sábado, 18 de fevereiro de 2017

CARTA ABERTA AO EMBAIXADOR DA UNIÃO EUROPEIA EM TIMOR-LESTE - M. Azancot de Menezes




(O Povo timorense não precisa de conselhos paternalistas da União Europeia para decidir o seu voto!)

Exmo. Embaixador da União Europeia em Timor-Leste, Senhor Alexandre Leitão

Tomo a liberdade de dirigir-lhe esta Carta Aberta porque, após ter ouvido as suas absurdas declarações proferidas ontem, dia 17 de Fevereiro de 2017, apresentadas na Rádio e Televisão de Timor-Leste (RTTL), não podia deixar de exprimir o meu total repúdio e indignação em relação à sua postura, pública, extremamente presunçosa, desajustada e paternalista, pronunciadas na qualidade de diplomata da União Europeia, violando todos os princípios e padrões internacionais.

Efectivamente, enquanto cidadão timorense, no uso pleno dos meus direitos, não posso ficar indiferente às extravagâncias que proferiu ao imiscuir-se, note-se, em plena pré-campanha eleitoral para as eleições presidenciais (!), nas questões internas que apenas dizem respeito a Timor-Leste, um Estado soberano nos termos da sua Constituição.

O Senhor Embaixador, após ter recebido o nosso irmão candidato da FRETILIN às eleições presidenciais, Senhor Francisco Guterres / Lu´olo, proferiu declarações públicas, note-se, em nome da União Europeia, claramente parciais em momento de campanha pré-eleitoral (Leia-se: com indicação implícita de voto), o que é totalmente inadmissível e condenável internacionalmente porque as atitudes e comportamentos de V. Exa. ferem os princípios mais elementares da ética, da democracia e do respeito pela soberania dos povos.

As declarações públicas proclamadas de forma pretensiosa por Vossa Excelência foram um grave insulto e uma extrema falta de respeito à inteligência do martirizado povo timorense, porque há outros sete candidatos presidenciais com muitos milhares de apoiantes que foram igualmente insultados pelo Senhor Embaixador.

O Povo timorense conquistou a sua independência perdendo os melhores dos seus filhos, com muito sangue e lágrimas, e não precisa de conselhos paternalistas da União Europeia para decidir o seu voto!

Agradeço a atenção.

Melhores cumprimentos.

Díli, 18 de Fevereiro de 2017.


- Publicado em Jornal Tornado

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