A Controladoria Geral da
Venezuela (CGV) ordenou uma auditoria ao património do autoproclamado
Presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, por suspeitas de que terá
falsificado dados da sua declaração de património.
A investigação faz parte de uma
resolução emitida pelo titular da CGV, Elvis Amoroso, designado em 2017 pela
Assembleia Constituinte (composta unicamente por simpatizantes do regime) que
acusa Juan Guaidó de ter recebido dinheiro de organismos venezuelanos e
internacionais.
"Ordena-se o início de um
procedimento de auditoria patrimonial ao cidadão Juan Gerardo António Guaidó
Márquez, em conformidade com o previsto na Lei Orgânica da Controladoria Geral
da República, do Sistema Nacional de Controlo Fiscal e no decreto com classificação,
valor e força de Lei Contra a Corrupção", explica o texto.
Nos considerandos da resolução
lê-se que Juan Guaidó terá, supostamente, "ocultado ou falsificado
dados" na declaração de património que entregou sob juramento e que
"tem recebido dinheiro proveniente de instâncias internacionais e
nacionais, sem justificá-lo".
Na decisão da auditoria é
justificado que a Constituição da Venezuela prevê que os deputados da
Assembleia Nacional, presidida por Guaidó e maioritariamente composta por
elementos da oposição, dedicam-se exclusivamente à atividade parlamentar, pelo
que não podem receber "nenhum tipo de rendimentos por outro trabalho
público ou privado".
"Igualmente não podem ser
proprietários, administradores ou diretores de empresas que contratem com
entidades jurídicas, nem poderão gerir causas particulares com interesse
lucrativo", refere o texto da resolução.
Segundo a Controladoria Geral da
Venezuela, "a auditoria patrimonial é o mecanismo usado para comprovar a
veracidade da declaração" e "inclui o exame e avaliação da situação
patrimonial e das atividades económicas levadas a cabo pela pessoa sujeita a
verificação".
A legislação venezuelana prevê
sanções de inabilitação para o exercício de funções públicas até 15 anos aos
funcionários públicos que cometam irregularidades.
A crise política na Venezuela
agravou-se em 23 de janeiro, quando o líder da Assembleia Nacional, Juan
Guaidó, se autoproclamou Presidente da República interino e declarou que
assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.
Guaidó, 35 anos, contou de
imediato com o apoio dos Estados Unidos e prometeu formar um governo de
transição e organizar eleições livres.
Nicolás Maduro, 56 anos, no poder
desde 2013, recusou o desafio de Guaidó e denunciou a iniciativa do presidente
do parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados
Unidos.
A maioria dos países da União
Europeia, entre os quais Portugal, reconheceram Guaidó como Presidente interino
encarregado de organizar eleições livres e transparentes.
A repressão dos protestos
antigovernamentais desde 23 de janeiro provocou já 40 mortos, de acordo com
várias organizações não-governamentais.
Esta crise política soma-se a uma
grave crise económica e social que levou 2,3 milhões de pessoas a fugirem do
país desde 2015, segundo dados das Nações Unidas.
Na Venezuela, antiga colónia
espanhola, residem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes.
Jornal de Notícias | Foto: Carlos
Garcia Rawlins/Reuters
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