sábado, 21 de janeiro de 2017

Portugal. A COISA ESTÁ CRISPADA UM BOCADINHO DEMAIS



O governo meteu-se numa enorme trapalhada. Esta frase não é minha – é copiada de um texto de Marisa Matias, dirigente do Bloco de Esquerda, um dos partidos que constituem a maioria parlamentar que permite a António Costa ser primeiro-ministro.

Ana Sá Lopes – jornal i, editorial

O governo só se pode queixar de si próprio – continuo a copiar Marisa Matias. Para exibir o apoio dos patrões em Bruxelas arrisca-se a ficar com uma enorme derrota na lapela. Fim de citação do texto da eurodeputada do Bloco de Esquerda publicado no site Esquerda.net.

Embora tenha sido o líder do PSD a levar mais pancada no espaço público, a verdade é que António Costa não pode negociar na concertação social uma coisa de que não tem garantias de ter apoio parlamentar. O Estado ainda não é dele. António Costa é primeiro-ministro de um governo minoritário e não é do apoio do Presidente da República nem do patronato que lhe advém a legitimidade política. Aparentemente, esqueceu-se disto.

O excesso de autoestima tende a afetar a memória. É provável que seja por perceber a embrulhada em que o governo se meteu que Pedro Nuno Santos, o até supertalentoso secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, reagiu de uma forma totalmente descabelada à ideia de Francisco Assis segundo a qual esta seria a altura de fazer eleições antecipadas. Então o Assis, que ainda por cima está – ou parece – isoladíssimo no partido, não pode dar a sua opinião sem levar uma carga de pancada? A reação de Pedro Nuno Santos só se compreende por excesso de nervosismo.

De resto, num ataque de mau gosto, acusou Francisco Assis, que tem estado discreto e até cancelou a sua participação num programa de televisão para evitar estar a criticar o governo, de procurar “mediatismo”. O desafio para que Assis apresente a proposta na comissão nacional do PS é absolutamente excessivo. O governo está nervoso e precisa de algum tranquilizante. Se Seguro ou Passos desatassem a gritar de cada vez que aparecia um crítico interno, a casa ia abaixo.

Foto: José Carlos Carvalho, em Expresso

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