As exonerações são a imagem de
marca do Presidente angolano e recentemente a lista de governantes exonerados
aumentou. Mas cidadãos ouvidos pela DW África dizem que "mexidas" de
João Lourenço não trouxeram nada de novo.
Os secretários de Estado dos
Transportes para Viação Civil e Transporte Ferroviário bem como o responsável
do Memorial António Agostinho Neto foram as mais recentes exonerações. A lista
de mudanças, que começou logo após a tomada
de posse de João Lourenço, é muito longa. Há, por exemplo, novos rostos nos
Miinistérios da Justiça e dos Direitos Humanos, Comunicação Social, Cultura,
Educação , Saúde e Transportes. Também há caras novas na Procuradoria-Geral da
República (PGR), Banco Nacional de Angola e Sonangol.
As exonerações feitas
pelo chefe de Estado trouxeram mudanças? "Houve melhorias sobretudo do
ponto de vista do ambiente político. Criou-se um novo ambiente político",
responde o cidadão Kudjimbe Camuenho, em declarações à DW África. "Ele
enquanto líder precisava afirmar-se e essa afirmação também passava pela
exoneração as pessoas fiéis ao Presidente José Eduardo dos Santos",
acrescenta.
Quanto à melhoria das condições
de vida da população angolana, o morador de Luanda diz que não vê grandes
melhorias, "muito pelo contrário, assiste-se um certo retrocesso na vida
dos cidadãos."
Mudar a mentalidade dos
governantes
Para David Kissadila,
especialista em políticas públicas, as melhorias não passam apenas por esse
tipo de mudança, também é preciso mudar a mentalidade dos governantes. "Mudanças não se operam com novas nomeações, é necessária uma mudança de
mentalidade, na formulação de um novo paradigma e revisão dos instrumentos
políticos capazes de corresponder aos anseios da população. Ou seja, criar uma
nova postura política de responsabilização de transparência e de prestação de
contas", explica.
Em Angola, os serviços
públicos de transporte são muito deficitários. Só em Luanda, as
empresas disponíveis não cobrem a procura e os cidadãos têm de recorrer aos
táxis. David Kissadila diz ter dificuldades em entender essa realidade.
"Neste setor investiu-se
grandes recursos financeiros, provenientes sobretudo do empréstimo chinês, mas
em termos de resultados sentimos um desastre", critica o especialista.
"Os transportes públicos terrestres quase não existem, sobretudo aqui em Luanda. Adquiriram-se
tantos autocarros e não se conhece o seu paradeiro. Os transportes marítimos
também", lembra.
O Presidente João Lourenço está
apenas no primeiro ano do seu mandato e tem mais quatro pela frente. O analista
reconhece que serão anos de muitas dificuldades de governação, a julgar pela
situação económica e financeira que o país enfrenta.
"Não será fácil a governação
de João Lourenço, num país onde os dirigentes são corruptos viciados, onde a
crise financeira já se arrasta há quatro anos sem grandes políticas para poder
reverter a situação", afirma, lembrando que é preciso diversificar a
economia, reduzir as importações e promover a produção nacional. "Isso
tudo, até agora, não funciona", conclui.
Manuel Luamba (Luanda) | Deutsche
Welle
Sem comentários:
Enviar um comentário