segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Adeus férias… só para alguns. A desgraça continua


Bom dia, porque ainda não é de noite. Esta é a segunda-feira primeiro dia de trabalho dos que foram de férias. Estima-se que a maioria dos trabalhadores portugueses não saíram dos seus locais de residência e muitos nem um grão de areia das praias pisaram. 

Há os que pisaram grãos de areia mas porque arranjaram uns “ganchos” nas obras para melhorar o orçamento das dívidas e pouco mais. Esta é a realidade, mas parece que o país está longe dessa realidade e se julga componente de um povo abonado – só se for de cartões de crédito, de débito e mais uns quantos que estão nas carteiras para ornamentar. Gente que tem olhos mas não vê e miolos mas não pensa.

Mas este é o Expresso Curto. Hoje com Martin Silva, da chafarica do tio Balsemão. Eis o facto. Mais um que não é desconhecido. E isso importa? Não.

Adiante. Até amanhã. Fiquem bem e curtam o Martin. É simpático e jornalista. Coisa rara porque por ali existem montes de convencidos. Já lá vai o tempo dos mestres se acomodarem numa reles tasca e conviverem. Agora é tudo mais para o estilo Tavares Rico. Rico? Melhor era a tasca do “Ai que baxar a bola”. Um estabelecimento no Bairro Alto, de galego, que vendia sopas muito em conta… O “baixar a bola” era correspondente a uma bola de sebo com um cordel que pairava sobre o enorme caldeirão da sopa e lhe emprestava gordura quando mergulhava no caldo quente. Depois subiam-no e serviam a sopa, o caldo e pouco mais. Alimentava, pelos vistos, os esfomeados que por ali vagabundeavam.

Adeus “ricas” férias. A desgraça continua. Adeus e até ao nosso regresso. (PG)

Bom dia este é o seu Expresso Curto

Regressa o forrobodó

Martin Silva | Expresso

Bom dia,

Esta madrugada, um incêndio devastou o maior museu do Brasil, o Museu Nacional, no Rio de Janeiro, uma instituição com 200 anos de história e um património e acervo riquíssimos. As imagens do edifício completamente em chamas fazem temer o pior: que pouco ou nada dos 20 milhões de itens do acervo riquíssimo do museu tenha sobrado.

O museu foi criado por D. João VI e serviu de residência da família real. Entre os seus maiores destaques estão a coleção egípcia, que começou a ser adquirida pelo imperador D. Pedro I, o mais antigo fóssil humano encontrado no Brasil, um diário da imperatriz Leopoldina, um trono do reino de Daomé, dado ao príncipe regente D. João VI, e ainda a maior bilbioteca de antropologia do país.

Como já afirmou o vice-presidente do Museu, Luiz Fernando Dias Duarte, "os 200 anos de história do país foram queimados".

O regresso da política

A expressão forrobodó não é minha, ouvi-a ontem de Marques Mendes, mas uso-a para título porque acho que espelha bem aquilo a que estamos a assistir (apesar do comentador a ter usado para se referir às promessas eleitorais do executivo socialista). Regressa setembro, termina o habitual período de férias da política nacional, e de boa parte dos portugueses (incluíndo este vosso criado), e eis que somos novamente bombardeados à esquerda, à direita, ao centro. Ele são rentrées e mais rentrées, ele são promessas, ele são políticos a acusarem-se uns aos outros, outros a dizerem que um acordo é miserável e outros ainda a responderem que miserável é quem diz que o acordo é miserável.

O Governo vai aumentar os pagamentos aos hospitais e profissionais de saúde, bem como aprovar o financiamento de novos métodos cirúrgicos, para diminuir a lista de espera nas cirurgias para tratar os casos de obesidade grave, revela hoje o Jornal de Notícias. No fim de semana o Expresso noticiou que se prepara uma forte redução nos preços dos passes sociais. E há umas semanas o Governo já anunciara benefícios fiscais para emigrantes que queiram regressar.

Tudo isto quando o Executivo prepara o Orçamento de Estado para apresentar ao Parlamento já no próximo mês, e quando se sabe que o ano que vem é ano de eleições legislativas.

Enquanto isso, o PSD de Rui Rio voltou ao trabalho no fim de semana, com um discurso crítico do governo mas também crítico dos críticos da sua liderança. Aliás, é aqui que a política se encontra mais animada, mesmo já sem Santana, que agora anda a construir a sua Aliança (Santana Aliança soa estranho, não soa?).

A rentrée do PSD começou no fim de semana com a nova versão do Pontal,e Rui Rio a dar uns toques na bola, mas prolonga-se por toda a semana. É que começa hoje e vai até domingo a habitualUniversidade de Verão do partido. Rio fala no domingo, a encerrar.

Também o Bloco de Esquerda, e a sua líder, Catarina Martins, escolheram este fim de semana para o regresso à política. Com um discurso, uma vez mais, muito crítico para o Governo. Aliás, se o leitor se der ao trabalho de ler esta notícia mas apagando o nome do sujeito, nem acreditaria tratar-se de alguém que apoia ativamente esta maioria há três anos.

Referência ainda para a intervenção de Francisco Louçã, alertando para a “campanha suja” que se aproxima.

Do lado do PCP, Jerónimo de Sousa veio fazer o habitual discurso de distanciamento face ao Governo, garantindo que as negociações para o OE de 2019 ainda estão “muito pela rama”.

Aproveitando tudo para croquetes, o PS já veio, através da sua porta-voz Maria Antónia Almeida Santos, deixar a sua ferroadazinha na liderança de Rui Rio.

E até o Presidente da República, depois de andar semanas a tomar banho em todas as praias fluviais do país (e a quebrar recordes de selfies) teve uma espécie de versão light de rentrée, com a festa do livro que abriu as portas do Palácio de Belém, e onde Marcelo Rebelo de Sousa aproveitou para teorizar precisamente sobre… o que significam ainda as rentrées para os políticos nacionais.

De regresso de férias estão os deputados, e com assuntos 'calientes' nas mãos, como sejam a ferrovia e os aeroportos, que têm enfrentado visíveis dificuldades nos últimos tempos. Já esta terça-feira será ouvido o presidente da CP. Empresa que, como pode ler mais abaixo nesta newsletter, quer avançar para Espanha apesar das coisas não estarem a correr nada bem cá dentro.

Quem veio de férias com o mesmo ar zangado e duro que tinha antes de ir é Mário Nogueira, que este fim de semana voltou a prometer luta acesa dos professores pela contagem integral do tempo de serviço congelado. Este é seguramente um dos dossiers quentes destas próximas semanas.

Ufff e ainda agora começa setembro. Não vamos ser meigos. Acabaram-se as férias, volta tudo ao mesmo e com a mesma intensidade de sempre. Uma farra. Uma pândega. Um verdadeiro forrobodó.

Quanto falta mesmo para voltarmos às férias?

OUTRAS NOTÍCIAS

Cá dentro,

A CP quer chegar às principais cidades espanholas. O título faz manchete na edição de hoje do Negócios, que acrescenta que a empresa de comboios está a trabalhar com os espanhóis da Renfe numa parceria que permita que os seus comboios possam ir em poucas horas até Madrid, Barcelona, Valência e Badajoz. Garanto ao leitor que li esta notícia no Jornal de Negócios e não no Inimigo Público.

O tenor português Luís Gomes venceu o Prémio Zarzuela e o prémio do público para melhor voz masculina, no concurso internacional de canto lírico Operalia, que decorreu no Teatro Nacional de São Carlos, em Lisboa. Esta competição já vai na sua 26ª edição e foi fundada por Placido Domingo. Emily D'Angelo e Pavel Petrov foram os grandes vencedores do evento.

Bem ou mal, a agenda mediática tem sido dominada pelas propostas políticas surgidas do lado da governação atual. Se este fim de semana foi a alteração nos passes sociais na região de Lisboa. Antes disso, já tinha sido a ideia de benefícios fiscais para atrair emigrantes de volta ao nosso país. A este propósito, este trabalho procura ouvir algumas opiniões precisamente daqueles que tiveram de deixar o país em procura de uma vida melhor.

Um cabo, fuzileiro da Marinha, foi apanhado a roubar material de construção de uma obra, com a ajuda da viatura de serviço.

Houve cinco violações em apenas uma semana na área da grande Lisboa.

E o Correio da Manhã de hoje revela que a criança raptada num parque infantil no Seixal e que depois foi encontrada terá sido violada pelo seu agressor.

Os Maias vão afinal continuar na lista de leituras obrigatórias do ensino secundário, revelou o Governo.

Lá fora,

A Alemanha dá mostras de querer ocupar o lugar de Jean Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia, e que vaga após as Europeias de maio que vem. Manfred Weber, líder do PPE no Parlamento Europeu, é o nome em que se aposta.

Ainda sobre o debate lançado precisamente pela Comissão Europeia, sobre o fim ou não da mudança da hora, o DN foi olhar para os impactos que a medida pode ter em termos de factura energética.

A uma semana das eleições, aumentam as preocupações de ver mais um movimento anti-imigração e xenófobo subir fortemente nas urnas. Desta vez a preocupação vem da Suécia, tradicionalmente um dos mais abertos e liberais países europeus.

Curiosamente, o DN de hoje revela um artigo de Wolfgang Munchau precisamente sobre o crescimento dos nacionalismos na Europa.

A polícia norueguesa está a investigar o desaparecimento de um dos sócios do fundador da Wikileaks, Julien Assange.

As cerimónia fúnebres do antigo senador norte-americano John McCain transformaram-se este domingo num verdadeiro evento político de resistência a Trump. The New Yorker explica porquê.

A justiça brasileira já se pronunciou e Lula da Silva não poderá mesmo candidatar-se às presidenciais brasileiras. Hoje, o antigo presidente, detido na prisão, vai encontrar-se com o número dois da sua candidatura, Fernando Haddad, para se definirem os próximos passos. O PCP aproveitou e fez este fim de semana um comunicado a manifestar-se contra a decisão da justiça brasileira.

O Governo de Acordo Nacional da Líbia, apoiado pelas Nações Unidas, veio este domingo decretar o estado de emergência na capital, Tripoli, após uma semana de intensos combates entre milícias rivais.

A taxa de mortalidade de migrantes no Mediterrâneo aumentou desde o início do ano. A rota entre a Líbia e Itália continua a ser a mais letal, revela o Público.

O presidente palestiniano Abbas revelou que a Administração Trump propôs a criação de uma federação entre a Palestina e a Jordânia como forma de resolver o conflito no Médio Oriente.

Os U2 cancelaram um concerto na Alemanha depois do seu vocalista, Bono Vox, ter perdido a voz durante o espetáculo. Ficamos à espera de perceber se o problema não vai afetar os concertos da banda irlandesa, previstos para este mês em Lisboa.

Ainda sobre Bono, vale a pena ler o artigo que o Expresso publicou este fim de semana, da autoria do cantor.

DESPORTO

Com mais ou menos dificuldade, este foi um fim de semana de vitórias para os três grandes no campeonato nacional (que agora sofre uma paragem para dar lugar aos jogos da seleção). Ontem, o FC Porto despachou o Moreirense em casa e o Benfica foi dar chapa quatro ao Nacional da Madeira. Aqui pode ler as crónicas da Tribuna relativas ao jogo dos azuis e brancos e dos encarnados. Lá fora, Mourinho, que tem estado na corda bamba, conseguiu vencer. Tal como Cristiano Ronaldo e a sua Juventus, apesar do português ainda não ter marcado.

No ténis, João Sousa está pela primeira vez da carreira nos oitavos de final de um torneio do Grande Slam de ténis. Hamilton não deu hipóteses aos Ferrari e venceu o Grande Prémio de Itália deste fim de semana

FRASES
"Passou a ser natural haver outro ritmo, outro tempo de intervenção política. Se quiserem, o tempo acelerou”, Marcelo Rebelo de Sousa, sobre as rentrées e férias dos políticos

"Eu até antecipo que na próxima campanha eleitoral em Portugal nós vamos ver, pela primeira vez, de uma forma muito aberta o que é a política suja”, Francisco Louçã, na rentrée do BE

"O projeto de Santana Lopes é uma vontade de voltar a ter poder", Marques Mendes

O QUE ANDO A LER

Começo pela ordem inversa com as leituras das últimas semanas. Este sábado chegou-me às mãos a aguardada terceira obra do historiador israelita Yuval Noah Harari, que nos últimos anos se tornou um fenómeno mundial com os seus brilhantes “Sapiens” e “Homo Deus” (sim, estas são mesmo obras imperdíveis e daquelas em que se delicia com o que aprende sobre o mundo em que vivemos): “21 Lições Para o Século XXI” (da Elsinore).

Se nas primeiras obras, para resumir, Harari se dedicava a olhar para o passado da humanidade e para aquilo em que esta se pode tornar nos próximos 100 anos, neste novo livro olha para as grandes questões do presente. Da revolução tecnológica às fake news, do terrorismo aos populismos, das migrações à inteligência artificial - precisamente sobre inteligência artificial e o que se anda a passar no planeta, deixo ainda aqui o link do texto que publicámos na Revista do Expresso do último sábado.

Antes de Harari, andei entretido com três fantásticos romances de três fantásticos escritores, de estilos e origens também totalmente diferentes entre si. Comecei com “Baudolino” (da Gradiva) e a busca pelo reino mítico do Preste João, pela pena de um dos maiores intelectuais europeus, recentemente falecido, Umberto Eco. A seguir, “Ressurreição”, (Editorial Presença), o grande romance de Tolstói que ainda me faltava, e a história do príncipe Nekhliudov e da sua viagem ao mundo prisional da Rússia no século XIX. Finalmente, “Suttree” (Relógio d’Água), de Cormac McCarthy. Um italiano, um russo, um norte-americano. Literatura com L grande.

Se ainda está de férias ou simplesmente anda a pensar no que ler a seguir, acredito que estas podem ser boas sugestões.

Não é o que ando a ler, mas nestes dias de adaptação ao regresso ao ritmo do trabalho entreguei-me na Netflix a Jerry Seinfeld e às suas entrevistas em “Comedians in Cars Getting Coffee”. Recomendável para os fãs de Seinfeld, como é o meu caso.

Tenha uma excelente segunda-feira. Uma grande semana. E um fantástico mês de setembro. Nós andamos sempre por aqui.

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