Díli, 01 set 2019 (Lusa) --
Militares timorenses, alguns a ser formados em Portugal, deverão a partir do
próximo ano integrar contingentes portugueses que sejam destacados em missões
de paz das Nações Unidas, disse hoje o ministro da Defesa Nacional, João Gomes
Cravinho.
"Portugal e Timor-Leste vão
trabalhar em conjunto em operações de paz. Acreditamos que em 2020 já será
possível concretizar esse objetivo. Será uma forma de dar experiência concreta
em operações de paz a militares timorenses", afirmou Cravinho em
declarações à Lusa em Díli.
A ideia de integração de
militares timorenses em operações de paz das Nações Unidas, em contingentes
portugueses tem vindo a ser discutida tanto a nível bilateral como no espaço da
ONU, permitindo a Timor-Leste participar em missões internacionais.
"É também uma forma que
Timor-Leste tem de corresponder aquilo que foi o grande apoio da comunidade
internacional nos primeiros anos de independência de Timor-Leste, fornecendo
militares para operações de paz em outras partes do mundo", disse.
Cravinho disse que há já
militares timorenses a ser formados em Lamego, em operações especiais,
"quadros com toda a capacidade para corresponder a um grau de exigência
elevado para missões das Nações Unidas".
"Será necessário ter um
período de aprontamento em Portugal, como têm as nossas forças antes de irem
para missões da ONU. Vamos trabalhar nisso e creio que em 2020 poderemos já pôr
em prática essa ideia", disse.
Esta foi uma das questões que
marcou a agenda das reuniões que João Gomes Cravinho manteve em Díli com as
autoridades timorenses, incluindo o seu homólogo Filomeno Paixão, o
primeiro-ministro Taur Matan Ruak e o Presidente Francisco Guterres Lu-Olo.
Cravinho, que concluiu hoje uma
visita oficial a Díli de três dias, esteve na capital em representação do
primeiro-ministro António Sampaio no 20º aniversário da Consulta Popular em que
os timorenses escolheram a independência.
Uma oportunidade, disse, para
celebrar a "extraordinária caminhada de 20 anos" desde o referendo --
Cravinho visitou Timor-Leste em setembro de 1999 -, e para dizer às autoridades
timorenses que "Portugal está com eles hoje, como esteve ao longo destes
20 anos" e antes, no apoio à autodeterminação.
No domínio da cooperação
bilateral, Cravinho disse que Portugal tem disponibilidade para "apoiar os
novos desafios com que Timor-Leste se enfrenta e que correspondem a uma fase de
consolidação mais avançada das forças armadas" do país.
Um dos setores de cooperação
será, disse, no apoio ao processo de criação da Autoridade Marítima, cuja base
legal deverá ser apresentada em breve em Conselho de Ministros.
"Falámos naturalmente da
autoridade marítima nacional. É um grande desafio com que Timor se confronta,
ainda mais agora no caso da consolidação das fronteiras marítimas com
Austrália", disse.
"Muito em breve o Governo
timorense adotara formalmente o modelo que quer implementar para a
autoridade", parecido ao modelo português, o que trazer a experiência
portuguesa para Timor-Leste e dar o apoio que é necessário para esta fase.
"A mensagem que levo é de
que da parte timorense há expectativa e vontade de continuidade dessa grande
ligação. Portugal é um símbolo maior no imaginário timorense e no coração dos
timorenses e nós temos obrigação de reciprocar e corresponder a essa
realidade", disse.
O apoio de Portugal às Forças de
Defesa de Timor-Leste (F-FDTL) começou ainda antes da assinatura a 20 de maio
de 2002 -- data da restauração da independência - do Acordo de Cooperação
Técnico-Militar (CTM) entre os dois países.
Portugal selecionou, formou e
aprontou um Batalhão com um efetivo de 600 militares, que marchou no Dia da
Independência, e ofereceu duas lanchas de fiscalização da Classe
"Albatroz".
O acordo mais recente foi
assinado em mais de 2017 e centra-se, em particular, na capacitação
institucional, capacitação de recursos humanos e reforço do uso da língua
portuguesa.
ASP // PJA
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