Península de seis quilómetros quadrados é território britânico reivindicado pela Espanha há três séculos, e
ameaçava fazer fracassar o acordo do Brexit. Londres garante continuação de
conversas bilaterais com Madri.
A União Europeia (UE) está mais
perto de alcançar um consenso sobre o Brexit, depois que, neste sábado (24/11),
o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, retirou a ameaça de boicotar o
acordo devido à disputa sobre o futuro status da ilha de Gibraltar.
"Nós recebemos suficientes
garantias para poder alcançar a solução para um conflito que tem durado mais de
300 anos, entre o Reino Unido e a Espanha", comentou o chefe de governo à
imprensa, após um encontro entre os 27 líderes da UE em Bruxelas, que se estendeu
por toda a noite.
Antes, num comunicado de última
hora, Londres assegurara que manterá as conversas bilaterais com Madri sobre
Gibraltar após 29 de Março de 2019, quando deve entrar em vigor o acordo de
separação entre o Reino Unido e a UE, a ser aprovado numa cúpula dos atuais 28
países da UE neste domingo, em Bruxelas.
"Acabo de anunciar ao rei
que a Espanha alcançou um acerto sobre Gibraltar", prosseguiu o líder
socialista espanhol. "O Conselho Europeu, portanto, se realizará amanhã. A
Europa e o Reino Unido aceitaram as exigências da Espanha. A Espanha suspendeu
o veto e votará a favor do Brexit."
Rochedo da discórdia secular
Gibraltar é uma península rochosa
de seis quilómetros quadrados na costa sul da Península Ibérica, com 30 mil
habitantes. Ocupada em 1704 pela Grã-Bretanha, em 1713 a Paz de Utrecht a
conferiu oficialmente ao reino britânico. Apesar disso, a Espanha insiste até
hoje em seus direitos territoriais.
Devido às tensões bilaterais, a
fronteira com a Espanha ficou fechada entre 1969 e 1985. Desde 2002 Londres
define Gibraltar como "território ultramarino" seu, evitando as
associações negativas do termo "colónia real". No referendo sobre o
Brexit, 96% dos habitantes britânicos da península votaram "não".
Um porta-voz da PM britânica,
Theresa May, confirmou conversações com a Espanha "que envolveram
diretamente o governo de Gibraltar", dadas "algumas circunstâncias
que são específicas" a esse território. Essas conversações "foram
construtivas e estamos ansiosos por adotar a mesma abordagem na relação
futura", concluiu.
Simultaneamente à coletiva de
Sánchez, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, emitiu convite por
carta aos líderes dos Estados-membros da para a cúpula do dia seguinte.
Segundo o documento, o acordo do
Brexit reduz "os riscos e perdas resultantes da retirada do Reino
Unido" do bloco europeu, protegendo os direitos dos cidadãos europeus e o
processo de paz na Irlanda do Norte. Ao mesmo tempo, garante que os britânicos
seguirão pagando o que devem à UE, no período de transição.
"Vou recomendar no domingo
que se aprove o resultado das negociações do Brexit", anunciou Tusk.
"E, embora ninguém vá ter razões para estar contente nesse dia, eu
gostaria de enfatizar uma coisa: nesta época crítica, a UE27 passou no teste de
unidade e solidariedade."
AV/ap/afp/rtr | Deutsche Welle | Foto:
Chefe de governo espanhol, Pedro Sánchez, anuncia acerto sobre futuro do status
de Gibraltar
Sem comentários:
Enviar um comentário