Martinho Júnior | Luanda
QUANDO… - Quando na independência
se esvai o movimento de libertação e acaba a revolução!...
…Quando na independência, ao
findarem os tiros de duas décadas e meia, a “paz” é tão vulnerável a
um caótico exercício de neocolonialismo, injectado pela guerra psicológica
da “crise global”!...
…Quando a luta contra a corrupção
é um reflexo de longas ingerências, manipulações e processos de assimilação das
elites e a justiça possível torna-se numa justiça de contingência por que não
há qualquer justiça em relação às causas profundas das fábricas globais de onde
só saem alienações, mentira, subversão, caos, terrorismo e o consumismo de
tanto produto tóxico e mercenário!...
…Quando na independência, ao
choque neoliberal propiciado pelo capitalismo financeiro transnacional, se
segue a terapia do assentamento de seus interesses e a luta contra o
subdesenvolvimento fica comprometida por que, ao deixar de haver uma vanguarda,
são os interesses dominantes que prevalecem, às custas dos povos, em Angola à
custa do povo angolano!...
ATÉ QUANDO… - Com a revolução das
novas tecnologias, precisamente na altura em que desaparece o campo socialista
na Europa, a assimilação foi reforçada nos seus aspectos culturais e ocorre
muito mais fluente e rapidamente, em termos de grau de influência, de atracção
e de persuasão dos "soft power" dominantes!...
É assim que ganham espaço
vínculos que são aproveitados pelo capitalismo financeiro transnacional,
estimulados pelas vias da terapia neoliberal depois do choque e aproveitando
todo o tupi de traumas como da mentalidade injectada, que aproveitam os
patamares de assimilação desde os processos culturais aos interesses... tudo à
velocidade da luz!
Há nexos hoje possíveis de
identificar, em relação a Angola, tendo como esteira petróleo e diamantes: Falcone
- Gaidamak - Lev Leviev - Sam Pa...
São usados pelos serviços de
inteligência das potências, alguns com jogo duplo, ou mesmo triplo e eles
próprios se podem tornar em "material de queima", ao virar da
próxima esquina!...
Nesse frenesim nem se reconhece o
que advém do poder do império hegemónico e unipolar e o que chega em nome da
emergência multipolar, pois até a própria República Popular da China é obrigada
a dar luta à corrupção que avançou como um cancro e tolhe também uma parte
muito substancial dos seus relacionamentos para com África!
…Com quem se foi meter a primeira
das vítimas, a elite angolana, agora à deriva entre o capitalismo produtivo de
Trump e a luta contra a corrupção de Xi Jiping!...
Nem a assimilação "à
portuguesa" lhe vai alguma vez valer a essa elite angolana, por que a
vassalagem “à portuguesa”, é também a assimilação que se impõe a Portugal
e Portugal é pródigo em fazer seguir “atéàs últimas consequências” a
cadeia de assimilações!...
Agora a elite angolana, que por
vezes sob seu próprio capricho e avareza, por causa do seu umbigo perverso,
escolheu a armadilha, não passa afinal dum "material de queima"...
e à velocidade da luz!
Até quando Angola vai estar
sujeita a ser um capim sobre o qual lutam os elefantes?...
O LUGAR DA MEMÓRIA E OS
ENSINAMENTOS - …E não venham dizer que não se estava preparado para enfrentar
os monstros, os bárbaros e as contingências coloniais, do “apartheid” e
os meandros das contingências neocoloniais!...
Há que recordar, por exemplo, a réplica
do movimento de libertação em África do tempo do Vitória ou Morte, do seu
rigor, de sua esperança, de sua espectativa e vontade, como de seu sacrifício
solidário em nome de todos, de sua poderosa arma ideológica que fazia com que
os homens se levantassem do chão e fossem até capazes de atravessar os mais
caudalosos rios!
Se eles, os monstros e os
bárbaros, foram derrotados pela inteligência, pela vontade mobilizadora e
indómita e pela força das armas, é evidente que não tinha o movimento de
libertação em África, que ser derrotado ética e moralmente pela“força” desta “paz”!
Onde está, de facto, a memória e
os ensinamentos do dr. António Agostinho Neto, quando até se tem esquecido, em
nome duma poesia que fica desovada de seus conteúdos substanciais e perde seu
manancial, que “O MAIS IMPORTANTE É RESOLVER OS PROBLEMAS DO POVO”!?
Martinho Júnior - Luanda, 8 de
Outubro de 2018
- Três das fotos da reportagem
fotográfica por mim realizada na visita ao Mausoléu do dr. António Agostinho
Neto, a 18 de Maio de 2018.
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