O histórico socialista Manuel
Alegre exigiu hoje que se retirem consequências do caso que envolveu buscas no
Ministério das Finanças, e que foi arquivado, manifestando preocupação por
terem sido inspecionados computadores de pessoas que trabalham com Mário
Centeno.
Quem é que controla os
controladores, quem é que investiga os investigadores, aquilo [investigação no
Ministério das Finanças] não devia ficar sem consequências (...). É preciso
saber como é que sem a presença de um juiz se vai ver o computador de pessoas que
trabalham diretamente com o ministro das Finanças", disse Manuel Alegre,
em entrevista à Antena 1.
O ex-conselheiro de Estado e
antigo candidato à Presidência da República Manuel Alegre considerou ainda o
caso como "uma coisa totalmente inadmissível", que atinge "um
político brilhante, que está num alto cargo na Europa, prestigiando o país [o
ministro das Finanças, Mário Centeno]".
Questionado sobre quem deveria
ter agido, Manuel Alegre respondeu: "o Presidente da República, Assembleia
da República, Conselho Superior de Magistratura e no Ministério Público há quem
possa agir também".
No dia 01 de fevereiro, o
Ministério Público (MP) informou que tinha arquivado o inquérito que envolvia o
ministro das Finanças sobre alegados benefícios em troca de bilhetes para um
jogo de futebol do Benfica.
Numa nota divulgada na sua página
da internet, a Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa (PGDL) justificava que o
MP determinou o arquivamento do inquérito por inexistência de crime.
"Realizado o inquérito,
recolhida a prova documental e pessoal necessária ao apuramento dos factos, o
MP concluiu pela não verificação do crime de obtenção de vantagem indevida ou
qualquer outro, uma vez que as circunstâncias concretas eram suscetíveis de
configurar a adequação social e política própria da previsão legal",
lia-se na nota da PGDL.
A PGDL explicava que "o MP
no DIAP [Departamento de Investigação e Ação Penal] de Lisboa ordenou a
instauração de processo-crime na sequência da publicação nos órgãos de
comunicação social de notícias sobre a solicitação de bilhetes para assistência
a jogo de futebol no dia 1.04.2017 em tribuna presidencial".
Aquela estrutura do MP referia
que, "segundo tais notícias, no mesmo período temporal, veio a ser
concedida uma isenção de Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) a um familiar do
presidente do clube que tinha oferecido os bilhetes ao ministro das Finanças".
Os magistrados do Ministério
Público haviam realizado buscas no Ministério das Finanças para recolha
documental.
A entrevista a Manuel Alegre vai
ser transmitida na íntegra na rádio pública a partir do meio-dia de sábado.
Lusa | em Notícias ao Minuto |
Foto Global Imagens
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