Martinho Júnior, Luanda
1- Dois anos depois do seu
desaparecimento físico, a memória dos seus ensinamentos socorre-nos na
filosofia que se define enquanto civilização, a lógica com sentido de vida, em
todas as “transversalidades” do pensamento e da acção humana em pleno
século XXI.
Esse alimento imprescindível,
heroico e clarividente, carregado de exemplos, desde as notáveis intervenções
ao longo da sua vida, até às suas práticas que inspiraram a revolução
socialista cubana e todos os países do sul, inscreve-se numa intensa dialética
face à barbárie protagonizado pelo capitalismo e pelo império da Doutrina
Monroe e duma perversa hegemonia unipolar que “cheira a enxôfre”,
inspirando as emergências e a contemporânea expressão do multilateralismo capaz
de integrar todo o tipo de articulações, socializando-as.
2- Em relação a África, recordo o
que escrevi sobre o Comandante Fidel nas páginas abertas na Residência da
Embaixadora de Cuba em Luanda, por ocasião do seu finamento, a 30 de Novembro
de 2016:
“… De Argel ao Cabo…
Cavalgando com Fidel!
… Levando o ardor progressista
desde contra o baluarte do colonialismo francês no Norte de África…
… Até contra o bastião mais
retrógrado e fascista que existia à face da Terra após a IIª Guerra Mundial, em
seu perverso domínio em toda a África Austral…
… Precisamente no sentido inverso
ao projetado pelo império anglo-saxónico sob inspiração de Cecil John Rhodes…
do Cabo ao Cairo…
… Em 55 anos foi de facto um
vulcão libertário que sacudiu África e se distendeu, um vulcão libertário cuja
energia tem aqui e agora, no berço da humanidade, oportunidade para muito
melhor se refletir, se equacionar e inteligentemente aproveitar!...”
A Revolução Cubana em África, foi
imprescindível sob o comando de Fidel como sob o internacionalismo generoso,
solidário e exemplar do Che, no reforço sul-sul e num Não Alinhamento activo em
interligação e apoio à Luta Armada de Libertação Nacional nas ex-colónias
portuguesas, Guiné Bissau, Angola e Moçambique, como imprescindível foi no
reforço da Luta contra o “apartheid” e suas sequelas.
Quanto desse esforço reflete a
heroicidade da revolução Haitiana, uma revolução de escravos afrodescendentes
que foi a inspiração da luta contra o colonialismo na América latina e Caraíbas
e a inspiração de tantos cubanos descendentes de haitianos, sobretudo no leste
de Cuba, em Santiago, na trilha de Fidel e do Che, África adentro, como América
Latina adentro…
Nas horas africanas mais
decisivas, mais de 2000 cubanos deram as suas vidas pelas aspirações mais
legítimas de liberdade, independência, soberania e democracia dos povos
africanos, nos caboucos da lógica com sentido de vida no continente-berço,
multiplicando os Vietname!
Os Comandantes cubanos,
particularmente Fidel, o Che e Raul, identificaram-se por completo com os
ideais de Amílcar Cabral, Agostinho Neto, Samora Machel, Sam Nujoma, Robert
Mugabe e Nelson Mandela, num cadinho de heroicos esforços e luta, como África
jamais antes havia experimentado!
3- A contemporânea luta contra o
subdesenvolvimento e em paz, na sequência das conquistas da Luta Armada de
Libertação Nacional em África, tem na solidariedade e internacionalismo dignos
de Cuba, uma aliança ela própria imprescindível, iluminada pelo génio de Fidel,
do Che e de Raul!
Em questões tão fundamentais como
na educação e na saúde, a presença cubana em África e a escola cubana, vinculam
milhões de seres aos ideais socialistas sem fronteira, que “transversalmente” nos
socorrem na nossa ânsia civilizacional de lógica com sentido de vida.
Um Fidel imprescindível, como um
Che imprescindível, alimentam a vida de milhões de seres espalhados pelo mundo,
até onde cheguem as batas brancas dos médicos e dos professores cubanos,
ounformados em Cuba, geração após geração.
Mesmo que um fascismo dum novo
Condor desvirtue esse processo de luta como no Brasil, a imprescindibilidade
mantém-se, por que o estado do mundo alvo de tanta barbárie impõe essa vital
humanidade!
Essa civilização animada de
vitalidade ergue-nos a todos do chão, não como uma herança, mas como uma
intensa mola de luta, de convergentes vontades, de integradoras forças, de
solidária irmandade, face a face à barbárie e na ânsia justa de paulatinamente,
durante as próximas décadas, ou se necessário séculos, neutralizar e acabar com
a barbárie!...
Fidel e o Che vivem em nós mesmos
que desse modo nos erguemos do chão numa larga avenida de imprescindíveis,
iluminada pela imensa dádiva humana de Fidel!
Martinho Júnior | Luanda, 25 de Novembro de 2018 - Dois anos depois do
desaparecimento físico de Fidel
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