sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

Índia | A grande revolta camponesa


Sufocados pelos bancos e surpreendidos pelas mudanças climáticas, eles exigem um novo modelo agrícola. São centenas de milhões – mas a mídia convencional finge que não existem

Rohini Mohan | Outras Palavras

Potteeswaran, um produtor de arroz, contou que estava segurando os crânios de Murugesan e Laxmi, um casal originário da cidade de Trichy, no estado sulino de Tamil Nadu, que se matou devido a um empréstimo bancário que não pode pagar. “Quando o banco tomou suas terras, eles não viram outra solução”, disse Potteeswaran.

Em abril de 2017, mais de 150 camponeses de Tamil Nadu mantiveram-se sentados por quase um mês na região de Jantar Mantar, em Délhi, capital da Índia. Eles sentaram-se nus, segurando os ossos dos vizinhos que haviam cometido suicídio e carregando ratos e grama mortos em seus dentes.

“Em 2016, Tamil Nadu viu sua pior chuva em 140 anos”, disse Aiyyakannu, que liderou o protesto dos agricultores. “Queríamos simbolicamente envergonhar os nossos líderes.” Eles voltaram desta vez com gente de cinco distritos do delta do rio Kaveri, devastados pelo ciclone Gaja.
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Dezenas de milhares de camponeses marcharam por Delhi, capital da Índia, na última semana de novembro. Eles vieram em trens e ônibus de todo o país, e passaram uma noite fria em um centro de convenções chamado de Ramayana, onde se dramatiza, uma vez por ano, o poema épico de mesmo nome. No dia seguinte, com os estômagos meio cheios de roti e chá, doado pelos templos sikhs e as associações de estudantes de Delhi, foram até a Rua do Parlamento. Em uma cidade sufocada por ar irrespirável, eles falaram em oito idiomas sobre colheitas fracassadas, chuvas irregulares e suas vidas precárias.

Na semana passada uma conversa similar sobre o clima ocorreu no coração da Polônia. Ali, longe de seu eleitorado, governantes de todo o mundo expressaram em voz alta seus piores medos. Nosso planeta está perdido? Como enfrentar a mudança climática? Os diplomatas negociavam acordos globais de redução da emissão de poluentes quando o presidente dos EUA, Donald Trump, tuitou triunfantemente sobre o quão ridículo e caro ele julgava o acordo de Paris. Muitos políticos nos países ricos ainda estão focados no mínimo que podem fazer, e estão ansiosos para usar os protestos dos Coletes Amarelos contra o presidente francês Emmanuel Macron para argumentar mais uma vez que as populações não estão prontas para agir contra a mudança climática.

Mas os camponeses que marcharam até Délhi estão. A agricultura na Índia depende muito da chuva e da temperatura, na estação de crescimento; os agricultores são altamente sensíveis ao clima. Eles já sentiram o início do apocalipse na forma de poços ressecados, rendimentos em declínio e migrações em massa. Os custos estão aumentando, enquanto a renda agrícola real por plantador cresceu menos de meio por cento ao ano. Hoje, um agricultor indiano ganha menosde 20 mil rúpias (cerca de US$ 280) por ano, um quarto da renda anual per capita da Índia. De acordo com as estatísticas oficiais disponíveis até 2016, mais de 320 mil agricultores e trabalhadores agrícolas suicidaram-se desde 1995.

A precipitação média diminuiu na Índia e os eventos extremos tornaram-se mais frequentes. Enchentes e ciclones devastam as plantações, mas as estações também estão ficando cada vez mais secas. As chuvas de monção vêm depois e partem mais cedo. Estudos mostram que a extensão, duração e intensidade das secas de monções na Índia cresceram desde meados da década de 1950. Isso está ligado à redução das chuvas, que, por sua vez, se deve à redução da diferença de temperatura entre o Oceano Índico e o continente indiano. Mais camponeses do que nunca estão se suicidando por causa de colheitas frustradas.

Mais de dois terços dos campos indianos são irrigados por água subterrânea, que está se esgotando rapidamente. Num intervalo para beber água, do lado de fora do memorial Mahatma Gandhi, a caminho do Parlamento, Mallikarjun S. Doddamani disse que todos os camponeses em sua aldeia haviam cavado pelo menos dois poços na última década. A maioria está seca. Ele é de um distrito do sul, e vive seu terceiro ano de seca. “A terra é agora como uma camisa de mendigo: cheia de buracos”, disse ele. Depois de investir em quatro poços em seus 2,5 hectares de terra, Doddamani contraiu um empréstimo de 400 mil rúpias (5,5 mil dólares), que não pode pagar.

Insegurança alimentar, endividamento, escassez de água e rendimentos deprimidos compõem a história de quase todo camponês. Ramsingh Bharadwaj havia viajado por 36 horas a pé, de ônibus e finalmente de trem, partindo região central da Índia – rica em carvão – para exigir títulos de terra para sua comunidade de moradores de florestas nativas, que plantam e criam gado. “À medida que as minas de carvão se expandem, perdemos a floresta e nosso acesso a tudo o que resta”, disse ele. Em seu telefone, mostrou-me uma foto de sua colheita de lentilha, coberta de pó preto de carvão.

A mudança climática afeta sobretudo os camponeses mais pobres. Karu Manjhi, uma idosa dalitde Bihar, preparou uma pergunta para o primeiro-ministro Modi: “O que você acha do fato de um agricultor em seu país não poder alimentar seus próprios netos nem com uma refeição por dia?” Os dois netos e três netas de Manjhi comem arroz com lentilhas aquosas na escola pública, porque ela não tem condições de cultivar alimentos nutritivos em sua área de um hectare, agora dividida entre dois filhos (63% das terras agrícolas pertencem a agricultores marginais que possuem menos de 1 hectare). “Todos nós cultivamos apenas uma variedade de arroz porque é para esse que o governo garante um preço. Uma inundação repentina e tudo está podre”.

Cada região e comunidade tinha um horror diferente. Elas haviam travado suas batalhas locais, mas as respostas mais generosas do Estado foram paliativas. O adiamento das prestações da dívida, para os afetados pela seca, o combate às inundações e os sistemas de seguro oferecem alguma assistência, mas não bastam para alterar o que é cultivado, o que os agricultores ganham e como a água é usada.

Por isso, os fazendeiros trouxeram seus corpos – devastados pelo trabalho, desacostumados a câmeras de televisão e cansados de caminhar quilômetros – até o centro do poder. Em um raro momento, as castas superiores proprietárias de terras aliaram-se aos trabalhadores rurais sem terra; mesmo que seus interesses muitas vezes colidam, eles sabiam que seus destinos estão ligados. Os agricultores exigiram uma sessão especial de três semanas no Parlamento para discutir a crise agrícola. Além das leis sobre crédito agrícola e preços remunerativos, eles queriam um debate sobre a crise da água e práticas sustentáveis, em particular.

“Nós sinalizamos para onde vai o vento, observe-nos de perto”, disse Laxmiprasad Verma, um trabalhador agrícola de Varanasi que marchou com seu filho mais novo, Naineeta, de onze anos. Enquanto as milhares gritavam “Marenge nahin, ladenge!” [“Não morreremos, lutaremos”] os agricultores redefiniram-se como protagonistas, e não vítimas, da história da mudança climática.

Cerca de 200 sindicatos de agricultores organizaram-se nacionalmente sob o grande guarda-chuvas do Comitê de Coordenação Kisan Sangrarsh para toda a Índia, mas cada distrito mobilizou-se desde agosto. O grupo articulador foi All India Kisan Saha (AIKS), uma frente camponesa com raízes comunistas, mas muitos dos grupos eram organizações não partidárias que ajudam localmente os camponeses a batalhar por melhores preços, decidir o que plantar, como ter acesso aos mercados e reivindicar subsídios e reforma agrária. Rajkumari, do distrito de Sultanpur, em Uttar Pradsh, o Estado mais populoso da Índia, é participante da Associação de Mulheres Democrátcias da Toda a Índia (AIDWA), o braço feminino do Partido Comunista da Índia (Marxista). Ela chama a associação de aid-wah, com pronúncia hindi. Esta mulher de 40 anos nunca ouviu falar de Marx e assustou-se com o termo “maoísta”. Política, para ela, é uma forma de auto-realização. “Nós, mulheres, somos ensinadas a passar fome, quando a comida é escassa. Foi a primeira coisa que desaprendi”, disse. “Então, percebi: sou em quem semeio e colho arroz, tomo conta do gado, levo potes de água para casa. Por que não deveria ter salários e direitos iguais sobre a terra?”

“Simplesmente trabalhamos cada vez mais duro e gastamos cada vez mais em poços, sementes e tecnologia. Mas isso funciona?”, perguntou Mukhtayar Sing, de Punjab. Enquanto os manifestantes aguardavam e autorização da polícia para marchar, Singh perambulava, tentando falar com agricultores de outros Estados. Será que teriam encontrado outras maneiras de se adaptar”?

A maior parte dos fazendeiros, porém, não está mudando seus métodos para se adaptar às mudanças climáticas e à escassez de água. Em vez disso, estão cavando até70 metros para encontrar água – mas mesmo nesta profundidade, eles muitas vezes não encontram nada. Ou cultivam variedades tradicionais, que têm preços mínimos garantidos pelo governo, embora usem muita água e ofereçam poucos nutrientes. O arroz e o trigo são seriamente afetados pela mudança climática, mas ainda dominam os cultivos.

Quando nada funciona, os fazendeiros raspam juntos o tacho de suas economias para mandar seus filhos e filhas à escola, nas cidades mais próximas. Rulda Sing, de 57 anos, reza para que seus filhos nunca tenham de usar um arado. Quase 8 milhões de pessoas tiveram de deixar a agricultura, na década terminada em 2011, o ano do último censo indiano. Agricultores endividados ou trabalhadores agrócolas desocupados estão despejando alcatrão, carregando tijolos ou limpando o chão dos shoppings – dissolvendo-se no anonimato da vasta classe trabalhadora urbana. A Índia produz hoje mais comida do que nunca, mas reúne 24% das pessoas mal-nutridas no mundo e está longe de superar a fome crônica. “Eu como trigo, talvez meus filhos tenham de comer aço”, disse Rulda Sing, gargalhando. “O que eles fazem nos Estados Unidos? Na TV, todos os fazendeiros são gordos e ricos, e suas lojas de eletrodomésticos estão cheias”, disse Mukhtayar Sing. “Talvez eu deva ir para os Estados Unidos”.

Todas as manifestações, na Índia, necessitam uma autorização policial, e a polícia de Delhi demorou até domingo de manhã para permitir a marcha. Ela lançou avisos de trânsito sobre rotas a evitar, durante a manifestação de dois dias. Cerca de 3,7 mil policiais e membros de corpos paramilitares acompanharam o percurso. A visão das barricadas amarelas e das vans azuis da polícia fizeram Ramanamma, do estado sulino de Andhra Pradesh, lembrar dos canhões de água em suas costas, alguns anos atrás. À época, seu vilarejo reivinicava que as dívidas de agricultores como ela fossem canceladas.

Os protestos de agricultores já haviam quase dobrado em dois anos – de 2.683, em 2015, para 4.837, em 2016 –e continuam a emergir. Gás lacrimogênio e canhões de água são usados regularmente contra quem protesta. No ano passado, policiais que atiraram com munição real mataram seis camponeses em um protesto. Em março, cerca de 35 mil agricultores, a maior parte membros de tribos indígenas, caminharam mais de 200 quilômetros, durante sete dias, até Mumbai, exigindo títulos de terra. No norte e no oeste da Índia, agricultores despejaram cebolas e leite nas praças das cidades, em protesto contra os preços que recebiam pelos produtos.

Mulheres de Telangana, no sul, marcharam com retratos de seus pais, irmãos ou maridos que beberam pesticida – o veneno disponível mais próximo para um agricultor afundado em dívidas. Os bancos tendem a recusar empréstimos a pequenos componeses e trabalhadores agrícolas, por isso eles tomam emprestado de agiotas, a juros de 300%. Quando seu marido suicidou-se, Krishnamma recebeu uma modesta indenização do Estado. “No dia seguinte, três devedores bateram em casa – eu dei-lhes tudo”.

A boa notícia para Krishnamma é que ela conseguira manter pouco mais de um hectare de terra. A Aliança pela Agricultura Sustentável e Holística, uma rede nacional de 400 organizações camponesas, deu-lhe treinamento para o cultivo sustentável. Agora, em vez de plantar algodão e arroz, ela cultiva berinjelas e grão de bico, que são mais adaptados à mudança climática e podem florescer em temperaturas mais altas.

Outros, do Estado de Karnataka, praticam “agricultura de custo zero”, em que usam sementes ancestrais rústicas, obtidas gratuitamente. O governo de Kerala promove plantio compartilhadoentre agricultores marginais, especialmente mulheres, e incentiva a produção orgânica. Na marcha de Délhi, alguns camponeses do desertificado Rajastão explicavam manejo de bacias hidrográficas para outros de Bihar, onde famílias inteiras de pequenos proprietários e trabalhadores agrícolas estão migrando. Em meio à mobilização política, estes manifestantes não se esqueciam do futuro de seus cultivos.

*Rohini Mohan é jornalista que escreve sobre Política e Direitos Humanos na Ásia. Seu livro premiado, "The Seasons of Trouble" (2014) é um relato documental sobre a história de três pessoas vivendo no Sri Lanka após a guerra civil (1983-2009). Ela vive em Bangalore, Índia


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São Tomé | “O futuro do país está comprometido”


O Primeiro Ministro Jorge Bom Jesus, anunciou esta quarta feira no parlamento que o futuro do país está comprometido. Foi no debate parlamentar sobre o Estado da Nação. O Primeiro Ministro fez uma radiografia preocupante da situação do país.

Os números apresentados pelo Primeiro Ministro aos deputados, espelham o actual Estado da Nação são-tomense. O crescimento económico para 2018 estava previsto para atingir 5%, mas vai ficar entre 2 e 3 %. A inflação que em 2014 situava-se nos 6%, disparou em 2018 para 9%,, quando o anterior governo, prometeu para este ano baixar a inflação, até 5,6%.

As  reservas cambiais que em 2014 garantiam 6 meses de importação, e que em nenhum outro momento estiveram abaixo do limite fixado pelos parceiros internacionais, nomeadamente o FMI; acabaram por baixar em 2018 ao ponto de por em risco os compromissos internacionais. «As reservas internacionais líquidas cobrem actualmente apenas 2 meses de importação, pondo em risco a âncora cambial da dobra face ao euro», explicou o Primeiro Ministro.

Por outro lado São Tomé e Príncipe contraiu dívidas a um nível que não consegue pagar. O Primeiro Ministro anunciou que até junho passado, o fardo da dívida era de 332 milhões de dólares. «Sendo que precisam ainda de ser confirmados muitos engajamentos que não estão registados oficialmente e que podem aumentar substancialmente», frisou.

O Ministro das Finanças, Osvaldo Vaz, interveio para actualizar os números da dívida nacional. « Em 2014 tínhamos uma dívida de 260 milhões de dólares, mais 45 milhões de dólares que é o aval que o Estado são-tomense deu a ENCO para fornecimento de combustíveis a EMAE, totalizava 306 milhões de dólares», precisou o ministro.

E agora em 2018, qual é a situação? O ministro das Finanças esclareceu. « Em novembro de 2018 a dívida do país era de 495 milhões de dólares e mais a dívida para com a ENCO, temos agora um total de 587 milhões de dólares. Mas isto sem falar das dívidas que vários ministérios e sectores autónomos têm e que não estão registadas», esclareceu Osvaldo Vaz.

A divida pública cresceu cerca de 91% entre 2014 e 2018, acrescentou o ministro.

O fardo da dívida a par da regressão económica, provocou a explosão do desemprego  e o futuro está comprometido. «O futuro do país está comprometido. Gastou-se muito em comunicações e viagens. Que benefícios concretos resultaram destas viagens? Enquanto isso o subsídio dos idosos, regista um atraso de 2 anos», afirmou o Primeiro Ministro.

Os números avançados pelo Governo, indicam que o ex-Primeiro Ministro gastou mais de 600 mil dólares em viagens, e 1 milhão de dólares em comunicações.

A bancada da ADI reagiu através de Abnilde d´Oliveira. «A verdade senhor Primeiro Ministro é que São Tomé e Príncipe, está melhor do que estava em 2014, quando o ADI assumiu o poder através de uma maioria absoluta naquilo que sobretudo diz respeito ao desenvolvimento humano», declarou o líder da bancada parlamentar do maior partido da oposição.

No fim do debate, o Primeiro Ministro e a oposição, chegaram a conclusão de que apesar de tudo estar comprometido, continua firme a esperança do país no futuro.

Abel Veiga | Téla Nón

São Tomé | “Operação militar” para recolher o poder bélico da Força Especial de Patrice


O Ministro da Defesa e Ordem Interna declarou no parlamento que desde segunda – feira, 17 de Dezembro, que está em marcha uma operação militar no território nacional, para recolha do armamento de guerra, que pertencia à força especial criada pelo ex-Primeiro Ministro, e que foi treinada e equipada por oficiais militares do Ruanda.

«Demos início na segunda feira a uma operação, designada “São Tomé Poderoso”. Recolhemos as armas. São 90 homens especiais que foram preparados, e mais outros 90. Todos estavam sob mando directo do anterior Primeiro Ministro. Das armas pesadas que recolhemos, vou dar um exemplo… são 20 PKM, foram todas entregues as forças armadas. E estão a faltar mais, faltam os RPG7, ….e nós vamos procurar essas armas…», afirmou o ministro da defesa e ordem interna.

Fontes militares explicaram ao Téla Nón que PKM, é uma metralhadora pesada suportada por um tripé, e uma cinta de munições, cuja rajada implica o disparo de dezenas de munições, por segundo.

Já o RPG7, é uma espécie de lança míssil portátil, com capacidade de destruir carros blindados, e fortificações de betão.

Um potente arsenal bélico, que o Ruanda equipou a força especial do ex-Primeiro Ministro, e que agora está a ser recolhido pelas forças armadas de São Tomé e Príncipe, no âmbito da operação “ São Tomé Poderoso”.

Abel Veiga | Téla Nón

Guiné Equatorial proíbe e destrói carne de porco congelada


Governo tomou a decisão após ter sido alertado pela Organização Mundial da Saúde) sobre a possível presença da bactéria em produtos congelados.

O Governo da Guiné Equatorial proibiu e destruiu produtos de carne de porco congelados importados da Holanda, susceptíveis de conter bactérias “salmonella”.

O Governo explica, no seu “site”, que tomou a decisão após ter sido alertado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre a possível presença da bactéria em produtos congelados “de um matadouro da Holanda”.

Após uma reunião com os responsáveis das empresas que importam esses produtos, foi decidido “proibir, temporariamente, a importação e venda em toda a Guiné Equatorial” e os lotes afectados e identificados “serão destruídos”, indica o Governo.

A “salmonella” é uma bactéria que pode causar intoxicação alimentar, mas também febre tifóide e para-tifóide.

A Nação

Guiné-Bissau | Eleições legislativas marcadas para 10 de março


Decreto presidencial fixa a data de 10 de março para a realização das eleições legislativas na Guiné-Bissau. Decisão foi tomada após reunião com partidos políticos e o primeiro-ministro.

O Presidente da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, definiu 10 de março como a data oficial para a realização das eleições legislativas no país – anteriormente programadas para 18 de novembro. A decisão foi divulgada esta quinta-feira (20.12) em decreto presidencial, após reunião com os partidos políticos e o primeiro-ministro Aristides Gomes.

No decreto, o Presidente justifica que "por razões que se prendem com constrangimentos de caráter político-institucionais, não foi possível a mobilização a tempo dos meios técnicos, logísticos e financeiros com vista à realização das eleições na data fixada" anteriormente. Cita ainda o atraso no recenseamento dos eleitores como motivo para a escolha de uma nova data para o pleito.

Na reunião que tiveram com José Mário Vaz e Aristides Gomes, a maioria dos partidos políticos defendeu que as eleições legislativas fossem marcadas para o dia 10 de março, conforme cenário apresentado pelo Governo.

"Nos cenários que nós apresentámos temos 17 de fevereiro, 24 de fevereiro e 10 de março”, disse, à saída do encontro com o chefe de Estado, Aristides Gomes, citado pela agência de notícias Lusa.

Posição dos partidos

O Partido de Renovação Social (PRS), segunda maior força política do país, defendeu que a data de 10 de março seria a mais indicada, mas com reservas, porque está a ser feita uma auditoria ao processo de recenseamento eleitoral e ainda não são conhecidas as conclusões.

"O partido entende que é da competência do Presidente fixar a data das eleições, mas em todo o caso o partido recomenda o cumprimento da lei eleitoral e que a data de 10 de março seria o mais indicado", afirmou Maria Inácia Sanha, dirigente do partido.

O Partido da Convergência Democrática, que também tem assento parlamentar, recomendou ou finais de fevereiro ou 10 de março. Também a União Para a Mudança (UPM), outro partido com assento parlamentar na Guiné-Bissau, defendeu o terceiro cenário, porque respeita os prazos legais.

O líder da UPM, Agnelo Regala, disse que "essa opção tem a ver com duas coisas”. "Em primeiro para que todos os intervenientes do processo possam ter tempo de cumprir o que está previsto na lei e em segundo lugar para não dar azo a que, por incumprimento dos prazos legais, alguém possa vir a impugnar as eleições".

PAIGC tem outra posição

Já o Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) defendeu que as eleições devem decorrer no início de fevereiro por causa do calendário eleitoral da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).

"Como sabemos que durante o mês de fevereiro há uma agenda muito pesada na CEDEAO, devido às eleições na Nigéria e no Senegal sugerimos ao senhor Presidente, que se não for possível em janeiro, os primeiros dias de fevereiro para evitarmos entrar em choque com a agenda eleitoral da CEDEAO", afirmou Califa Seide, líder da bancada parlamentar do PAIGC.

Na semana passada, a CEDEAO, que está a mediar a crise política no país, pediu para as eleições fossem marcadas antes da realização da cimeira de líderes da organização, que vai decorrer no próximo sábado (22.12) em Abuja, na Nigéria, e que as legislativas fossem realizadas até ao final de janeiro.

Agência Lusa, tms | em Deutsche Welle

Cabo Verde | Manifestação S.Vicente: Poder político deve saber gerir as insatisfações, diz PR


O Presidente da República de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, diz que o poder político tem de saber gerir os "sinais e insatisfações" para poder manter "razoável a satisfação" nacional, social e regional.

O chefe de Estado cabo-verdiano falava ontem à imprensa, em reação à manifestação realizada no domingo em São Vicente pelo movimento cívico Sokols 2017, para exigir a reposição dos voos diretos internacionais da companhia aérea Cabo Verde Airlines (TACV) de e para a ilha.

“A manifestação é um direito consagrado na Constituição e, de certa maneira, a expressão é salutar numa vivência democrática, mas o que diria é que nós, o Governo, a Presidência e todos os outros, devemos acompanhar e estar atentos para interpretar os sinais para que quando forem relevantes e de legítima expressão de insatisfação, se traduzam em concretização de políticas públicas”, afirmou Jorge Carlos Fonseca, citado pela agência Inforpress.

O movimento Sokols 2017 criticou as declarações do primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, que disse que a TACV será privatizada e que as linhas aéreas serão definidas de acordo com “interesses de viabilidade comercial” e que o seu regresso à ilha “não é uma decisão administrativo-política do Governo”.

Jorge Carlos Fonseca adiantou que ouviu as afirmações do chefe do Governo através da comunicação social, mas salientou que é preciso saber ler e interpretar as declarações feitas por políticos.

“Eu interpretei isso no sentido de que o primeiro-ministro quis dar a entender que as políticas empresariais são decididas pelas empresas e que não se pode administrativamente impor medidas se elas não têm sentido no ponto de vista da lógica empresarial”, explicou.

Após a manifestação, que contou com mais de mil pessoas, Salvador Mascarenhas, presidente do Sokols 2017, não descartou outras formas de luta para ver os voos internacionais da companhia área pública de regresso a São Vicente.

Com a retirada da Cabo Verde Airlines, a transportadora aérea portuguesa TAP é a única companhia que faz voos internacionais regulares a partir de São Vicente para a Europa e os preços das passagens têm sido alvo de críticas por parte dos passageiros.

Lusa | em A Nação

Portugal | Greve «cirúrgica»: muita perplexidade e pouca acção


Nos últimos 45 anos estive na decisão de muitíssimas, algumas das maiores e mais prolongadas, greves realizadas em Portugal.

Manuel Guerreiro | Abril Abril | opinião

Sempre tive a preocupação de que fossem claros e transparentes os objectivos da greve, provocasse o maior custo aos patrões e ou governos responsáveis pelo seu desencadear, e tivesse o menor impacto colateral nos utentes das empresas e serviços afectados pela greve.

Os piquetes de greve eram constituídos e instruídos para garantir a segurança dos equipamentos e instalações, e no caso de serviços públicos e sociais serem afectados, sempre se tomavam medidas e despenderam valores significativos para produzir informação a esclarecer os utentes para lhe permitir atenuar as consequências e impacto da greve.

Ainda assim, quando as greves eram de maior impacto, sempre as vi serem zurzidas pelos partidos da direita, PSD e CDS-PP, pela maioria da comunicação social e «opinadores» de serviço.

Desde finais de Novembro, assistimos à greve dita «cirúrgica» envolvendo umas dezenas de enfermeiros dos blocos operatórios de cinco unidades do SNS, formalmente declarada pela novel Associação Sindical Portuguesa de Enfermeiros (ASPE), constituída em finais de Junho de 2017, com sede em Ovar, e, também pelo novel Sindicato Democrático dos Enfermeiros Portugueses (SINDEPOR), constituído em Setembro do mesmo ano, com sede em Évora, patrocinada pela Ordem dos Enfermeiros Portugueses – onde os ditos sindicatos, é público, reúnem.

Extraordinário que esta greve não tenha sido objecto de critica intensa, ao contrário conta com o apoio embevecido do PSD e CDS-PP, embora seja claramente contra os utentes dos blocos cirúrgicos de cinco das principais instituições de saúde pública portuguesa, como qualquer pessoa com um mínimo de experiência facilmente constata, especialmente se reflectir sobre as alarmistas declarações dos dirigentes ditos sindicais e da senhora Bastonária da Ordem dos Enfermeiros, conhecida activista e ex-dirigente do PSD.

Bastonária que em vez de falar de como salvaguardar os cuidados de saúde aos doentes necessitados, eventualmente da justeza das reivindicações e da adesão dos profissionais à greve, vem agitar a opinião pública com as consequências das greves sobre os utentes, mais de 5 mil actos cirúrgicos por realizar.

Sobre este alarmista parlar, não vi os «opinadores» zurzir os promotores da greve, e já soube haver apelos para a reflexão sobre o direito à greve dos trabalhadores da administração pública.

Com sinceridade, depois duma greve tão irresponsável e oportunista, com consequências tão dramáticas, os apelos à reflexão sobre o direito à greve, obviamente, visam liquidar o direito, não é preciso tirar nenhum «doutoramento» em reflexão para enxergar tal desiderato.

Há situações em que não podemos ficar-nos pelas manifestações de muita perplexidade e pouca acção.

Não questiono as reivindicações dos enfermeiros portugueses, que me parecem justas e oportunas, nem o direito básico dos enfermeiros lutarem por elas, incluindo o recurso à greve, porque isso é básico para um ex-sindicalista defensor do sindicalismo de classe e dos direitos e interesses dos trabalhadores, sejam eles enfermeiros, empregados de super's, hipermercados e logísticas, médicos, juízes, guardas prisionais, magistrados do ministério público, ferroviários, metalúrgicos ou outros.

Questiono a actuação da senhora ministra da Saúde e do Governo porque essa, sim, me deixou perplexo, quando, depois do que vimos e ouvimos das «Ordens» sobre as greves, a propósito das consequências para os utentes, oiço a mesma garantir que «tenho a certeza de que, se estiverem em causa riscos deontológicos, as ordens profissionais garantirão que os doentes não são colocados em risco».

Não! Quem tem de dar garantias de que os utentes são bem e adequadamente tratados, em tempo oportuno, é a senhora ministra da Saúde e o Governo.

Outra anormalidade desta greve!

É mesmo uma anormalidade, porque não conheço que alguma vez tenham sido pagos dias de greve com fundos recolhidos directamente ou via internet, como é anunciado ter acontecido com esta.

Anunciam, com a greve ainda em curso, que já recolheram, em poucos dias, mais de 360 mil euros para pagar os dias de greve. Dizem que vão fazer uma recolha, ainda maior, para pagar aos grevistas da próxima greve, já anunciada para Janeiro, nos blocos operatórios de mais unidades do SNS.

Participei em algumas campanhas de recolha de fundos, com destinos bem mais populares do que para financiamento de greves impopulares, e nunca tive notícia que se tenham recolhido, em tão pouco tempo, valores tão significativos.

Não acredito em bruxas, mas que as há, há!

Por isso, é preciso saber quem financia quem, e não é porque a recolha é feita via net, que não deve ser possível saber da origem das transferências para estes pagamentos.
Há muitos interesses em jogo, alguns bem endinheirados, aos quais muito interessa o desprestígio do SNS e das suas unidades mais apetrechadas e capacitadas, a transferência dos actos clínicos por fazer no público para o privado, bem como a liquidação do direito à greve.

É altura de agir, travar o passo a aventuras que usando e abusando da liberdade e da democracia, criam as condições para o seu funeral, e o retorno a tempos que queremos nunca mais ver repetidos!

Portugal | “AMARELOS”… SÓ OS DA CARRIS - tlim, tlim


A expetativa estava em alta acerca dos Coletes Amarelos que diziam que iam “Parar Portugal”? Se estava para alguns decerto que para a maioria dos portugueses assim não era e assim não foi. “Amarelos” só os da Carris, em Lisboa. Esses continuam na sua labuta e em marcha pelas ruas da capital – os também chamados elétricos.

Dos copistas “à la garçone” o que vimos é fracasso, desorganização, abordagens avulso e até sem nexo… e meia dúzia de gatos que abraçaram a tarefa sabe-se lá por que razão. Que eram apartidários… Talvez. Alguns, certamente que não todos. E da direita política? Pois. É o que mais parece. Mas só uns quantos. Porque a maioria dos que aderiram embarcaram mal e porcamente devido a ingenuidade. Nem se pode dizer que a tentativa valeu… Porque não valeu.

A comunicação social foi insistente a divulgar a ação daqueles coletes mas também não teve de esperar muito para cair na realidade e anunciar que os ditos ativistas amarelos e a iniciativa ocorre “quase sem expressão”.

Afinal o que queriam aqueles organizadores tão bem desorganizados? Coisas avulso e algumas disparatadas. Exigiam o salário mínimo para 700 euros (que bom) mas quem arcava com o excedente era o Estado, não os que na realidade pagam mal, muito mal, e arrebanham os lucros… Os patrões, os empresários. Era, não era? Pois.

E por aqui, neste exemplo, se vê a amarelada tentativa de uns que nem dão a cara e “sopram” reivindicações desgarradas, populistas. Alguns ingénuos aderiram e estão a dar conta de que caíram na esparrela. Será que nunca lhes ensinaram que para se lutar por ideais devemos saber por que se luta e para que se luta, contra quem se luta? Isso tudo com pés e cabeça... e com nexo.

Da TSF, por Rita Carvalho Pereira, incluímos uns parágrafos sobre o tema e desafiamos a que vá lá para ler e ouvir sobre aquela “coisa amarela”, inodora, mas que faz lembrar a repelente diarreia.

Bom dia. Bom fim-de-semana. Bom Natal. Dispa o colete, sorria… porque foi “apanhado”. Ups, mas já passou! (PG)

Protesto dos coletes amarelos quase sem expressão

Mais polícias que coletes amarelos. Os protestos desta sexta-feira registam, até agora, alguns constrangimentos no trânsito e uma pequena escaramuça em Braga.

A PSP e GNR a reforçaram o dispositivo de segurança, sobretudo nas entradas de Lisboa e Porto, mas esta podia muito bem ter sido mais uma manhã normal de sexta-feira. Nos vários pontos de encontro para o protesto, marcados através das redes sociais, têm comparecido algumas dezenas de manifestantes, que pouca ou nenhuma mossa têm provocado.

Inspirado no movimento dos 'coletes amarelos' em França, o protesto "Vamos parar Portugal" afirma-se como apartidário, tendo sido convocado através das redes sociais. Os manifestantes pedem uma redução de impostos na eletricidade, a diminuição do IVA e do IRC para as micro e pequenas empresas, bem como o fim do imposto sobre produtos petrolíferos e a redução do IVA sobre os combustíveis para metade.

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