O líder trabalhista britânico,
Jeremy Corbyn, disse nesta quinta-feira (23) que a mídia britânica é a
"imprensa menos confiável da Europa" e sugeriu que reformar a mídia
de massa do país a tornaria mais livre e democrática.
"A mídia britânica é a menos
confiável da Europa […]. Os donos e os editores da maioria dos jornais do país
rebaixaram o nível de tal maneira que seus jornalistas, que trabalham duro,
simplesmente não têm a confiança do público […]. Muito de nossa imprensa não é
livre […]. Então, hoje quero fazer algumas sugestões de como podemos construir
uma mídia digital e democrática em meio à era digital", disse Jeremy
Corbyn, conforme citado no próprio site do partido Trabalhista.
Entre outras ideias, Corbyn
propôs dar suporte aos jornalistas investigativos voltados ao interesse público
e que trabalham de forma local. Para isso, ele acredita, é necessário que lhes
seja garantido um status especial que possa lhes dar acesso a fundos de
caridade.
"Acho que devemos ser mais
ambiciosos. Atualmente, ministros podem vetar os comunicados FOI [sigla em
inglês para liberdade de informação. O FOI serve para requisitar do governo
informações de interesse público]. Em duas ocasiões, esse veto foi utilizado para
barrar informação sobre a decisão do Reino Unido de dar continuidade à ação
militar contra o Iraque. Isso não pode estar certo. Nós buscaremos o fim do
veto ministerial para prevenir que o Comissário de Informação seja
desautorizado", disse o político.
O escritório do Comissário de
Informação britânico é um órgão público que responde diretamente ao Parlamento
do país e funciona para a proteção dos direitos à informação.
Ele também sugeriu inspecionar a
BBC com o intuito de torná-la mais democrática, representativa, e independente,
assim como criar uma nova empresa pública de mídia, "irmã" da BBC, a
British Digital Corporation.
Entre outras coisas, ele criticou
o poder do governo sobre a BBC, como na determinação da taxa cobrada sobre os
cidadãos, hoje em £50.50 por ano, cerca de R$ 264,55 na cotação atual.
"A BBC foi feita para ser
independente, mas seu caráter garante ao governo o poder de apontar o
presidente e quatro diretores, além de determinar o valor da taxa cobrada pela
empresa. Uma proposta seria simultaneamente reduzir a influência política na
BBC enquanto se empodera sua força de trabalho e os assinantes que a financiam.
Isso seria feito dando poderes aos assinantes para elegerem membros do conselho
da BBC, por exemplo, diretores-executivos assim como diretores comuns",
enfatizou Corbyn.
Na semana passada, a mídia
divulgou que o partido Trabalhista registrou uma reclamação em uma organização
britânica de proteção da mídia independente. A reclamação seria em relação a
jornais por terem supostamente interpretado mal o ato de Corbyn de deixar uma
coroa de flores em um cemitério, em 2014, durante visita à Tunísia. Mais tarde
o líder trabalhista afirmou que seu partido estaria sob a maior hostilidade da
mídia desde sempre.
Sputnik | AP Photo / Dominic
Lipinsk
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