Díli, 20 ago 2019 (Lusa) -- O
Presidente da República timorense defendeu hoje mais esforços para apoiar
ex-combatentes deficientes, traumatizados física e mentalmente, idosos e
carenciados, excluídos socialmente que "vivem em crise permanente".
"É inegável o que tem sido
feito, mas muito resta por fazer em apoio de combatentes deficientes,
traumatizados física e mentalmente, idosos, carenciados, excluídos socialmente.
Eles vivem em crise permanente", afirmou Francisco Guterres Lu-Olo.
"Não há tempo a perder. O
apoio de que necessitam para garantir uma velhice condigna aos que se bateram
pela pátria se vier amanhã será tarde", disse em Díli.
Francisco Guterres Lu-Olo falava
nas cerimónias oficiais que assinalam hoje o 44.º aniversário das Falintil, o
braço armado da resistência timorense à ocupação indonésia e que foi o alicerce
das atuais Forças de Defesa de Timor-Leste (F-FDTL).
Repetindo recados em intervenções
anteriores, Lu-Olo admitiu a complexidade de lidar com as questões dos
veteranos e ex-combatentes da luta contra a ocupação indonésia, afirmando que é
de "elementar justiça" tanto "honrar a memória dos
mártires" como "cuidar da dignidade dos vivos e da resolução dos
problemas" com que vivem.
"Estou consciente das
dificuldades. Tenho presentes as adversidades", afirmou.
Para o chefe de Estado a
cerimónia de hoje deve também ir além da homenagem, recordando o espírito das
Falintil para procurar "inspiração, a força e a determinação para
prosseguir na longa epopeia rumo ao desenvolvimento social e bem-estar, à
libertação da pobreza do povo", à consolidação da autoestima e à unidade
de ação.
"A jornada é ainda longa
rumo à nossa libertação da pobreza, desenvolvimento económico e social. Muitas
são ainda as necessidades básicas a satisfazer, mas estamos empenhados em
renovar o nosso compromisso de honra para continuarmos a valorizar esse legado,
lutando e vencendo esses desafios da atualidade, sempre unidos e a construir a
nossa prosperidade em paz", afirmou.
"Hoje, evoca-se esse passado
difícil, mas glorioso, mas também o futuro que queremos em segurança, com
desenvolvimento económico e social, em paz, liberdade e com sentido
patriótico", sustentou.
Um dia que "faz parte da
memória coletiva" dos timorenses e que assinala o momento, há 44 anos,
quando "os militares timorenses responderam, no quartel-general português,
em Taibesse, ao apelo para a insurreição geral armada" lançado cinco dias
antes pela Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin).
O braço armado da Fretilin --
partido que declarou unilateralmente a independência de Timor-Leste a 28 de
novembro -- transformou-se depois numa força apartidária, como braço da
resistência à ocupação indonésia entre dezembro de 1975 e 1999.
"É por devoção e para
evocação de uma data que representa para todos nós timorenses o momento para
expressar o respeito e a profunda homenagem ao sacrifício de um povo e dos seus
combatentes da libertação nacional que, com determinação, firmeza e bravura,
durante 24 anos de luta, nos levaram à conquista da nossa liberdade e
independência", disse.
Lu-Olo - que foi ele próprio
membro das FALINTIL -- recordou a geração que lutou pela independência, pela
"reconstrução nacional e na defesa e valorização da história comum de luta
e de afirmação" dos timorenses.
"Nenhuma pátria que se
respeite pode esquecer a dedicação e o sacrifício de toda uma geração que, por
ela, tudo deu", disse.
"Hoje reavivamos a memória,
homenageamos uma geração, um povo e os seus combatentes. Hoje evocamos o
esforço, a determinação e o sofrimento do nosso amado povo que quis que o seu
sonho de libertação e independência se tornasse realidade", afirmou.
As cerimónias contam com a
presença das principais individualidades do país, incluindo o presidente do
Parlamento Nacional, Arão Noé Amaral, do primeiro-ministro, Taur Matan Ruak, e
do presidente do Tribunal de Recurso, Deolindo dos Santos.
Entre os presentes estão também o
chefe do Estado-Maior General das FALINTIL - Forças de Defesa de Timor-Leste
(F-FDTL), Lere Anan Timur, e do seu homólogo português, António Silva Ribeiro,
que conclui quarta-feira uma visita a Timor-Leste.
ASP // JMC
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