Florestas
continuam a desaparecer em Moçambique. Apesar das iniciativas de
reflorestamento iniciadas, o cenário não melhorou. Para as ONGs estão na origem
disso a falta de consciencialização ambiental e a corrupção.
Quando
era Presidente, Armando Guebuza criou as iniciativas "um líder, uma
floresta" e "um aluno, uma planta" e deixou orientações para o
seu cumprimento. O objetivo principal era incentivar as comunidades para a
criação de florestas.
Mas
sete anos depois, já pouco se fala desses projetos e muitos são os alunos e
líderes comunitários em Moçambique que não têm uma única floresta. Um deles é
Estevão Rafael Ramiro, cabo do regulado de Monapo, na província de Nampula, no
norte.
"Cada
líder é obrigado a ter a sua floresta, é uma lembrança e é ordem. Cada líder
quando morre deve deixar o seu património, então é obrigado a ter uma floresta.
Mesmo eu não tendo uma floresta, tenho que dizer aquilo que sou
orientado", explicou.
O
atual Governo reconhece o fracasso no cumprimento das orientações presidenciais
de expansão das florestas, mas já avança soluções. Xavier Sakambuera é o
diretor nacional de Florestas no Ministério da Terra, Ambiente e
Desenvolvimento Rural.
"Da
análise que fizemos, concluímos que o processo de reflorestamento continua
fraco, precisa de uma nova forma de pensar atualizada. O Ministério
provavelmente em outubro [corrente] vai lançar o projeto ‘Floresta em Pé', em
que vamos precisar de lançar um milhão de árvores", disse.
Refira-se
que o projeto "floresta em pé " será uma nova iniciativa
governamental e visa criar e plantar mais árvores para recuperar as
florestas extinguidas assim como estabelecer novas áreas florestais.
Falta
de conciencialização e corrupção
Organizações
da sociedade civil moçambicana consideram que os projetos ambientais têm, em
parte, fracassado por falta de consciencialização das comunidades. Uma das
vozes críticas é a Associação Nacional de Extensão Rural (AENA).
Jordão
Matimula é o diretor-executivo da AENA e afirma que "existem alguns
líderes que montam as florestas porque deve-se mostrar alguma coisa para quando
alguém [do Governo] chegar. É o efeito de ‘um líder, uma floresta'. Se procurar
nesse distrito quantos líderes têm uma floresta, fica a saber que é só aquele,
porque é o que vai ser visitado sempre [pelos dirigentes]."
E
neste contexto o diretor-executivo da AENA conclui: "Nós devemos ter
políticos com discursos consistentes."
O
responsável da Associação Nacional de Extensão Rural diz que a corrupção e o
envolvimento das elites políticas nas exploração de florestas vai continuar a
adiar o reflorestamento no país: "Algumas empresas dizem: nós vamos
reflorestar, mas não acontece nada. Outras dizem: nós já demos o dinheiro ao
Governo e o Governo vai fazer. Você não vê onde passa esse dinheiro. Então, a
corrupção e as grandes elites é que fazem que o cumprimento da legislação não seja
efetivo."
Sitoi
Lutxeque (Nampula) | | Deutsche Welle
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