Desde a aprovação do
decreto-lei assinado pela líder do CDS-PP (então ministra das Florestas),
publicado a 19 de Julho de 2013, 81% das acções de arborização ou
rearborização usaram eucaliptos.
O diploma, publicado há cinco
anos, veio facilitar as acções de arborização e rearborização com
eucaliptos, uma espécie originária da Austrália e que representou cerca de
40% das áreas ardidas no ano passado.
Segundo dados do
Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), o eucalipto
foi a espécie utilizada em mais de 81% das acções de arborização ou
rearborização autorizadas ou comunicadas àquela instituição.
Após os incêndios que
fustigaram Pedrógão Grande e os concelhos vizinhos em Junho do ano
passsado, o Parlamento aprovou uma alteração à «lei da liberalização do
eucalipto», de Cristas, que limitou substancialmente a expansão da
espécie na floresta nacional.
Eucalipto já era o rei da
floresta portuguesa
A mudança legislativa operada
pelo anterior governo, desenhada pela então ministra da Agricultura e das
Florestas, Assunção Cristas, foi decidida num momento em que já era
conhecido que o eucalipto se tinha tornado a espécie maioritária na
floresta portuguesa em 2010. Em Janeiro de 2013, era conhecida a versão
preliminar do Inventário Florestal de 2010 que confirmava que os
eucaliptais ocupavam mais de 750 mil hectares.
Ainda assim, Assunção Cristas e o
governo do PSD e do CDS-PP avançaram com a alteração que facilitou a
utilização da espécie em detrimento de espécies autóctones.
Cortes para a floresta, favores à
indústria
O eucalipto é a espécie
predilecta da indústria da pasta de papel, que, no entanto, possuiu apenas
pequenas propriedades florestais. A ausência de medidas de
valorização da produção lenhosa tem levado a que os pequenos
proprietários florestais tenham apostado no eucalipto, tendo em conta
a facilidade com que vendem a madeira, ainda que a preços que têm permitido
às papeleiras aumentar sucessivamente os seus lucros – e 2017 não foi excepção.
Recorde-se que o anterior governo
do PSD e do CDS-PP foi ainda responsável por outras medidas que
contribuíram para a fragilização da floresta nacional face ao risco de
incêndios, como foi o corte em 20 milhões de euros no orçamento do ICNF, de 8 milhões no orçamento da Protecção Civil ou da isenção de taxas moderadoras para os bombeiros.
AbrilAbril
Na foto: Assunção Cristas, hoje
presidente do CDS-PP, tutelou as florestas durante quatro anos e meio. A
liberalização do eucaliptal é uma das marcas que deixou | Paulo Novais /
Agência Lusa
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