quarta-feira, 21 de junho de 2017

Angola | PRATO CHEIO



Kumuênho da Rosa| Jornal de Angola | opinião

O dia político ontem bem pode ser considerado prato cheio. A poucas semanas do início oficial da campanha eleitoral foi interessante acompanhar as três principais forças políticas mostrarem ao que vêem.

Apesar de ser ainda prematuro tirar-se conclusões sobre o que podem vir a ser os resultados das eleições de 23 de Agosto, o certo é que facilmente se percebe que estas eleições não serão iguais a qualquer outra das três até aqui realizadas. Mas há-de interessar sempre uma apreciação, de certo modo, sobre as leituras possíveis e imaginárias à volta das escolhas dos candidatos em relação aos locais para desenvolverem actividades.

Este fim de semana temos Isaías Samakuva, o candidato da UNITA na Huíla, um território que segundo as contas da CNE e os dados do Censo da População e Habitação representa a segunda maior praça eleitoral, enquanto Abel Chivukuvuku faz o seu trabalho na província do Zaire, outra praça eleitoral importante.

Do ponto de vista da história, essas duas províncias foram claramente dominadas pelo MPLA nos últimos actos eleitorais, e a deslocação dos candidatos da UNITA e da CASA-CE tanto podem ser entendidas como incursões atrevidas em zonas proibidas ou demonstrações de vontade de disputar voto por voto ali onde se pensa ou se entende como zonas de influência de outro partido.

Mas o país inteiro pôde acompanhar essas movimentações de três dos candidatos às eleições de 23 de Agosto através dos meios de comunicação e das redes sociais. Em matéria de eleições as redes sociais representam um avanço portentoso, no que respeita ao acompanhamento e mesmo o escrutínio dos actos dos candidatos durante as diferentes fases do processo.

É proibido ignorar o facto de hoje, por causa das facilidades das novas tecnologias de informação e comunicação, claramente impulsionadas pela Internet, aportam ao processo eleitoral uma dinâmica incomparavelmente superior à que tínhamos com os meios convencionais, como a rádio e a televisão.

Angola | IMÉRITO & DESMÉRITO - cartoon



Folha 8

Angola | A MARCA DA BESTA



Raul Diniz, opinião

A ausência de regras e normas que promovem leis dúbias na assembleia nacional, estão de todo desconectadas da aceitação e aprovação popular. A sociedade civil inteligente activa não aprova tais praticas proteccionistas que serve apenas para blindar a família de criminosos de colarinho branco do ditador infame. Aliás, essa lei aparentemente legal, na verdade ela será uma lei vergonhosamente caricata, sobretudo, por expor claramente uma anomia tétrico, em torno da maquina político-administrativa do partido pendurado há 42 anos no poder. Pelos vistos, a pretensão de se manter no poder a todo custo é real.

Não tenho duvidas que o poder do MPLA erode em breve nas ruas com o povo a romper definitivamente com o regime, e o presidente da ditadura. "A volatilidade da conjuntura política em Angola é de tal ordem que qualquer prognóstico se torna precário neste momento. Estamos a viver em Angola sob o impulso de sua excelência o surpreendente facto. Angola e os angolanos não precisa de José Eduardo dos Santos para nada, muito menos precisam da roubalheira desenvolvida pelos seus filhos, parentes e amigos diletos internos e externos.

A lei proteccionista costurada sob medida para acobertar os interesses e assegurar a vida do tirano homicida, dos familiares gangsters e de seus amigos internos e externos é um ato indecoroso de monta. O MPLA não tem o direito de obrigar o povo a receber a marca da besta (leia-se marca de JES) na testa. Existe uma coerência refinada em afirmar, que Angola foi transformada na casa de banho do diabo. Um país onde somente sobrevivem aqueles que trazem a marca da besta (marca de JES) na testa não é de maneira alguma um estado de direito democrático. Em Angola todos quantos pretendam que Angola de transforme num país livre são execrados, e não têm vez.

O regime foge tem fugido da responsabilidade que possui acerca da crise institucional e económica que o MPLA deixa o país, e refugia-se em discursos fúteis e desconexos. Alem do mais, nota-se, que a mecânica do discurso do regime na campanha eleitora, contem uma musculosidade mecânica esdrúxula sem precedentes, na historia das democracias universalmente aceites. o regime responsabiliza a baixa do preço do petróleo como vector da crise económica que se vive, debalde. Se essa desculpa fosse realista, como então abalizar a crise institucional que estamos com ela? Qual a razão das instituições do estado serem intencionalmente enfraquecimento para servir interesses escusos da família de larápios do ditador corrupto?

Além dessa afirmação ter uma robustez ficcional, ela traduz o estilo imaginativo das emergentes falacias que o regime utiliza frequentemente para artificialmente justificar o injustificável.  Pensar dessa maneira significa mentir para enganar o povo, o que representa dar um mergulho perigoso no escuro. Essas e outras situações anómalas, conjugadas com a falta de credibilidade, justiça a fragilidade ética e moral dos dirigentes do regime. Essa perceptível verdade permite acreditar com veemência, que num futuro amanhã muito próximo, o MPLA/JES poderá ser atirado para as calendas do existencialismo permissivo e ali morrer de morte matada.

Enquanto isso, o país sobrevive em total letargia permanente, agravado pelo estado de total desordem institucional. O país vive hoje imerso num oceano de aguas turvas profundas. Esse estado de calamidade institucionalizada, demonstra a necessidade urgente de se retirar o povo da zona escura da miséria, e, afastar o país da clausura personalista daquele que deseja grifar-nos com marca da besta. O legado do PR não é recomendável por não servir como exemplo positivo, a triste realidade é que todos sabem que, o pseudo legado de JES, possui um gosto de caldeirada de coelho com sabor a gato. Essa situação permite retirar qualquer legitimidade do presidente da republica para impor restrições ao povo, observada pela crise que ele mesmo mergulhou o país.

William Tonet | HINO À DEMOCRACIA - livro



Do jornal angolano Folha 8 salientamos o artigo que traz ao saber o novo livro de William Tonet. A apresentação já aconteceu e disso tivemos conhecimento no Página Global, no entanto imponderáveis contribuíram para que só agora façamos referência ao que já chamam “Cartilha para a Democracia”, afinal condizente com o título no Folha 8: Hino à Democracia. Por nos socorrermos do artigo do Folha 8 para só agora apresentar o acontecimento cultural de suporte político, atrevemo-nos a atualizar o inicio do parágrafo seguinte que anunciava o que ia acontecer no passado dia 16. Acreditamos que vamos ainda a tempo de contribuir para levar ao conhecimento de mais uns quantos leitores interessados a obra de William Tonet. Desculpem-nos pelo atraso na data. Mais importante é o livro e não só o seu lançamento.(MM | PG)

Foi apresentado no passado dia 16, sexta-feira, pelas 16 horas, na União dos Escritores de Angola, o livro “Cartilha do Delegado de Lista”, de William Tonet. A apresentação da obra, da Editora FVIII, esteve a cargo do advogado Inglês Pinto, ex-bastonário da Ordem de Advogados de Angola.

Segundo Caetano de Sousa, antigo Presidente da Comissão Nacional Eleitoral, “a Cartilha do Delegado de Lista de que William Tonet é autor abrange todo o processo de votação em linguagem acessível, acompanhado de banda desenhada. É cartilha acessível a todo o cidadão eleitor e serve de manual indicativo de trabalho para todo o delegado de lista, foi pensado e dirigido para o Delegado de Lista, é digno de se recomendar”.

“Fico convencido que o Delegado de Lista que tenha acesso a um exemplar da Cartilha e que o leia tem tudo o que precisa para fazer um bom trabalho para benefício e eficiência do Processo Eleitoral”, acrescenta Caetano de Sousa.

No prefácio do livro, Paulo de Morais (Presidente da Frente Cívica e ex-candidato à Presidência da República de Portugal) diz que “a realização de eleições livres e independentes é essencial à democracia e esta é fundamental para o desenvolvimento humano, social e cultural das sociedades”, acrescentando que “só há países desenvolvidos onde há regimes democráticos que funcionam de forma regular. E, nestes países, os cidadãos têm direito à educação, a cuidados de saúde com qualidade, a um ambiente económico e social onde podem encontrar prosperidade e segurança. E tudo começa numa mesa de voto.”

“Um sistema político saudável permite aos cidadãos a apresentação de diferentes alternativas políticas para o governo das sociedades. Permite ainda que, em liberdade, essas alternativas se confrontem e sejam escrutinadas, pelos cidadãos e pelos media. Permite que os cidadãos escolham e que a alternativa vencedora forme governo para pôr em prática as medidas que propôs. E tudo passa pela mesa de voto. Na mesa de voto, decidem-se eleições. Decide-se a democracia. E esta só se realiza quando as mesas de voto são o espaço da verdadeira escolha”, escreve Paulo de Morais.

Nesse sentido, acrescenta Paulo de Morais, “esta Cartilha é um verdadeiro hino à democracia. Para que a vontade do povo se reflicta em sistemas de governo, não basta que os cidadãos acorram às urnas. É também imperioso que a sua vontade seja devidamente assumida pelo sistema. Tal só acontecerá se, por um lado, se evitar a fraude, a coacção, a manipulação dos eleitores. E se, por outro, se garantir que os resultados da vontade dos eleitores, expresso em cada boletim de voto, sejam devidamente registados, agregados e transmitidos para posterior consolidação nacional”.

“Esta Cartilha ensina a garantir a prossecução de ambos os objectivos. De forma simples, agradável e atractiva, explica como prevenir e até evitar nefastas influências de quem pretenda fazer batota eleitoral. Exemplifica o que se deve e não deve admitir para garantir a total higiene democrática em cada mesa de voto”.

O livro vai estar a venda no dia de lançamento, ao preço de dois mil kwanzas, na União de Escritores Angolanos. Depois do lançamento poderá ser adquirido nas livrarias ou por encomenda.


Portugal | O LUTO E A LUTA




Miguel Guedes | Jornal de Notícias | opinião

Hoje é o dia em que saímos do luto nacional com tudo por resolver. Findos que estão os três dias institucionais de dor, não há nada que tenha ficado diferente. Nem podia. Numa dor destas, o silêncio é das poucas companhias recomendáveis pela forma como nos propicia um tempo que seja. À distância de um oceano do país, a comoção sofre um verdadeiro bloqueio e embarga-se pelo choque. Vejo o país nas notícias por uma alegoria de inferno e somam-se os especialistas internacionais a explicar, à boleia da catástrofe, o que é isso do "dry lightning" ou trovoada seca. Pausa. Não há decreto que nos enterre o coração na areia quando a cabeça não pára para pensar. Não pode haver soluções enquanto o fogo caminha a passos de gigante, parecendo que voa. A luta começa agora.

A rendição absoluta de gratidão aos bombeiros que lutam e aos civis que ajudam. Isso e a pouca comiseração para quem tenta encontrar culpados em tempo de inferno. É impressionante a fogueira de vaidades e pouco tento que impele certas pessoas a abrir fracturas em tempo de terramoto. Para esses agentes sumários da punição, mais velozes do que o próprio vento que dá asas ao fogo a encontrar bodes expiatórios, não se limpam armas em tempo de guerra. E atacam, mesmo quando na paz podre de todos os invernos nunca os vi a deixar de dar beijinhos no dói-dói. À semelhança de quem tenta fazer notícia ao lado de um corpo carbonizado, aqueles que tentam encontrar culpados entre o sofrimento apenas descem mais um degrau do palco para onde imaginam estar a subir.

Pedrógão terá que ser o nosso público "ground zero". Nunca conseguimos trabalhar a propriedade privada da floresta que acaba por nos ser comum em catástrofe, nunca deixámos de ceder aos interesses e ao facilitismo. Sempre soubemos que a natureza não nos dá apenas pores-do-sol de excelência e nasceres do dia radiosos. A força natural da humanidade, de resto, não é impedir o seu curso. Compete-nos criar as estratégias para a acomodar e antecipar na violência perante um conjunto disperso de propriedades avulso sem investimento e sem o mínimo de zelo, desertificação populacional num agregado de restos de país votados ao abandono. Sempre olhámos para a floresta numa visão-túnel onde lá ao longe se vislumbra uma saída clara. Mas quando lá chegamos, pela proximidade do simples andar da carruagem, só vemos que arde. E assim vamos, todos os anos, em típicos lamentos que ninguém leva a sério. Acredito que até agora.

No momento em que escrevo, contam-se 64 mortos e centenas de pessoas que morreram por dentro e por tempo indefinido. Milhões de pessoas impossibilitadas de sair do luto. "Is dry lightning on the horizon line/ Just dry lightning and you on my mind", escrevia Springsteen. Para eles, o nosso pensamento. O coração diz coragem.
O autor escreve segundo a antiga ortografia

* Músico e advogado

Pedrógão Grande | JAIME MARTA SOARES | "O incêndio teve origem em mão criminosa"



No Fórum TSF, o presidente da Liga dos Bombeiros lembra que o fogo estava ativo há cerca de duas horas quando ocorreu a trovoada.

Jaime Marta Soares acredita que não foi a trovoada que provocou o grande incêndio de Pedrogão Grande e até que lhe provem o contrário, o presidente da Liga dos Bombeiros está convencido que o fogo teve origem criminosa.

"O incêndio já estava a decorrer há cerca de duas horas", disse Jaime Marta Soares, no Fórum TSF. "Eu tenho para mim de que o incêndio teve origem em mão criminosa".

O presidente da Liga dos Bombeiros defende que depois do que aconteceu muito tem que mudar e a Liga dos Bombeiros vai querer "exigir" saber o que é que correu mal.

Marta Soares acrescenta ainda que a falha no SIRESP não serve para justificar tudo, mas é preciso fazer uma análise profunda para que não seja preciso "inventar" no meio de situações como a Pedrogão Grande.

TSF | Foto: Carlos Manuel Martins/Global Imagens

Portugal | DEIXEM-NOS FAZER O LUTO





Expresso Curto com lamentos mas também com boas notícias… Ou referência a elas. Pela nossa parte não queremos alongar a prosa, nem opinar ou tomar considerações por isto e aquilo. Talvez porque estamos a assistir a porcos da política que aproveitam a tragédia dos fogos e da morte de 64 portugueses devorados pelas chamas para fazer luta partidária. Regra geral esses são os da direita ressabiada e bufa, como o deputado do CDS, Hélder Amaral, que até sobre Marcelo Rebelo de Sousa, o PR, saltou como  um canzarrão esfaimado. Outros há, também esfaimados.

Gente bacoca e da direita ataca a esquerda quando ainda nem as chamas do fogo de Pedrógão Grande se extinguiram. Isso porque considera este governo do PS de esquerda? Sim, às vezes de uma esquerda muita pálida, mas da esquerda não. Digamos em abono da verdade que na atualidade uma social-democracia do estilo Olof Palme, na Suécia, era à esquerda demais para o atual Partido Socialista. Não são os nomes dos partidos que nos governam mas sim as pessoas. Socialistas? Onde? E então?

Deixem-nos fazer o luto. Vamos pousar e ver no que vai dar acerca das responsabilizações daquilo e daqueles que funcionaram mal nesta tragédia, para além da responsabilidade que justamente pertence à natureza quando nos surpreende com fenómenos anómalos, imprevisíveis – mais que não seja nas dimensões.

Até amanhã. Talvez. Nada é certo e o “talvez” está muito bem aplicado. Sigam para o Curto, hoje servido por uma senhora do Expresso, Cristina Figueiredo. O seu a seu dono. Saiba mais se continuar a ler. (PG)

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