domingo, 13 de maio de 2018

Timor-Leste/Eleições | Sucesso na governação dos novos-velhos eleitos, um sonho possível?


Beatriz Gamboa, opinião

As eleições em Timor-Leste, das legislativas antecipadas, tiveram ontem o seu dia maior com o país no habitual frenesim eleitoral e centenas de milhares de eleitores a caminharem rumo às suas secções de voto, algumas longe de onde habitam. Em alguns casos o governo ainda vigente disponibilizou transportes. Impossível de beneficiar todos os que precisaram, é o costume dos governos do país, deixam a maior parte daquilo que pode beneficiar as populações a meio dos objetivos, registando-se frequentemente que nem a meio chegam porque nem lhes dão início. Que fique esclarecido que tal política tem acontecido com todos os governos e nem se pode afirmar que assim aconteça por falta de verbas orçamentais. Quais os destinos que levam tais verbas é que muitas vezes não ficamos sabendo.

É notícia pelo mundo que os resultados eleitorais em Timor-Leste já foram apurados provisoriamente e que a nova AMP – Aliança de Mudança e Progresso – atingiu a maioria absoluta, indo ocupar pelo menos 33 lugares do total de 65 no Parlamento Nacional. Os resultados são provisórios mas os vencedores absolutos esperam ainda conseguir mais um lugar, somando 34. O segundo partido político mais votado foi a FRETILIN, partido histórico que após o golpe de estado de 2006 nunca mais atingiu maioria absoluta. Sendo sempre a partir daí Xanana Gusmão o grande vencedor eleitoral, assim como vencedor noutras vertentes.

Para muitos instalou-se a surpresa com esta vitória de Xanana Gusmão – não duvidem os que a ele se aliaram que sem Xanana não conseguiriam fazer parte de uma expressiva maioria – mas tal surpresa não é justificável. Quem não sabia que os resultados eleitorais iriam bafejar Xanana Gusmão com esta maioria? Ou será que os ingénuos ou menos a par da influência preponderante do líder histórico e sistemático dirigente dos governos de Timor-Leste desconhecem que no país acontece o que Xanana Gusmão quer porque as suas capacidades e visionismo político lhe permitem antecipar a obtenção das condições para vencer e impor-se? Só distraídos ignoram o facto.

Temos então novamente Xanana na chefia do governo eleito e no Parlamento Nacional a maioria que representa a AMP que ele chefia. Taur Matan Ruak, ex-presidente da república, será o número dois do governo. Taur estará sempre predestinado a secundarizar Xanana. Foi eleito presidente da república anteriormente porque Xanana o apoiou, caso contrário não o seria. Os que “o pai” da nação maubere apoia são e serão sempre eleitos. Tal é o seu poder sobre o consciente e o inconsciente da maioria dos timorenses.

Xanana Gusmão atreveu-se inclusive a aliar-se também a um partido político de representação ínfima que possui por direção adeptos da anulação do país através da agregação à Indonésia, com uma autonomia para o território do leste, Timor. São os chamados autonomistas. Esses dirigentes fazem também parte do grupo de artes marciais que o professam como uma religião doentia e que em 1999 foram parte integrante dos assassínios e destruição do país no período que conduziu ao referendo de libertação da ocupação indonésia. É esse o Khunto, o partido que juntamente com o CNRT de Xanana e o PLP de Taur Matan Ruak, forma a AMP, a aliança vencedora destas eleições. Para Xanana vale quase tudo para vencer, de acordo com os seus critérios. Taur Matan Ruak vai aprendendo, tem em Xanana o professor de há décadas, o comandante, “o pai da nação”. E não é? Pelo visto e mais uma vez expresso em votos nestas eleições Xanana é mesmo isso. Quando falecer teme-se que a orfandade de Timor-Leste e dos timorenses seus aduladores e seguidores os deixem perdidos, desorientados, e que o futuro do país perca pelo menos a paz podre em que vai vivendo.

Apesar de tudo podemos dizer hoje que Timor-Leste é um país de sucesso na região em que está inserido e que é o país mais democrático e de maior liberdade no sudeste asiático. Se há quem veja Xanana como um mal será melhor verificar os índices positivos que são destinados ao país por organizações de direitos humanos, da imprensa livre e democrática, etc. Mas que há fome, há. Que a corrupção galga os índices de admissibilidade também. Que o fosso entre muito ricos e pobres continua a ser de dimensões escandalosas é facto. Que os classificados de carenciados abrangem mais de metade da população é indesmentível. E então Xanana Gusmão é um mal necessário? Quem diria.

Cumpriu-se a democracia em Timor-Leste em mais estas eleições. É indubitável. Cumpra-se a entrega do poder governativo e legislativo aos maioritariamente eleitos e que se lhes deseje o maior sucesso para bafejarem com medidas adequadas os imensos governados (por Xanana) que há tantos anos sobrevivem na miséria. Que Taur Matan Ruak, também eleito, não se esqueça do que declarava em prol desses miseráveis quando era presidente da república, nem que todos os eleitos se esqueçam das promessas fartas que fizeram ao longo da campanha eleitoral. O melhor dos mundos de justiça social, transparência e democracia para o país é o mínimo a desejar do desempenho destes novos (velhos) eleitos. Porque não? Todos têm direito a sonhar.

Timor-Leste/Eleições | Escrutínio final confirma vitória da AMP com maioria absoluta

Díli, 13 mai (Lusa) - A Aliança de Mudança para o Progresso (AMP) venceu as eleições legislativas antecipadas em Timor-Leste com mais de 309 mil votos, ou 49,56% do total, o que representa uma maioria absoluta de 34 assentos no parlamento de 65 lugares.

Os números dizem respeito ao final do escrutínio a nível municipal e foram divulgados hoje pelo Secretariado Técnico da Administração Eleitoral (STAE), passando agora a contagem para a tabulação nacional, da responsabilidade da Comissão Nacional de Eleições (CNE).

De fora da contagem ficou apenas uma urna, referente a uma estação de voto de Bobonaro, onde, segundo fonte do STAE havia "uma discrepância" de cinco votos, entre o número de votos em urna e o número de eleitores registados.

Essa discrepância vai ser clarificada no processo de verificação da CNE, mas não vai alterar o resultado final da eleição, segundo o STAE. Os resultados finais foram divulgados diretor-geral do STAE, Acilino Manuel Branco, numa declaração transmitida pela televisão estatal RTTL.

Assim, e com 99,89% dos votos contados, a AMP lidera o escrutínio em que votaram 634.156 eleitores (de um universo de 784.286 recenseados), o que representa uma taxa de participação de 80,86%.

Em segundo lugar ficou a Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), que liderou a coligação minoritária do anterior Governo, e que obteve cerca de 212.974 votos (34,18% do total), mantendo o mesmo número de deputados, 23.

No Parlamento estará ainda o Partido Democrático (PD) - parceiro da Fretilin no VII Governo -, que perde dois deputados para cinco, tendo obtido quase 50.034 votos ou 7,95% do total.

Pela primeira vez no parlamento estará a Frente de Desenvolvimento Democrático (FDD) - uma coligação de quatro pequenos partidos - que terá três lugares e que obteve 34.279 votos ou 5,5% do total.

Nenhuma das outras quatro forças políticas conseguiu chegar à barreira dos 4% de votos válidos que é necessária para conseguir eleger deputados. De entre elas, o Partido Esperança da Pátria (PEP) foi o mais votado, com 5.053 votos ou (0,81%).

Os dados mostram que os três partidos que integram a AMP conseguiram aumentar, em conjunto, a sua vantagem sobre a Fretilin, de cerca de 83.600 em 2017 para mais de 92 mil.

Globalmente, a AMP viu aumentado o seu apoio total em cerca de 51.500 votos, enquanto a Fretilin viu crescer o seu apoio eleitoral em quase 42.900 votos.

A FDD também registou um aumento de cerca de 6.000 votos.

Os piores resultados foram dos partidos que integram a coligação MSD, que perderam mais de 10 mil votos, e do PD que perdeu quase cinco mil.

Os dados têm agora que ser reconfirmados na Comissão Nacional de Eleições (CNE), numa tabulação nacional - não se trata de uma nova contagem, mas apenas de uma verificação das atas.

É nessa fase que são decididos, com a presença dos partidos, a distribuição dos quase 600 votos "reclamados", ou seja, votos em que, no momento de contagem, houve disputa sobre a quem deveriam ser atribuídos.

Os resultados finais terão depois que ser confirmados pelo Tribunal de Recurso, o que se prevê ocorra até final de maio, devendo os deputados tomar posse em junho.

Só depois deverá ocorrer a formação do Governo que deverá ser liderado, como próprio disse à Lusa, por Xanana Gusmão, que regressa assim ao cargo que abandonou em 2015.

A AMP venceu na maioria dos municípios, em concreto Aileu, Ainaro, Bobonaro, Covalima, Dili, Ermera, Liquiçá, Manatuto, Manufahi e ainda na Região Administrativa Especial de Oecusse-Ambeno (RAEOA) e no centro instalado na Coreia do Sul.

A Fretilin, por seu lado, venceu em todos os municípios do leste do país, Baucau, Lautem e Viqueque e ainda na Austrália, Portugal e Reino Unido.

O processo de confirmação dos resultados termina com a certificação dos dados finais pelo Tribunal de Recurso.

ASP // VM

Timor-Leste/Eleições | Líder da Fretilin diz a apoiantes que partido vai investigar resultado


Díli, 13 mai (Lusa) - O secretário-geral da Fretilin, Mari Alkatiri, pediu hoje calma aos militantes do seu partido enquanto a direção investiga suspeitas de alegadas irregularidades das legislativas de sábado, em que a oposição obteve maioria absoluta.

"Não estou convencido com este resultado. Vamos investigar as suspeitas que temos de irregularidades. Isso não significa provas. Mas desconfiamos", afirmou numa declaração em vídeo divulgada na página oficial da Fretilin no Facebook.

Numa declaração em tétum para os militantes do partido reunidos no Comité Central da Fretilin (CCF), Mari Alkatiri disse que se as suspeitas não se comprovarem, a Fretilin aceitará o resultado e será uma "oposição forte".

"Peço aos camaradas em todo o Timor-Leste para se manterem calmos, enquanto a direção da Fretilin investiga", disse.

A Lusa tinha solicitado uma reação do líder da Fretilin relativamente aos resultados eleitorais, tendo uma fonte do partido explicado que uma declaração seria feita mais tarde. O mesmo ocorreu com a direção da coligação da oposição, a AMP, que remeteu para segunda-feira uma declaração aos jornalistas.

No vídeo para os seus apoiantes, Alkatiri saudou o facto de na plateia - de centenas de militantes do partido - estarem "muitos jovens", um sinal de que "a luta continua" e que se não vencer agora o partido vencerá no futuro.

"Mantenham calma enquanto a liderança trabalha, porque para fazer reclamação são precisos dados, são precisos factos", repetiu.

"A Fretilin apresentará uma reclamação se comprovar que há factos para apresentar reclamações. Se não houver factos, temos que ter paciência e aceitar. Seremos uma oposição forte. E nunca desistiremos. Não seremos apenas um degrau para ajudar os outros se houver problemas", afirmou.

A Aliança de Mudança para o Progresso (AMP) venceu as eleições legislativas antecipadas de sábado em Timor-Leste com mais de 308 mil votos, ou 49,56% do total, segundo os dados praticamente finais do Secretariado Técnico da Administração Eleitoral (STAE).

Os dados dizem referência a um escrutínio de 99,66%, faltando apenas três dos 85 centros de votação do município de Bobonaro onde a AMP lidera com ampla vantagem (mais de 51,29% dos votos).

Com este apoio eleitoral, a AMP, liderada pelos ex-Presidentes Xanana Gusmão e Taur Matan Ruak, obtém 34 dos 65 mandatos do Parlamento Nacional, o que lhe permite formar o VIII Governo constitucional sem necessitar de qualquer apoio adicional.

Em segundo lugar ficou a Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), que liderou a coligação minoritária do anterior Governo, e que obteve cerca de 213 mil votos, ou 34,18% do total, mantendo o mesmo número de deputados, 23.

No Parlamento estará também o Partido Democrático (PD) - parceiro da Fretilin no VII Governo, que perde dois deputados para cinco, tendo obtido quase 50 mil votos ou 7,95% do total.

Pela primeira vez no parlamento estará ainda a Frente de Desenvolvimento Democrático (FDD) - uma coligação de quatro pequenos partidos - que terá três lugares e que obteve cerca de 34 mil votos ou 5,5% do total.

ASP // VM

OS PUNHAIS SANGRENTOS DE TROTTA E VORSTER - Martinho Júnior


MEMÓRIA TRAUMÁTICA DUM PEQUENO POVO EM INTENSA BUSCA DE JUSTIÇA E DE PAZ, CONTRA O COLONIALISMO E O “APARTHEID”

Martinho Júnior | Luanda 

Unindo-me à corrente que lembra a memória do 40º aniversário do hediondo massacre de Cassinga (“Operation Reindeer”).

1- A história contemporânea da Namíbia é insuficientemente conhecida por que muito pouco divulgada e notícias sobre aquele país, são uma quase raridade nos meios internacionais, salvo nos que se referem ao turismo, à natureza e parques naturais, ou aos diamantes…

Isso não acontece por acaso pois a Namíbia que provém da ingerência colonial derivada da Conferência de Berlim, tem uma história de resistência e de dignidade incomparável, se atendermos ao pulsar de seu chão pejado de mártires e de heróis durante quase todo o século XX, com dois episódios extremos:

O genocídio de herero e namaqua, entre 1904 e 1907, associado à apropriação de terras pelos colonos e à consequente revolta daqueles povos face ao apocalipse da opressão e quando, por fim, agudizando ainda mais a sua situação, uma praga devastou as suas culturas;

O massacre de Cassinga, a 4 de Maio de 1978 (há 40 anos), ocorrido em solo angolano quando o “apartheid” desencadeou a“Operação Reindeer”, até àquela data a segunda maior operação depois de “Operação Savana” no trimestre final de 1975.

Verificando bem, o genocídio herero e namaqua ocorreu 33 anos antes do início da IIª Guerra Mundial e o massacre de Cassinga 33 anos depois do fim da IIª Guerra Mundial, tendo tudo a ver com a “fermentação” colonialista, fascista e nazi nesse ciclo-revolver, marcando o compasso de três gerações!...


2- A Namíbia não sofreu a sangria transatlântica de escravos na escala e nos termos de outras regiões da costa ocidental de África: por um lado a sua população sempre foi relativamente escassa, por outro a navegação à vela afastava-se da Costa dos Esqueletos, ou das areias do deserto do Namibe que chegavam (e chegam) à borda de água, em mais de metade dos seus 1.572 km de costa.

Mesmo assim houve por exemplo, entre 1850 e 1910, na Ovambolândia, tráfico de escravos com implicações alemãs e portuguesas; a escravatura segundo a perspectiva colonial alemã, era mais para “consumo interno” do que para um negócio “transatlântico”!

A chegada do expansionismo alemão, motivado pela construção do seu império colonial em plena época de revolução industrial, tornou o Protectorado, por eles denominado de Sudoeste Africano (1884), alvo de acções repressivas muito fortes, sobretudo durante os anos das disputas sobre espaço vital e terras aptas à agricultura e criação de gado, num território onde a água era (e é) cada vez mais escassa.

Esse é uma das provas que os conflitos relativos a disputas sobre espaço vital e acesso à água interior não é algo que nos vai surgir algures no futuro!

Ao genocídio, a ocupação alemã acrescentou até ao fim de sua estadia no Sudoeste Africano, a utilização dos sobreviventes em regime de escravatura, ou como mão-de-obra barata, particularmente nas minas que haviam sido entretanto abertas devido à descoberta de diamantes e pedras semipreciosas… uma “herança” que o “apartheid”, por tabela o cartel dos diamantes, não desdenharam nos anos de ocupação da África do Sul.

São esses de facto, não só os antecedentes que influenciaram o surgimento do nazismo na Europa, do “apartheid” na África Austral e algumas de suas sequelas, (entre elas a de Savimbi, cujo comportamento correspondeu aos parâmetros dessa “deriva”), mas também foram providenciando o quadro das ambiguidades de potências como a dos Estados Unidos e seus vassalos (Portugal do “arco de governação” incluído), nos relacionamentos para com África, favorecendo por isso mesmo os regimes vassalos do quadro das políticas neocoloniais, como as levadas a cabo pelo Senegal, a Costa do Marfim e o Zaíre, entre outros.

3- Os documentos referentes à época indicam que no início do exercício prussiano no Sudoeste Africano, houve alguma resistênciapor parte dos Khoikhoi logo à sua chegada.

Apesar de uma paz ténue ter sido declarada em 1894, o contencioso em relação aos hereros e namaquas que se seguiu a essa resistência, é já resultado directo do choque provocado pela implantação do próprio colonialismo alemão, não por causa de sua chegada.

Nesse ano, Theodor Leutwein tornou-se governador do território que passou por um período de rápido investimento colonial, enquanto a Alemanha enviou a “Schutztruppe”, ou as tropas coloniais imperiais, evocando a necessidade de “pacificação da região”, logo que os colonos começaram a apropriação indevida de terras.

Dessa maneira os colonos europeus foram encorajados a instalar suas iniciativas em terras tomadas aos africanos, o que causou um lógico descontentamento e um crescente ódio para com a colonização.

Já no início do século XX, a terra e o gado, essenciais para a definição dos estilos de vida das culturas dos hereros e dos namaquas, passaram coercivamente para as mãos dos alemães recém-chegados ao Sudoeste de África, com o domínio colonial prussiano do IIº Reich a enveredar por uma escalada cada vez mais arrogante e repressiva até desembocar rapidamente num brutal genocídio.

Os africanos começaram nessa época a serem sujeitos à escravatura, ou a trabalhos de mão-de-obra barata e explorada, sendo as suas terras frequentemente apreendidas e entregues a colonos, numa escala que punha em causa a sua própria sobrevivência cultural e física.

Em 1903, alguns grupos de namaquas revoltaram-se sob o comando de Hendrick Witbooi e cerca de 60 colonos alemães foram mortos.

Os namaquas enveredaram por uma guerrilha que teve de criar um fulcro no sudeste do território, numa região inóspita, pedregosa e de muito difícil acesso, precisamente no canto sudeste do país.

Os desgastes provocados pelas forças de Hendrick Witbooi levaram seus inimigos a considerá-lo como um “Napoleão africano”…

Um dia o Presidente da SWAPO, Sam Nujoma, referiu-se assim a esse herói da resistência da Namíbia:

“Kaptein Hendrik Witbooi was the first African leader who took up arms against the German imperialists and foreign occupiers in defence of our land and territorial integrity.

We, the new generation of the Land of the Brave, are inspired by Kaptein Hendrik Witbooi’s revolutionary action in combat against the German Imperialists who colonised and oppressed our peoples.

To his revolutionary spirit and his visionary memory we humbly offer our honour and respect”…

Os hereros juntaram-se então a eles, em Janeiro de 1904, pois já tinham cedido mais de um quarto dos seus treze milhões de hectaresaos colonos alemães em 1903 e isso antes da conclusão da linha férrea Otavi, a partir da costa africana e em direcção aos assentamentos alemães no interior.

A nova política de cobrança de dívidas, aplicada em Novembro de 1903, desempenhou também um papel impulsionador da revolta herero: os comerciantes alemães funcionaram desde a sua instalação, como pequenas entidades que possibilitavam crédito para com os hereros e uma parte dessa dívida foi cobrada; a partir do momento em que os hereros sofreram contudo o assalto colonial às suas terras e ao seu gado, as dificuldades de pagamento das dívidas cresceram de tal ordem que deixaram logicamente de ser pagas por empobrecimento dos devedores.

Na tentativa de corrigir este problema crescente, o governador Leutwein decretou que todas as dívidas não pagas seriam anuladas no ano seguinte, mas com a falta de dinheiro vivo, os comerciantes, muitas vezes apreendiam gado, ou quaisquer objetos de valor dos hereros, a fim de amortizar os seus empréstimos.

Tornado um procedimento cada vez mais extensivo, acabou por contribuir para fomentar um ressentimento crescente por parte dos hereros em relação aos alemães que evoluiu para o desespero quando eles viram que os funcionários alemães eram cúmplices deste impiedoso esquema.

Subjacente a essas razões aumentou a tensão racial entre os dois grupos por que os colonos alemães começaram a ver os africanos nativos como uma mera fonte humilde de mão-de-obra barata, ou escrava…

Entre os direitos de um europeu e um africano, a título de exemplo, a liga colonial alemã passou a considerar que no que diz respeito a questões legais, o depoimento de sete africanos era equivalente à de um colono.

Os hereros, oprimidos pelos dispositivos coloniais que chegavam a pôr em causa a sua própria cultura ancestral, sentiram que suas ações eram justificadas na altura de se revoltarem, no início de 1904 sob a chefia de Samuel Maharero.

Na revolta mataram cerca de 120 alemães, incluindo mulheres e crianças, e destruíram suas fazendas, cercando Okahandja e cortando as suas ligações com Windhoek, a capital colonial.

4- O governador Leutwein foi forçado a pedir reforços e um funcionário experiente, proveniente da capital alemã, Berlim, o Tenente-General Lothar von Trotha foi nomeado Comandante em Chefe da África do Sudoeste Alemã a 3 de Maio de 1904, chegando ao terreno à frente duma força com 14.000 soldados no dia 11 de Junho seguinte.

civil Leutwein era subordinado ao Ministério dos Negócios Estrangeiros Coloniais prussiano, dependendo do chanceler Bernhard von Bülow, mas o general Trotha, respondia aos militares do Estado-Maior alemão, que por sua vez dependiam directamente doKaiser Guilherme II.

O governador Leutwein queria derrotar os rebeldes hereros e namaquas, mas com a abertura de negociações logo que se chegasse à rendição com os que restassem dos campos de batalha, a fim de tentar consolidar uma solução política, mas o general Trotha, obstinadamente apostou em esmagar a resistência, exterminando as duas comunidades africanas.

A comunidade herero, avaliada em cerca de 60.000 pessoas, perdeu assim cerca de 40.000, com os restantes, em número insignificante, a refugiarem-se na então Bechuanalândia (hoje Botswana)…

Depois da batalha de Waterberg, em que as tropas de von Trotta derrotaram de 3 a 5.000 hereros, os alemães iniciaram o genocídio e, dos 24.000 que fugiram para o Kalahári para atingir a Bechuanalândia, só alcançaram o seu destino cerca de 1.000!... Todos os outros não sobreviveram à travessia do Kalahári!

Foi assim que foi feito o primeiro genocídio do século XX, uma experiência traumática de carácter racista, que motivou o mito nazi da superioridade rácica alemã, percursora dos campos de concentração onde se levaram a cabo as medidas similares do holocausto.

É evidente que essa saga foi continuada pelo “apartheid” em conformidade com as suas ideologias e práticas que se espelharam também no Sudoeste Africano ocupado por suas forças…

Influenciou ainda o comportamento ideológico e prático de Savimbi, arrogante e sanguinário inclusive em relação aos seus próprios seguidores.


5- O massacre de Cassinga (que atesta o que acima escrevi, 33 anos depois do fim da IIª Guerra Mundial) por seu turno, sendo outro episódio sangrento, inscrito na luta de libertação levado a cabo pela SWAPO, a organização reconhecida internacionalmente como a legítima representante do povo da Namíbia, foi executado como uma medida de retaliação brutal do “apartheid” sobre uma posição que albergava sobretudo refugiados namibianos chegados a Angola, deliberadamente confundidos como “força inimiga”.

Planificada como um operação militar (“Operation Reindeer”) que implicava um bombardeamento aéreo, seguido de desembarque e assalto de forças especiais, reeditou uma experiência que as South Africa Defence Forces já haviam adquirido desde 1968 no leste de Angola, quando os militares sul-africanos em reforço das Forças Armadas Portuguesas actuavam com os Comandos e os Flechas do Inspector da PIDE/DGS Óscar Piçarra Cardoso, durante as operações Siroco contra as bases do MPLA no leste de Angola.

O inesperado ataque foi simultâneo em três posições: Cassinga (250 km dentro de Angola), Chetequera (a 25 km da fronteira) e Dombondola, tendo pela primeira vez sido utilizados blindados de transporte de infantaria Ratel nas duas últimas localidades próximas da fronteira.

Cassinga era o alvo Alfa, Moscovo, Chetequera o alvo Bravo, Vietname e posições a leste de Chetequera, o alvo Charlie.

Foi o próprio Primeiro-Ministro John Vorster que deu ordem para desencadear a operação e, com isso, tornou-se no maior responsável pelo massacre, secundado pela cadeia de comando, até chegar aos oficiais no terreno, parte deles os habituais das acções da internacional dascista contra Angola (Jan Breytenbach, Deon Ferreira…).

6- As primeiras forças que acorreram a Cassinga compunham a unidade das Forças Armadas Revolucionárias de Cuba na altura estacionada em Tchamutete, o Grupo Tático nº 2, que entrou em combate com as unidades das South Africa Defence Forces (que integravam o Batalhão Búfalo) e fizeram o rescaldo a quente das vítimas.

Neste ano em que se evocou o 40º aniversário sobre o assalto a Cassinga, Cuba está em condições de considerar que a façanha do“apartheid” foi sobretudo um hediondo massacre de civis e jamais um acto heróico, conforme se foram vangloriando os fanfarrões do“apartheid”!

Num artigo publicado em Cubadebate, “Un NO a la Controversia sobre Cassinga”, Yeniska Martínez Díaz conclui de forma fundamentada o massacre:

“Cassinga fue el inicio en que cubanos y namibios derramaran juntos su sangre contra el racismo y el colonialismo.

Toda Cuba se une al tributo de Namibia y Angola que juntos desde el año 2016, erigen monumento en Cassinga.

Se trata en este 40 Aniversario, del homenaje a los valores ineludiblemente vitales para cualquier contexto epocal.
Cumplamos con Fidel, quien en 1986 expresó: …Y no podrá olvidarse jamás ―y espero que la historia no olvide jamás― aquella matanza de Cassinga… Nunca los podremos olvidar, fue una prueba de cómo actúan estos elementos racistas y fascistas, un acto de terror inconcebible”…

7- Onde quer que seja, de há muito que tem sido possível definir a fronteira entre o que há civilização pertence e o que é da barbárie, mais esclarecidamente ainda quando é um nazismo, um fascismo ou um “apartheid” que se move em seus labirintos de trevas.

Cuba socialista e revolucionária tem um diagnóstico completo quer do massacre em si, quer dos traumas dele advenientes, quer de todas as outras implicações humanas e sócio-políticas: foram os cubanos que resgataram os sobreviventes, trataram dos feridos e proporcionaram aos jovens sobreviventes, em Cuba e com todo o carinho, respeito, dignidade e amor, o ensino escolar que os projectou para a vida!

A memória do massacre de Cassinga (4 de Maio), é próxima da data em que se celebra a Vitória da União Soviética em Berlim, que resultou na capitulação do IIIº Reich (9 de Maio) e, apesar de em épocas tão distintas, os dois acontecimentos relacionam-se ainda com o carácter do Iº genocídio no século XX, o massacre de hereros e namaquas pelos prussianos que colonizaram o Sudoeste Africano.

Os punhais sangrentos de von Trotta e de Vorster, têm tudo a ver com os punhais sangrentos de Hitler, Mussolini, Franco ou Salazar!

Há estados, nações e povos que resolutamente assumem o que é da civilização, por que a barbárie, desde o início da revolução industrial produzida pelo capitalismo, cresceu como nunca e foi (e continua a ser) a causadora dos maiores dramas da humanidade e dos maiores danos em relação à Mãe Terra.

Relembrar a história, é sem dúvida preocuparmo-nos em consciência em avaliar onde nos devemos situar, que opções tomar e que mensagens devemos transmitir às futuras gerações!

Martinho Júnior - Luanda, 10 de Maio de 2018


Imagens:
1 e 2 – genocídio herero;
3 – mapa referente ao espectro das acções do “apartheid” na Namíbia e em Angola;
4 – massacre de Cassinga;
5 – vítimas do holocausto na Alemanha nazi.

Enquanto Macron se aproxima de Trump, Alemanha se afasta dos EUA


No final de abril, o presidente francês, Emmanuel Macron, fez uma visita a Donald Trump, nos Estados Unidos. Ambos os líderes não pouparam agrados um ao outro, provando que a direita de Trump tem muitos interesses em comum com o neoliberalismo de Macron (como, por exemplo, a influência e o poder de ambos os países no Oriente Médio). Enquanto isso, Angela Merkel, primeira-ministra da Alemanha, avisou que a Europa já não pode confiar nos Estados Unidos.

“A amizade entre nossas nações e nós mesmos é indestrutível”, disse Trump na visita de Estado que fez em julho de 2017 a Paris. “Nosso relacionamento pessoal é muito forte”, reforçou Macron em abril para uma entrevista à TV Fox. Macron foi o primeiro chefe de Estado a visitar os EUA após a posse de Trump.

Trump é útil para Macron: ao deixar de lado certos problemas globais, como a mudança climática, e manifestar sua vontade de se retirar de conflitos em regiões como o Oriente Médio e de assuntos como o programa nuclear iraniano, ele abriu espaço para a França.

“Há conflitos às portas da Europa. E a época em que podíamos confiar nos Estados Unidos acabou” disse a chanceler alemã, Angela Merkel, na quinta-feira (10) em Aachen com inusitada dureza contra o presidente norte-americano, Donald Trump, e sua decisão de retirar seu país do acordo nuclear com o Irão, que transforma o Oriente Médio em um vespeiro.

Macron pareceu querer concordar com Merkel, mais porque seria no mínimo contraditório ele não se pronunciar sobre algo que tanto defendeu. Manifestou-se, mas de forma mais branda, para não criar desavenças com Trump; afinal, ficou claro no final do mês de abril que ambos os países são aliados, ainda mais se somarmos o ataque à Síria com mísses efetuada também pelo Reino Unido. “Algumas potências decidiram descumprir sua palavra: estamos diante de grandes ameaças e a Europa tem o dever de manter a paz e a estabilidade na região”, disse Macron.

A Alemanha reage à retirada dos EUA do acordo nuclear com o Irão, que deixou as empresas do continente expostas a sanções, provocou uma escalada dos preços do petróleo e, para piorar, atiça ainda mais os conflitos do Oriente Médio. A União Europeia está há alguns dias com suas baterias diplomáticas voltadas para minimizar o impacto dessa afronta. A UE está à espera de que os EUA ofereçam alguma saída ao acordo com o Irão que evite males maiores, como fez em outra ocasião, depois de anular o pacto comercial com o Canadá e o México; afinal, como bem sentenciou o presidente iraniano Hassan Rouhani na terça-feira (8), os Estados Unidos não costumam cumprir com seus compromissos.

Texto original em português do Brasil

Exclusivo Editorial PV  / Tornado

BARBÁRIE | Mais um morto e perto de mil feridos em Gaza, antes “do que está para vir”


Nas manifestações da última sexta-feira - antes do ponto culminante da Grande Marcha do Retorno, nos próximos dias 14 e 15 –, milhares de habitantes do pequeno enclave palestiniano cercado manifestaram-se ao longo da vedação que o separa de Israel.

De acordo com Ministério da Saúde em Gaza, 973 palestinianos foram feridos pelas forças de ocupação israelitas, que reprimiram duramente os protestos da sétima semana consecutiva Grande Marcha do Retorno, iniciada a 30 de Março. O Ministério confirmou ainda a existência de uma vítima mortal da repressão israelita. Trata-se de Jabir Abu Mustafa, de 40 anos, segundo indica a agência Ma'an.

O Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM) informa na sua página de Facebook que o «número de palestinos feridos com balas reais se eleva a 143» e que «outros foram feridos por balas com ponta de borracha e sofreram inalação de gás, havendo um total de 305 evacuados para hospitais».

Testemunhas relataram à Ma'an que um jovem de 16 anos ficou gravemente ferido, depois de ser atingido por fogo real, quando tentava colocar uma bandeira da Palestina na vedação. Por seu lado, o Crescente Vermelho refere que pelo menos dois jornalistas foram feridos, tendo sido um deles identificado como Yasser Qudah. Usava um colete com a palavra «Press».

Pelo menos 49 palestinianos foram mortos pelas forças israelitas na repressão dos protestos pacíficos das últimas seis semanas. O número de feridos oscila consoante as fontes: entre cerca de 7000 e mais de 9000.

Preparação e aviso do que está para vir

De acordo com o MPPM, o comité organizador da manifestação chamou ao protesto desta semana «Preparação e aviso do que está para vir», referindo que esta é a última sexta-feira antes do culminar da Grande Marcha do Retorno, a 14 e 15 de Maio – que coincidem, respectivamente, com a transferência da Embaixada dos EUA para Jerusalém e com o 70.º aniversário da Nakba, a limpeza étnica levada a cabo pelas forças sionistas e pelo Estado de Israel, em que mais de 750 mil palestinianos foram expulsos das suas casas e terras.

A Autoridade Palestiniana anunciou que segunda-feira será um «Dia de Raiva» e, tal como diversas organizações políticas e representantes das mais variadas associações palestinianas na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental ocupada, exortou os palestinianos a protestar contra o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel e a transferência para esta cidade da Embaixada dos EUA.

Solidariedade e protestos em Portugal

Segunda-feira em Lisboa, no Largo de Camões, e terça-feira no Porto, na Praça da Palestina – em ambos os casos às 18h –, vai haver actos de solidariedade com a Palestina, para assinalar os 70 anos da Nakba («catástrofe»), «condenar a política de colonização, limpeza étnica, ocupação e repressão» que é praticada por Israel contra o povo palestiniano há 70 anos; exigir a paz no Médio Oriente; denunciar o reconhecimento, pelos Estados Unidos, de Jerusalém como capital de Israel, bem como a transferência da sua embaixada para essa cidade.

Querendo vincar o protesto por esta mudança da Embaixada dos EUA de Telavive para Jerusalém, na quinta-feira passada representantes do Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC), da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses – Intersindical Nacional (CGTP-IN), do Movimento Democrático de Mulheres (MDM) e do Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM) entregaram na Embaixada norte-americana em Lisboa uma carta aberta dirigida ao presidente dos EUA.

JCP solidária com a juventude palestiniana

Ontem ao fim da tarde, a Juventude Comunista Portuguesa (JCP) realizou um acto público em Lisboa, junto à Embaixada de Israel, em que denunciou a política de colonização e de repressão levada a cabo pelo Estado de Israel na Palestina, e expressou a sua solidariedade com «o povo e a juventude palestiniana, na defesa da sua soberania e integridade territorial».

No acto não foram esquecidos os inúmeros palestinianos nas cadeias e os 71 que, «na sua esmagadora maioria jovens», foram mortos desde o início do ano, como consequência dessa política de repressão israelita. Para os evocar, foram exibidos cartazes com o nome e a idade de cada um, junto a um cravo vermelho.

A JCP fez ainda um apelo à participação nas acções de protesto e solidariedade com o povo palestiniano agendadas para dias 14 e 15, em Lisboa e no Porto, respectivamente.


Foto: Milhares de pessoas mobilizaram-se na Faixa de Gaza cercada pela sétima semana consecutiva, no âmbito dos protestos da Grande Marcha do RetornoCréditos/ palinfo.com

EDP | A conversa não cozinha arroz

Afonso Camões* | Jornal de Notícias | opinião

Têm a fama de ter sido eles a descobrir que o segredo para se andar sobre as águas é saber onde estão as pedras. Nem que tenham de comprá-las, e é o caso. A concretizar-se, esta compra será uma das maiores operações de sempre na Bolsa nacional. Os acionistas chineses, que já controlam quase 30% da EDP, acabam de lançar uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) sobre o restante capital da elétrica portuguesa. A ideia, publicamente assumida, é fazer da EDP a plataforma chinesa para todos os investimentos na área da energia para a Europa, Estados Unidos e Brasil. E só lançaram o anúncio depois de garantirem o apoio ou a neutralidade do Governo português no negócio.

Nós somos um país aberto, e os chineses "têm sido bons investidores, respeitadores da legalidade", responde o primeiro-ministro, António Costa, citando os exemplos da REN, EDP e "outros setores": (A chinesa CTG é a maior acionista da EDP, enquanto a State Grid controla a REN; é também chinês o acionista de referência na TAP; a Fosun é o maior acionista do BCP, com 27% do capital, e controla 85% do capital da Fidelidade...)

Como seria de esperar, franzem-se por aí sobrolhos ao facto de gigantes estatais chineses estarem a comprar e poderem passar a ter controlo absoluto de empresas estratégicas, cruciais para o desempenho das incumbências constitucionais do Estado português. Acontece que os chineses não chegaram aqui de assalto, foram convidados a vir, a pedido, em sucessivas vagas de privatização lançadas por sucessivos governos, do PS e do PSD. Ora, o capital não tem pátria mesmo quando se disfarça no preconceito. E há que distinguir entre a tralha xenófoba que vocifera contra o investimento chinês (noutros casos, angolano) e os que, apesar de tudo, sabem alguma coisa da nossa História e procuram honrar os compromissos do Estado português.

Somos os europeus que eles melhor conhecem, de uma mais longa e pacífica relação histórica. Para a China, Portugal é mais uma porta de entrada para a maior zona de comércio livre do Mundo. Na Europa, apenas o Reino Unido e a França ficam à frente de Portugal no que toca ao investimento chinês. Desde que os dois países assinaram a Parceria Estratégica Global, em 2005, o investimento total da China em Portugal terá superado os nove mil milhões de euros. Ora, como se vê, aquela parceria está em pleno vigor. Mas talvez seja preciso advertir uns e outros de que "a árvore cresce inclinada se o vento sopra de uma única direção". E também "não é a conversa que cozinha o arroz", digo eu, que aprendi uns ditados chineses.

*Diretor do JN

Selva minhota| Urge incriminar os homúnculos que andam à solta em Guimarães


No mínimo é revoltante ver o que uns quantos energúmenos vimarenenses fizeram a um adepto do FC Porto. A bestialidade com que agrediram um homem deitado por terra, indefeso, demonstra quanto aqueles animais são nocivos para uma sociedade. Talvez na sua maioria muito jovens, provavelmente a viverem à custa dos pais (é moda) sem merecerem a comida que lhes dão. 

Na verdade, pelo que as imagens comprovam dificilmente aquilo são seres humanos e se o são profanam e envergonham a espécie. Comprovam ser uma espécie de homúnculos de carácteres feios, porcos e maus… Ou até talvez inferiores a isso. Vejam com os vossos próprios olhos e se forem de Guimarães mais uma razão têm para se envergonharem, pelo menos. Ou optarem pela solução de dar caça àqueles animais e incriminá-los. Cuidado,  avaliando pelas imagens são também muito cobardes… e fogem. (PG)

As imagens da violenta agressão a adepto do F. C. Porto em Guimarães

Um adepto do F. C. Porto foi violentamente agredido por um grupo de pessoas no exterior do estádio D. Afonso Henriques, este sábado à tarde, em Guimarães.

A intervenção de populares evitou que as agressões continuassem. Pouco depois, surgiu um agente da PSP que ajudou o adepto, pode ver-se em imagens divulgadas pela RTP.

A vítima foi transferida para um hospital no Porto. De acordo com informações hospitalares recolhidas pelo JN, os ferimentos mais graves foram no crânio.

Joaquim Gomes | Jornal de Notícias | Imagens: Cortesia RTP

PORTUGAL | 13 de Maio, a crença em Fátima e a "invasão" habitual


13 de Maio é tempo de Fátima, os crentes celebram a aparição afirmada pelas crianças que testemunharam ter visto a imagem e falado com a "senhora". Desde então que a Cova da Iria é lugar de adoração por todo o ano, atingindo o auge por este tempo. Muitos dias atrás os pagadores de promessas puseram-se a caminho, são peregrinos que distam do local centenas de quilómetros. Mas vão, sofrem, por vezes até encontram a morte em atropelamentos. Praticamente todos eles adquirem chagas e maleitas causadas pelo esforço de tantos dias de caminhada. Movem-se por uma coisa que é a fé. Acreditam e vão homenagear a "senhora" e agradecer-lhe ou pedir-lhe o milagre. Uma força quase sobrenatural os faz mover e superar todas as vicissitudes. (PG)

Fátima. Parques de estacionamento lotados e concerto de Andrea Bocelli esgotado

O tenor italiano sobe ao palco pelas 16h00 e tem como convidada a fadista Ana Moura

Ainda a manhã deste domingo, dia 13 de maio, está a começar e já todos os parques de estacionamento do Santuário de Fátima estão “completamente esgotados”.

A informação é dada à Renascença pelo capitão Carlos Canatário, da GNR de Tomar, que pede a todos os “condutores dos veículos ligeiros que tentem estacionar no limite exterior da Cova da Iria”.

“Relativamente aos condutores dos autocarros, [a GNR pede] que procurem a estrada do Moimento e a estrada de Fátima velha, porque vamos montar um dispositivo para permitir o parqueamento nesses dois locais”, acrescenta.

Também esgotada está a lotação para o recital de Andrea Bocelli em ação de graças pelo Centenário de Fátima. O tenor italiano atua às 16h00 e o espetáculo tem entrada livre.

A GNR pede a quem queira assistir ao concerto que chegue o mais cedo possível.

“Vão existir três zonas para entrada. Cada bilhete tem a sua cor, procurem as cores das entradas para facilitar o acesso”, apela o capitão Carlos Canatário.

Rádio Renascença


Cardeal John Tong. Numerosos santuários marianos na China lembram proteção da Virgem

O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa e a chefe de Estado da Cróacia, Kolinda Grabar-Kitarovic, estiveram em Fátima.

O cardeal John Tong, bispo emérito de Hong Kong, afirmou, no Santuário de Fátima, que "os numerosos santuários marianos na China ajudam a relembrar constantemente ao povo" a proteção da Virgem.

"Na História da Igreja na China registam-se várias intervenções de Nossa Senhora. Por exemplo, em 1900, durante a perseguição dos Boxers, ocorreram duas aparições, uma em Pequim, onde a Virgem Maria apareceu acompanhada do arcanjo São Miguel e rodeada por uma multidão de anjos", refere o cardeal na homilia que escreveu, mas lida pelo reitor do santuário, padre Carlos Cabecinhas, na missa que hoje encerra o primeiro dia da peregrinação internacional aniversária ao Santuário de Fátima.

Concelebrada por 147 sacerdotes e 13 bispos, na eucaristia, após a procissão das velas, a que assistem o Presidente da República português, Marcelo Rebelo de Sousa, e a chefe de Estado da Cróacia, Kolinda Grabar-Kitarovic, o prelado aponta que "a segunda aparição ocorreu na cidade de Donglu, perto de Baoding, na província de Hebei, onde Maria apareceu no céu e, escutando as súplicas do povo, preservou a cidade da destruição".

"Uma aparição mais recente, pouco depois da perseguição da Revolução Cultural, ocorreu na Basílica de Sheshan, próximo de Xangai, quando, na primavera de 1980, os pescadores católicos lá voltaram encontraram as portas fechadas", continua o bispo emérito, para acrescentar: "Forçando-as, entraram e ajoelharam-se na igreja vazia, enquanto rezavam e cantavam durante longas horas, Nossa Senhora apareceu diante deles".

O cardeal John Tong salienta depois que "a causa das piores desgraças humanas é o pecado" e que Maria "sempre mostrou ter uma forte preocupação pelos pecadores", para sublinhar que "a presença do pecado, da dor e da morte no mundo persiste ainda".

Referindo-se à Mensagem de Fátima, lembra na homília que Maria "recomendou com insistência aos três videntes que rezassem e fizessem penitência pela conversão dos pecadores, pelo fim da guerra e pela paz no mundo, de forma a evitar tribulações para o mundo e perseguições para a Igreja".

Depois, John Tong recorda o exemplo dos videntes Francisco, Jacinta e Lúcia, os dois primeiros tornados santos há um ano em Fátima pelo papa Francisco, que aceitaram o convite da Virgem e "empenharam-se na oração, no sacrifício e no jejum", para perguntar aos milhares de fiéis presentes no recinto de oração qual a sua decisão.

O bispo emérito de Hong Kong dirige, ainda, uma palavra aos doentes, destacando que a Virgem "permanece junto de todos" para lhes "infundir coragem".

"A Mãe celeste está agora aqui connosco, está ao lado de todos vós, irmãos e irmãs doentes", lê-se na homilia, na qual o cardeal pede aos fiéis para renovarem a confiança na intercessão e no cuidado da Virgem, e que é a esperança que deve sempre sustentar as pessoas "nas dificuldades e no sofrimento".

Rádio Renascença | Fotos: 1 - DR; 2 -  Procissão das Velas. Ricardo Graça/Lusa

FC PORTO CAMPEÃO | O dia e a noite louca na capital do norte


O FC Porto sagrou-se campeão 2017/18, até aí já sabiamos. Mas existia outra meta que a equipa queria atingir, os 88 pontos no campeonato que era record do Benfica. Conseguiu, ao derrotar o Vitória de Guimarães ontem na cidade berço de Portugal.

Entretanto na cidade do Porto tudo estava a ser preparado para a receção aos campeões nos Aliados. A CM Porto abriu as portas ao campeão depois de 19 anos de jejum em que o FC Porto não metia ali as botas para confraternizar com os adeptos e a cidade. Rui Rio, então presidente da câmara, acabou com isso e aconselhou que fizessem essas festas no estádio que era do clube. Rui Moreira abriu as portas da CM Porto este ano à equipa azul e branca.

Foi o desvario naquela cidade ontem à noite, depois do regresso de Guimarães. Comemorações em paz mas alucinantes. A cidade pintou de azul e branco e o auge foi na Av. dos Aliados e na varanda da câmara municipal da cidade.

"Para o ano que vem há mais", disse Pinto da Costa quase a abandonar o local, depois dos discursos e dos incontáveis vivas ao FC Porto. Intervalo para a euforia campeã.


Israel venceu o Festival da Eurovisão, edição em Lisboa


Numa votação renhida, a vitória na primeira edição de sempre do Festival da Eurovisão a realizar-se em Portugal sorriu a Israel e à intérprete Netta Barzilai, com a canção 'Toy'.

"Obrigada por aceitarem a diferença e a diversidade", agradeceu a cantora, ao receber o troféu.

Depois da vitória no ano passado, Portugal acabou este ano em último, com 39 pontos.

Além de Israel, as canções da Suécia, Áustria e Chipre estiveram entre as mais votadas, disputando a vitória até aos últimos minutos.

A noite ficou ainda marcada pela atuação de Salvador Sobral, que subiu ao palco para cantar 'Mano a Mano', o seu novo tema, e 'Amar Pelos Dois', a canção com que venceu a Eurovisão em 2017, com Caetano Veloso.

Ana Moura e Mariza abriram a cerimónia, abrindo alas para os Beatbombers e, mais perto do fim, Sara Tavares com Branko e Plutónio e Mayra Andrade.

Em 2019, a final da Eurovisão realizar-se-á em Israel, que não vencia a Eurovisão há 20 anos. em 1998, conseguiu o ouro pela voz de Dana International e 'Diva'.

Lia Pereira | Expresso (Blitz)

Timor-Leste/Eleições | AMP consolida maioria absoluta, já com 96% contados


Díli, 13 mai (Lusa) - A Aliança de Mudança para o Progresso (AMP), liderada por Xanana Gusmão, está a consolidar uma maioria absoluta na reta final da contagem dos votos nas legislativas antecipadas de sábado em Timor-Leste, com 49,33%, quando estão contados 96% dos boletins.

Segundo dados oficiais do Secretariado Técnico da Administração Eleitoral (STAE), a coligação AMP obteve 285.534 votos, à frente da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), que obteve 198.745 votos, ou 34,33% do total.

Em terceiro surge o Partido Democrático (PD) com 45.884 votos ou 7,93%, e a Frente de Desenvolvimento Democrático (FDD), com 32.706 votos e 5,65 do total%.

Apenas estes partidos estão, para já, acima da barreira de 4% dos votos, necessária para conseguir eleger deputados.

Se estes resultados se mantivessem, a AMP teria uma maioria absoluta de 34 lugares no Parlamento Nacional, de 65 lugares. Atualmente, os partidos que compõem a AMP têm 35 assentos no parlamento timorense.

A Fretilin manteria os seus 23 deputados, o PD perderia dois lugares, para cinco, e a FDD estrear-se-ia com três.

ASP // PJA

Três ataques a igrejas na Indonésia causam pelo menos dois mortos


Jacarta, 13 mai (Lusa) - Três ataques à bomba a igrejas cristãs em Surabaya, Indonésia, causaram pelo menos dois mortos, disseram hoje fontes policiais.

"Verificaram-se três ataques contra três igrejas", disse o porta-voz da polícia, Frans Barung Magera, acrescentando que, além das duas vítimas mortais, estão contabilizados pelo menos 13 feridos.

A rádio local Elshinta refere que os ataques suicidas terão causado cinco mortos, mas esse número não foi ainda confirmado pelas autoridades.

A província de Java oriental é um dos palcos de ataques de movimentos extremistas islâmicos, já que a sua capital, Surabaya, é uma das cidades com maior diversidade religiosa naquele que é o mais populoso país muçulmano do mundo.

Os ataques a alvos cristãos acontecem dias depois de as autoridades indonésias terem posto fim a uma crise de reféns num centro de detenção perto de Jacarta, uma ação reivindicada pelo movimento extremista Estado Islâmico.

PJA // JMC

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