Pequim, 13 mai 2019 (Lusa) - A
primeira faculdade dedicada ao português na China continental quer complementar
o ensino da língua com conhecimentos "mais aprofundados" sobre os
países lusófonos e "aumentar o intercâmbio internacional", revelou
hoje à agência Lusa a diretora.
"É um passo natural, que nos
permitirá ter mais recursos, mais possibilidades e mais alunos e
professores", explicou a diretora do departamento de português da
recém-formada Faculdade de Estudos Hispânicos e Portugueses, da Universidade de
Estudos Estrangeiros de Pequim (Beiwai).
A nova instituição nasce da
elevação do estatuto do mais antigo departamento de ensino do português na
China continental, aberto em 1961, implicando um aumento do orçamento para
contratação de corpo docente e organização de atividades e palestras.
Até 1999, apenas a Beiwai e a
Universidade de Estudos Internacionais de Xangai ofereciam licenciaturas em
português.
Desde então, as instituições de
ensino superior da China continental a incluir licenciaturas em português
aumentaram de três para 25. No total, mais de 1.500 estudantes chineses
frequentam agora cursos em português.
O estabelecimento de uma
faculdade permitirá, no entanto, "construir um sistema de conhecimento
mais aprofundado, mais sistemático", sobre a lusofonia, detalhou Patrícia
Jin.
"Com esta evolução,
abriremos mais cadeiras, em cinco área de estudo: linguística, tradução,
literatura, ciência política, economia e comércio", explicou.
"Os alunos terão uma parte
obrigatória e central, ensinada em português, mas também acesso aos cursos de
outras faculdades", disse.
A instituição abarcará quatro
centros, incluindo o Centro Beiwai - Universidade de Lisboa -Instituto Camões;
uma fundação e uma editora de manuais de ensino da língua.
O aumento do orçamento permitirá
ainda alargar o corpo docente, atualmente composto por oito professores
chineses, uma leitora portuguesa e um leitor brasileiro, e organizar palestras.
"Só neste semestre
realizamos seis palestras académicas, com a participação de professores chineses,
portugueses e brasileiros, de diferentes disciplinas", sintetizou Jin.
A aposta da 'beiwai' reflete a
crescente necessidade da China em formar melhores quadros para trabalhar com os
países de língua portuguesa, face à evolução das trocas comerciais, que só em
2018 se cifraram em 147.354 milhões de dólares (131.206 milhões de euros), um
aumento de 25,31%, em termos homólogos.
O destaque vai sobretudo para
Angola e Brasil, cujas trocas com a China compõem a maioria deste comércio.
JPI // PJA
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