Nas manifestações da última
sexta-feira - antes do ponto culminante da Grande Marcha do Retorno, nos
próximos dias 14 e 15 –, milhares de habitantes do pequeno enclave palestiniano
cercado manifestaram-se ao longo da vedação que o separa de Israel.
De acordo com Ministério da Saúde
em Gaza, 973 palestinianos foram feridos pelas forças de ocupação israelitas,
que reprimiram duramente os protestos da sétima semana consecutiva Grande
Marcha do Retorno, iniciada a 30 de Março. O Ministério confirmou ainda a
existência de uma vítima mortal da repressão israelita. Trata-se de Jabir Abu
Mustafa, de 40 anos, segundo indica a agência Ma'an.
O Movimento pelos Direitos do
Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM) informa na sua página de Facebook que o «número de
palestinos feridos com balas reais se eleva a 143» e que «outros foram feridos
por balas com ponta de borracha e sofreram inalação de gás, havendo um total de
305 evacuados para hospitais».
Testemunhas relataram à Ma'an que
um jovem de 16 anos ficou gravemente ferido, depois de ser atingido por fogo
real, quando tentava colocar uma bandeira da Palestina na vedação. Por seu
lado, o Crescente Vermelho refere que pelo menos dois jornalistas foram
feridos, tendo sido um deles identificado como Yasser Qudah. Usava um colete
com a palavra «Press».
Pelo menos 49 palestinianos foram
mortos pelas forças israelitas na repressão dos protestos pacíficos das últimas
seis semanas. O número de feridos oscila consoante as fontes: entre cerca de
7000 e mais de 9000.
Preparação e aviso do que está
para vir
De acordo com o MPPM, o comité
organizador da manifestação chamou ao protesto desta semana «Preparação e aviso
do que está para vir», referindo que esta é a última sexta-feira antes do
culminar da Grande Marcha do Retorno, a 14 e 15 de Maio – que coincidem,
respectivamente, com a transferência da Embaixada dos EUA para Jerusalém e com
o 70.º aniversário da Nakba, a limpeza étnica levada a cabo pelas forças
sionistas e pelo Estado de Israel, em que mais de 750 mil palestinianos foram
expulsos das suas casas e terras.
A Autoridade Palestiniana
anunciou que segunda-feira será um «Dia de Raiva» e, tal como diversas
organizações políticas e representantes das mais variadas associações
palestinianas na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental ocupada, exortou os
palestinianos a protestar contra o reconhecimento de Jerusalém como capital de
Israel e a transferência para esta cidade da Embaixada dos EUA.
Solidariedade e protestos em
Portugal
Segunda-feira em Lisboa, no Largo
de Camões, e terça-feira no Porto, na Praça da Palestina – em ambos os casos às
18h –, vai haver actos de solidariedade com a Palestina, para assinalar os 70
anos da Nakba («catástrofe»), «condenar a política de colonização, limpeza
étnica, ocupação e repressão» que é praticada por Israel contra o povo
palestiniano há 70 anos; exigir a paz no Médio Oriente; denunciar o
reconhecimento, pelos Estados Unidos, de Jerusalém como capital de Israel, bem
como a transferência da sua embaixada para essa cidade.
Querendo vincar o protesto por
esta mudança da Embaixada dos EUA de Telavive para Jerusalém, na quinta-feira
passada representantes do Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC), da
Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses – Intersindical Nacional
(CGTP-IN), do Movimento Democrático de Mulheres (MDM) e do Movimento pelos
Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM) entregaram na
Embaixada norte-americana em Lisboa uma carta aberta dirigida ao presidente dos EUA.
JCP solidária com a juventude
palestiniana
Ontem ao fim da tarde, a
Juventude Comunista Portuguesa (JCP) realizou um acto público em Lisboa, junto
à Embaixada de Israel, em que denunciou a política de colonização e de
repressão levada a cabo pelo Estado de Israel na Palestina, e expressou a sua
solidariedade com «o povo e a juventude palestiniana, na defesa da sua
soberania e integridade territorial».
No acto não foram esquecidos os
inúmeros palestinianos nas cadeias e os 71 que, «na sua esmagadora maioria jovens»,
foram mortos desde o início do ano, como consequência dessa política de
repressão israelita. Para os evocar, foram exibidos cartazes com o nome e a
idade de cada um, junto a um cravo vermelho.
A JCP fez ainda um apelo à
participação nas acções de protesto e solidariedade com o povo palestiniano
agendadas para dias 14 e 15, em Lisboa e no Porto, respectivamente.
Foto: Milhares de pessoas
mobilizaram-se na Faixa de Gaza cercada pela sétima semana consecutiva, no
âmbito dos protestos da Grande Marcha do RetornoCréditos/ palinfo.com
Sem comentários:
Enviar um comentário