundaram a ala «realo» [15] dos Verdes alemães [16].

As Fundações para uma Sociedade Aberta constituem a armadura da rede de fundações, isentas de impostos, «na promoção da democracia», criada por George Soros sobre as ruínas deixadas pelo desmembramento da União Soviética: aí promoveram «marchas livres» favoráveis às regras de liberalização dos mercados desejados pelo FMI dentro das antigas economias comunistas, que abriram as portas a uma pilhagem sistemática dos activos energéticos e de mineração de grande valor dentro desses países. Soros foi um dos maior financeiros implicados junto da equipe económica liberal de Boris Yeltsin, incluindo até o economista das «Terapias de Choque» de Harvard, Jeffrey Sachs, e o conselheiro liberal de Yeltsin, Yegor Gaïdar [17]. Nesta altura, já está claro que este «Plano Merkel» não é mais que o plano Soros, Mas há ainda mais a descobrir se desejamos compreender a agenda bastante sóbria que se desenrola atrás deste plano.

Os financiadores desta «iniciativa para a Estabilidade Europeia»

O círculo de influência dito «a iniciativa para a estabilidade europeia», de Gerald Knaus, ligada a George Soros, é efectivamente financiado por uma lista impressionante de doadores. O site na Internet tem uma lista.

Esta lista inclui, além das Fundações para uma Sociedade Aberta de Soros, a Fundação [Stiftung] alemã Mercator, ligada a Soros, e a Fundação Robert Bosch. Os financeiros da ISE incluem igualmente a Comissão Europeia. Depois, curiosamente, a lista dos fundadores deste «Plano Merkel» inclui uma organização com um nome muito orwelliano. Instituto dos Estados Unidos para a Paz [United States Institute of Peace].

Bastam algumas pesquisas para revelar que este Instituto dos Estados Unidos para a Paz tem tudo menos um plano pacífico. O Instituto dos Estados Unidos para a Paz é afinal presidido por Stephen Hadley, antigo Conselheiro da Segurança Nacional [18] durante a administração dos neoconservadores provocadores de guerra Bush-Cheney. O seu Conselho de Directores inclui também Ashton B. Carter, actual Secretário da Defesa da Administração Obama; o Secretário de Estado John Kerry; o Major General [General de Divisão] Frederick M. Padilla, presidente da Universidade americana para a Defesa Nacional [US National Defense University]. Vemos assim alguns dos arquitectos veteranos da estratégia de «Dominance Plein Spectre» [19] do Pentágono norte-americano [20].

Os autores do «Plano Merkel» saído da «Iniciativa para a Estabilidade Europeia» para além das benesses das fundações de George Soros, incluem no seio do núcleo dos seus fornecedores de fundos, o Fundo Marshall dos Estados Unidos para a Alemanha [German Marshall Fund of the United States]. Como já o descrevi no meu livro recente sobre os Laboratórios de Ideias [21], este Fundo Marshall alemão é tudo menos alemão: «Com a sede em Washington, trata-se de um laboratório de ideias norte-americano com os quartéis-generais em Washington DC e a sua verdadeira agenda é a desconstrução da Alemanha após guerra, e mais globalmente de todos os estados soberanos no seio da União Europeia, a fim de os fazer entrar com mais facilidade na agenda da globalização requerida por Wall Street» [22].

Este fundo Marshall alemão» de Washington esteve implicado na agenda americanapos 1990 implicando mudanças de regime por todo o lado, ligado ao NED [NationalEndowment for Democracy] financiado pelos Estados Unidos, com as fundações Soros, e com a organização frontal da CIA chamada USAID.

Como disse no meu livro já citado nos círculos de influência: «o fim maior do «Fundo Marshall Alemão», segundo o seu relatório anual de 2013, era manter a agenda planificada do Departamento de Estado norte-americano para as operações da chamada «engenharia democrática» [23] no seio dos antigos países comunistas da Europa de Leste e do Sudeste, dos Balcãs ao Mar Negro. De modo significativo, os seus esforços incluíam a Ucrânia. Na maior parte dos casos trabalharam em conjunto com a USAID, largamente identificada como uma organização de fachada da CIA com ligações ao Departamento de Estado e à Fundação Stewart Mott [24] que dá os fundos ao NED, ele mesmo financiado pelo Governo norte-americano [25].

De modo notável, a própria Fundação Stewart Mott é outro fornecedor de fundos do ISE tendo produzido o «Plano Merkel», tal como os Fundos dos Irmãos Rockfeller[26].

Tudo isto devia dar razões para fazer uma pausa a fim de reflectir sobre os actores e os seus fins deste arranjo Merkel-Erdogan, sobre esta crise de refugiados influentes na União Europeia.

Será que a facção norte-americana Rockfeller-Bush-Clinton espera utilizar como uma experiência de engenharia social maior para criar o caos e o conflito social na União Europeia, enquanto ao mesmo tempo as suas ONGs, como o NED, a Freedom House [27] e as Fundações Soros assestam os seu fogo na Síria, e na Líbia e por todo o lado no mundo islâmico? Ter-se-á a Alemanha transformado como dizia o antigo conselheiro presidencial norte-americano e protegido dos Rockfeller, num «vassalo do poder norte-americano no mundo depois de 1990? As provas são já bastante edificantes para concluir que é esta a verdade. O papel dos laboratórios de ideias ligados aos Estados Unidos e à NATO é central, a fim de conseguir a total compreensão do modo como a Republica Federal Alemã e a União Europeia estão de facto controladas desde o anterior plano da cortina atlântica [28] 

Notas:
[1] ARD, «Merkel bei Anne Will: Ich habe einen Plan» 8 de Outubro de 2015.https://www.tagesschau.de/inland/merkel-anne-will-103.html.
[2] Ver: «Segundo o critico alemão, Merkel sacrificou-o para contentar Erdogan» (SputnikNews, 3 de Maio de 2016).
https://fr.sputniknews.com/international/201605031024712790-satiriste-
allemagne-merkel-critique-erdogan/
[3] «O Plano Merkel: retomar o controlo; mantendo a compaixão — Uma proposta para a crise dos refugiados sírios» (Iniciativa da Estabilidade da Europa — ESI, 4 de Outubro de 2015).
http://info.kopp-verlag.de/data/image/andreas-v-retyi/2016-03/500%20000%20SyrienFichtlinge/ESI%20-%The%20Merkel%20Plan%20-%20Compassion%20and%20Control%20-%204%20October%202015.pdf.
[4] A Chancelaria federal [Bundeskanzleramt, BK] é a administração que engloba os serviços do chanceler federal alemão. Não confundir com uma chancelaria diplomática (a equipe próxima do chefe de uma embaixada ou de um consulado), ou aChancelaria (com maiúscula) ou seja o Ministério da Justiça.
[5] Uma instalação no sentido político, designa uma estrutura para um fim político de modo secreto. Pode ser publica ou privada, mas será sempre ligada mais ou menos directamente a serviços de estado, sejam nacionais ou estrangeiros (polícia, informações, partido político, ou ligada directamente ao gabinete de um ministro ou de um dirigente político). São assim as células de planificação de uma agenda politica: trata-se tanto de promover ou pelo contrário abafar um dado assunto, induzindo frequentemente a manipulação indirecta da opinião e/ou da desinformação, por medias interpostas. Certos aspectos podem mesmo revelar domínio de informações, ou «operação psicológica», com certas dimensões «especiais» (paralelamente às «operações especiais», mas aqui em assuntos civis) a fim de por exemplo definir uma empresa ou uma personalidade politica.
O que há de perturbador com a generalização dos laboratórios de ideias/círculos de influência [think tanks] e de influência [lobbying] na acção politica à maneira anglo-saxónica, que contamina a Europa a partir de Bruxelas, é que a fronteira não é transparente entre as estruturas de influencia politica (lobbying) e as instalações implicam fins ocultos. Mas, um estudo mais aprofundado das operações de informação em assuntos políticos, mostrará que sempre foi assim, o que relativiza muito a ideia da própria democracia: toda a estrutura de influência politica será susceptível de se tornar uma «instalação» sendo próxima e financiada, ou seja «disfarçada» (ou seja mais ou menos directamente dirigida) pelos interesses servindo-se dessa estrutura para promover a sua própria agenda planificada. A única lição a tirar permite que cada um se torne consciente desse género de manipulações sempre possíveis, será a vigilância individual como o corolário de toda a pretensão à democracia…
[6] The Merkel Plan…» Ibid.
[7] Ver o site da Internet da NATO, juntar também os desenvolvimentos a respeito de Israel…
[8] Diz-me quem te financia eu dir-te-ei para quem trabalhas: «É aquele que paga o violão quem escolhe a música». O problema dos financiamentos dos escritórios e outros círculos de influência, think tanks ou seja qual for o termo oficialmente usado, é a primeira questão que é necessário pôr perante toda a organização mais ou menos suspeita. Neste caso, para além das obras de William Engdahl, veja-se principalmente a obra do Pr. Pierre Hillard: «A marcha irresistível da Nova Ordem Mundial» (Ed.François-Xavier de Guibert, 2007).
[9] Sobre a articulação dos diversos círculos e redes de influência ver «Domínio deEspectro Total», de William Engdahl (2008, a aparecer em francês, cap. 2, pp. 31 es.): «O Fundo [doação] Nacional para a Democracia [National Endowment forDemocracy — NED], a organização que se encontra em quase todos os golpes maiores dos Estados Unidos no quadro de operações, de mudança de regime depois dos anos 80. […] A Fundação para uma Sociedade Aberta (Open Society Foundation) do miliardário norte-americano George Soros, e a Casa da Liberdade (Freedom House)sediada em Washington», que surgira desde 1941 como uma organização de propaganda ligada à futura NATO (o antigo patrão da CIA, James Woolsey, tomou a direcção em 2001).
A «mãe» dessas operações foi o movimento «Otpor» em Belgrado em 1998-2000: «Em Belgrado, numerosas organizações pacíficas eram na realidade operadores chave: A Fundação Nacional para a Democracia (NED) e duas das suas ramificações, o Instituto Republicano Nacional (National Republican Institute - NRI) ligado ao Partido Republicano, o Instituto Democrático Nacional (National DemocratiocInstitut — NDI) desta vez ligado aos Democratas. Proclamando-se como Organizações Não Governamentais (ONG) privadas, na realidade eram financiadas pelo Congresso norte-americano e o Departamento de Estado. Com milhões de dólares fornecidos pelos contribuintes norte-americanos, foram preparadas a fim de criar um movimento de sintese «para uma mudança não violenta». (Michael Dobbs, «os consultores políticos norte-americanos ajudaram os conselheiros políticos da oposição a combater o líder autoritárioMilosevic (Os conselheiros norte-americanos ajudaram a oposição política a Milosevic: consultores ajudaram a oposição jugoslava a derrubar o dirigente europeu»]Washington Post, 11 de Dezembro 2000 (longo artigo de 6 páginas que já não é acessível a partir do site oficial de Washington embora não subsistam traços remanescentes, mas pode ser facilmente encontrado nas fontes intermédias. Ver também «Golpe de Estado disfarçado: A Nova Ordem de Washington «Democratização» (Jonathan Mowa, Pesquisa Global, 3 de Junho de 2014). Antes, outras operações haviam sido realizadas durante a elaboração destes métodos, e anteriormente para as NTIC: O Departamento de Estado Norte-americano utilizava frequentemente as ONG no quadro das suas «máquinas de golpe» durante anos: no derrubamento do presidente Fernando Marcos nas Filipinas em 1986, ou por ocasião da desestabilização da Praça Tianamen em 1989, e na revolução de veludo de VaclavHavel na Checoslováquia em 1989. Actualmente as tácticas um pouco rudes dos decénios precedentes eram retocadas com o refinamento das inúmeras técnicas de imagem desenvolvidas pela RAND Corporation, pelas mensagens de SMS e pelos telefones moveis, assim como pelos estudos de Gene Sharp do que ele chamava a «não violência como método de guerra».
Por ocasião e em volta dos acontecimentos de 1989 na Praça Tianamen em 1989, tanto a Instituição Alberto Einstein de Gene Sharp como o Fundo da Reforma e Abertura da China de George Soros (Fund for the Reform and Opening) estiveram aparentemente presentes. Gene Sharp teria estado em Pequim mesmo antes da erupção dos protestos estudantis não violentos da Praça de Tianamen. O Governo chinês acusou abertamente a Fundação Soros nessa época de ter ligações à CIA, forçando-a a deixar o país.
A Instituição Albert Einstein de Sharp desempenhou aparentemente um papel notreino e na educação dos movimentos de jovens através dos paises do antigo Pacto de Varsóvia e também na Ásia. [….] A organização de Sharp foi em parte financiada pelas Fundações Soros e o Fundo Nacional da Paz (NED) do Governo norte-americano, entre outros.
No seu próprio site na Internet, o instituto de Sharp admite estar activo junto dos grupos de oposição «pró-democracia» em muitos países, incluindo a Birmânia, a Tailândia, o Tibete, a Letónia, a Estónia, a Bielorússia, assim como na Sérvia. De uma maneira cómoda, esses países alvo coincidiam inteiramente com aqueles visados pelo Departamento de Estado para as mudanças de regime durante o mesmo período de tempo. A palavra «Democracia» como bem o sabiam os antigos oligarcas da Grécia Antiga, era sem duvida uma espada de dois gumes que podia mais uma vez ser manipulada contra os opositores, através da fúria dirigida de multidões enfurecidas».
[10] F. William Engdahl, Die Denke Fabriken.Wie eine unsichtbare Macht Politikund Politikund Macht Mainstream-Medien manipuliert (A Fábrica de Pensamento: como uma força invisível manipula a politica e os principais medias) Koop-Verlag, Rottebur, 2015, capítulo 11. Sobre o CFR, a difícil articulação não sem rivalidade entre os interesses comerciais anglo-norte-americanos ver-se também O Petróleo uma guerra de um séculocapítulo 5 pag 67 e 8) e A verdadeira história de Bilderberger (Daniel EstulinEditions Nouvelle Terre, 2009. Muito poucas obras existem em francês que evocassem essas jogadas, pensamos por exemplo nas obras de Pierre de Villenarest, ou de Pierre Fontaine num sentido menor)
[11] Ibid.
[12] Bertelsmann Stiftung. Sobre a Fundação Bertelsmann ver a obra de PierreHillard. A Fundação Bertelsmann e a governação mundial» Ed. François-Xavier deGuibert, 2009.
[13] A Conferencia anual sobre a segurança em Munique (Münchner Sicherheitskonferenz, MSC; (Munich Security Conference também chamada Wehrkunde(abreviação do seu antigo nome: Wehrkundetagung, (Sessão de troca de conhecimentos em matéria de Defesa) é a maior reunião este género no mundo. Foi por esta ocasião que desde 2008 a Rússia não cessou de avisar a NATO contra as manobras e intrigas deliberadas promovidas principalmente pelas instituições financiadas pelos Estados Unidos. Que só podiam criar tensões artificiais entre a Rússia e a NATO que conhecemos hoje.
[14] Bundnis 90. Die Grunen é um partido político alemão de centro esquerda ecologista moderado.
[15] Realo (abreviatura de Realista), partidários dentro dos ecologistas ecologistas alemães, de uma aliança de governo com a esquerda, em, oposição aos Fundi (abreviatura de Fundamentalistas), com uma perspectiva anti-liberal e marxizante. É a esta ala Fundi que se deve uma maravilhoso slogan pacifista besser rot als tod (antes vermelho que morto durante a guerra-fria…
[16] Ibid; ver também a apresentação de ECFR sobre a Lobbypedia da ONG alemãLobby Control, que assegura uma especialização sobre os grupos de influencia https://www.lobbypedia.de/wiki/EuropeanCouncilonForeignrelations.
[17] F. William Engdahl, op. Cit.; Jeffry Sachs, O que eu fiz na Rússiahttp://jeffsachs.org/2012/03/what-i-did-in-russia/. NDT pensemos também em AnatoliTchoubais, que foi citado por Marie Laforêt em más circunstancias perante ThierryArdisson…
[18] O Conselho de Segurança Nacional (National Security Council) ou NSC, composto de conselheiros, (US National Security adviser) reunia estatutariamente com o vice-presidente, o secretario de estado, o secretário da Defesa e o Conselheiro da Segurança Nacional, tem um papel de esclarecimento de decisão e coordenação junto do Presidente em assuntos estratégicos, instituição pouco conhecida e portanto mais importante da politica externa dos Estados Unidos; é também importante compreendê-lo no contexto da baixa de poderes reais do Presidente dos Estados Unidos depois de Eisenhower e da subida correlativa dos grupos de interesses que o manipulam mais ou menos directamente. Veja-se principalmente a este respeito F.William Engdahl a respeito do total poder de Henry Kissinger durante o impeachmentde Nixon, permitindo a preparação dos choques de petróleo como uma quota de interesses privados bem diferentes da Nação Americana (Petróleo uma guerra de um século Ed. Jean-Cyrille Godefroy, cap. 9 pags 149 e seguintes.
[19] O autor utiliza a palavra «dominação» (antiquada mas que existe em francês) para explicar aqui porque usa a dominação como modelo de governo. Esta referencia aos termos exactos da estratégia americana da era Bush Jr. é explicada por W.Engdahl na sua obra Dominação de Espectro Total (2009, a aparecer em francês.
[20] Efectivo do Conselho de Directores disponíveis no site da Internet do Instituto dos Estados Unidos para a Paz» em:
http://www.usiporg/aboutus/board.html
[21] F. William Engdahl, Die Denke Fabriken.Wie eine unsichtbare Macht Politikund Politikund Macht Mainstream-Medien manipuliert (A Fábrica de Pensamento: como uma força invisível manipula a politica e os principais medias]», Op. Cit., Cap. 7)
[22] «Engenharia democrática» [democracy-building] é autentico que com efeito encontremos «engenheiros em democracia» em Bruxelas e noutros locais… se a situação se presta ao riso, oculta algo de muito mais grave do que aquilo que é chamado com muita pompa a «democracia» no Ocidente.
[24]A Fundação Charles Stuart Mott foi criada em 1926 por Charles Stewart Mott, em capitanias de industria do Michigan associada à General Motors. É hoje membro da Rede de Fundações Europeias para uma Cooperação Inovadora [Network of European for Innovative Cooperation, NEF]
Ela está no número destas fundações criadas num ambiente de paternalismo empreendedor certamente real na época, mas que foi largamente ultrapassado para outros fins. Um outro exemplo maior será a Fundação Dale Carnegie: veja-se «A verdadeira história de Bilderberg» (Daniel Estulin, Ed. Nouvelle Terre, 2009).
[25] Ibid.
[26] Rockefeller Brothers Fund (RBF, não confundir com a Fundação Rockefeller, criada em 1913 por J. D. Rockfeller): criada em 1940 pelos cinco filhos da terceira geração dos Rockfeller: John Rockfeller III, Nelson, Laurance, Winthrop e David. É o binómio constituído por David e Nelson que terá o papel mais subversivo nos assuntos internacionais. Luís M. Gonzalez-Mata foi realmente o primeiro a anunciar a articulação dos irmãos Rockfeller (Nelson e David) e dos seus protegidos, Henry Kissinger e Zbigniew Brzezinski, no quadro de dois cenáculos de decisões maiores que são o Bilderberg, e a comissão trilateral (Os verdadeiros senhores do mundo», Ed. Grasset & Fasquelle, 1979).
[27] ESI, O Plano Merkel: restabelecer o controlo…», Op. Cit.
[28] Desde O Grande longe» teria dito o Presidente Charles De Gaulle…»

* F. William Engdahl, é analista económico e político, especialista em energia e geopolítica.

Tradução de Manuela Antunes.


CHEFES DOS NEOLIBERAIS FASCISTAS DA UE REÚNEM-SE. CAMERON DEMITE-SE



MNE dos seis países fundadores reúnem-se no sábado em Berlim

Os chefes da diplomacia dos seis países fundadores da União Europeia (UE) reúnem-se no sábado em Berlim para debater as consequências do referendo britânico, anunciou hoje o ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE) alemão, Frank-Walter Steinmeier.

Na reunião na qual Steinmeier será o anfitrião, participam os MNE francês, Jean-Marc Ayrault, holandês, Bert Koenders, italiano, Paolo Gentilon, belga, Didier Reynders, e o luxemburguês, Jean Asselborn, em representação dos seis países que a 09 de maio de 1957 assinaram o Tratado de Roma, que deu origem ao que é hoje a União Europeia (UE).

O Reino Unido, cujos eleitores escolheram na quinta-feira sair da UE, a Irlanda e a Dinamarca foram os países do primeiro alargamento da Comunidade Económica Europeia, a 01 de janeiro de 1973.

Os eleitores britânicos decidiram que o Reino Unido vai sair a União Europeia, depois de o 'Brexit' ter conquistado 51,9% dos votos no referendo de quinta-feira, segundo os resultados finais.

IG(DM) // ARA // LUSA

David Cameron anuncia intenção de se demitir em outubro

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, anunciou hoje a intenção de se demitir em outubro, na sequência do referendo em que os britânicos decidiram pela saída do Reino Unido da União Europeia.

Falando à imprensa à porta da sede do Governo, David Cameron afirmou que, depois da vitória do "Sair" com 52%, o país precisa de uma nova liderança.

MDR // VM // LUSA

COMO AS CORPORAÇÕES CERCAM A DEMOCRACIA - Dowbor



Radiografia de um sequestro: banqueiros e megaempresários colonizam os partidos, compram acordos no Judiciário, comandam mídia e extraem dinheiro dos Tesouros. Haverá saída?

Ladislau Dowbor – Outras Palavras

“A política mudou de lugar: a globalização desafia radicalmente
os quadros de referência da política, como prática e teoria”
Octávio Ianni [2]

“Capture is more subtle and no longer requires a transfer of funds,
since the politician, academic or regulator has started to believe
that the world works in the way that bankers say it does”
Joris Luyendijk [3]

Olhar o século 21 pelas lentes do século passado não ajuda. Quando pensamos o mundo da economia, pensamos ainda em interesses econômicos e mecanismos de mercado. A política, o poder formal, os impostos, o setor público em geral representariam outra dimensão. Não é nova a ruptura destas fronteiras, a penetração dos interesses de grupos econômicos privados na esfera pública. O que é novo, é a escala, a profundidade e o grau de organização do processo. O que já foram deformações fragmentadas, penetrações pontuais através de lobbies, de corrupção e de “portas-giratórias” entre o setor privado e o setor público se avolumaram, e por osmose estão se transformando em poder político articulado em que o interesse público é que aflora apenas por momentos e segundo esforços prodigiosos de manifestações populares, de frágeis artigos na mídia alternativa, de um ou outro político independente. O poder corporativo tornou-se sistêmico, capturando uma a uma as diversas dimensões de expressão e exercício de poder, e gerando uma nova dinâmica, ou uma nova arquitetura do poder realmente existente.

Uma forma é a própria expansão dos tradicionais lobbies. A Google, por exemplo, tem hoje oito empresas de lobby contratadas apenas na Europa, além de financiamento direto de parlamentares e de membros da Comissão Europeia. É provável que tenha de pagar 6 bilhões de euros por ilegalidades cometidas no Velho Continente. Os gastos da Google nesta área já se aproximam dos da Microsoft. A Google mobilizou congressistas americanos para pressionarem a Comissão: “O esforço coordenado por senadores e membros do Congresso, bem como de um comité de congressistas, fez parte de um esforço sofisticado, com muitos milhões de libras em Bruxelas, com que a Google montou a ofensiva para travar as resistências à sua dominação na Europa.” [4]

Enquanto os lobbies ainda podem ser apresentados como formas externas de pressão, muito mais importante é o financiamento direto de campanhas políticas, através de partidos ou investindo diretamente nos candidatos. No Brasil lei promulgada em 1997 autorizou as empresas a financiar candidatos, com impactos desastrosos em particular no comportamento de parlamentares, que passaram a formar bancadas corporativas. Em 2010, os Estados Unidos seguiram o mesmo caminho, levando a que hoje os americanos comentem que “temos o melhor Congresso que o dinheiro pode comprar”. No Brasil finalmente o STF decretou a ilegalidade da prática, a valer a partir das próximas eleições. Mas em 2016 ainda temos uma bancada ruralista, além da grande mídia, das empreiteiras, dos bancos, das montadoras, e contam-se nos dedos os representantes do cidadão. O truncamento do Código Florestal e consequente retomada da destruição da Amazônia, o bloqueio da taxação de transações financeiras e tantas outras medidas, ou ausência de medidas como é o caso da tributação sobre fortunas ou capital improdutivo, resultam desta nova relação de forças que um Congresso literalmente comprado permite.

A captura da área jurídica adquiriu imensa importância, e se dá por várias formas. Foi notória a tentativa dos grandes bancos brasileiros, por meio de financiamentos de diversos tipos, de colocar as atividades financeiras fora do alcance do Procon e de outras instâncias de defesa do consumidor. Nos Estados Unidos, um juiz de uma comarca decide colocar a Argentina na ilegalidade no quadro dos chamados “fundos abutres”, pondo-se claramente a serviço da legalização da especulação financeira internacional, e acima da legislação de outro país.

Uma forma particularmente perniciosa de captura do judiciário deu-se por meio dos acordos ditos “settlements” , pelos quais as corporações pagam uma multa mas não precisam reconhecer a culpa, evitando assim que os administradores sejam criminalmente responsabilizados. Assim, os administradores corporativos e financiadores ficam tranquilos em termos de eventuais condenações. Joseph Stiglitz comenta: “Temos notado repetidas vezes que nenhum dos responsáveis encarregados dos grandes bancos que levaram o mundo à beira da ruína foi considerado responsável (accountable) por seus malfeitos. Como pode ser que ninguém seja responsável? Especialmente quando houve malfeitos da magnitude dos que ocorreram nos anos recentes?” [5] Elizabeth Warren, senadora americana, traz no seu curto estudo uma excelente descrição dos mecanismos, com nomes das empresas. [6]

A GSK, por exemplo, um gigante da área farmacêutica, fez um acordo com a justiça norte-americana para compensar fraude generalizada com três tipos de medicamentos, pagando 3 bilhões de dólares. A notícia da condenação por fraude que atingiu milhões de pacientes não causou prejuízo significativo à empresa, cujas ações subiram ao se constatar que tinha lucrado com a fraude mais do que o valor da multa. Os aplicadores financeiros consideraram que o seu dinheiro fora bem defendido. Esta desresponsabilização é hoje generalizada, abrindo uma porta paralela de financiamento de governos graças às ilegalidades. Para dar alguns exemplos, o Deutsche Bank está pagando uma multa de 2,6 bilhões de dólares em 2015; o Crédit Suisse está pagando 2,5 bilhões por condenação em 2014 e assim por diante, envolvendo todos os gigantes corporativos. Um exercício de sistematização da criminalidade financeira pode ser encontrado no site Corporate Research Project, que apresenta as condenações e acordos agrupados por empresa. George Monbiot chama isto de “um sistema privatizado de justiça para as corporações globais” e considera que “a democracia é impossível nestas circunstâncias”.[7] (252)

Hoje as corporações dispõem do seu próprio aparato jurídico, como o International Centre for the Settlement of Investment Disputes (ICSID) e instituições semelhantes em Londres, Paris, Hong Kong e outros. Tipicamente, irão atacar um país se este impuser regras ambientais ou sociais que o mundo corporativo julga desfavoráveis, e processá-lo por lucros que poderiam ter tido. A disputa jurídica constitui uma dimensão essencial dos tratados TTIP (Transatlantic Trade and Investment Partnership), na esfera do Atlântico, e TPP (Trans-Pacific Partnership) na esfera do Pacífico. Tais acordos amarram um conjunto de países com regras internacionais em que os Estados nacionais perderão a capacidade de regular questões ambientais, sociais e econômicas, e muito particularmente, as próprias corporações. Pelo contrário, serão as próprias corporações a impor-lhes — e a nós todos — as suas leis. Nas palavras de Luís Parada, um advogado de governos em litígio com grupos mundiais privados, “a questão finalmente é de saber se um investidor estrangeiro pode forçar um governo a mudar as suas leis para agradar ao investidor, em vez de o investidor se adequar às leis que existem no país.” [8]

Outro eixo poderoso de captura do espaço político se dá através do controle organizado da informação, construindo uma fábrica de consensos onde Noam Chomsky nos deu análises preciosas.[9] O alcance planetário dos meios de comunicação de massa, e a expansão de gigantes corporativos de produção de consensos permitiram que se atrasasse em décadas a compreensão popular do vínculo entre o fumo e o câncer; que se bloqueasse nos Estados Unidos a expansão do sistema público de saúde; que se vendesse ao mundo a guerra pelo controle do petróleo como uma luta para libertar a população iraquiana da ditadura e para proteger o mundo de armas de destruição em massa. A escala das mistificações é impressionante.

Ofensiva semelhante em escala mundial, e em particular nos EUA, foi organizada para vender ao mundo não a ausência da mudança climática – os dados são demasiado fortes – mas a suposição de que “há controvérsias”, adiando ou travando a inevitável mudança da matriz energética. James Hoggan realizou uma pesquisa interessante sobre como funciona esta indústria. A articulação é poderosa, envolvendo os think tanks, instituições conservadoras como o George C. Marshall Institute, o American Enterprise Institute (AEI), o Information Council for Environment (ICE), o Fraser Institute, o Competitive Enterprise Institute (CEI), o Heartland Institute, e evidentemente o American Petroleum Institute (API) e o American Coalition for Clean Coal Electricity (ACCCE), além do Hawthorne Group e tantos outros. A ExxonMobil e a Koch Industries são poderosos financiadores, esta última aliás grande articuladora do Tea Party e da candidatura Trump. Sempre petróleo, carvão, produtores de carros e de armas, muitos republicanos e a direita religiosa.[10]

Campanhas deste gênero são veiculadas por gigantes da mídia. No Brasil, 97% dos domicílios têm televisão, que ocupa três a quatro horas do nosso dia, e que está presente nas salas de espera, nos meios de transporte, incessante bombardeio que parte de alguns poucos grupos. No nível mundial, Rupert Murdoch assume tranquilamente ser o responsável pela ascensão e suporte a Margareth Thatcher, financiou um sistema de escutas telefônicas em grande escala na Grã-Bretanha, sustenta um clima de ódio de direita através da Fox, sem receber mais que um tapinha na mão quando se revelam as ilegalidades que pratica. No Brasil, com o controle da nossa visão de mundo por quatro grupos privados – os Marinho, Civita, Frias e Mesquita – o próprio conceito de imprensa livre se torna surrealista, e os impactos na Argentina, no Chile, na Venezuela e outros países são impressionantes em termos de promoção das visões mais retrógradas e de geração de clima de ódio social.

A vinculação da dimensão midiática do poder com o sistema corporativo mundial é em grande parte indireta, mas muito importante. As campanhas de publicidade veiculadas promovem incessantemente comportamentos e atitudes, centrados no consumismo obsessivo dos produtos das grandes corporações. Isto amarra a mídia de duas formas: primeiro, porque pode dar más notícias sobre o governo, mas nunca sobre as empresas, mesmo quando entopem os alimentos de agrotóxicos, deturpam a função dos medicamentos ou nos vendem produtos associados com a destruição de biomas como a floresta amazônica. Segundo, como a publicidade é remunerada em função de pontos de audiência, a apresentação de um mundo cor de rosa de um lado, e de crimes e perseguições policiais de outro, tudo para atrair a atenção pontual e fragmentada, torna-se essencial, criando uma população desinformada ou assustada, mas sobretudo obcecada com o consumo, o que remunera com nosso dinheiro as corporações que financiam estes programas. O círculo se fecha, e o resultado é uma sociedade desinformada e consumista. A publicidade, o tipo de programas e de informação, o consumismo e o interesse das corporações passam a formar um universo articulado e coerente, ainda que desastroso em termos de funcionamento democrático da sociedade.[11] (217)

Além dos think tanks e do controle da mídia, o controle das próprias visões acadêmicas avançou radicalmente nas últimas décadas, por meio dos financiamentos corporativos diretos, e em particular pelo controle das publicações científicas. Em muitos países, e particularmente no Brasil, as universidades privadas passaram a ser propriedade de grupos transnacionais que trazem a visão corporativa no seu bojo. A dinâmica é particularmente sensível nos estudos de economia. Helena Ribeiro traz um exemplo desta deformação profunda do ensino na universidade Notre Dame de Nova York. “Dado que corria o ano de 2009 e o mundo financeiro entrava em colapso aos olhos de todos, os alunos pensaram que seria um excelente tema para debater na aula de macroeconomia. A resposta do professor: “Os estudantes foram laconicamente informados que o tema não constava do conteúdo programático da disciplina, nem era mencionado na bibliografia afixada e que, por isso, o professor não pretendia divergir da lição que estava planejada. E foi o que fez”. O artigo de Ribeiro mostra as dimensões desta deformação, mas também os protestos dos alunos e a multiplicação de centros alternativos de pesquisa econômica, como o New Economics Foundation, a Young Economists Network, o Institute of New Economics Thinking e numerosas outras instituições.[12]

Menos percebido, mas igualmente importante, é a oligopolização do controle das publicações científicas no mundo. Segundo estudo canadense, “nas disciplinas das ciências sociais, que incluem especialidades tais como sociologia, economia, antropologia, ciências políticas e estudos urbanos, o processo é impressionante: enquanto os cinco maiores editores eram responsáveis por 15% dos artigos em 1995, este valor atingiu 66% em 2013”. Temos aqui o domínio impressionante de Reed-Elsevier (hoje boicotado por mais de 15 mil cientistas americanos), Springer, Wiley-Blackwell, e poucos mais. (Larivière, 2015)[13]

A este conjunto de mecanismos de captura do poder temos de acrescentar a erosão radical da privacidade nas últimas décadas. Hoje o sangue da nossa vida trafega em meios magnéticos, deixando rastros de tudo que compramos ou lemos, da rede dos nossos amigos, os medicamentos que tomamos, o nosso nível de endividamento. As empresas têm acesso à gravidez de uma funcionária, através da compra de informações dos laboratórios. A defesa dos grandes grupos de informação sobre as pessoas é de que se trata de informações “anonimizadas”, mas a realidade é que os cruzamentos dos rastros eletrônicos permitem individualizar perfeitamente as pessoas, influindo em potencial perseguição política ou dificuldades no emprego. Mas o acesso às informações confidenciais das empresas também fragiliza radicalmente grupos econômicos menores frente aos gigantes, que podem ter acesso às comunicações internas. Não se trata apenas de alto nível de espionagem, como se viu na gravação de conversas de Dilma Roussef e Angela Merkel. Trata-se de todos nós, e com o apoio de um sistema mundial de captura e tratamento de informações do porte da NSA. O Big Brother is Watching You deixou de ser apenas literatura.[14]

A expansão dos lobbies, a compra dos políticos, a invasão do judiciário, o controle dos sistemas de informação da sociedade, a manipulação do ensino acadêmico e a invasão da privacidade representam alguns dos instrumentos mais importantes da captura do poder político geral pelas grandes corporações. Mas o conjunto destes instrumentos leva, em última instância, a um mecanismo mais poderoso que os articula e lhe confere caráter sistêmico: a apropriação dos próprios resultados da atividade econômica, por meio do controle financeiro em pouquíssimas mãos.

Vejamos agora um pouco o que são estas grandes corporações. É surpreendente, mas até 2012 não tínhamos nenhum estudo global de como funciona a rede mundial de controle corporativo. O Instituto Federal Suíço de Pesquisa Tecnológica, um tipo de MIT da Europa, selecionou 43 mil grupos mundiais mais importantes e estudou em profundidade como se dá, através de participações cruzadas e de fusões interempresariais, o controle do conjunto. Chegou a uma cifra impressionante que mudou a visão que temos do sistema econômico mundial: 737 grupos apenas controlam 80% do mundo corporativo, sendo que nestes um núcleo de 147 controla 40%. Estes últimos gigantes são essencialmente (75%) grupos financeiros. Ou seja, não precisam controlar diretamente o processo decisório, seguram o sistema, digamos assim, pelas partes delicadas, que é o acesso aos recursos. Um grupo tão limitado não precisa fazer conspirações misteriosas, são pessoas que se conhecem no campo de golfe ou no Open de Tênis da Austrália, se ajeitam confortavelmente entre si. Os autores da pesquisa concluem claramente que falar em mecanismos de mercado neste clube restrito não faz muito sentido.[15]

François Morin, assessor do banco central da França, concentra a sua análise na forma como os 28 maiores gigantes financeiros se articulam. Na análise estão todos: JPMorgan Chase, Bank of America, Citigroup, HSBC, Deutsche Bank, Santander, Goldman Sachs e outros, com um balanço de mais de 50 trilhões de dólares em 2012, quando o PIB mundial foi de 73 trilhões. A relação com os Estados é particularmente interessante, pois a dívida pública mundial, de 49 trilhões, está no mesmo nível que o faturamento dos 28 grupos financeiros que Morin analisa, também da ordem de 50 trilhões. Os Estados, fruto do endividamento público com gigantes privados, viraram reféns e tornaram-se incapazes de regular este sistema financeiro em favor dos interesses da sociedade. “Face aos Estados fragilizados pelo endividamento, o poder dos grandes atores bancários privados parece escandaloso, em particular se pensarmos que estes últimos estão, no essencial, na origem da crise financeira, logo de uma boa parte do excessivo endividamento atual dos Estados”. (Morin, 36)[16]

O poder político apropriado pelo mecanismo da dívida constitui uma parte muito importante do mecanismo geral. Os grandes grupos financeiros têm suficiente poder para impor a nomeação dos responsáveis em postos chave como os bancos centrais ou os ministérios da fazenda, ou ainda nas comissões parlamentares correspondentes, com pessoas da sua própria esfera, transformando pressão externa em poder estrutural internalizado. A política sugerida aos governos é de que é menos impopular endividar o governo do que cobrar impostos. “Estas instituições financeiras são as donas da dívida do governo, o que lhes confere poder ainda maior de alavancagem sobre as políticas e prioridades dos governos. Exercendo este poder, elas tipicamente demandam a mesma coisa: medidas de austeridade e ‘reformas estruturais’ destinadas a favorecer uma economia de mercado neoliberal que em última instância beneficia estes mesmos bancos e corporações”. É a armadilha da dívida. (Marshall)[17]

Os 28 controlam igualmente os chamados derivativos, essencialmente especulação com variações de mercados futuros: o volume atingido em 2015 é de mais de 600 trilhões de dólares, 8 vezes o PIB mundial. Se pensarmos que tantos países aceitaram de reduzir os investimentos públicos e as políticas sociais — inclusive o Brasil –, para satisfazer este pequeno mundo financeiro, não há como não ver a dimensão política que o sistema assumiu. Os grandes traders de commodities controlam nada menos que o comércio dos grãos (milho, trigo, arroz, soja), os minerais metálicos, os minerais não metálicos e os recursos energéticos, ou seja, o sangue da economia mundial. As gigantescas variações dos preços do petróleo, por exemplo, não resultam de variações da produção ou do consumo, muito estáveis na escala planetária, mas dos processos especulativos dos gigantes financeiros.[18]

O sistema é hoje articulado. Um aporte particularmente forte de François Morin é a análise de como este grupo de bancos foram se dotando, a partir de 1995, de instrumentos de articulação, a GFMA (Global Financial Markets Association), o IIF (Institute of International Finance), a ISDA (International Swaps and Derivatives Association), a AFME (Association for Financial Markets in Europe) e o CLS Bank (Continuous Linked Settlement System Bank). Morin apresenta em tabelas como os maiores bancos se distribuem nestas instituições. O IIF, por exemplo, “verdadeira cabeça pensante da finança globalizada e dos maiores bancos internacionais”, constitui hoje um poder político assumido: “O presidente do IIF tem um status oficial, reconhecido, que o habilita a falar em nome dos grandes bancos. Poderíamos dizer que o IIF é o parlamento dos bancos, seu presidente tem quase o papel de chefe de estado. Ele faz parte dos grandes tomadores de decisão mundiais”. (Morin, 61)

Um instrumento particularmente importante deste poder reside no uso dos paraísos fiscais, que a partir da crise de 2008 foram suficientemente estudados para que tenhamos hoje os contornos do seu funcionamento. Basicamente, para um PIB mundial da ordem de 73 trilhões de dólares em 2012, o estoque de recursos financeiros em paraísos fiscais situou-se entre 21 e 32 trilhões de dólares segundo a Tax Justice Network, cifra que a revista Economist arredonda para 20 trilhões.[19] Para se ter uma ideia dos valores, a grande decisão da cúpula mundial sobre o clima, em Paris em 2015, foi de alocar até, 2020, 100 bilhões de dólares anuais para salvar o planeta do aquecimento global: duzentas vezes menos do que está aplicado em paraísos fiscais, capital improdutivo e em grande parte ilegal. Os arquivos do Panamá abrem apenas uma janela do processo, mas mostram como dezenas de milhares de corporações fictícias geraram o caos financeiro atual. [20]O caos no sistema financeiro do Brasil é apenas um fragmento deste processo mundial.[21]

Estes recursos são hoje vitalmente necessários para financiar a reconversão tecnológica que nos permita de parar de destruir o planeta e para assegurar a inclusão produtiva de bilhões de marginalizados, reduzindo desigualdade que atingiu níveis explosivos. Com o grau presente de captura do processo decisório sobre a alocação de recursos, privou-se os Estados de qualquer controle: praticamente todas as grandes corporações têm filiais ou empresas “laranja” nos paraísos fiscais, onde o dinheiro simplesmente desaparece em termos formais, para reaparecer com nomes de outras empresas, gerando um espaço “branco” onde o seguimento do fluxo financeiro se interrompe, permitindo toda classe de ilegalidades, e em particular a evasão fiscal e inúmeras atividades ilegais como o comércio de armas e drogas.[22]

Com o poder hoje muito mais na mão dos gigantes financeiros do que das empresas produtoras de bens e serviços, estas últimas passaram a se submeter a exigências de rentabilidade financeira que impossibilitam iniciativas, no nível dos técnicos que conhecem os processos produtivos da economia real, de preservar um mínimo de decência profissional e de ética corporativa. Temos assim um caos em termos de discrepância com os interesses de desenvolvimento econômico e social, mas um caos muito direcionado e lógico quando se trata de assegurar um fluxo maior de recursos financeiros para o topo da hierarquia. A sua competição caótica pode levar a crises sistêmicas, mas quando se trata de travar iniciativas de controle ou regulação estas corporações reagem de forma unida e organizada.

De que dimensões estamos falando? As corporações financeiras classificadas no SIFI (Systemically Important Financial Institutions) trabalham cada uma com um capital consolidado médio (consolidated assets) da ordem de $1.82 trilhões para os bancos e $0,61 trilhões para as seguradoras analisadas. Para efeitos de comparação lembremos que o PIB do Brasil, 7ª potência mundial, é da ordem de $1,4 trilhões. Mais explícito ainda é lembrar que de acordo com os dados de Jens Martens, o sistema das Nações Unidas dispõe de 40 bilhões dólares anuais para o conjunto das suas atividades, o que por sua vez representa apenas 2,3% das despesas militares mundiais.[23]

Frente ao poder global das corporações, não temos instrumentos públicos correspondentes. Pelo contrário: está sendo documentada a captura do processo decisório da ONU pelos grupos mesmos corporativos. Estudo do Global Policy Forum foca diretamente o fato dos interesses corporativos terem adquirido uma influência desproporcional sobre as instituições que redigem as regras globais. O documento apresenta “a crescente influência do setor empresarial sobre o discurso político e a agenda”, questionando “se as iniciativas de parcerias permitem que o setor corporativo e os seus grupos de interesse exerçam uma influência crescente sobre a definição da agenda e o processo decisório político dos governos”. Segundo Leonardo Bissio, “este livro mostra como Big Tobacco, Big Soda, Big Pharma e Big Alcohol terminam prevalecendo, e como a filantropia e as parcerias público-privadas deformam a agenda internacional sem supervisão dos governos, mas também descreve claramente as formas práticas para preveni-lo e para recuperar um multilateralismo baseado em cidadãos”. (Martens, 1 e 9)

Em termos de mecanismos econômicos, é central na fase atual a apropriação da mais-valia já não tanto nas unidades empresariais que pagam mal os seus trabalhadores, mas crescentemente através de sistemas financeiros que se apropriam do direito sobre o produto social através do endividamento público e privado. Esta forma de mais-valia financeira tornou-se extremamente poderosa. Frente aos novos mecanismos globais de exploração, que atuam em escala planetária, e recorrem inclusive em grande escala aos refúgios nos paraísos fiscais, os governos nacionais tornaram-se em grande parte impotentes. Temos uma finança global descontrolada frente a um poder político fragmentado em 195 nações, isto que o poder dentro das próprias nações, nas suas diversas dimensões, está sendo em grande parte capturado. Tornámo-nos sistemicamente disfuncionais.

Wolfgang Streeck traz uma interessante sistematização desta captura do poder público no nível dos próprios governos. Por meio do endividamento do Estado e dos o outros mecanismos vistos acima, gera-se um processo em que o governo, cada vez mais, tem de prestar contas ao ‘mercado”, virando as costas para a cidadania. Com isto, passa a dominar, para a sobrevivência de um governo, não quanto está respondendo aos interesses da população que o elegeu, e sim se o mercado, ou seja, essencialmente os interesses financeiros, se sentem suficientemente satisfeitos para declará-lo ‘confiável’. De certa forma, em vez de república, ou seja, res publica, passamos a ter uma res mercatori, coisa do mercado. Um quadro resumo ajuda a entender o deslocamento radical da política:[24] (81)

Naturalmente, um se financia através dos impostos, o outro se financia através do crédito. Um governo passa assim a depender “de dois ambientes que colocam demandas contraditórias sobre o seu comportamento”(80) Entre a opinião pública sobre a qualidade do governo, e a ‘avaliação de risco’ deste mesmo governo deixar de pagar elevados juros sobre a sua dívida, a opção de sobrevivência política cai cada vez mais para o lado do que qualificamos misteriosamente de ‘os mercados’. Onde havia estado de bem-estar e políticas sociais teremos austeridade e lucros financeiros. Não é secundária, evidentemente, a transformação deste poder corporativo em sistemas tributários que oneram proporcionalmente mais os que menos ganham. A força vira lei, o estado vira instrumento de privatização dos próprios impostos. Segundo Streeck, não é o fim do capitalismo, mas sim do capitalismo democrático.

A pesquisa e compreensão das novas articulações de poder são indispensáveis para se entender os mecanismos e a escala radicalmente novos de acumulação de riqueza nas mãos dos 0,01% da população mundial, e a espantosa cifra de 62 bilionários que são donos de mais riqueza do que a metade mais pobre da população mundial. Igualmente significativo é o fato da economia brasileira estar em recessão quando os bancos Bradesco e Itaú, por exemplo viram seus lucros declarados aumentarem entre 25% e 30% em 12 meses [25]. De certa forma, ao analisarmos os mecanismos de captura do poder, estamos desvendando os canais que permitem o dramático reforço da desigualdade entre e dentro das nações, além do travamento do crescimento econômico pelo desvio dos recursos do investimento para aplicações financeiras (26).

Restabelecer a regulação e o controle sobre estes gigantes financeiros que passaram a reger a economia mundial e as decisões internas das nações é hoje simplesmente pouco viável, tanto pela dimensão, como pela estrutura organizacional sofisticada de que hoje dispõem, além evidentemente dos sistemas de controle sobre a política, o judiciário, a mídia e a academia– e portanto a opinião pública – conforme vimos acima. A dimensão internacional aqui é crucial, pois a quase totalidade destes grupos é constituída por corporações de base norte-americana ou da União Europeia. É a poderosa materialização de um poder que é global mas no essencial pertencente ao que nos temos acostumado a chamar de “Ocidente”. As tentativas de constituir um contrapeso por meio da articulação dos BRICS mostram aqui toda a sua fragilidade. O poder financeiro global tem nacionalidades, com governos devidamente apropriados pelos mesmos grupos.

Se há uma coisa que não falta no mundo, são recursos. O imenso avanço da produtividade planetária resulta essencialmente da revolução tecnológica que vivemos. Mas não são os produtores destas transformações, desde a pesquisa fundamental nas universidades públicas e as políticas públicas de saúde, educação e infraestruturas, até os avanços técnicos nas empresas efetivamente produtoras de bens e serviços, que levam vantagem: pelo contrário, ambas as esferas, pública e empresarial, encontram-se endividadas nas mãos de gigantes do sistema financeiro, que rendem fortunas a quem nunca produziu, e que conseguem, ao juntar nas mãos os fios que controlam tanto o setor público como o setor produtivo privado, nos desviar radicalmente do desenvolvimento sustentável hoje vital para o mundo.

Quanto à população de um país como o Brasil, que busca resgatar um pouco de soberania na sua posição periférica, o que parece restar é um sentimento de impotência. Perplexas e endividadas, as famílias vêm aparecer o seu “nome sujo” na Serasa-Experian – aliás uma multinacional – caso não respeitem as regras do jogo. Na confusão das regras financeiras, contribuem para a concentração de riqueza e de poder através dos altos juros que pagam nos crediários e nos bancos, através dos juros surrealistas da dívida pública, e através das políticas ditas de ‘austeridade’ que as privam dos seus direitos. Estas regras do jogo profundamente deformadas serão naturalmente apresentadas como fruto de um processo democrático e legítimo, pois está escrito na Constituição que todo o poder emana do povo. A construção de processos democráticos de controle e alocação de recursos constitui hoje um desafio central. Boaventura de Souza Santos fala muito justamente na necessidade de aprofundar a democracia. Mas na realidade, precisamos mesmo é resgatá-la da caricatura que se tornou.
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[1] Uma visão mais detalhada da análise apresentada no presente artigo pode ser encontrada em Governança Corporativa,http://dowbor.org/2015/11/ladislau-dowbor-o-caotico-poder-dos-gigantes-financeiros-novembro-2015-16p.html/ ; a dimensão propriamente brasileira da deformação financeira encontra-se em Juros Extorsivos no Brasil, Ética Editora, Imperatriz, 2016,http://dowbor.org/blog/wp-content/uploads/2012/06/Dowbor-Juros-_pdf-com-capa.pdf
[2] Octávio Ianni – A política mudou de lugar – capítulo do livroDesafios da Globalização, L. Dowbor, O. Ianni e P. Resende (Orgs.), ed. Vozes, Petrópolis, 2003.
[3] Joris Luyendijk – Swimming with sharks – Guardian Books, London, 2015http://www.theguardian.com/business/2015/sep/30/how-the-banks-ignored-lessons-of-crash
[4] The Guardian, Revealed: How Google enlisted members of the US Congresshttp://www.theguardian.com/world/2015/dec/17/google-lobbyists-congress-antitrust-brussels-eu
[5] Joseph Stiglitz – On Defending Human Rights – Geneva, 3 December 2013http://www.ohchr.org/Documents/Issues/Business/ForumSession2/Statements/JosephStiglitz.doc
[7] Monbiot, George – A global ban on leftwing politics”, in How Did we Get into this Mess, Verso, London, New York, 2016 –http://www.monbiot.com/2013/11/04/a-global-ban-on-left-wing-politics/
[9] Ver em particular o documentário Chomsky&Cia, legendado em português,https://www.youtube.com/watch?v=IHSe9FRGpJU
[10] James Hoggan – The Climate Cover-up: the cruzade to deny global warming –ver http://dowbor.org/2009/12/climate-cover-up-the-cruzade-to-deny-global-warming-2.html/ ; sobre os financiadores, verhttp://dowbor.org/2010/04/petroleira-dos-eua-deu-us-50-mi-a-ceticos-do-clima-6.html/ ; ver também o ver artigo de Jane Mayer The dark money of the Koch Brothers, 2016, http://www.truth-out.org/news/item/35450-the-dark-money-of-the-koch-brothers-is-the-tip-of-a-fully-integrated-network
[11] Ver o curto e excelente comentário de George Monbiot, How did we get into this mess, no livro do mesmo nome – Verso, London/New York,http://www.monbiot.com/2007/08/28/how-did-we-get-into-this-mess/   
[12] Helena Ribeiro – Os protestos nas universidades por um novo ensino da economia – Jornal dos Negócios, Lisboa, dezembro de 2013 –http://dowbor.org/2013/12/helena-oliveira-o-protesto-nas-universidades-por-um-no-ensino-da-economia-dezembro-2013-3p.html/
[13] V. Larivière, S. Haustein e P. Mongeon – The Oligopoly of Academic Publishers in the Digital Era – PlosOne, 2015,http://dowbor.org/2016/02/the-oligopoly-of-academic-publishers-in-the-digital-era-vincent-lariviere-stefanie-haustein-philippe-mongeon-published-june-10-2015-15p.html/
[14] Lane, S. Frederick – The Naked Employee- AMACOM, New York, 2003  http://dowbor.org/2005/06/the-naked-employee-o-empregado-nu-privacidade-no-emprego.html/
[15] Vitali, Glattfelder e Battistoni, Zurich, 2011; Ver A rede do poder corporativo mundial – 2012 – http://dowbor.org/2012/02/a-rede-do-poder-corporativo-mundial-7.html/
[17] Andrew C. Marshall – Bank crimes pay under the thumb of the global financial mafiocracy – Truthout, 8 Dec. 2015 –http://www.truth-out.org/news/item/33942-bank-crimes-pay-under-the-thumb-of-the-global-financial-mafiocracy
[18] Sobre os derivativos e o poder dos traders de commodities, ver o nossoProdutores, intermediários e consimidores, 2013,http://dowbor.org/?s=produtores%2C+intermedi%C3%A1rios+e+consumidores
[19] Henry, James – The Price of off-shore revisited – Tax Justice Network,  http://www.taxjustice.net/2014/01/17/price-offshore-revisited/
[20] ICIJ – The Panama Papers – https://panamapapers.icij.org/
[21] Barbara Adams and Jens Martens – Fit for whose purpose? –Global Policy Forum,  New York, Sept. 2015 –https://www.globalpolicy.org/images/pdfs/images/pdfs/Fit_for_whose_purpose_online.pdf
[22] Um excelente estudo destes mecanismos pode ser encontrado em Shaxson, Nicholas – Treasure Islands: uncovering the damage of offshore banking and tax havens –  St. Martin’s Press, New York, 2011 –http://dowbor.org/2015/10/nicholas-shaxson-treasure-islands-uncovering-the-damage-of-offshore-banking-and-tax-havens-st-martins-press-new-york-2011.html/
[22]  Joseph Stiglitz – On Defending Human Rights – Geneva, 3 December 2013http://www.ohchr.org/Documents/Issues/Business/ForumSession2/Statements/JosephStiglitz.doc
[23] Barbara Adams and Jens Martens – Fit for whose purpose? –Global Policy Forum,  New York, Sept. 2015 –https://www.globalpolicy.org/images/pdfs/images/pdfs/Fit_for_whose_purpose_online.pdf
[24] Wolfgang Streeck,  Buying time – Verso, London 2014 –  http://dowbor.org/category/dicas-de-leitura/
[25] Relativamente a 2013, os bancos Itaú e Bradesco tiveram aumento nos lucros declarados de 30,2% e 25,9%, respectivamente. Ver o relatório Dieese –http://www.dieese.org.br/desempenhodosbancos/2015/desempenhoBancos2014.pdf
[26] A dimensão da concentração de renda e de patrimônio tem sido sistematizada pela OXFAM, ver o relatório de janeiro 2016 https://www.oxfam.org/sites/www.oxfam.org/files/file_attachments/bp210-economy-one-percent-tax-havens-180116-summ-pt.pdf

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