segunda-feira, 4 de novembro de 2019

Web Snowden em Portugal e a centelha do Poucochinho Mendes


O norte-americano que denunciou as práticas de espionagem da Agência de Segurança Nacional (NSA) dos EUA, Edward Snowden, vem a Lisboa. Estará presente na Web Summit que começa hoje. Lisboa engalanada, para eles e para elas. Snowden estará na abertura deste evento por videoconferência. O seu refúgio é na Rússia e as agências norte-americanas da árvore genealógica da CIA/NSA, assim como Trump & Associados, andam "peladinhos" por o liquidar.

Vão ser libertados milhões para a realização da Web Summit. Hoteleiros estimam em mais de quatro milhões de euros o que arrecadarão. É obra. E o evento só estará em cartaz até ao próximo dia 7, quinta-feira. Mais milhões haverá... É só fazer as contas.

Mais no Expresso Curto de hoje. Trump em processo de destituição. Aquilo a que os manientos chamam "impeachment" - porque gostam de trocar o inglês pelo português. Personalidade de 'cagões'.

Multi temas são abordados neste Curto que verá a seguir. A lavra é de Pedro Cordeiro. Do Burgo Balsemão. O futebol também ali mora e o Reino Unido não vai faltar, nem o despenteado mental do Boris PM. Sanchez, do PSOE, campanha eleitoral espanhola. Olé! A literatura não falta. Que Medina vai substituir Centeno, adiantou Poucochinho Mendes. Sabem tudo, os venenosos do tipo Marques Mendes, homem e negócios de paredes foscas (e muito para muitos)). Que Costa e Centeno desatinaram. Talvez, mas o veneno destilado do alcoviteiro televisivo já cansa. O avaro anda sempre na senda de arrecadar os euros cintilantes vendendo balelas. Talvez guardando-os num qualquer paraíso fiscal. Topam?!

Adiante. Já em seguida o Curto sem mais considerações. O dia está morno e a semana será destinada a tomarmos balanço. Amanhã melhor será. Guardem saúde cuidando dela. Os que podem, porque a maioria dos portugueses(as) acerca desse bem de saúde, estão mesmo muito quilhados. É a vida que os neoliberalistas nos oferecem, do tipo veneno do já citado minorca televisivo. 

"Homem pequenino, velhaco ou dançarino", dito pela sabedoria popular. Escolham. E então? Não?

Avante. Na volta cá vos esperamos. Amanhã. Bom dia, se conseguirem.

MM | PG




Bom dia este é o seu Expresso Curto

Apitadores e faladores

Pedro Cordeiro | Expresso

Bom dia!

Há alguém que quer falar. E tem quem queira ouvi-lo. Com o processo de destituição (impeachment) de Donald Trump em marcha (hoje há audiências), o ou a denunciante que contou ao mundo que o Presidente dos Estados Unidos pressionara o da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, a investigar os negócios de Joe Biden e seu filho Hunter naquele país, durante uma chamada telefónica, diz-se na disposição de testemunhar na investigação que decorre na Câmara dos Representantes. Há dias expliquei aqui a mecânica do impeachment, caso queira recordar.

Com o Partido Republicano apostado em descobrir a identidade do whistleblower — termo que remonta ao século XIX e que significa, à letra, “aquele que sopra no apito” — e o próprio chefe de Estado a exigir-lhe que diga quem é (“Errou taaanto que ELE tem de chegar-se à frente”, twittou), a pessoa em causa aceita responder por escrito às perguntas que os congressistas republicanos queiram fazer-lhe, anunciou o seu advogado, Mark Zaid. Avisa, porém, que esclarecerá os factos em causa, não a sua identidade (que, por lei, não é obrigado a indicar). Aguarda-se a reação dos aliados de Trump no Congresso, encabeçados pelo lusodescendente Devin Nunes.

Em causa no impeachment está, recorde-se, a suspeita de que Trump utilizou o cargo para pressionar um homólogo a fornecer-lhe informações que prejudiquem Biden, ex-vice-presidente nos tempos de Barack Obama e putativo candidato presidencial em 2020. Para tal terá mesmo retido um pacote de ajuda militar à Ucrânia, um país aliado, de valor equivalente a mais de 300 milhões de euros e que o Congresso já aprovara. Isto constitui, dizem os acusadores, um nítido abuso de poder.

Quinta-feira a Câmara dos Representantes aprovou — com 232 votos a favor e 196 contra — a abertura formal de um inquérito para confirmar se há fundamentos para destituir Trump, cujas sessões serão públicas. O Presidente procura desacreditar o processo e assegura que quem o denunciou está a soldo do Partido Democrata, uma “pessoa de Obama” e “anti-Trump”. A versão que circula sobre a comunicação com Zelenskiy é falsa, alega, embora o próprio Trump tenha afirmado numa conferência de imprensa que pedira ao ucraniano para investigar Biden, ao mesmo tempo que defendia que a China deveria fazer idêntico esforço.

A Casa Branca cedo anunciou que não colaboraria na investigação, tendo mesmo indicado Robert Blair, um conselheiro do chefe de gabinete de Trump que ouviu o telefonema em causa e deveria depor hoje, a não se deslocar à Câmara dos Representantes. O Politico.com assegura que o Presidente segue obsessivamente este assunto. “Da Sala Oval à residência da Casa Branca ao [avião presidencial] Air Force One, segue de perto a forma como os congressistas republicanos digerem as mais recentes revelações da sua gestão da Ucrânia e a vigiar as suas afirmações para detetar qualquer sinal de hesitação ou perceção de deslealdade”, escreve o jornal digital, que publicou um guia interativo sobre os protagonistas deste caso.

Enquanto isso, Mr. Trump goes to Florida, isto é, o milionário nova-iorquino alterou a sua residência fiscal. O Estado onde assentou arraiais é, recordemos, um swing state, daqueles que oscilam entre democratas e republicanos nas eleições presidenciais e que, portanto, ajudam a decidir quem ganha (perguntem a Al Gore, caso tenham dúvidas). Para lá de possíveis motivações políticas, na raiz de tudo estão dinheiro e escrutínio. Em todo o caso escreve “The New York Times”, o Presidente e o seu Estado-natal já andavam desencontrados há muito.

O mês em que comemorará três anos de eleição nasce, pois, aziago para Trump. Quando a investigação do procurador Robert Mueller sobre as ligações entre a sua equipa e o regime russo pareciam coisa do passado, foram divulgadas 500 páginas de documentos que mostram que Paul Manafort, amigo e diretor de campanha do Presidente, andou a espalhar teorias da conspiração sobre... a Ucrânia, nem mais. Assinalemos a efeméride com esta análise aos 11 mil tweets presidenciais desde a tomada de posse.

Outras notícias

Todos ao Parque das Nações Arranca hoje mais uma Web Summit. Com 70 mil visitantes esperados e 2000 startups inscritas, a iniciativa vai animar a FIL (e vários pontos do lazer noturno alfacinha) até quinta-feira. Por ali passarão centenas de oradores em vários palcos, pondo em contacto potenciais investidores e empreendedores. A secção de Economia do Expresso explica que impacto terá tudo isto no país.

Novo falador A Câmara dos Comuns do Reino Unido escolhe hoje o seu novo speaker, escreve o camarada Hélder Gomes. Este cargo, que data de 1376, foi nos últimos nove anos ocupado pelo carismático John Bercow (de cujos gritos “Ooooordeeeer!” irei ter saudades). “The Daily Telegraph” conta quem são os candidatos a suceder-lhe e as chances que têm. A sessão começa pelas 14h30 e pode ser seguida em direto aqui.

Reino Desunido Ainda além-Mancha, a corrida ao voto para as legislativas antecipadas de 12 de dezembro está ao rubro. Nigel Farage avisou Boris Johnson, este fim de semana, de que ou o primeiro-ministro deita o seu acordo de saída da UE para o lixo ou o Partido do Brexit, que lidera, terá candidatos em todos os círculos, com possível mossa no eleitorado conservador. O próprio Farage, todavia, não concorrerá. Já Boris Johnson assegura que só ele pode levar a cabo o ‘Brexit’, ao passo que pede desculpa por ele não ter acontecido quinta-feira passada, conforme prometera. Sobre as eleições e o seu possível resultado recomendo as peças dos camaradas Ana França e Ricardo Costa na edição semanal do Expresso. E ainda o cartoon de Matt no “Telegraph”, sempre delicioso.

Dragões e leões com sorte oposta O FC Porto venceu ontem o lanterna-vermelha Desportivo das Aves, na Liga NOS de futebol, ao passo que o Sporting caía no terreno do Tondela. Os dois resultados foram pela vantagem mínima e quem assina as crónicas na Tribuna Expresso é a Lídia Paralta Gomes. À frente do campeonato continua o Benfica, que ontem teve mais um motivo para sorrir: o golo do Tondela foi marcado por Bruno Wilson, neto de Mário, o homem que tantas vezes assumiu os comandos do clune da Luz.

Lewis à meia dúzia O britânico Lewis Hamilton sagrou-se campeão de Fórmula 1 pela sexta vez. O Expresso sublinha a importância de quem lhe sopra ao ouvido e recupera um perfil do piloto, elaborado em 2017.

Axl rose... from the floor Ou seja, o vocalista dos Guns N’ Roses levantou-se do chão após aparatosa queda num concerto em Las Vegas, noticia a Blitz. Lembrei-me logo da chuva de garrafas de plástico com que foi recebido no velho estádio de Alvalade, em 1993, após deixar os fãs à espera mais de uma hora. Melhores recordações deixou em 2017, quando refez a banda com Slash e Duff e se apresentou no Passeio Marítimo de Algés. A respeito de locais onde fomos felizes a ouvir música, recomendo este percurso por salas defuntas que vão do Dramático de Cascais ao Ritz Clube ou ao portuense Aniki-Bobó. O trabalho tem cinco anos mas é, como memórias que evoca, intemporal.

Frases

“Fernando Medina é uma solução que se fala nos bastidores, num círculo restrito do PS” Luís Marques Mendes, comentador da SIC, ex-líder do PSD e conselheiro de Estado, augurando voos ministeriais ao edil de Lisboa, de quem afirma ser hipótese para um dia substituir Mário Centeno nas Finanças e, quiçá, António Costa ao leme do PS

“Juros baixos são maus para os jovens que não têm pais ricos” David Miles, ex-membro do Banco de Inglaterra, citado pelo “Observador”

“Há empresas grandes e autocráticas que prejudicam o mundo” Paddy Cosgrave, fundador da Websummit, em entrevista ao “Público”

“Sánchez, Iglesias e eu temos de sentar-nos no dia 11 e fazer um Governo” Íñigo Errejón, político espanhol que saiu do Podemos e fundou o Mais País, explicando em entrevista a “El País” o que o primeiro-ministro socialista Pedro Sánchez, o seu ex-líder Pablo Iglesias e ele próprio terão de fazer a seguir às legislativas do próximo domingo, 10 de novembro

O que ando a ler

Dois livros muito diferentes e muito bons, um novíssimo, outro renascido. Primeiro, “The Testaments”, de Margaret Atwood, recentemente vencedor do Booker Prize, ex aequo com “Girl, Woman, Other”, de Bernardine Evaristo. Retomando o fio à meada do distópico “História de uma Serva”/“The Handmaid’s Tale”, Atwood leva-nos de volta à teocracia de Gilead, quinze anos depois dos acontecimentos do romance de 1985. Já não é pelos olhos de Offred, mas de pessoas relacionadas com a protagonista daquela primeira obra, que o leitor fica a conhecer o que aconteceu depois, mas também antes.

Das origens daquele Estado totalitário, criado onde um dia houvera os Estados Unidos da América, à resistência incipiente que tenta fazer-lhe frente, o que me impressiona neste livro (vou a meio) é que aquele mundo tão diferente do nosso tenha, afinal, ecos dele. Isso é ainda mais patente na excelente e duríssima adaptação televisiva que a Hulu fez do primeiro livro, transpondo-o para os nossos tempos. A série vai na terceira temporada, sendo que as duas últimas não se cingem ao livro original, embora sejam caucionadas pela escritora. Aposto que também “The Testaments” chegará um dia ao pequeno ecrã.

Para desanuviar disto tudo, nada melhor do que “O Livro dos Gatos Práticos do Velho Gambá”, nova edição bilingue de “The Old Possum’s Book of Practical Cats”, de T.S. Eliot, o livro que inspirou Andrew Lloyd Webber a compor o musical “Cats” (cujas letras são quase ipsis verbis os poemas do livro). Desta feita a tradução para português é do poeta Daniel Jonas e conserva a musicalidade dos divertidos escritos de Eliot. Quanto a “Cats”, após décadas no West End londrino e na Broadway de Nova Iorque (com passagem há uns anos pelo noso Campo Pequeno e antes pelos Coliseus de Lisboa e Porto), chega ao cinema a 20 de dezembro.

Com tais miados canoros me despeço, recordando que a informação continuará a fluir ao longo do dia nos sites do ExpressoTribunaBlitz e Vida Extra. Pelas 18h há Diário, sábado voltará a haver semanário, que começamos hoje a alinhavar. Até lá, até breve, até sempre.

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