"Os gansos
de cisnes selvagens (disseminados por toda a Ásia, mas não povoadores da
Europa) são capazes de voar longe e com segurança, através dos ventos e das
tempestades, porque eles se movem em bandos e se ajudam como se faz numa
equipe." – extracto de uma das intervenções do Presidente Xi Jinping.
1-
Nos dias 14 e 15 de Maio realizou-se em Pequim o Fórum “Belt and Road” para
a Cooperação Internacional, a única geoestratégia ao nível das potencialidades
e exigências do século XXI, que por via da inclusão poderá eclipsar a hegemonia
unipolar, incapaz de contrapropor algo similar.
A “Nova
Rota da Seda” tem a China como trampolim e prevê o estabelecimento dum
encadeado enorme de projectos entre os portos chineses do Pacífico e os portos
europeus do Atlântico, quer por via marítima, quer atravessando a massa
continental entre a Ásia e a Europa.
A “Nova
Rota da Seda” é “inclusiva”, quer dizer: a multipolaridade está a
ponto de entrosar todos os interesses elevando a fasquia dos relacionamentos
económicos, comerciais, financeiros, sócio-políticos e culturais a um nível sem
paralelo, nos termos duma “globalização” que nada tem a ver com o
obsessivo domínio da hegemonia unipolar, que inexoravelmente se espera se irá
diluindo, restando a sua memória enquanto referência dum modelo capitalista
arcaico e mentor, no seu estertor, da pior espécie de barbaridades, caos e terrorismo.
2-
Uma nova era carregada de esperanças para uma fatia maioritária da humanidade
teve em Pequim a sua janela aberta, uma janela que não impedirá os povos de
encontrar as melhores opções para os seus próprios projectos nacionais, para os
seus próprios destinos, inclusive os indexados ao socialismo, à democracia
paricipativa e ao desenvolvimento sustentável.
Face
à “globalização inclusiva” a “civilização judaico-cristã
ocidental” nada tem como contrapartida viável, pelo que o único remédio é
mesmo incluir suas capacidades nessa geoestratégia que irá contribuir para
mudar em definitivo os termos da globalização… e quanto mais tarde o fizer,
mais nocivo para seus próprios interesses.
Os
desequilíbrios contemporâneos tenderão a atenuar-se com uma geoestratégia dessa
natureza, que implica um ambiente de paz cosmopolita, onde se poderão ir também
espelhando os interesses das comunidades e dos povos.
3-
Segundo Pepe Escobar, um jornalista esclarecido sobre o andamento dessa
geoestratégia, “as grandes ideias por trás desse grande plano chinês, no
entanto, ainda estão se perdendo em tradução.
Inicialmente,
esta via expressa trans-asiática foi anunciada como One Belt, One Road (OBOR),
uma tradução literal do chinês yi dai yi lu.
Agora,
é a Iniciativa de Cinturão e Estrada (BRI), mas que ainda não vai até o
Ocidente, mesmo que a China tenha tentado adicionar um pouco de soft power
nela, na tentativa de ‘vender’ o Belt and Road para crianças de língua inglesa.
Eu
fiz a cobertura dessa nova estrada da seda desde que ela foi anunciada pela
primeira vez, em 2013.
A
ideia começou no Ministério do Comércio e depois se desenvolveu como uma
extensão natural da campanha Go West - focada no desenvolvimento da província
ocidental de Xinjiang - lançada em 1999.
O
Ministério do Comércio agora reitera que a OBOR/BRI é um plano global e não
apenas ligado à presidência Xi Jinping.
A cúpula de Pequim tenta retratar como o seu ambicioso conceito de comércio livre se tornou uma visão compartilhada win-win multilateral que conecta toda a Eurásia. Ou, para colocá-lo de forma mais simples, globalização Mark II. Ou 2.0”…
No
Fórum recente realizado em Pequim, sob os auspícios do Presidente chinês Xi
Jinping houve uma atracção de interesses provenientes de todo o mundo, desde os
Países Não Alinhados, aos europeus e até dos Estados Unidos, representados por
Matt Pottinger, Assistente Especial do Presidente e Diretor Sénior para o Leste
Asiático no Conselho de Segurança Nacional.
Como
a Federação Russa é incontornável nas ligações este-oeste, o Presidente Putin e
oMinistro das Relações Exteriores, Segey Lavrov, destacaram-se pels suas
interveções, importantes em relação à espinha dorsal dageoestratégia e para as
derivas enunciadas desde já: Paquistão e Turquia.
A
Federação Russa é fundamental para as articulações que possibilitam a
integração dos componentes da Ásia Central, do Mar Cáspio, do Irão, da Turquia
e, mais a ocidente, da Bielorrússia.
Segundo
ainda Pepe Escobar, “a maioria dos países do ocidente ainda precisa de um
meteorologista para ver em que direção o vento está soprando. E muitos meios de
comunicação ocidentais gostam de rejeitar a OBOR/BRI tratando-a como uma
conspiração, um esquema ou uma tentativa chinesa de cercar a Eurásia.
Apenas um líder do G7 esteve em Pequim – o primeiro-ministro italiano, Paolo Gentiloni, muito empenhado em investigar as ligações simbióticas entre o programa da indústria italiana 4.0 e a iniciativa madeireira China Made in China/2025.
Angela Merkel pode ter recusado o convite para a cúpula; mas não importa, porque os industriais alemães estão todos com o OBOR/BRI”…
A
1 de Janeiro deste ano, partiu de Zengzhou em direcção a Londres o comboio
inugural da Nova Rota da Seda do século XXI…
Segundo
o RussiaToday de 5 de Janeiro de 2017: “operado por la Corporación de
Ferrocarriles de China, el tren partirá desde la estación de Yiwu, en la
provincia oriental de Zhejiang, para recorrer durante 18 días los más de 12.000
kilómetros que lo llevarán hasta Londres.
Antes
de su destino final, el tren chino de carga deberá pasar por Kazajistán,
Rusia, Bielorrusia, Polonia, Alemania, Bélgica y Francia”…
Conforme
o Presidente Xi Jinping: "a Grande Eurásia não é um arranjo
geopolítico abstrato; sem exagero, é um projeto verdadeiramente civilizatório,
voltado para o futuro."
À hegemonía unipolar, só resta paulatinamente e em relação ao futuro, pôr fim aos termos dum domínio anglo-saxónico avassalador e desequibrador, integrando uma “globalização inclusiva”que abarcará irreversível e inexoravelmente os próprios territórios que compõem o espaço físico-geográfico da “civilização judaico-cristã occidental”…
A
NATO já está obsoleta e nem o Presidente Trump, com todo o arsenal
estado-unidense, poderá evitá-lo de facto, muito menos fazendo uso de qualquer
tipo de argumento ou cosmética!
A
consultar de Martinho Júnior:
JOGO
DE CINTURA RUSSA ENTRE ATRACÇÃO E REPULSÃO – http://paginaglobal.blogspot.pt/2017/04/jogo-de-cintura-russa-entre-atraccao-e.html
BOOMERANG
GEOESTRATÉGICO – http://paginaglobal.blogspot.pt/2015/12/boomerang-geoestrategico.html
A
GEOESTRATÉGIA RUSSA RESPONDE À HEGEMONIA UNIPOLAR – http://paginaglobal.blogspot.com/2014/02/a-geoestrategia-russa-responde.html
A
RÚSSIA NA BATALHA PELO ESPAÇO A NORTE DO MAR NEGRO – http://paginaglobal.blogspot.com/2014/03/a-russia-na-batalha-pelo-espaco-norte.html
A
consultar:
Nova
Rota da Seda no mundo do século 21 – http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Internacional/A-Nova-Rota-da-Seda-no-mundo-do-seculo-21/6/38121
Putin,
Xi Jinping e parceiros na Nova Rota da Seda – http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Internacional/Putin-Xi-Jinping-e-parceiros-na-Nova-Rota-da-Seda/6/38105
China
pone en funcionamiento el primer tren de carga con destino a Londres – https://actualidad.rt.com/actualidad/227690-china-funcionamiento-primer-tren-londres
China
to invest heavily in Belt and Road countries – http://www.chinadaily.com.cn/cndy/2017-05/13/content_29328683.htm
The Belt and Road Initiative – A road map to THE FUTURE – https://beltandroad.hktdc.com/en/belt-and-road-basics
Ilustrações: O
símbolo do “Belt and Road Inniciative”; Mapa da abrangência inicial da
geoestratégia; O Presidente Xi Jinping no Fórum; Foto oficial de Xi Jinping e
Putin.
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