Salazar e os fascistas |
Irene Pimentel diz que "não
foram meros executores, foram mentores"
A historiadora Irene Flunser
Pimentel regressa à história da Polícia Internacional e de Defesa do Estado
(PIDE) para a contar através de cinco das figuras mais marcantes da polícia
política da ditadura, no livro "Os Cinco Pilares da PIDE".
Nesta obra, Irene Flunser
Pimentel acompanha a evolução da PIDE com um enfoque particular sobre num dos
seus principais elementos, considerado o "número 2", e "para
alguns o verdadeiro chefe dessa polícia", Agostinho Barbieri Cardoso. O
livro destaca, ainda, o percurso do diretor dos Serviços de Informação Álvaro
Pereira de Carvalho, o "tarimbeiro" António Rosa Casaco, que
atravessou vários cargos e várias eras na polícia política, o operacional
Casimiro Monteiro e o diretor dos Serviços de Investigação José Barreto Ferraz
Sacchetti Malheiro.
"Acho que é fundamental
falarmos das pessoas, de que forma é que elas marcaram e foram marcadas pelo
seu próprio trabalho na polícia política", diz Irene Pimentel.
Irene Pimentel justifica a
escolha dos cinco elementos com o facto de querer falar de Barbieri Cardoso por
ser considerado "a principal figura da PIDE", Sacchetti e Pereira de
Carvalho por estarem à frente, respetivamente, dos serviços de Investigação e
de Informação, Rosa Casaco por não só ter estado "em todos os setores da
PIDE", mas também por ter chefiado a brigada que foi a Espanha matar o
general Humberto Delgado e a sua secretária Arajaryr Campos, e Casimiro
Monteiro, condenado pelo assassinato dos dois últimos e responsável pelo envio
da bomba que matou o presidente da Frelimo, Eduardo Mondlane, em Dar-es-Salam.
Como é sublinhado no livro, a
PIDE/DGS foi "um instrumento central de um regime político oligárquico,
longamente assente na chefia ultracentralizada de um ditador", tratando-se
de uma "polícia que sempre defendeu o regime, cujos diretores funcionaram
enquanto correias de transmissão de Salazar, que conhecia a sua atuação e
confiava nela".
Cavaco Silva, da PIDE, estranhamente eleito PR de Portugal pós 25 de Abril de 1974 |
Questionada sobre a importância
de trazer para o presente o conhecimento acerca de acontecimentos e figuras do
Estado Novo, cada vez mais distantes no tempo, Irene Pimentel responde que o
que pode fazer, perante "negacionismo, revisionismo e sobretudo
confusões" sobre o passado, "é contribuir para diminuir as confusões
e explicar através da investigação com um pouco mais de complexidade o que é
que aconteceu".
"Se a história não ensina,
até porque não se repete da mesma forma, ou se não ensina o que gostaríamos que
ensinasse, pelo menos tenho a certeza de que será muito pior se desconhecermos
o passado porque aí repetimos mesmo [os erros] ", afirma a historiadora.
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