A plataforma da sociedade civil,
"Sala da Paz", considerou este domingo (01.09) que o arranque da
campanha eleitoral foi "satisfatório", mas aponta que se registaram
alguns ilícitos eleitorais.
As eleições presidenciais,
legislativas e provinciais de 15 de outubro próximo têm o concurso de quatro
candidatos à Presidência da República, 26 partidos políticos aos 250 assentos
no parlamento e aos 794 lugares das 10 Assembleias Provinciais.
A Comissão Nacional de Eleições
(CNE) apelou aos partidos e candidatos para se distanciarem de actos de
violência e de incitamento ao ódio.
"A violência eleitoral não é
mais do que falta de argumentos, porque quem tem argumentos coloca os seus
argumentos e sabe que as pessoas vão consumir esses seus
argumentos," avaliou Paulo Cuinica, porta-voz do órgão.
Os primeiros dois dias da
campanha foram marcados pela realização de comícios, desfiles, contatos
interpessoais, afixação de material de propaganda, e divulgação dos manifestos
eleitorais.
Nas presidenciais, apenas os
candidatos da FRELIMO e do Partido Acção do Movimento Unido para a Salvação
Integral saíram à rua no primeiro dia da campanha.
Filipe Nyusi, que concorre à sua
sucessão pelo partido no poder, disse num showmício na cidade da
Beira que a paz continua a ser um de seus pilares de governação.
"Continuará na minha cabeça
a palavra paz, como também vou meter mais uma palavra: emprego para a
juventude," declarou.
Já o candidato do partido Acção
do Movimento Unido para a Salvação Integral, Mário Albino, prometeu num comício
na cidade de Nampula, “primeiro respeitar a democracia, segundo respeitar os
detentores do poder do Estado, para que eles também saibam retribuir”.
Por seu turno, o candidato
presidencial do MDM, Daviz Simango, agendou o lançamento da sua campanha para
este domingo (01.09) no Gurué, na província da Zambézia, centro do país.
Sabe-se que o candidato da
RENAMO, Ossufo Momade, é esperado esta segunda-feira (02.09) em Maputo.
Os primeiros dois dias
A DW África perguntou a Dércio
Alfazema da "Sala da Paz" que avaliação fazia do início da
campanha.
"Nós consideramos que o
arranque da campanha foi de todo satisfatório," respondeu.
Dércio Alfazema disse que aquela
plataforma da sociedade civil que agrupa mais de 70 organizações não tem
conhecimento de nenhuma situação de impedimento de realização de campanha nas
regiões afectadas pelos ataques dos insurgentes em Cabo Delgado e nas zonas
consideradas de risco devido às ameaças da autoproclamada "Junta Militar
da RENAMO".
Alfazema apontou, no entanto, que
se registaram algumas situações preocupantes - como é o caso da perda de vidas
humanas em Pemba e Sofala, devido a acidentes de viação. Mencionou também
"uma grande incidência de destruição de material de campanha a nível
nacional, a colocação de panfletos em locais proibidos e há alguns indícios de
uso de bens públicos".
Dércio Alfazema disse que a
"Sala da Paz" constatou ainda indícios de intolerância na
província de Gaza. Informou que o partido "Nova
Democracia" depois de comunicar à polícia a sua pretensão de realizar
um comício viu o local indicado a ser ocupado por simpatizantes da FRELIMO,
havendo suspeitas de envolvimento da corporação na fuga de informação.
Atraso na liberação de fundos
A "Sala da
Paz" está também preocupada com o atraso no desembolso dos fundos do
Estado para o financiamento da campanha. Segundo a lei, deviam ter sido
disponibilizados até 21 dias antes do arranque deste processo. Para Dércio
Alfazema, "isso está, de alguma forma, a trazer uma situação de injustiça
- sobretudo em relação aos partidos que não têm representação na Assembleia da
República".
Leonel Matias (Maputo) | Deutsche
Welle
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