sábado, 24 de junho de 2017

CPLP | FALANDO DE PAÍSES DESTA LÍNGUA



Manuel Rui | Jornal de Angola | opinião

Não vou mais esquecer as palavras do juiz relator do Supremo Tribunal Eleitoral do Brasil quando, no final do seu voto condenatório do Presidente Temer, afirmou que não trocaria verdade viva por cadáver, poderia assistir ao velório mas não carregaria o caixão...

Tratava-se de matéria de corrupção inimaginável com um presidente da República a receber, às dez da noite, em seu gabinete, um membro da família Batista, a maior processadora de carnes do mundo (quanta picanha deles teremos comido por aqui). O tal de Batista levou um gravador escondido para registar a conversa com Temer e terá levado instruções para calar a boca a um dos que estava preso (que são muitos) para ser entregue a primeira prestação por outro à família do detido... mas o cara que levou uma mala com a grana, foi filmado e entrou em cana. 

Estamos a falar do maior país da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa). Parece que tudo, para quem é supersticioso, terá começado da derrota de cabazada com a Alemanha no último campeonato do mundo de futebol. A situação social foi-se decompondo e a economia do país é às curvas, sendo certo que o país pode e vai ser um dos países maiores e melhores do mundo porque também tem gente boa por lá. Tem gente boa, sim. E tem uma singularidade. Na ladroeira desde o mensalão até ao lava jato, não aparece um brasileiro negro. O negro não chega a esses contornos pois quem anda perto do dinheiro de gigantes como a Petrobras, a Odebrecht ou os Batistas das carnes tem de ser branco. Nem para carregar a mala com a nota. Um brasileiro falava que “estava tudo preso e só faltavam os do palácio”. Aí, como o ex-governador do Rio já foi condenado por vários delitos e deixou as gavetas vazias, querem reduzir para cinquenta por cento os patrocínios às escolas de samba. Falaram que o samba é com o pé e não para gastar fortunas em coreografias. E o pessoal do morro pode falar que roubar o dinheiro do povo é com as mãos.

KARL MARX, QUEM DIRIA, JÁ PODE VOLTAR



Desigualdade brutal e ataque aos direitos sociais levam até os liberais ilustrados a reconhecer certas teses do filósofo. Mas como atualizá-las, para transformar o mundo de hoje?

Vicenç Navarro | Outras Palavras | Tradução: Inês Castilho

Uma das colunas mais conhecidas da revista semanal The Economist, a Bagehot (que tem como responsável Adrian Wooldridge) publicou, na edição de 13 de maio, um artigo que seria impensável encontrar nas páginas de qualquer revista econômica de orientação igualmente liberal, na Espanha [ou no Brasil].

Sob o título “O momento marxista” e o subtítulo “Os trabalhistas têm razão: Karl Marx tem muito a ensinar aos políticos de hoje”, Bagehot analisa o debate entre o dirigente do Partido Trabalhista do Reino Unido, Jeremy Corbyn, e seu ministro sombra da Economia e Fazenda, o John McDonnell, por um lado, e os dirigentes do Partido Conservador e os jornais conservadores Daily Telegraph e Daily Mail, por outro. Definir esse diálogo como debate é, sem dúvida, excessivamente generoso por parte da coluna Bagehot, pois a resposta dos jornais conservadores e dos dirigentes conservadores aos dirigentes trabalhistas é uma demonização tosca, grosseira e ignorante de Marx e do marxismo, confundindo marxismo com stalinismo, coisa que também acontece constantemente nos maiores meios de comunicação, em sua maioria de orientação conservadora ou neoliberal.

Uma vez descartados os argumentos da direita britânica, a coluna Bagehot passa a discutir o que considera as grandes profecias de Karl Marx (assim as define), para entender o que está acontecendo hoje no mundo capitalista desenvolvido. Conclui que muitas das previsões do velho economista resultaram corretas. Entre elas destaca que:

1. A classe capitalista (que a coluna Bagehot insiste que continua a existir, ainda que não use esse termo para defini-la), a dos proprietários e gestores do grande capital produtivo, está sendo substituída – como anunciou Marx – cada vez mais pelos proprietários e gestores do capital especulativo e financeiro, que Marx (e a coluna Bagehot) consideram parasitários da riqueza criada pelo capital produtivo. Essa classe parasitária é a que, segundo a coluna, domina o mundo do capital, sendo tal situação a maior responsável pelo “abusivo” e “escandaloso” (termo utilizado por Bagehot) crescimento das desigualdades.

Os capitalistas conseguiram cada vez mais benefícios, à custa de todos os demais. Para demonstrá-lo, o colunista do The Economist assinala que, enquanto em 1980 os executivos-chefes das cem mais importantes empresas britânicas tinham rendimento 25 vezes maior que o do empregado típico de suas empresas, hoje, ganham 130 vezes mais. As equipes dirigentes dessas corporações inflaram sua remuneração às custas de seus empregados, ao receber das empresas pagamentos (além do salário) por meio de ações, aposentadorias especiais e outros privilégios e benefícios. Mais uma vez, Bagehot ressalta que Marx havia previsto o que ocorreu. E mais: a coluna descarta o argumento segundo o qul essas remunerações devam-se às exigências do mercado de talentos, pois a maioria desses salários escandalosos dos executivos foi atribuída por eles mesmos, através de seus contatos nos Comitês Executivos das empresas.

Portugal | DEPOIS DO LUTO



Paulo Tavares | Diário de Notícias | opinião

Estão todos, por fim, onde queriam estar. Livres do luto e disponíveis para um debate político miserável e que mais não é do que o mesmo de sempre. Depois do que se passou nos últimos dias, o país pedia e merecia mais. Entre as inúmeras personagens secundárias, dos dois lados da barricada, que vão multiplicando-se em acusações absurdas e maniqueístas, salva-se a sugestão do PSD, para a criação de uma comissão técnica independente que nos dê as respostas que procuramos. Salva-se igualmente a rapidez com que o governo aceitou a sugestão. Já agora, se mal pergunte, "independente" vai significar exatamente a mesma coisa para governo e oposição? Quem vai escolher os nomes dos técnicos? Vamos ter votações no Parlamento para essas escolhas? Não me parece que seja o caminho, mas enfim.

Seja como for, que venha a comissão. Que seja rápida nas conclusões e que permaneça o mais independente possível. Já dou de barato que haja fogos florestais e que nem sempre seja possível contê-los nos primeiros momentos, ou seja, que alguns fiquem fora de controlo. Há um longo historial de casos semelhantes, com destruição de vastas extensões de floresta, em países com meios de combate bem mais sofisticados e numerosos - Estados Unidos (sobretudo Califórnia), Canadá e Austrália, apenas como exemplo. A grande diferença é que não há registo, nesses casos, de uma lista tão grande de vítimas - mortos ou feridos. Diga-se o que se disser - ou, nesta fase, adivinhe--se o que se adivinhar - sobre as ignições e as condições de propagação do incêndio de Pedrógão Grande, há uma certeza. Em caso algum deviam ter morrido ou ficado feridas pessoas sem qualquer ligação ao combate ao fogo. Por outras palavras, não é aceitável que morram civis.

Voltando à política. Já ouvi autarcas a disputar em direto na rádio o seu quinhão da solidariedade nacional. "Aqui também ardeu!", gritam, com as autárquicas ali ao virar do verão. Também já começou o empurrar da culpa de um lado para o outro. Ainda ontem, em direto numa televisão, outro autarca garantia que a limpeza daquela estrada - a EN236-1 - não era com ele, logo estava descansado. E há de chegar a fase em que a GNR empurra para os bombeiros, e os bombeiros para a coordenação da Proteção Civil, e por aí fora. Por respeito a tudo o que se passou, exigia-se mais ponderação e tranquilidade, sobretudo a quem tem tido acesso aos diversos palcos da comunicação social. 

Foto: Lusa

Stop | SOLIDARIEDADE COM VÍTIMAS DE INCÊNDIOS MOBILIZA PORTUGUESES



“O apoio foi do tamanho do mundo e nós somos pequeninos”. Bombeiros pedem suspensão de entrega de bens

“É um sufoco, é muita coisa. Deixem-nos respirar”. Bombeiros de Pedrógão não estão a conseguir fazer a triagem e apelam para que as pessoas suspendam “por uns dias” a entrega de bens
presidente da Associação de Bombeiros Voluntários de Pedrógão Grande apelou este sábado para que as pessoas suspendam por "alguns dias" a entrega de ajuda.

"É um sufoco. É muita coisa. São toneladas e toneladas de roupa, de sapatos", notou o presidente da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Pedrógão Grande, Carlos David, pedindo à população para suspender por alguns dias a entrega de ajuda na sequência dos incêndios que provocaram a morte a 64 pessoas.

Segundo Carlos David, a ajuda recebida no quartel dos bombeiros é "demasiada" para esta fase, sendo que, face à quantidade de apoio recebido, ainda não foi possível organizar a operação.

"Não estamos a fazer a triagem, a selecionar a roupa, que tem de se catalogar. Quanto mais chega, menos tempo" há para a seleção, frisou, pedindo às pessoas para deixarem os bombeiros organizarem-se.

"Deixem-nos respirar e organizar. Queremos organizar bem e servir a população, mas temos que ter aqui alguma disciplina. O apoio foi do tamanho do mundo e nós somos pequeninos. Não temos dimensão para isso", disse à agência Lusa Carlos David.

De acordo com o presidente da associação de bombeiros, há pequenos armazéns que estão a ser utilizados para armazenar a ajuda recebida, sendo que há instalações em "stand by" para o caso de ser necessário utilizá-las. Carlos David sublinhou que os bombeiros têm também levado a ajuda a outras corporações e postos de apoio, visto que, neste momento, "não há barreiras, não há concelhos, é toda uma região".

A ajuda, frisou, "está a chegar às juntas" e as juntas estão a distribuir no terreno, vincando que, caso alguém não esteja a receber ajuda, apenas precisa de avisar os bombeiros.

Em causa, os dois grandes incêndio, que provocaram a morte a 64 pessoas e ferimentos a mais de 200, e que deflagraram no dia 17 na região Centro, tendo obrigado à mobilização de mais de dois milhares de operacionais.

Expresso | Foto: Luís Barra | Título PG

NARENDA MODI | De visita a Portugal, primeiro-ministro da Índia expressa condolências



O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, expressou hoje perante o primeiro-ministro português, António Costa, "profundas condolências" pelas vítimas do incêndio de Pedrogão Grande que provocou a morte a 64 pessoas.

Na primeira visita bilateral de um primeiro-ministro indiano a Portugal, Modi expressou "profundadas condolências e solidariedade pelas vítimas dos devastadores incêndios em Portugal na semana passada".

Estas foram as primeiras palavras do chefe do Governo da Índia, na declaração à imprensa conjunta com o primeiro-ministro português, no Palácio das Necessidades, em Lisboa.

Dois grandes incêndios, que provocaram a morte a 64 pessoas e ferimentos a mais de 200, deflagraram no dia 17 na região Centro, tendo obrigado à mobilização de mais de dois milhares de operacionais.

Estes incêndios, que deflagraram nos concelhos de Pedrógão Grande e Góis, consumiram cerca de 53 mil hectares de floresta [o equivalente a 53 mil campos de futebol] e obrigaram à evacuação de dezenas de aldeias.

Após um encontro de mais de trinta minutos e de um almoço entre os dois chefes de Governo e respetivas delegações, foram assinados 11 memorandos de entendimento para a cooperação nas áreas comerciais, da ciência e tecnologia.

Os acordos envolvem a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), a Portugal-India Business Hub, a Universidade do Minho, o Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia de Braga e a Fundação para a Ciência e Tecnologia.

O primeiro-ministro indiano encontra-se em Lisboa para uma visita de um dia a Portugal, depois de António Costa ter estado na Índia em janeiro passado.

Na sequência da invasão de Goa por tropas da União Indiana em dezembro de 1961, Portugal e Índia apenas restabeleceram relações diplomáticas após o 25 de Abril de 1974.

Lusa | Notícias ao Minuto | Foto: Reuters

NA RÚSSIA | Portugal goleia por 4 – 0 a Nova Zelândia e está nas meias-finais das Confederações



Golos de Nani, André Silva, Ronaldo e Bernardo Silva carimbaram apuramento.

A tarefa não era complicada mas Portugal goleou para não deixar dúvidas. Apesar de uma entrada algo apática por parte da seleção nacional frente à Nova Zelândia, o resultado volumoso garante o acesso às meias-finais da Taça das Confederações e o primeiro lugar do Grupo A.

Devagar se vai ao longe

Mas vamos ao filme do jogo. Comecemos pelos primeiros 45 minutos. Portugal começou mal o jogo. Pouco esclarecido, pouco coeso e com claras dificuldades nas transições ofensivas perante uma Nova Zelândia que, apesar de eliminada, mostrou-se muito motivada nos primeiros minutos de jogo.

No entanto, Portugal, aos poucos, foi assumindo o comando da partida e aos 32 minutos, depois de uma falta de Woods sobre Danilo na grande área da Nova Zelândia, Ronaldo converteu da melhor maneira uma grande penalidade.

O golo trouxe mais energia à formação lusa que, poucos minutos depois, fez o segundo na sequência de um bom entendimento entre Quaresma e Eliseu, no corredor esquerdo, com o lateral do Benfica a encontrar Bernardo Silva (37') no coração da grande área. O reforço do Manchester City atirou a contar e fez o segundo da partida.

Porém, o médio português acabaria por se lesionar dando o lugar a Pizzi na equipa portuguesa.

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