Manuel
Rui | Jornal de Angola | opinião
Não
vou mais esquecer as palavras do juiz relator do Supremo Tribunal Eleitoral do
Brasil quando, no final do seu voto condenatório do Presidente Temer, afirmou
que não trocaria verdade viva por cadáver, poderia assistir ao velório mas não
carregaria o caixão...
Tratava-se
de matéria de corrupção inimaginável com um presidente da República a receber,
às dez da noite, em seu gabinete, um membro da família Batista, a maior
processadora de carnes do mundo (quanta picanha deles teremos comido por aqui).
O tal de Batista levou um gravador escondido para registar a conversa com Temer
e terá levado instruções para calar a boca a um dos que estava preso (que são
muitos) para ser entregue a primeira prestação por outro à família do detido...
mas o cara que levou uma mala com a grana, foi filmado e entrou em cana.
Estamos a falar do maior país da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa). Parece que tudo, para quem é supersticioso, terá começado da derrota de cabazada com a Alemanha no último campeonato do mundo de futebol. A situação social foi-se decompondo e a economia do país é às curvas, sendo certo que o país pode e vai ser um dos países maiores e melhores do mundo porque também tem gente boa por lá. Tem gente boa, sim. E tem uma singularidade. Na ladroeira desde o mensalão até ao lava jato, não aparece um brasileiro negro. O negro não chega a esses contornos pois quem anda perto do dinheiro de gigantes como a Petrobras, a Odebrecht ou os Batistas das carnes tem de ser branco. Nem para carregar a mala com a nota. Um brasileiro falava que “estava tudo preso e só faltavam os do palácio”. Aí, como o ex-governador do Rio já foi condenado por vários delitos e deixou as gavetas vazias, querem reduzir para cinquenta por cento os patrocínios às escolas de samba. Falaram que o samba é com o pé e não para gastar fortunas em coreografias. E o pessoal do morro pode falar que roubar o dinheiro do povo é com as mãos.