Pequim, 22 abr 2019 (Lusa) - A
China vai exibir, na terça-feira, o rápido crescimento do seu poderio naval,
com a maior parada militar marítima da sua história, reforçando laços com os
exércitos de países vizinhos e estimulando o patriotismo doméstico.
A parada, que marca o 70.º
aniversário das forças navais do Exército de Libertação Popular, realiza-se nas
águas de Qingdao, nordeste do país, e deve servir para apresentar o Destroyer
55, o mais recente contratorpedeiro de mísseis guiados a integrar as forças
navais chinesas.
Depois de mais de duas décadas de
sucessivos aumentos dos gastos militares, a China está a converter a sua
marinha, até então limitada à defesa costeira, numa força capaz de patrulhar os
mares próximos do país e de se aventurar no alto mar global.
Pequim considera este avanço
crucial para proteger os seus interesses nacionais, mas suscita preocupação em
Washington, que vê agora em causa a sua hegemonia militar no Pacífico, mantida
desde a Segunda Guerra Mundial.
As forças navais do Exército de
Libertação Popular querem "acelerar a construção de uma força naval
compatível com o estatuto do país" e "capaz de responder às ameaças à
segurança marítima e dissuadir e equilibrar forças com o principal
adversário", lê-se num editorial assinado pelo vice-almirante Shen Jinlong
e o vice-almirante e diretor político das forças navais chinesas, Qin
Shengxiang.
Os responsáveis consideraram a
construção de ilhas artificiais capazes de receber instalações militares no Mar
do Sul da China - um avanço que aumentou as tensões com países vizinhos e os
Estados Unidos - como um feito para as forças navais chinesas.
O mesmo editorial destaca ainda a
retirada de cidadãos chineses durante o conflito no Iémen, em 2015, a conclusão, no ano
passado, do Destroyer 55 - o primeiro porta-aviões de construção chinesa -, e o
estabelecimento da primeira base militar do país além-fronteiras, em Djibuti,
no Corno de África.
Segundo especialistas, o
Destroyer 55 é a primeira embarcação de guerra da China que está ao nível do
norte-americano Ticonderoga.
Com mais de 10.000 toneladas, a
embarcação está dotada de 112 unidades com sistema de lançamento vertical (VLS,
na sigla em inglês), usadas para disparar mísseis contra aviões adversários.
O país continua, ainda assim, a
ter menos de um décimo do total de 8.720 unidades VLS que dotam a marinha
norte-americana, embora as suas capacidades estejam a aumentar rapidamente.
Segundo o Instituto Internacional
para Estudos Estratégicos, a frota de navios de guerra antiaérea dos EUA
aumentou de 51 para 87, nos últimos 20 anos, enquanto a China passou de nenhum
para 15.
Oficiais de mais de 60 países
assistirão à parada militar de terça-feira, a maior de sempre do país, segundo
a imprensa chinesa.
Quase metade dos países, alguns
aliados dos Estados Unidos, vão enviar navios para participar do desfile.
Uma fragata de Singapura foi a
primeira a chegar a Qingdao, na quinta-feira. As Filipinas e o Vietname, que
reclamam territórios no Mar do Sul da China, trouxeram também embarcações
militares.
O Japão, que abriga o maior
número de bases militares norte-americanas próximas da China, participará com
um contratorpedeiro, ilustrando o reaproximar entre Tóquio e Pequim.
Os EUA não enviarão qualquer
navio.
Washington esteve representado
pelo seu chefe de operações navais, no 60º aniversário das forças navais do
Exército de Libertação Popular, em 2009, mas desta vez enviou apenas o adido de
Defesa da embaixada em Pequim.
A decisão ilustra um declínio nos
contactos entre os exércitos das duas potências, enquanto o Pentágono enfatiza
a necessidade de conter a ascensão da China.
JPI // FPA // LUSA
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