Com sinais de luto, médicos
querem explicar aos doentes que não têm meios para fazer mais. Movimento
informal de clínicos reúne apoio da Ordem.
Não se admire se vir, às
sextas-feiras, médicos vestidos de preto nos hospitais ou centros de saúde. Num
protesto que nasceu há pouco mais de um mês e a partir de hoje é alargado a
todas as sextas-feiras, um grupo informal de médicos apela aos colegas para que
se apresentem ao trabalho com uma peça de roupa preta ou um crachá com o lema
da iniciativa: #SNS in Black, ou seja, #SNS de Negro.
O sinal, explica o pneumologista
Filipe Froes, um dos médicos organizadores do protesto, é de luto contra a
falta de meios humanos e físicos a que dizem que chegou o Serviço Nacional de
Saúde (SNS).
Filipe Froes diz que já fizeram
mais de mil crachás com o símbolo do protesto e têm centenas de médicos e
outros profissionais que já aderiram à iniciativa.
Um dos médicos que já aderiu é o
bastonário da Ordem dos Médicos que adianta à TSF que se forem vestidos de
preto ou com o crachá ao peito os clínicos terão uma ótima oportunidade de
explicar aos doentes aquilo que está mal no SNS.
Nuno Guedes | TSF
À MARGEM
Decorreu na TSF o habitual Fórum,
que terminou pouco antes do meio-dia. O tema foi o SNS, em que os médicos estão
de luto.
Em abertura o site TSF menciona: “Estamos
a assistir a uma destruição do SNS, como acusam os médicos? Como avalia o
estado do SNS? Há uma degradação dos cuidados prestados aos doentes? O Governo
deve reforçar o investimento na saúde?”
E convidou a responderem a uma
pergunta simples: “Há uma degradação dos cuidados prestados aos doentes?”
Eis o resultado final: 44% Sim | 52% Não | 4% Sem opinião
Estranho resultado, que nega a
realidade.
É evidente que a degradação do
SNS está de cara e corpo descobertos. Quem o usa ou usou nestes últimos anos
sentiu isso mesmo na pela, na doença, na espera, na falta de higiene dos
hospitais, nos maus humores dos enfermeiros e dos médicos, nas instalações a
carecerem de obras, na hipocrisia das visitas combinadas e anunciadas de
ministros e secretários de estado, nas doenças que não possuímos mas que contraímos
nos hospitais e centros médicos, etc. Disso não há dúvidas, para quem conhece
os hospitais, o SNS, por infelizmente ter de ali recorrer. Mas contudo há uma
pergunta a fazer: o que querem os médicos? Querem as devidas condições de
trabalho melhoradas ou serem muito mais bem pagos? E os enfermeiros o que
querem? Também o mesmo? É que se querem ser mais bem pagos há muitos que também
assim querem, os que trabalham e continuam extremamente pobres, os reformados e
pensionistas, os que com mais de 50 anos que se vêem no desemprego de longa
duração devido à sua idade, os jovens que pulam de emprego para emprego por
estarem sistematicamente na condição de temporários ou precários… Tantos.
Não é só o SNS que está a mal
servir os portugueses mas vários setores. O atual governo merece muitas críticas,
é uma verdade, mas quem já se esqueceu que o governo anterior, PSD/CDS, teve um
contributo primordial para acabar de vez com o SNS e promover os privados? Hoje
assistimos a esse reflexo e um dos maiores responsáveis está a usufruir do prémio
como presidente da Caixa Geral de Depósitos, Macedo de nome, Doutor Morte por
alcunha. E ele está bem, podem acreditar.
Agora já querem o Rio? Pois. Então
vamos lá voltar ao mesmo. As corporações dos médicos, dos enfermeiros e muitas
outras de outras profissões privilegiadas estão a ajudar para isso com estas
operações de desgaste que só vão parar nas próximas eleições. É o tempo (deles)
volta para trás, como cantarolava António Mourão. A maioria muito mal, as elites e ilhargas muito melhor.
Que em todas as profissões há
melhores e piores profissionais e devemos saber isso é imperativo. Que todos
querem o melhor para si, é natural. Que o melhor para uns pode descambar no muito pior para outros, está à vista. Reivindicar é um direito indiscutível, mas que
seja feito sem sofismas nem manipulações. E esta do pessoal da saúde tem “sombras”
de que devemos desconfiar e estar atentos. Todos, incluindo os profissionais de saúde. Que têm razão, sem dúvida, em muitos aspetos das suas reivindicações... Mas cuidado com as manipulações.
Quanto ao governo, de Costa,
devemos dizer-lhe e agir em consonância com um critério simples: já basta de
pagar milhões à banca e aos banqueiros com o que faz falta nos setores públicos
primordiais, como a saúde e muitos outros. Sobre isso é que se deve tomar uma
posição coletiva efeicaz, em vez de andarmos todos a borregar, mudos, calados e
caladinhos, sem optar por ações inequívocas de que sem sombras de dúvidas já basta que os banqueiros e
amigos dos "mal parados" nos roubem e nos levem para a miséria, como o estão sempre a fazer. (MM
| PG)
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