sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

São Tomé | “O futuro do país está comprometido”


O Primeiro Ministro Jorge Bom Jesus, anunciou esta quarta feira no parlamento que o futuro do país está comprometido. Foi no debate parlamentar sobre o Estado da Nação. O Primeiro Ministro fez uma radiografia preocupante da situação do país.

Os números apresentados pelo Primeiro Ministro aos deputados, espelham o actual Estado da Nação são-tomense. O crescimento económico para 2018 estava previsto para atingir 5%, mas vai ficar entre 2 e 3 %. A inflação que em 2014 situava-se nos 6%, disparou em 2018 para 9%,, quando o anterior governo, prometeu para este ano baixar a inflação, até 5,6%.

As  reservas cambiais que em 2014 garantiam 6 meses de importação, e que em nenhum outro momento estiveram abaixo do limite fixado pelos parceiros internacionais, nomeadamente o FMI; acabaram por baixar em 2018 ao ponto de por em risco os compromissos internacionais. «As reservas internacionais líquidas cobrem actualmente apenas 2 meses de importação, pondo em risco a âncora cambial da dobra face ao euro», explicou o Primeiro Ministro.

Por outro lado São Tomé e Príncipe contraiu dívidas a um nível que não consegue pagar. O Primeiro Ministro anunciou que até junho passado, o fardo da dívida era de 332 milhões de dólares. «Sendo que precisam ainda de ser confirmados muitos engajamentos que não estão registados oficialmente e que podem aumentar substancialmente», frisou.

O Ministro das Finanças, Osvaldo Vaz, interveio para actualizar os números da dívida nacional. « Em 2014 tínhamos uma dívida de 260 milhões de dólares, mais 45 milhões de dólares que é o aval que o Estado são-tomense deu a ENCO para fornecimento de combustíveis a EMAE, totalizava 306 milhões de dólares», precisou o ministro.

E agora em 2018, qual é a situação? O ministro das Finanças esclareceu. « Em novembro de 2018 a dívida do país era de 495 milhões de dólares e mais a dívida para com a ENCO, temos agora um total de 587 milhões de dólares. Mas isto sem falar das dívidas que vários ministérios e sectores autónomos têm e que não estão registadas», esclareceu Osvaldo Vaz.

A divida pública cresceu cerca de 91% entre 2014 e 2018, acrescentou o ministro.

O fardo da dívida a par da regressão económica, provocou a explosão do desemprego  e o futuro está comprometido. «O futuro do país está comprometido. Gastou-se muito em comunicações e viagens. Que benefícios concretos resultaram destas viagens? Enquanto isso o subsídio dos idosos, regista um atraso de 2 anos», afirmou o Primeiro Ministro.

Os números avançados pelo Governo, indicam que o ex-Primeiro Ministro gastou mais de 600 mil dólares em viagens, e 1 milhão de dólares em comunicações.

A bancada da ADI reagiu através de Abnilde d´Oliveira. «A verdade senhor Primeiro Ministro é que São Tomé e Príncipe, está melhor do que estava em 2014, quando o ADI assumiu o poder através de uma maioria absoluta naquilo que sobretudo diz respeito ao desenvolvimento humano», declarou o líder da bancada parlamentar do maior partido da oposição.

No fim do debate, o Primeiro Ministro e a oposição, chegaram a conclusão de que apesar de tudo estar comprometido, continua firme a esperança do país no futuro.

Abel Veiga | Téla Nón

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