Presidente francês diz que para
corte franceses precisarão trabalhar mais. Em coletiva, líder anuncia ainda
redução de gastos públicos e reforma da Previdência. Propostas resultam de
diálogos com sociedade civil.
Em resposta aos protestos
dos "coletes amarelos", que sacudiram a França nos últimos meses,
o presidente francês, Emmanuel Macron, prometeu nesta quinta-feira (25/04)
cortar impostos, reduzir o gasto público e realizar uma reforma da Previdência.
Perante integrantes do governo e
centenas de jornalistas, Macron apresentou as conclusões do chamado Grande
Debate – uma série de diálogos promovida nos últimos três meses em várias
cidades com a sociedade civil que foram criadas em reação às recentes
manifestações.
"Os coletes amarelos são um
movimento inédito que mostrou a cólera e a impaciência para que as coisas mudem
e que o povo francês continue a progredir num mundo incerto. Este movimento foi
tomado pelos extremismos. Agora é o momento da ordem pública voltar",
disse Macron, no início da coletiva, que transmitida ao vivo.
Macron, que está lutando para se
livrar do rótulo de "presidente dos ricos", afirmou que pretende
realizar um corte significativo no imposto de renda, que seria em torno de 5
bilhões de euros. No entanto, ele defendeu a necessidade dos franceses
"trabalharem mais" para compensar a queda na arrecadação.
"Precisamos trabalhar mais,
como eu já havia dito antes. A França trabalha muito menos do que seus
vizinhos. Precisamos de um debate sério sobre isso", destacou o líder, na
coletiva que durou quase duas horas.
Apesar de oferecer poucos
detalhes sobre suas propostas, Macron excluiu aumentar a jornada de trabalho
semanal ou cortar feriados. Ele defendeu que os trabalhadores contribuam por
mais tempo para a previdência, porém, disse ser contra aumentar a idade mínima
da aposentadoria, que é atualmente de 62 anos.
O presidente afirmou ainda que o
corte de impostos será financiado em parte com o fim de algumas isenções
fiscais que beneficiam as empresas, além da redução do gasto público previsto
por seu governo.
A respeito da previdência, a
intenção de Macron é que o mínimo para as pensões contributivas fique acima dos
1.000 euros. O presidente disse que uma proposta de reforma no sistema de
aposentadorias será apresentada pelo governo em breve, cujo foco será aumentar
as pensões mais baixas que serão indexadas à inflação.
O presidente francês também
enumerou outros objetivos para o resto do mandato, como uma reforma
constitucional que permita uma descentralização "diferenciada", a
redução do número de parlamentares e a introdução de uma porcentagem de
proporcionalidade na Câmara Baixa.
Macron prometeu ainda
descentralizar o governo, com mais poderes para os eleitos locais e a
reorganização da função pública, promover referendos e evitar o fechamento de
escolas ou hospitais. Segundo o presidente, as mudanças devem ocorrer dentro do
próximo ano.
Macron se mostrou favorável ao
fechamento Escola Nacional de Administração (ENA) – instituição de elite que
forma o alto escalão do funcionalismo público do país e líderes
empresariais – e a uma reforma no processo de contração de funcionários
públicos do alto escalão. Essa é uma das medidas mais polêmicas de seu
discurso.
As principais medidas anunciadas
nesta quinta-feira já tinham sido vazadas pela imprensa francesa após o
cancelamento do discurso televisionado no dia 15 de abril, devido ao incêndio
na catedral de Notre Dame.
Os protestos dos coletes amarelos
surgiram em meados de novembro, originalmente em protesto contra um aumento dos
preços dos combustíveis e o crescente custo de vida. As manifestações logo se
transformaram em um movimento mais amplo contra Macron e sua política de
reformas econômicas.
CN/efe/rtr/lusa/afp | Deutsche
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