Mariana
Mortágua diz que o PSD está a tentar fugir às suas responsabilidades no caso
dos offshores, após ter governado em regime de "perseguição fiscal a quem
falhava um pequeno pagamento".
Em
declarações aos jornalistas este domingo, a deputada Mariana Mortágua falou da
proposta do PSD para que a publicação obrigatória das transferências para
offshores deixe de depender da autorização do Governo.
"Isso
são tudo formas de agora não acatar responsabilidades que têm que ser
acatadas”, disse a deputada do Bloco à agência Lusa. “O PSD não pode de repente
vir dizer que o assunto se resolve tirando a responsabilidade de publicação do
governo porque a pergunta mantém-se: porque é que Paulo Núncio não quis a
publicação das estatísticas e porque há 10 mil milhões que não foram sequer
alvo de fiscalização?"
Mariana
Mortágua lembrou que o ex-secretário de Estado dos Assuntos Fiscais – e agora
dirigente demissionário do CDS, após assumir a responsabilidade política pela
ocultação das estatísticas no período em que pelo menos 10 mil milhões de euros
passaram ao lado do controlo do fisco – “pertencia ao ministério das Finanças e
havia ministros com responsabilidade política. É estranho que Maria Luís
Albuquerque não tenha dito uma palavra sobre este caso e esteja a passar entre
os pingos da chuva”.
"10
mil milhões foram transferidos para 'offshores' sem fiscalização, ao mesmo
tempo que havia uma autoridade tributária e um governo que esmifravam os
pequenos contribuintes, com perseguição fiscal a quem falhava um pequeno
pagamento ou quem vivia do seu trabalho”, recordou Mariana Mortágua.
Paulo
Núncio assumiu a “responsabilidade política” pelo caso após o ex-dirigente da
Autoridade Tributária, Azevedo Pereira, ter declarado que a opção de não
publicação das estatísticas não era sua, pois esse trabalho estava pronto a
publicar. Um dia antes, Pedro Passos Coelho viera negar a existência de responsabilidade
política neste caso. Para Mariana Mortágua, “o facto de Paulo Núncio se
responsabilizar não nos diz por que é que o fez. Porque há um Secretário de
Estado que entende que há uma lista de offshores que não pode ser divulgada? Ou
que há transferências que não devem ser fiscalizadas?”.
“Esta
pergunta tem de ser respondida. Porque é que entendeu que não tinha de cumprir
a lei e divulgar as transferências. E é preciso compreender que transferências
são estas: pagaram impostos, não pagaram impostos? É para fugir a alguma coisa?
Não estamos a acusar, é preciso compreender”, prosseguiu a deputada bloquista,
acrescentando que é necessário “garantir que não voltará a acontecer”. Uma das
propostas do Bloco em debate parlamentar na especialidade vem alargar o âmbito
da publicação das transferências de dinheiro para lugares onde não se paga
imposto.
Esquerda.net
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