terça-feira, 8 de agosto de 2017

Angola | LAVAR IMAGENS EM NOME DA DEMOCRACIA



Martinho Júnior | Luanda

1- A “democracia” segundo os cânones da aristocracia financeira mundial, vale-se de peritos“lobistas” como Paul Manafort para, “lavar as imagens” dos “sargentos às ordens” e de seus “instrumentos agenciados” espalhados pelo mundo, de forma a, utilizando os “media de referência”, assim como os corredores essenciais às ligações, iludir por todas as formas a opinião pública global e a dos próprios Estados Unidos, a fim de através desses maquiavélicos expedientes, alcançar os fins de acordo com suas estritas conveniências.

No caso de Angola, a ligação de Paul Manafort a Jonas Savimbi, por via de Jardo Muekalia, é bem conhecida: começou com a abertura de portas da Casa Branca, quando o inquilino foi o republicano Ronald Reagan, o “sargento às ordens” que deu início ao processo de capitalismo neoliberal à escala global, de forma a transformar, no caso angolano, um “inveterado maoísta”, um constante alvo da Human Rights Watch num “freedom fighter” ávido de “democracia”.

A manobra foi de tal ordem a favor de Savimbi, que se “lubrificou” os “bons ofícios” do cartel de diamantes, no interesse de clãs que funcionam como sua rectaguarda, os Rockefeller e os Rothshilds entre outros e só quando a paranoia intempestiva savimbiesca o levou a enveredar pela“guerra dos diamantes de sangue”, “somalizando” Angola, não houve Paul Manafort algum que continuasse a garantir os lucros e caminhos da 1ª fase dessa operação de “lavagem”, que teve Bicesse como um dos seus dilectos “cenários”… a “imagem lavada” de Savimbi diluiu-se à custa dos milhões de vítimas angolanas e africanas, entre 1992 e 2002, mas para a aristocracia financeira mundial ficou de Paul Manafort a referência “in” do valor dos seus expedientes de “lavagem” em relação aos mais escabrosos “instrumentos agenciados” pelos interesses da hegemonia unipolar… e tudo em nome da “democracia”!...

2- A aristocracia financeira mundial por isso, entre o deve e o haver, foi mantendo Paul Manafort como “lobista especializado”, um “criativo” homem-de-mão pronto para as mais difíceis “lavagens de imagem” até aos nossos dias!

Se antes, nos tempos da apelidada “Guerra Fria”, essa especialidade ensaiava com todo o tipo de dificuldades os primeiros passos, com a ascensão do capitalismo neoliberal na construção da hegemonia unipolar ela garantia não só lucros na moeda-padrão imposta ao mundo, mas também os “jogos operativos” aferidos às melhores marcas de cosmética que se poderia imaginar, tornando versáteis, moldáveis e subtis as fronteiras entre o choque e a terapia neoliberais, ainda que houvesse alguém a proclamar aos quatro ventos qualquer tipo de medidas de “proteccionismo”…“the americans first”!...

A campanha do republicano Donald Trump foi assessorada pelo “especializado lobista” Paul Manafort e, como os ganhos (os dados) foram lançados, o emérito “lavador de imagens” tem lugar garantido entre os “consultores” do actual inquilino da Casa Branca para-o-que-der-e-vier, pois além do mais garante “links”, “em casa” uns, espalhados pelo mundo outros, que têm sido“cultivados” há décadas!…

Mesmo em relação aos termos da proverbial vassalagem da Europa, Paul Manafort é o “Conselheiro” mais indicado para “alisar o terreno”, quer a propósito das sanções em curso contra a Rússia, quer em relação ao “diktat” que pesa sobre a Venezuela Bolivariana.

Com o tempo Paul Manafort refinou os métodos da cosmética, com mensagens que “alisam o terreno”, isto é, deixam de ser abruptas, típicas de “freedom fighters”, nas primeiras impressões e nos segundos aproveitamentos passam a mensagens que se tornam “acessíveis”, “respeitáveis”,“moderadas”, “independentes”, jogando com a psicologia de massas adequada às espectativas dos estado-unidenses, como às espectativas globais.

Vejam como ele tem “lavado a imagem” e “moderado a linguagem” dum Donald Trump intempestivo, abrupto e pouco dado a longos discursos a ponto de ser um “twiter de eleição”!…

3- Em Angola essa “moldagem” está bem visível em época eleitoral nas “pistas” das mensagens de candidatos como Chivukuvuku, ou Samakuva, que viveram a saga da “malparada” interpretação“savimbiesca”, que se tornou impossível de “lavar”!

Os actuais candidatos, “recrutados” das hostes dos “freedom fighters” de então (lembre-se a Nicarágua dos “contras” e o Afeganistão de Bin Laden, tal como Angola de Savimbi), além do mais beneficiam duma vulnerável democracia que foi sujeita ao choque neoliberal e agora, apesar do desaparecimento físico dos “instrumentos originais agenciados”, está à mercê de muitos dos impactos providenciados pela terapia, onde se inscrevem pelo menos essas duas “réplicas”!

Com isso é evidente que o trabalho psicológico de massas em relação ao público-alvo angolano está em curso e ganha contornos inusitados em época eleitoral!...

“Conselheiro” Paul Manafort: estamos conversados!


Fotos:
- O “Conselheiro” Paul Manafort, um inveterado “lavador de imagens” (no topo).
- Cinco das experiências mais “traumáticas” de Paul Manafort enquanto “lavador de imagens”: Savimbi, Mobutu, Ferdinand Marcos (Filipinas), o nigeriano Abacha e Viktor Yanukoych, da Ucrânia.
- Savimbi com a “somalização” deitou a perder a “lavagem de imagem” que lhe foi propiciada por Paul Manafort, aferindo-o aos expedientes da “democracia”.
- Imagem oficial do Presidente da UNITA na campanha eleitoral de 2012 – a “lavagem de imagem” dum velho “freedon fighter” já era evidente, faltando apenas uma maior refinação do discurso.
- Nada melhor que uma “coligação” para uma “lavagem de imagens” para velhos “freedom fighters” pois além do mais ficam diluídas as eventuais “margens de erro” das mensagens que se pretendem “democratas”, “moderadas” e até “patrióticas”… com as cores escolhidas (amarelo e creme, segundo fórmula de 2016), o ciclo conforme a Paul Manafort fica consumado na “corrida” de Chivukuvuku.

ANGOLA | À margem da campanha



Víctor Carvalho | Jornal de Angola | opinião

No frenesim mediático que resulta do actual período de campanha eleitoral a opinião pública corre o perigo de não ver devidamente salientados assuntos de verdadeiro interesse nacional, que lhe dizem directamente respeito e que revelam importantes avanços que Angola vem conseguindo numa demonstração do seu verdadeiro estado de desenvolvimento, tanto no sector económico como social.


Tão importante como saber o que os partidos políticos acham uns dos outros e quais as promessas que apressadamente fazem na antevéspera das eleições, é sublinhar os ganhos e as conquistas que o país vai averbando e que sustentam todo um trabalho conjunto de uma sociedade que se afirma, cada vez mais, a cada dia que passa.

O anúncio feito esta semana de que, finalmente, vai entrar em funcionamento o cabo submarino que representa um importante virar de página nas comunicações digitais entre Angola e o Mundo, é um motivo de orgulho para todos nós, por nos colocar na linha da frente das novas tecnologias de comunicação.

O início da entrada em funcionamento da Barragem de Laúca, por seu lado, significa para os angolanos um duplo motivo de orgulho. Em primeiro lugar porque, finalmente, se vê concretizada uma obra que ajudará a debelar o nosso actual défice de energia eléctrica e, depois, porque a cerimónia contou com a presença do seu grande mentor: o Presidente José Eduardo dos Santos.

Fretilin inicia quarta-feira contactos com partidos para formar próximo Governo timorense



Díli, 08 ago (Lusa) - A Fretilin, partido mais votado nas legislativas timorenses de 22 de julho, inicia quarta-feira com o CNRT uma ronda de contactos com os partidos eleitos para o parlamento nacional tendo em vista a formação de Governo.

Fonte da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), que obteve 23 lugares nas eleições legislativas, confirmou à Lusa que o segundo partido mais votado, o Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT) de Xanana Gusmão (22 lugares) aceitou o diálogo.

A fonte não precisou se Xanana Gusmão, o presidente do CNRT, estará ou não na reunião que está marcada para um hotel em Díli e onde, do lado da Fretilin deverá estar uma delegação liderada pelo seu secretário-geral, Mari Alkatiri.

Na quinta-feira está previsto um encontro da Fretilin com o terceiro partido, o Partido Libertação Popular (PLP), liderado pelo ex-Presidente da República, Taur Matan Ruak e que obteve oito lugares.

Depois, na sexta-feira será a reunião com o Partido Democrático (PD) - sete lugares - e no sábado com o partido Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO), que obteve cinco mandatos.

Fretilin debate formação de Governo timorense, e ainda quer falar com Xanana Gusmão -- SG



Díli, 07 ago (Lusa) - O secretário-geral da Fretilin, partido timorense mais votado, disse hoje que quer dialogar com Xanana Gusmão, no arranque das negociações sobre o futuro Governo, por considerar que é "uma figura incontornável" que não pode estar fora do processo.

"Continuo a achar que devo insistir num encontro com ele (Xanana Gusmão) o mais brevemente possível. Respeito todas as decisões que foram tomadas (pelo CNRT, segundo partido mais votado), mas sei que ele é uma figura incontornável que não pode estar fora", disse Mari Alkatiri à Lusa.

"Só amanha é que começamos a falar com os outros partidos e não podemos ir com ideias fixas. Temos que ter abertura particularmente com o senhor Xanana Gusmão, o meu compadre", sublinhou.

Alkatiri falava à Lusa depois de uma reunião de três horas dos 15 elementos da Comissão Política Nacional (CPN) da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), que venceu as legislativas de 22 de julho em Timor-Leste.

O Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), liderado por Xanana Gusmão, deliberou numa conferência nacional do fim de semana que não vai integrar qualquer coligação de Governo e quer ser oposição, tendo o seu líder apresentado a demissão que ficou suspensa até um próximo Congresso extraordinário do partido.

A Fretilin escreveu a todos os partidos eleitos para o parlamento - CNRT, Partido Libertação Popular (PLP), Partido Democrático (PD) e Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO) - a propor um diálogo tendo em vista a formação de Governo.

Guiné-Bissau assina Carta de Intenções no setor da defesa com a Indonésia



Bissau, 08 ago (Lusa) - Os ministros da Defesa da Guiné-Bissau, Eduardo Sanhá, e da Indonésia, Ryamizard Ryacudu, de visita a Bissau, rubricaram uma Carta de Intenções para o estabelecimento de linhas de cooperação no setor da defesa, noticiou hoje a Rádio Nacional guineense.

O governante indonésio veio à Bissau, a convite do seu homólogo guineense, transmitir a disponibilidade do seu Governo em abrir linhas de cooperação com as Forças Armadas da Guiné-Bissau que Jacarta quer ver transformadas "num exército poderoso em África".

Ryamizard Ryacudu salientou que as relações entre a Guiné-Bissau e a Indonésia "são de longa data", pelo que, disse, sentia "muito feliz" por estar em Bissau onde também fez um convite formal ao seu homólogo, Eduardo Sanhá, para que visite Jacarta.

O ministro da Defesa da Guiné-Bissau destacou que para já foi apenas assinada uma Carta de Intenções, mas que rapidamente será transformada "em acordos concretos" no domínio militar, nomeadamente apoios na formação e equipamento de controlo dos espaços marítimo e aéreo guineense.

Eduardo Sanhá enfatizou ainda que entre os dois países existem "algumas similitudes em termos territoriais", salientando o facto de a Indonésia como a Guiné-Bissau serem países constituídos por muitas ilhas.

MB // EL

Atual situação política na Guiné-Bissau põe em causa desenvolvimento -- presidente do parlamento



Bissau, 07 ago (Lusa) - O presidente da Assembleia Nacional Popular da Guiné-Bissau, Cipriano Cassamá, afirmou hoje que a atual situação política do país põe em causa o desenvolvimento económico e social.

"A manutenção da atual situação política-governativa tem imensos custos económicos e sociais, quer para a presente geração, quer para as gerações vindouras", disse o presidente do parlamento guineense.

Cipriano Cassamá falava na sessão de abertura da conferência "Seguimento e Fiscalização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e Ajuda Externa - Papel do Parlamento", organizada no âmbito do Projeto Pro-Palop-Timor-Leste para o reforço das competências técnicas e funcionais das instituições superiores de controlo, financiado pela União Europeia.

"Quando se persiste em sustentar presidencialmente um governo eivado de ilegalidade e de ilegitimidade não se augura desenvolvimento económico e social, nem direitos, liberdades e garantias fundamentais", salientou Cipriano Cassamá.

ANGOLA | Sondagem: MPLA pode vencer eleições e Oposição ter maioria no Parlamento



E se Angola acordasse a 24 de agosto com um Parlamento em que a Oposição fosse maioritária? Paulo Inglês cita uma sondagem que dá 36% ao MPLA, 28% à CASA-CE e 22% à UNITA.

O MPLA garante que a vitória nas eleições gerais de 23 de Agosto será expressiva de acordo com sondagens internas; a CASA-CE está convicta que irá lutar pela vitória; a UNITA não fala em ganhar, mas sente-se segura de que não será ultrapassada como segunda força política de Angola.

Ao SOL, o académico Paulo Inglês adiantou os resultados do follow up da sondagem do Instituto Piaget e do Instituto Sol Nascente (que teve numa primeira fase o apoio técnico da Universidade Católica Portuguesa), em que participou, e os resultados são surpreendentes. Reduzidos os indecisos de 23% para 11%, «o MPLA manteria os seus 36% nas intenções de voto, desceu algumas décimas», mas a CASA-CE aproximar-se-ia muito do primeiro lugar, porque ganharia para si 70% dos indecisos. «A CASA-CE estaria nos 28% e a UNITA nos 22%». Se contarmos que a sondagem tem uma margem de erro de 4%, vemos que o resultado da segunda força política se aproxima muito do partido que tem dominado Angola desde a sua independência.

Paulo Inglês, com formação em Sociologia, Filosofia, Ciência Política e doutorado em Estudos Africanos, afirma que ficou surpreendido com «a subida nas intenções de voto da CASA-CE», depois de a esta se ter juntado também o Bloco Democrático, de Justino Pinto de Andrade. «A UNITA também me surpreendeu por ter conseguido uma maior mobilização, embora eu ache que seja só o seu eleitorado tradicional que perdeu o medo», diz.

SIM, MAS... | Angolanos fazem balanço positivo dos primeiros catorze dias de campanha eleitoral



No entanto, cidadãos ouvidos pela DW África criticam declarações de João Lourenço referentes à guerra civil e frisam necessidade dos candidatos focarem os seus discursos no que têm a oferecer aos cidadãos.

Em Angola, os cabeças de lista dos partidos candidatos às eleições de 23 de agosto continuam a desdobrar-se nos contactos com eleitores em todo o país. À semelhança dos atos eleitorais anteriores, tudo indica que não haverá um debate entre os candidatos à Presidência da República, nestas que são as quartas eleições desde o fim do regime monopartidário, em 1992. Mas, no terreno, trocam-se acusações e argumentos. 

Nos últimos dias, a luta política tem estado a aquecer, não apenas no terreno, onde cada um dos concorrentes tem utilizado todos os meios possíveis para convencer o eleitorado, mas, sobretudo, nos meios de comunicação, onde os candidatos tentam usar os melhores argumentos nos tempos de antena

Angola | SEIS RAZÕES PARA OS CABINDAS NÃO VOTAREM



São, em resumo, seis razões que devem motivar o povo de Cabinda a abster-se nas eleições angolanas de 23 de Agosto. A única maneira de construir o nosso futuro é de permanecermos nós mesmos em todas as circunstâncias, afirmar sempre o que somos, com a nossa história, cultura e identidade.

Osvaldo Franque Buela* | Folha 8 | opinião

1. Ao longo dos 42 anos de ocupação, de integração forçada e brutal de Cabinda em Angola, realçando a uma longa guerra de resistência que os angolana nos impõem desde 1975, não é a primeira vez que o povo de Cabinda participa nas eleições angolanas para obter uma parcela de dignidade na comunidade de vida com os angolanos, e os resultados têm sempre mostrado que não é votando em Agosto próximo que de repente as coisas vão mudar para Cabinda.

2. Nós sabemos que não é fácil para um povo que vive sob constantes ameaças de armas não participar nas eleições, visto que o partido no poder em Angola e os partidos da oposição fazem deste período um momento de grandes mentiras para alguns e um momento de falsas promessas para os outros. E mesmo para aqueles que têm grandes sonhos, é uma visão do inferno pretender que o voto dos Cabindas possam servir para reforçar a democracia angolana e trazer as grandes mudanças que todos nós aguardamos. Isto porque o MPLA ainda não está preparado de organizar uma eleição e perder para depois aceitar uma alternância política sem dificuldades.

Angola | SÓ O MPLA EXISTE



A Human Rights Watch considera (já se perdem a conta às vezes que o fez) como “deveras preocupante” a forma como está a ser vedado à oposição em Angola o acesso aos meios de comunicação públicos (leia-se do regime/MPLA) do país, a duas semanas das eleições gerais de 23 de Agosto.

“O acesso aos meios estatais públicos de informação por parte dos partidos políticos angolanos é deveras preocupante”, disse em declarações à agência Lusa Zenaida Machado, delegada da Human Rights Watch em Joanesburgo, na África do Sul, responsável na organização não-governamental pelos assuntos relacionados com os países de língua portuguesa na África Austral.

Este “problema” de “divisão” do tempo e espaço noticioso disponíveis de forma justa entre os partidos políticos, foi “extensivamente falado dentro de Angola antes das eleições e está a ser ainda mais grave” durante a campanha eleitoral em curso, acrescentou a mesma responsável.

“A HRW esteve, por exemplo, a monitorizar a actividade da imprensa no dia do início da campanha eleitoral e verificou que nesse dia mais de 60% do tempo foi dado ao candidato do partido no poder e ao partido no poder”, o MPLA, ilustrou Zenaida Machado.

Portugal | OS INCÊNDIOS E PILATOS



Tenho com os incêndios uma relação muito próxima, delicada e complexa porque tive, durantes anos, responsabilidades institucionais, ao nível do Estado, sobre esta matéria. Fui fundador de uma associação de bombeiros, sendo o seu sócio número um.

João de Almeida Santos | Tornado | editorial

Sofri na pele a morte de seis bombeiros – um era meu amigo e vizinho – na minha terra no combate a um incêndio. Fui presidente de uma assembleia municipal durante oito anos e da assembleia de uma CIM durante sete. Sim, tudo isto. Mas fico, pelo que sei e pelo que vejo, indignado com uns indivíduos que aparecem cada vez mais nas televisões, largos minutos, a pedirem responsabilidades pelas tragédias, pelos incêndios, pelas mortes. Estes indivíduos a que me refiro têm, eles próprios, responsabilidades sobre os territórios que governam, porque foram eleitos para isso. E uma dessas responsabilidades consiste precisamente em promover a prevenção e garantir meios capazes de evitar e combater as calamidades.

Agir pela prevenção!

Trata-se, de facto, de um dos principais deveres destes indivíduos. E foi por isso que, quando fui presidente de uma assembleia municipal, dizia repetidas vezes ao então presidente da câmara: “Cuida da prevenção do nosso território! A prevenção é essencial e até custa pouco ao orçamento camarário!”. Dizia-o por experiência própria e até porque a câmara tinha serviços para isso e possuía um serviço concelhio de protecção civil. E porque considerava que a primeira responsabilidade de cuidar do território, das matas e dos meios para o combate, articulando-se com a protecção civil distrital e os bombeiros do concelho e da região, era precisamente da câmara municipal. Na verdade, o número de associações de bombeiros existentes no país é cerca de 1,5 vezes o número de câmaras municipais, sendo, pois, possível com uma política de cooperação e de adequado financiamento desenvolver programas de prevenção e de combate a nível concelhio, distrital e nacional eficazes. Programas de prevenção até com as próprias associações de bombeiros, desde que financiadas!

O MESMO DE SEMPRE, COMPADRIO | SIRESP - Porquê insistir no erro?



Mariana Mortágua | Jornal de Notícias | opinião

O SIRESP existe porque, em caso de emergência, a comunicação entre os serviços de socorro, de segurança e proteção civil não pode falhar. A ideia vem do Governo de Guterres, mas só foi posta em prática em 2005, nos últimos dias de mandato do Governo de gestão de PSD/CDS. O ministro Daniel Sanches, que tinha sido administrador na Sociedade Lusa de Negócios (SLN), constituiu então uma parceria público-privada, entregue a um consórcio de empresas por 540 milhões de euros: Portugal Telecom, Motorola, Esegur, Grupo Espírito Santo e a SLN.

Com a mudança de Governo, e depois de uma decisão da Procuradoria-Geral da República, que afirmava que um Governo de gestão não poderia ter tomado tal decisão, o negócio foi anulado. Meses depois, por decisão de António Costa, o SIRESP era entregue ao mesmo consórcio, por menos 52 milhões de euros. Em dezembro de 2006 era o Tribunal de Contas que alertava para a violação de normas da contratação pública na adjudicação do contrato.

Não bastasse a falta de transparência, o SIRESP saiu caro ao país. Muito mais caro que os 150 milhões inicialmente previstos pelo grupo de trabalho criado no Governo de Guterres e muitíssimo mais que os 80 milhões investidos pelo consórcio privado, números de Oliveira e Costa na Comissão de Inquérito ao BPN.

Mas o mais grave é que o caro e pouco claro SIRESP não cumpre com as funções para que foi criado. Não é nada que não soubéssemos já, através de relatos das próprias forças de segurança, mas, segundo o "Jornal de Notícias", o SIRESP falhou quase todos os anos entre 2010 e 2017.

PORTUGAL EM CHAMAS | Incendiárias detidas pela Judiciária quadruplicam



No ano passado só houve duas mulheres detidas, mas este ano já existem oito suspeitas. Pelo menos duas confessaram crime. Homens indiciados são já 44.

Quadruplicou o número de mulheres detidas pela Polícia Judiciária por suspeita de incêndio. Se até Agosto do ano passado se tinham registado apenas duas detenções, este ano já foram feitas oito.

O caso mais recente, divulgado esta terça-feira de manhã, diz respeito a uma mulher de 48 anos, divorciada, cujos desentendimentos com o ex-companheiro deram origem a um incêndio florestal que consumiu entre 200 e 300 hectares, em terrenos povoados por mato, pinheiros, eucaliptos, medronheiros e árvores de fruto.

Tudo aconteceu junto à Foz da Amieira, no Malhadal, Proença-a-Nova, a 26 de Julho passado. Era hora de jantar e a mulher, que se encontra desempregada, tinha bebido umas cervejas “num quadro de desorientação emocional, face aos problemas de conflitualidade com o seu ex-companheiro”, descreve um comunicado da Judiciária. Os bombeiros só conseguiram controlar o fogo no dia seguinte, tendo o presidente da câmara levantado logo suspeitas de mão criminosa. A incendiária, que foi vista por habitantes a esconder-se na mata na altura do incêndio, acabou por confessar o crime. Vai ser presente às autoridades judiciárias competentes para primeiro interrogatório e aplicação das medidas de coacção tidas como adequadas.

ONU responsabiliza regime venezuelano por 46 mortes e graves violações dos direitos humanos



Pelo menos 46 mortes directamente atribuídas às forças de segurança e mais de 5000 detenções desde Abril na Venezuela, apontam as Nações Unidas. O recurso à tortura é sistemático.

As forças de segurança da Venezuela recorreram a força excessiva para reprimir protestos, matando dezenas de pessoas e detendo arbitrariamente pelo menos 5000 desde Abril, incluindo 1000 que ainda estão em custódia, denunciou o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos nesta terça-feira.

Detidos e manifestantes foram submetidos a actos de "tortura" e maus tratos de forma sistemática, acusa ainda a ONU. Entre os métodos de tortura utilizados estão choques eléctricos e o recurso a gases tóxicos. São descritas ainda ameaças de violência física e sexual contra os familiares dos detidos.

Na investigação preliminar, baseada em 135 entrevistas feitas à distância e no Panamá, foram investigadas 124 mortes. Destas, 46 foram directamente atribuídas às forças de segurança e 27 foram atribuídas a grupos armados conotados com o Governo. Ainda não é certo o apuramento da responsabilidade pelas restantes mortes.

“Estamos apreensivos que a situação na Venezuela esteja a agravar e que estas violações dos direitos humanos não mostrem sinais de diminuição. Por isso, estamos preocupados sobre o rumo que a situação está a tomar”, disse Ravina Shamdasani, porta-voz das Nações Unidas para os Direitos Humanos, numa conferência de imprensa em Genebra, na Suíça.

“A responsabilidade das violações dos direitos humanos que estamos a relatar recai ao mais alto nível do Governo", acusa.

Reuters | Público | Foto Reuters/Andres Martinez Casares

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