Rui Sá* | Jornal de Notícias |
opinião
Já aqui escrevi sobre o chamado
"pacote da descentralização", que resulta de um acordo entre o PS e o
PSD e que constitui uma inadmissível transferência de competências para os
municípios sem a correspondente transferência de meios humanos, técnicos e financeiros.
Transferências que, em muitos casos, colocam os municípios ao serviço da
administração central, dado que ficam responsáveis por garantir as condições e
os custos para que, a nível central, possam assumir a gestão...
Este pacote, assinado por Costa e
Rio, estabelece o prazo de 15 de setembro para que as autarquias aceitem, ou
não, estas novas competências para o exercício de 2019. Acontece que esta lei
ainda não foi regulamentada, pelo que não se conhece exatamente a forma como
estas competências vão ser exercidas nem as contrapartidas correspondentes. Naturalmente que, independentemente da opinião que muitos autarcas tenham sobre
a lei, grande parte não está disponível para passar um cheque em branco ao
Governo, assumindo responsabilidades que não sabem como vão exercer. O que as
levou a agendar reuniões dos órgãos municipais para rejeitarem estas
transferências. Perante esta situação, e em desespero, o Governo procura fazer
crer que a data de 15 de setembro vai ser alterada por despacho - esquecendo
que esta lei só pode ser alterada pela Assembleia da República e que, não
havendo rejeição formal, há aceitação tácita das novas responsabilidades...
Entretanto, o Governo e os
dirigentes nacionais e locais do PS e do PSD desdobram-se em contactos com os
presidentes de câmara onde, com chantagem e promessas de "prémios",
procuram garantir a sua cumplicidade. É o bloco central na sua plenitude...
*Engenheiro
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