Jerónimo
de Sousa frisou esta sexta-feira, em Setúbal, que as melhorias registadas
nos últimos meses na economia portuguesa só foram possíveis devido à actual
correlação de forças políticas no Parlamento e que «os direitos dos
trabalhadores são zona de fronteira entre a esquerda e a direita».
«Quando
o PS se recusa a admitir o fim da caducidade da contratação colectiva e o
tratamento mais favorável dos trabalhadores, é preciso lembrar que os
direitos dos trabalhadores são zona de fronteira entre a esquerda e a direita»,
disse Jerónimo de Sousa no encerramento de um jantar de apresentação da
lista de candidatos da CDU aos órgãos autárquicos de Setúbal.
«A
esquerda está com os trabalhadores, a direita está com o capital. O PS tem
de se decidir, ficando do lado dos trabalhadores e não derrotando as nossas
propostas por mais justiça no trabalho, pelo respeito e valorização dos
direitos individuais e colectivos dos trabalhadores», acrescentou.
Jerónimo
de Sousa frisou ainda que «hoje está cada vez mais claro que as novas
aquisições, os avanços, os progressos conseguidos, mesmo que limitados, só
foram possíveis no quadro da alteração da correlação de forças» no Parlamento.
Houvesse «outra
correlação de forças na Assembleia da República, que não existe» e,
admite o secretário-geral comunista, «muitos dos avanços conseguidos não
estariam concretizados».
Jerónimo
de Sousa reagiu também ao facto de o grupo parlamentar do PS ter votado ao lado
do PSD e do CDS-PP, para inviabilizar as propostas apresentadas pelo
PCP na Assembleia da República contra a caducidade da contratação
coletiva.
«Vimos
isso em relação à proposta do PCP votada há dias na Assembleia da República com
o PS, PSD e CDS-PP unidos contra as propostas de "fim das normas que
impõem a caducidade da contratação colectiva de trabalho, bem como a reposição
do princípio de tratamento mais favorável dos trabalhadores»,
acrescentou, lembrando de seguida que a própria «Constituição da
República tomou partido pelos trabalhadores, considerando-os como a parte mais
frágil».
Na
intervenção que fez em Setúbal, Jerónimo de Sousa afirmou-se satisfeito com a
evolução e com os resultados da economia conhecidos nos últimos dias, mas
lembrou também que o País tem estado a beneficiar de uma conjuntura muito
favorável e que estes resultados «não estão solidamente sustentados numa
trajectória de crescimento económico liberto dos constrangimentos que se
colocam à soberania nacional, que tem feito retroceder a economia portuguesa
anos a fio».
Criticou
ainda a proposta de descentralização do Governo, salientando que «não é possível falar seriamente
de descentralização» sem ter em conta as «limitações financeiras
e administrativas a que as autarquias têm estado sujeitas,
procurando confundir transferência de responsabilidades com passagem
de encargos».
Na
iniciativa de apresentação dos candidatos autárquicos em Setúbal,
nomeadamente Maria das Dores Meira, que se recandidata à
câmara sadina, Jerónimo de Sousa considerou que a luta travada em
benefício das populações justifica um reforço da votação nas listas da CDU, nas
próximas eleições autárquicas de 1 de Outubro.
AbrilAbril
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