segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

A CRISE GREGA É O ESPELHO DOS LIMITES DO MODELO LIBERAL



As receitas econômicas terão um impacto limitado, ou nenhum, se não houver um debate aprofundado sobre que sociedade queremos construir.

Sophia Mappa - L'Humanité – em Carta Maior

O anúncio de uma possível falência do Estado grego provocou na Europa reações passionais e moralistas, de um lado e, do outro, reações técnicas, econômicas e até contáveis. O que revelam, antes de tudo, é a regressão do pensamento crítico e político entre os herdeiros do Iluminismo. Foram evocadas, especialmente nos bons e velhos países protestantes, guardiões da moralidade e do rigor econômico, a preguiça dos gregos, sua corrupção e clientelismo. A perspectiva de ver a crise se espalhar para outros países do sul da Europa levou ao uso de adjetivos tão deselegantes quanto desprovidos de capacidade analítica: os gregos foram classificados de "porcos", "Club Med" e por aí vai.

Mas não se viu uma análise da sociedade grega que pudesse contribuir para a compreensão de sua especificidade e jogar luz, também, sobre as contradições da construção europeia. As abordagens econômicas tampouco tocaram nas questões mais profundas. Por que o "subdesenvolvimento" crônico da Grécia, uma vez que os gregos são "ricos", como afirma o muito simpático Guy Burgel?[1] Por que os esforços europeus para "desenvolver" o país fracassam depois de trinta anos de adesão à União Europeia, e apesar dos dois séculos de tutela ocidental sobre o país? Quais os critérios utilizados para avaliar o desenvolvimento, a preguiça e a corrupção?

ELES SÓ ENXERGAM A SI MESMOS



Que transformações, ocorridas na cidade e no corpo, tornaram possível a arrogância contemporânea? Que ela tem a ver com a incapacidade de imaginar o outro, de se colocar em seu lugar?

Myriam Bahia LopesOutras Palavras

Privilegiamos no texto um recorte que associa a arrogância à delimitação da propriedade e da constituição da propriedade de si em um cenário que frequentemente se denominou de modernidade. Apesar do processo analisado remontar ao século XIX, endereçamos nossas questões às características inéditas do comportamento contemporâneo associado à arrogância.

Dividimos o texto em duas partes. Na primeira seguimos o tema da historicidade da visão e o papel da aceleração nas formas contemporâneas de arrogância estabelecendo um diálogo com os autores – Claudine Haroche, Anne Cauquelin, Jeanne Marie Gagnebin, Richard Sennett – também leitores de George Simmel e de Walter Benjamin.

Portugal. PSD E O FIM DE UMA LIDERANÇA



Ana Alexandra Gonçalves*

É arriscado afirmar o fim de uma liderança política e, como todo o exercício de futurologia, este pode muito bem cair em saco roto. Mas os sinais de tibieza da ainda liderança do PSD são mais do que evidentes. E mais: os sinais de desespero de Passos Coelho e dos seus acólitos revelam-se a cada dia que passa.

Tudo começou com o inesperado entendimento das esquerdas e a incapacidade da direita congeminar alianças com o PS. Em rigor, Passos Coelho nunca recuperou verdadeiramente do facto de ter vencido as eleições, mas, por culpa própria, não ter sido capaz de formar maioria.

Depois esperou-se ansiosamente pela chegada do Diabo, tomasse ele a forma das instituições europeias, ou de um hipotético desaire da economia portuguesa ou ainda de um desentendimento entre as esquerdas. O Diabo não chegou e o Presidente da República agiu mais vezes como anjo da guarda do Governo do que eventualmente se esperaria - tudo em nome da estabilidade, claro está.

OS VELHOS EM PORTUGAL E OS COICES QUE LHES DÃO



Sobre os idosos, os velhos. Credo. A fraseologia mudou com intenção de dourar a pílula, talvez até para enganar, ou para ocultar. “Imparidades”, chamam a isso agora comummente. Porque não crédito mal-parado? Porque não calotes? Num país com tantos iletrados e analfabetos dá jeito avançar com os tais “palavrões”, e vai daí dizem “imparidades”. Como este exemplo muitos outros há. Em tempos, a estes galamas da freseologia, chamavam-lhes “dótores” pela negativa, e mais comummente “cagões”. Oh deuses! Atualmente Portugal está a abarrotar de “cagões” engravatados, com canudos distribuídos ao desbarato que têm redundado em dótores de tudo e mais alguma coisa mas principalmente encostados a partidos políticos ou a contas bancárias e fortunas que lhes dá para quase serem donos disto tudo. Entretanto o povoléu produz mas eles dizem que não chega. Tal é a gula. Comem tudo, mas não chega.

Os velhos estão tramados. É o que vai vir a seguir em trabalho de Goreti Pera no Notícias ao Minuto. Provavelmente já muitos leram. Provavelmente há muitos mais a dever ler. Era muito bom que também os agora jovens, os novos, lessem e soubessem interpretar. Sim, porque só saber ler não chega. É muito importante saber interpretar. Pensar. Inclusive debater. Os novos de agora são os futuros velhos. Pensem nisso. Depois, quando lá chegarem vão lembrar-se disto. Provavelmente porque vão estar ainda pior que os velhos de agora. Aqueles velhos (agora) que na juventude viram-na atirada para as urtigas. Para uma guerra colonial que devastou muitos portugueses. Que foram “carne para canhão” de um regime déspota que tinha por ideologia o fascismo e era dirigido por um tal tipo tacanho de Santa Comba Dão que dava pelo nome de Salazar. Não por acaso, nas bruxarias, usam sal nas entradas das residências, para levar azar às famílias que lá habitam. Sal-azar, compreendem ou querem que se faça o desenho pictórico na parede?

E OS OSCARES FORAM PARA… “DEZ MIL MILHÕES DE EUROS PARA OFFSHORES”




Banda sonora (refrão): Maria Luís já te tenho dito que não é bonito andar a enganar…

Olá, este é o Expresso Curto de hoje. A lavra é do senhor diretor do Expresso, Pedro Santos Guerreiro, conforme é referido logo-logo no inicio da página correspondente (online). Hoje ele perde-se a relatar e considerar a cerimónia dos Óscares que ocorreu nos States. Vamos nessa, mas a lista dos óscares deixamos a consulta ao critério de quem nos lê, por isso recorra à ligação (link) que vai encontrar lá no sítio desta prosa.

Que nos óscares ocorreu um enorme erro histórico… Ocorre quase sempre!

Filmes. Filmes, filmes. Um grande filme é o que aborda de leve a cena dos tais 10 mil milhões de euros que de Portugal voaram para os offshores. E quem foram, exatamente, os tipos que se baldaram com o dinheiro? Que o Espírito Santo é um dos que mais se baldou. Compreende-se, é o dono disto tudo. Ainda é. É, provavelmente só é de menos partes do país, mas que tem peso, podem crer que tem. E quem mais se baldou? Tudo acabará em águas de bacalhau devidamente estagnadas. A justiça…. Oh, a justiça. Quem? Aquela que é forte com os fracos e fraca com os fortes? Oh, pois, essa.

O filme dos 10 mil milhões vai ter o “tratamento” VIP, correspondente ao “E Tudo o Vento Levou”. É o que já está a acontecer. A Maria Luís Albuquerque, que se põe em bicos dos pés por dá cá aquela palha, está caladinha que nem uma rata de sacristia. Até parece que nem era ministra das finanças nessa altura das fugas de capitais e ao fisco enquanto também na época andavam a virar de pernas para o ar os portugueses que trabalhavam por conta de outrem (os mais fáceis de roubar). Que prazer devem ter sentido naqueles gabinetes pagos por todos nós! Ainda mais porque os  das máfias do capital conseguiam fugas de capital enormes e fugas ao fisco. Eram só fugas, para eles. Era muita fome para muitos dos mais fracos em Portugal. Vai daí a razão de ainda hoje existir tantos famélicos. E eles moita-carrasco. Debitam uns bitates e coisa e tal mas as consequências dos responsáveis é zero. Do secretário de estado, o tal Núncio, da Luís Albuquerque, do então PM Passos Coelho, desses trafulhas todos que em quatro anos debulharam o país em prol dos que já muito ricos passaram a ainda mais ricos. Bom trabalho, Maria Luís, Passos, Portas, Cavaco... E restante pandilha.

“É estranho que Maria Luís Albuquerque não tenha dito uma palavra” sobre os offshores



Mariana Mortágua diz que o PSD está a tentar fugir às suas responsabilidades no caso dos offshores, após ter governado em regime de "perseguição fiscal a quem falhava um pequeno pagamento".

Em declarações aos jornalistas este domingo, a deputada Mariana Mortágua falou da proposta do PSD para que a publicação obrigatória das transferências para offshores deixe de depender da autorização do Governo.

"Isso são tudo formas de agora não acatar responsabilidades que têm que ser acatadas”, disse a deputada do Bloco à agência Lusa. “O PSD não pode de repente vir dizer que o assunto se resolve tirando a responsabilidade de publicação do governo porque a pergunta mantém-se: porque é que Paulo Núncio não quis a publicação das estatísticas e porque há 10 mil milhões que não foram sequer alvo de fiscalização?"

Mariana Mortágua lembrou que o ex-secretário de Estado dos Assuntos Fiscais – e agora dirigente demissionário do CDS, após assumir a responsabilidade política pela ocultação das estatísticas no período em que pelo menos 10 mil milhões de euros passaram ao lado do controlo do fisco – “pertencia ao ministério das Finanças e havia ministros com responsabilidade política. É estranho que Maria Luís Albuquerque não tenha dito uma palavra sobre este caso e esteja a passar entre os pingos da chuva”.

"10 mil milhões foram transferidos para 'offshores' sem fiscalização, ao mesmo tempo que havia uma autoridade tributária e um governo que esmifravam os pequenos contribuintes, com perseguição fiscal a quem falhava um pequeno pagamento ou quem vivia do seu trabalho”, recordou Mariana Mortágua.

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