sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Reformas & Insegurança Social


Curto sobre as reformas antecipadas e blá, blá, blá. Ainda há por aí gente plebeia que começou a trabalhar aos 10 anos, 12, 14, 16  a descontar para a (in)segurança social – a tal Caixa de Previdência – e os patrões ficaram com os descontos. O resultado foi só descobrirem quando se quiseram reformar passadas muitas décadas… Há ainda casos em que com a fusão das verbas das diversas Caixas de Previdência então existentes para a (in)Segurança Social (pós 25 de Abril 1974) baralharam e perderam “papéis”, contribuições e etc. Todos esses estão tramados e ainda hoje têm pensões de miséria, exceto os que já morreram. Mas isso está esquecido, foi só anotado numa pedra de gelo, daquelas grandes mas que derreteu.

E agora andam certos e incertos preocupados, quando houve e há gerações que foram espoliadas nessa coisa da pseudo Segurança Social. Essa SS, foi e é só para alguns, os que afinal tiveram sempre melhores vivências e são menos idosos. Talvez por terem nascido com os rabinhos virados para a lua. Os que nasceram com o dito traseiro virado para o sol “queimaram-se”, foram esturricados. Deglutidos e mal pagos, pelo sistema, pela incúria, pelo desprezo. E isso toca a quem? Aos velhos, aos que deram o litro nos campos, nas fábricas, na construção civil, nas oficinas, mesmo no comércio ou em grandes empresas e outros ramos da época. Alguém investigou isso? Alguma vez alguém se preocupou em acertar contas com quem pagou, roubaram-no e nem bufou – porque a resposta que lhes foi dada (aos que reclamaram) foi que “sobre as suas reclamações nada consta” do alegado. Ou comprove “com os duplicados dos recibos de vencimento passados pelas entidades patronais”… Isso, passadas décadas, 4, 5 e talvez mais. Certamente que por tal todos os dias há milhares, ou milhões, a chamarem ladrões não se sabe exatamente porquê e a quem. Ou sabe-se?

Uma choldra.

Em frente, trastes. Adiante que se faz tarde.

Vá aos bons dias do Curto, por João Pereira, do burgo Balsemão. Tenha um fim-de-semana catita, ao fresco. (CT | MM | PG)

Bom dia este é o seu Expresso Curto

Reforma? É melhor esperar sentado

João Vieira Pereira | Expresso

Reformas Antecipadas. O Governo aprovou o fim do fator de sustentabilidade para quem tem 46 anos de contribuições e começou a trabalhar aos 16. A medida entra em vigor a 1 de outubro. Beneficiarão deste alargamento até duas mil pessoas.

Era uma promessa antiga de António Costa que agora é cumprida. É da mais elementar justiça, dirão. E com razão. Não há argumentos contra 46 anos de descontos de quem teve de começar a trabalhar aos 16 anos.

Mas este casos não devem abrir a porta a um facilitismo nas pré-reformas. Já chega o que aconteceu nos primeiros anos deste século. O fator de sustentabilidade foi criado por Vieira da Silva para tentar equilibrar o futuro da Segurança Social. O argumento é simples. À medida que a esperança média de vida aumenta, também a idade da reforma tem de aumentar. Quem quiser sair antes tem de ser financeiramente penalizado.

Há quem defenda que apenas esta medida é suficiente para equilibrar as contas futuras do sistema de pensões. Duvido. Para isso era necessário que a economia continuasse a crescer todos os anos, por muitos anos, e que a taxa de emprego fosse sempre muito alta.

Além da morte e dos impostos, há uma nova certeza na vida. A sua reforma vai ser muito inferior ao que esperava. Se não acredita, veja aqui com que idade se poderá reformar, o que descontou e quanto receberá de pensão. Assusta.

O Bloco de Esquerda não tem medo e diz esta medida não chega, voltando a exigir mais para o próximo Orçamento do Estado, inclusive que quem tenha 60 anos e 40 anos de descontos se possa reformar sem penalizações. Como se paga essa flexibilização? Isso o Bloco não explica. Talvez a solução seja ficar a dever, algo já normal para um partido que acha que as dívidas não são para pagar.

OUTRAS NOTÍCIAS

Guarda ainda arde O incêndio que atingia o concelho da Guarda mantém-se ativo e terá já passado para o concelho vizinho de Belmonte, no distrito de Castelo Branco.

DCIAP com Euromilhões 200 milhões de euros é quanto o Estado já arrecadou na sequência da investigação conhecida como ‘Operação Furacão’.

Livros para todos O Partido Comunista Português quer que o Orçamento do Estado para 2019 defina livros escolares gratuitos até ao 12.º ano.

CP no Parlamento Ferro Rodrigues marcou para segunda-feirauma conferência de líderes, para analisar o pedido do CDS-PP de uma reunião extraordinária da comissão permanente para debater a situação da ferrovia.

Sousa Tavares fica no Expresso Miguel Sousa Tavares vai regressar à TVI como comentador, deixando a SIC, mas mantém-se como colunista do semanário Expresso, onde assina uma página de opinião há mais de doze anos: a sua primeira coluna foi publicada a 7 de janeiro de 2006.

Zeca na terra Depois de a Sociedade Portuguesa de Autores ter pedido que o corpo de José Afonso fosse transladado para o Panteão, a família e amigos mostraram-se contra essa proposta. Francisco Fanhais, companheiro de canções de José Afonso, disse que a “atitude mais digna" é "deixá-lo onde está", porque "está onde quis estar, em Setúbal e em campa rasa".

Bruno expulso e bloqueado O Sporting quer expulsar Bruno de Carvalho. A lista de acusações é vasta. Enquanto Bruno não vai, vários jogadores do Sporting terão bloqueado o número do presidente destituído depois de terem recebido mensagens enviadas por ele.

Geringonça espanhola O PSOE de Pedro Sánchez e o Podemos chegaram a uma espécie de pacto de legislatura, que passa pela alteração da lei de estabilidade orçamental e assim impedir que o PP chumbe o Orçamento do Estado espanhol.

Malas pagam bilhete A Ryanair vai passar a cobrar entre seis e oito euros pela bagagem de mão. A companhia diz que a mudança se deve ao facto de muitos voos se atrasarem por causa do excesso de bagagem dos passageiros.

Trump ao ataque Depois de uma semana negra onde o ‘impeachment’ voltou a ser uma das palavras mais usadas, o Presidente norte-americano acusa agora o Departamento de Justiça na sequência das investigações que o envolvem. Trump (que considera que a sua destituição iria deixar muita gente na pobreza), atacou o procurador-geral Jeff Sessions pelo acordo que fez com o seu antigo advogado Michael Cohen, ao mesmo tempo que enalteceu o ex-gestor da sua campanha, Paul Manafort (condenado por fraude financeira), por não ter colaborado com a Justiça. Acusações que obrigaram Jeff Sessions a fazer o improvável e responder a Trump. O "New York Times" diz ainda que Trump usa para se defender os mesmos argumentos e vocabulário que a Máfia usava.

EUA no espaço Enquanto Trump se afunda mais um pouco, Mike Pence, o futuro Presidente em caso de um impeachment, anunciava que os EUA vão mesmo voltar à Lua, colocar um homem em Marte e explorar os confins do espaço.

Angola não é Portugal Apesar da intervenção do FMI em Angola, o Presidente João Lourenço considera que “os programas do FMI não são todos iguais. Não estamos a falar de um resgate como o que aconteceu noutros países europeus, como Portugal ou a Grécia”.

Cinco anos de prisão por passar informação Reality Winner, de 26 anos, funcionária da Agência de Segurança Nacional (NSA), foi condenada a cinco anos e três meses na prisão por ter passado um relatório sobre interferências russas nas eleições norte-americanas à “The Intercept”, uma página de jornalismo de investigação. A pena de Winner é a mais longa a ser aplicada a alguém por partilha de documentos oficiais com a comunicação social.

O custo do Brexit Alerta ou chantagem? Para preparar todos para o pior, o Governo britânico publicou os primeiros 25 alertas sobre um cenário de “no deal”, ou seja, um cenário de saída da União Europeia sem um acordo. A lista vem com um aviso de que o mais provável até é haver acordo, mas já agora…. Um cenário de “no deal” implica que no dia 29 de março de 2019, às 23h (GMT), o Reino Unido passa a ser um país terceiro em relação à União Europeia, sem um enquadramento que regule as relações futuras com a Europa. A acontecer isso poderá significar, por exemplo, que cidadãos britânicos a residir no estrangeiro possam deixar de ter acesso às suas contas bancárias no Reino Unido. Mas há mais. As empresas exportadores ficarão atulhadas em burocracia, será necessário contratar mais 9000 funcionários públicos, só para lidar com os problemas de não haver acordo, e muitas pequenas empresas terão de fechar por não poderem suportar os custos extra.

Merkel quer Comissão Os esforços de Angela Merkel estão centrados em conseguir que a Alemanha fique com a presidência da Comissão Europeia. Para a chanceler, assegurar este lugar é mais importante do que garantir que um alemão suceda a Mário Draghi na liderança do Banco Central Europeu.

Scott é o novo PM Scott Morrison ganhou a liderança do Partido Liberal, tornando-se assim o novo líder do Governo australiano.

EUA de volta à Coreia Os EUA nomearam um enviado especial para a Coreia do Norte, Stephen Biegun, que se irá deslocar a Pyongyang na próxima semana e liderar a política americana em relação aquele país.

Daesh O líder do autoproclamado Estado Islâmico (Daesh), Abu Bakr al-Baghdadi, apareceu num áudio a pedir aos seguidores que continuem a lutar, afirmando que o “Estado Islâmico está numa ótima situação”. A sua última mensagem tinha sido publicada em setembro do ano passado.

Terror, não terrorismo Um homem matou com uma faca a mãe e a irmã e deixou outra pessoa ferida com gravidade em Trappes, perto de Paris. Acabou abatido pela polícia francesa. O autodenominado Estado Islâmico (Daesh) reivindicou o ataque, mas o Governo francês não está a tratar este caso como terrorismo.

Banidas As empresas chinesas Huawei e ZTE foram impedidas de lançar a rede 5G na Austrália. Em causa estão motivos de segurança nacional.

9 milhões por um jogo de golfe O golfe está longe de ser um desporto de massas ou popular em Portugal. Mas em muitos lados do mundo tem milhões e milhões de seguidores fanáticos. A Ryder Cup, confronto entre jogadores dos EUA e da Europa, cuja próxima edição se realiza em Paris no final de setembro, é um dos eventos desportivos mais vistos em todo o mundo. Mais se Tiger Woods, o jogador que literalmente move multidões, participar. Mas é o pay-per-view que pode revolucionar o desporto. Tiger Woods e Phil Mickelson vão defrontar-se em novembro em Las Vegas. Um frente a frente que irá render 9 milhões de dólares ao vencedor (7,78 milhões de euros).

Despedidos oito anos depois Em Londres, o Credit Suisse despediu dois gestores, um deles um banqueiro sénior da instituição, no seguimento de um processo de assédio sexual. Os acontecimentos ocorreram há oito anos, altura em que a alegada vítima, que já não trabalha naquele banco, fez queixa, mas nada aconteceu. Em janeiro último, incentivada pelo movimento #MeToo, voltou a escrever ao atual CEO para que fizesse alguma coisa.

O QUE DIZEM OS NÚMEROS

116 é o número de migrantes que serão expulsos de Espanhadepois de terem saltado a fronteira em Ceuta.

231,2 milhões de euros são os prejuízos do Novo Banco nos primeiros seis meses do ano, menos 20% face a igual período de 2017.

652 páginas foram apagadas pelo Facebook, depois de a empresa ter descoberto campanhas de desinformação, tendo como alvo o Reino Unido e os EUA, com origem no Irão.

4,8 milhões de euros é o valor contratado em serviços de advogados pelo Banco de Portugal, sem concurso.

JORNAIS DE HOJE

“Caixa distribui prémios em pela guerra laboral”, escreve o “Público”, no dia em que os trabalhadores estão em greve contra a denúncia pela administração do acordo de empresa. O jornal destaca ainda o facto de o Governo ter contratado a Heliportugal para fornecer os substitutos dos Kamov, empresa que tem uma longa história de litigância com o Estado.

“Jornal I”: “A menina da TV”, o destaque vai para Cristina Ferreira e a sua contratação pela SIC. Também o "Correio da Manhã" faz manchete com a apresentadora e escreve que tem “Prémio milionário para ganhar a Goucha”.

“Jornal de Notícias”: “Rede pirata cobrava mensalidade de TV a centenas de clientes”.

“Negócios”: “ADSE incapaz de baixar despesa” e “Deloitte corrige contas de Ricciardi e KPMG no Haitong”.

“Jornal Económico”: “Três consórcios que queriam comprar a Comporta voltaram à corrida”

O QUE EU ANDO A LER

Férias rima com romance. Dois. O autor foi recomendado pelo Martim Silva, os livros escolhidos por mim. Joël Dicker é um jovem escritor suíço que tem arrecadado prémios um pouco por todo o mundo. De escrita fácil, com aquela capacidade de agarrar o leitor em casos de crime/mistério, tornou-se uma espécie de fenómeno com o seu segundo livro: “A Verdade Sobre o Caso Harry Quebert”. Confesso que não foi o meu favorito. O “Livro dos Baltimore”, uma espécie de sequela do primeiro, consegue agarrar melhor o leitor. Li a versão americana dos dois, já que a oferta do Kindle em títulos em português é uma miséria.

Agora de volta ao trabalho, carrego comigo os escritos de Victor Cunha Rego, “Na prática a teoria é outra”. Uma escolha de uma vida de crónicas, publicadas entre 1957 e 1999.

O livro, que me foi oferecido por André Cunha Rego, a quem agradeço a simpatia, tem um prefácio, lindo, de Otavio Frias Filho, diretor da "Folha de S. Paulo" durante 34 anos e que faleceu na passada terça-feira.

Atreva-se e deixe-se levar pelas criticas implacáveis do jornalista, que nos transportam entre décadas a cada virar de página, sempre com a ideia de que por mais páginas que sejam lidas nós estamos a ver no espelho do presente.

Este Expresso Curto fica por aqui. Tenha uma ótima sexta-feira. E se for o caso de estar já a sentir o fim da férias, aproveite o último fim de semana de agosto.

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