quarta-feira, 20 de setembro de 2017

UM LONGO CAMINHO PARA A PAZ



Martinho Júnior | Luanda 

1- Desde o momento que foi proclamada a independência de Angola, que dois objectivos prioritários, que eram inerentes ao seu programa, se impuseram ao MPLA: a unidade nacional e a paz.

A unidade nacional, “de Cabinda ao Cunene e do mar ao leste”, que distinguia o MPLA das outras organizações etno nacionalistas angolanas, elas próprias manipuláveis a partir de interesses do exterior, alguns deles vizinhos…

A paz, enquanto sublimação desse processo de formação de identidade, em íntima relação com a construção da identidade nacional e a libertação do continente africano do colonialismo, do“apartheid”, do neocolonialismo e de suas sequelas.

Ao longo dos anos, foi essa a luta de geometria e intensidade variável que empenhou os dois Presidentes, Agostinho Neto e José Eduardo dos Santos.

De facto, encontrar soluções face às heranças da Conferência de Berlim no que às fronteiras dizia respeito, era inerente à luta contra o colonialismo português, contra o “apartheid” sul-africano, contra o neocolonialismo zairense e contra as suas sequelas, sempre em nome da angolanidade, procurando estabelecer nexos quer com as organizações etno nacionalistas, quer com qualquer tipo de entidades identificadas com Angola.

2- É evidente que um projecto nacional dessa natureza numa África retalhada em Berlim e dominada por poderes coloniais sempre dispostos a dividir, implicava um esforço doutrinário, filosófico e ideológico, acompanhado de capacidade geoestratégica, tendo em conta os desafios que eram impostos e as adversidades que nesse caminho o MPLA tinha de enfrentar, quer dizer: capacidade de organização, de mobilização, de logística e uma potencialidade político-militar que na prática deveria aplicar, no essencial, as obrigações decorrentes desse projecto nacional.

Na imediata sequência das derrotas do 11 de Novembro de 1975, do exército zairense, a norte e do sul-africano a sul, cada qual em suporte do “seu” etno nacionalismo e mesclando-se com interesses agregados dos poderosos serviços de inteligência dos Estados Unidos, bem como dos interesses recalcitrantes de algumas tendências de alguns portugueses alinhados no Exército de Libertação de Portugal, alcançar domínio até às fronteiras foi uma questão imediata, mas por si não conclusiva: era necessário começar a garantir a inviabilidade do território nacional, pois quer o Zaíre, quer a África do Sul e os interesses que personificavam, a seu modo não desistiriam facilmente de Angola.

O MPLA, assumida a independência, foi sujeito desde logo a uma dura prova: chegar às fronteiras, combater a desestabilização instrumentalizada a partir do exterior e, com os olhos postos na construção da identidade nacional, continuar a luta de libertação de outros povos africanos no sul e centro do continente, abrindo caminho na direcção da paz.

QUEM NOS SALVARÁ DOS ESTADOS DECADENTES?



Golpes de Estado. Sabotagem de novos polos de poder, como os BRICS. Estímulo às guerras religiosas. Destruição deliberada de Estados-Nação. Como deter os EUA, em seu declínio apocalíptico?

Nazanín Armanian | Outras Palavras | Tradução: Antonio Martins

“O que é mais importante para a história mundial? O Taliban ou o colapso do império soviético?” Foi a resposta do ex-assessor de segurança do presidente Jimmy Carter, Zbigniew Brzezinski, à pergunta da revista francesa “Le Nouvel Observateur” (em 21/1/1998) sobre as atrocidades cometidas pelos jihadistas da Al Qaeda.

Nesta entrevista, Brzezinski confessa algo mais: os jihadistas não chegaram do Paquistão para libertar sua pátria dos ocupantes soviéticos infiéis. Seis meses antes da entrada do Exército Vermelho no Afeganistão, os EUA puseram em marcha a Operação Ciclone. Enviaram ao Afeganistão, em julho de 1979, 30 mil mercenários, armados inclusive com mísseis Stinger para arrasar o país, difundir o terror, derrubar o governo marxista do doutor Nayibolá e atrair a União Soviética a uma cilada: o país seria convertido em seu Vietnã.

E conseguiram. De passagem, violaram milhares de mulheres, decapitaram milhares de homens e provocaram a fuga de cerca de 18 milhões de pessoas de suas casas – quase nada… O caos continua até hoje.

Esta foi a pedra angular sobre a qual se levantou o terrorismo “jihadista” e a que Samuel Huntington deu cobertura teórica, com seu Choque de Civilizações. Assim, os EUA conseguiram dividir os pobres e deserdados do Ocidente e do Oriente, fazendo com que se matassem no Afeganistão, Iraque, Iugoslávia, Iêmen, Líbia e Síria. Confirmava-se a sentença de Paul Valery: “A guerra é um massacre entre gente que não se conhece, em proveito de gente que se conhece mas não se massacra”.

Conseguiram neutralizar a oposição de milhões de pessoas às guerras e converter a empatia em ódio. Com o método nazista de que “uma mentira repetida mil vezes converte-se numa verdade”: O atentado de 11 de Setembro não foi cometido pelos talibãs afegãos. Em 2001, a CIA havia implicado o governo da Arábia Saudita no massacres. Por que, então, os EUA invadiram e ocuparam o Afeganistão?

O Iraque não tinha armas de destruição em massa. O único país no Oriente Médio que as possui, e de forma ilegal, é Israel – graças aos EUA e à França. Tampouco os EUA necessitavam invadir o Iraque para se apoderar de seu petróleo. Demolir o Estado iraquiano tinha vários motivos, como eliminar um potencial inimigo de Israel e ocupar militarmente o coração do Oriente Médio.

BRASIL | O Maestro negro e as três versões do Hino Farroupilha



Carlos Roberto Saraiva da Costa Leite* | Porto Alegre | Brasil  
   
Em 11 de setembro de 1836, o general Antônio de Sousa Netto (1801-1866) proclamou a República Rio-Grandense, após vencer a Batalha do Seival, próximo à cidade de Bagé, ocorrida durante Revolução Farroupilha (1835-1845). A partir deste ato, o conflito que tinha a princípio um caráter reivindicatório, combatendo o centralismo político do império, os altos impostos sobre o charque, o couro e a propriedade rural, resultou na mais longeva guerra civil da história do Brasil.

O maestro e sua banda são presos

No ano de 1837, o maestro Joaquim José de Mendanha (1800-1885), natural de Minas Gerais, assumiu, como regente, a banda do 2º Batalhão de Caçadores de Primeira Linha, que havia se deslocado para a Província de São Pedro (RS) em apoio às forças imperiais. Em 30 de abril de 1838, o maestro se encontrava com sua banda, na Vila de Rio Pardo, quando o local foi atacado pelos farroupilhas. Neste importante combate, conhecido como o do Barro Vermelho, os liberais farroupilhas venceram e aprisionaram-no com sua banda.

Mendanha compõe o Hino

Aprisionado o maestro e seus músicos, os farroupilhas aproveitaram a ocasião para exigir-lhe que compusesse um hino para a novel República Rio-Grandense. Diante da condição de prisioneiro de guerra, compôs o que lhe foi exigido. Esta primeira versão do hino publicada, em 1955, pelo historiador Walter Spalding (1901-1976), teve a letra escrita pelo capitão farroupilha Serafim Joaquim de Alencastre e foi executado pela primeira vez no dia 06 de maio de 1838. O maestro e sua banda acompanharam os farroupilhas durante um ano

Sua 2ª versão

Em sua edição de 4/05/1839, o Órgão Oficial da República Riograndense, “O Povo” (1839-1840), publicou uma letra do Hino Farroupilha, conforme foi cantada, na 2ª Capital farroupilha, Caçapava, no baile em comemoração ao primeiro aniversário do Combate do Barro Vermelho, ocorrido, em 1838, na cidade de Rio Pardo. Esta versão é diferente da primeira letra e de autor desconhecido. O jornal denominou de Hino da Nação. Ao ser executado num baile comemorativo, com a presença de nomes importantes, consolidou o nome do maestro Mendanha na história do Rio Grande do Sul. De acordo com Walter Spalding, em seu livro “Revolução Farroupilha”, publicado em 1987, p. 146:

“Foi esta música, por se ter conservado, que deu celebridade a Joaquim José Mendanha. Não fosse isso, em virtude de sua modéstia, talvez jamais seu nome fosse recordado, pois, conforme dissemos, tudo quanto compôs se perdeu ou perdeu sua identidade ao cair em domínio público, passando para o campo do folclore”.

CARTA MAIOR SUSPENSA POR DIFICULDADES FINANCEIRAS





POR QUE CARTA MAIOR ESTÁ FORA DO AR

Prezada Página Global, prezados leitores

Como alertei pelos sucessivos e-mails encaminhados semanalmente, ao longo dos últimos meses, Carta Maior encontra-se com imensas dificuldades para continuar com suas atividades.

Prova disso é que desde o dia 11 de setembro, nosso site está fora do ar por atraso no pagamento da equipe técnica. A manutenção mensal nos sete servidores que sustentam a programação, as imagens, os vídeos e os textos da Carta Maior não pode ser realizada. Um incidente como o ocorrido na última segunda-feira, portanto, era previsível.

Nossa campanha de doação, iniciada em junho de 2016, foi exitosa, mas insuficiente. Ciente de que vivemos um momento decisivo para o nosso país, diante da conjuntura de desmonte do Estado brasileiro, não é o momento para fechar qualquer veículo da mídia alternativa, ao contrário, deveríamos estar abrindo outros para enfrentarmos o poder da mídia corporativa, o aríete do golpe.

Tenho certeza de que juntaremos esforços para colocar Carta Maior no ar novamente ainda nesta semana. Sou imensamente grato pelos e-mails e pela solidariedade recebida nos últimos dias.

Conto com sua compreensão e participação.

Abraços

Joaquim Ernesto Palhares
Diretor da Carta Maior

LEONARDO BOFF | A cidadania desafiada pelo golpe parlamentar



O grande desafio histórico é certamente esse: como fazer das massas anônimas, deserdadas e manipuláveis, um povo brasileiro  de cidadãos conscientes e organizados

Leonardo Boff, Rio de Janeiro | Correio do Brasil | opinião

Entendemos por cidadania o processo histórico-social que capacita a  massa humana de forjar condições de consciência, de organização, de elaboração de um projeto e de  práticas no sentido de  deixar de ser massa e de passar a ser povo, como sujeito histórico, plasmador  de seu próprio destino. O grande desafio histórico é certamente esse: como  fazer das massas anônimas, deserdadas e manipuláveis, um povo brasileiro  de cidadãos conscientes e organizados.

A dimensão econômico-produtiva: a pobreza material e política é; entre nós, produzida e cultivada pelas oligarquias pois  assim podem dominar e explorar melhor as massas. Isto é profundamente injusto.

O pobre que não tiver consciência das causas de sua pobreza pela exploração não tem condições de realizar sua emancipação.

A dimensão politico-participativa: se as pessoas mesmas não lutarem em prol de sua autonomia e por sua participação social nunca serão cidadãos plenos. Não tanto o Estado mas  a sociedade deve; em suas várias formas de organização e de luta, assumir esta tarefa.

TRAGÉDIA |"A Cidade do México está um caos", diz brasileiro após terremoto



Tremor de 7,1 graus na escala Richter provocou mortes e destruição na capital mexicana

Um forte terremoto sacudiu a Cidade do México, provocando pânico entre a população de 20 milhões de habitantes da capital mexicana nesta terça-feira 19, data em que o país relembra os 32 anos do terremoto que destruiu a cidade em 1985 e matou 10 mil pessoas.

O sismo, que o Instituto Sismológico do México havia estimado inicialmente em 6,8 para depois revê-lo a 7,1, teve seu epicentro localizado a 55 quilômetros da cidade de Puebla, perto da capital. O Centro Geológico dos Estados Unidos (US Geological Survey) também estimou a magnitude do tremor em 7,1.

"A Cidade do México está um caos", resumiu o jornalista brasileiro Ricardo Carvalho, que está há três semanas morando no país. Ele descreve um cenário caótico, com o transporte público funcionando com extrema lentidão, além de presenciar ambulâncias e carros de bombeiro cruzando a cidade a todo momento.

Carvalho conta que estava na saída de um hospital, próximo ao metrô Colégio Militar. Ele ouviu o alarme sísmico tocar no mesmo momento em que a terra tremeu.

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