sexta-feira, 3 de maio de 2019

A expansão armamentista e a derrocada da paz


Gasto militar dos EUA volta a crescer e já é semelhante ao PIB da Holanda ou Suíça. Alta deflagra corrida global às armas. Para completar, tratados de paz estão ameaçados de extinção

Carlos Torralba, no El País Brasil | Outras Palavras | Imagem: Ted Aljib (AFP)

O gasto militar dos EUA subiu no ano passado pela primeira vez desde 2010. A Administração de Donald Trump elevou o investimento em Defesa em 4,6% com relação ao ano anterior, chegando a 649 milhões de dólares (2,56 bilhões de reais), ou 36% do total mundial, que cresceu até seu máximo histórico. Washington e seu rival estratégico, a China, somam pela primeira vez mais de metade do investimento global em Defesa, segundo os dados publicados nesta segunda-feira pelo Instituto Internacional de Estocolmo para a Pesquisa da Paz (SIPRI).

Desde sua chegada à Casa Branca, em 2016, Donald Trump nunca ocultou sua intenção de fortalecer ainda mais a supremacia militar dos Estados Unidos sobre seus dois principais rivais geoestratégicos, a China e a Rússia. Os drásticos cortes do republicano em meio ambiente, cooperação internacional e ajudas contra a pobreza energética lhe permitiram reforçar sua musculatura militar, com 39 bilhões de dólares a mais que no ano anterior.

Apesar do incremento, o gasto de Washington em Defesa ainda é 19% inferior ao que era em 2010, embora o contexto na época fosse diferente: os Estados Unidos estavam totalmente envolvidos nas guerras do Afeganistão e Iraque, com dezenas de milhares de soldados mobilizados. Hoje contam com um contingente muito reduzido no Afeganistão e várias centenas de assessores militares na Síria e Iraque. Trump reiterou seu interesse em reduzir ao mínimo a presença de tropas norte-americanas nessas zonas de conflito.

“O aumento do gasto dos EUA responde mais a uma estratégia de dissuasão do que às exigências atuais de suas operações no exterior”, diz por telefone Aude Fleurant, pesquisadora do SIPRI. A especialista prognostica que, salvo em caso de “catástrofe financeira”, Trump aumentará o gasto em Defesa a cada ano de sua presidência, apesar dos obstáculos representados pelo déficit público e a perda do controle da Câmara de Deputados, que voltou em novembro às mãos democratas após oito anos de domínio republicano.

Pela VOX do CDS


Miguel Guedes | Jornal de Notícia | opinião

O episódio folclórico da passadeira arco-íris na Avenida Almirante Reis, em Lisboa, é sintomático. O que os representantes do CDS de Arroios conseguiram fazer aprovar por unanimidade na Assembleia de Freguesia foi unanimemente destruído por esta nova versão espanholada "à lá VOX" do CDS.

Para homenagear a comunidade LGBTI no dia 17 de Maio (foi este o dia, em 1990, que a Organização Mundial de Saúde retirou a homossexualidade da Classificação Internacional de Doenças), nada melhor então do que retirar os esqueletos do armário. A doença do extremismo populista está à solta e o CDS procura arrumar-se à Direita, deixando o conservadorismo na gaveta, para soltar o Nuno Melo que tem em si. Cai assim por terra o pequeno percurso progressista de Assunção Cristas, caminho tão mal-amado no partido que nem precisou de perder eleições internas para perder terreno na liderança.

À medida que esbranquiça passadeiras para todos, recusando o simbolismo folclórico de uma passadeira colorida mas ilegal face às regras do trânsito interno do partido, os barões assinalados do CDS juntam-se aos sectores VOX para reclamar aquilo a que têm direito: o direito à convivência e à mudança de rumo. O partido que permite que a "Tendência Esperança em Movimento" evolua internamente com um líder, Abel Matos Santos, que defende que o 25 de Abril comemora "a liberdade de abortar, de mudar de sexo de manhã e à tarde", saudoso do tempo de Salazar em que "Portugal era um país a sério e governado por gente a sério", psicólogo clínico que considera que os homossexuais "têm mais doenças e sofrem mais", não pode queixar-se, um dia que não virá longínquo, de que a tendência vire poder ou cresça o suficiente para cindir com o partido para se autonomizar. Criar um monstro. Foi assim que o VOX espanhol surgiu, pela mão das pessoas às quais o PP espanhol deu guarida em nome da "velha" Espanha de cinzas. Nuno Melo, ao recusar o rótulo de extrema-direita ao VOX, sabe bem no que o CDS se está a tornar ou está a permitir criar. Estranho é que o CDS de Cristas vá atrás.


Em causa está a "crise política" na sequência da votação sobre o descongelamento na íntegra do tempo de serviço dos professores.

O primeiro-ministro faz hoje uma declaração ao país, após reunir-se com o Presidente da República na sequência da crise causada com a aprovação pelo parlamento da contabilização total do tempo de serviço dos professores.

Segundo fonte oficial do executivo, a declaração ao país de António Costa será feita a partir da residência oficial do primeiro-ministro.

O parlamento aprovou na quinta-feira uma alteração ao decreto do Governo, com os votos contra do PS e o apoio de todas as outras forças políticas, estipulando que o tempo de serviço a recuperar são os nove anos, quatro meses e dois dias reivindicados pelos sindicatos docentes.

Portugal | Um debate, um golpe falhado e o Serviço Nacional de Saúde


Jorge Rocha* | opinião

1. Há muito tempo, que não via a SIC por ser tão evidente a linha editorial imposta por Ricardo Costa para prejudicar o mais possível o irmão. Embora pouco dado a assuntos bíblicos detesto cains, que não olham a meios para satisfazerem os seus interesses egoístas, nem que para tal assassinem os irmãos. A exceção hoje feita àquela regra só deu razão à justeza de a prosseguir: o «moderador» escolhido por Ricardo Costa para o debate sobre as Eleições Europeias só se preocupou em interromper Pedro Marques sempre que iniciava uma linha de raciocínio no seu discurso, enquanto permitiu total liberdade a Paulo Rangel para dizer o que queria ou, pior ainda, permitir a Nuno Melo o lamentável espetáculo de demagogia primária, que explica bem porque está efetivamente voxizado.

2. Pode-se explicar a estratégia de Bento Rodrigues como causa-efeito das deceções acumuladas pelas direitas nos meios de comunicação nos dias mais recentes: não só engoliram em seco com o fracasso do golpe de Guaidó na Venezuela como se viram obrigadas a reconhecer a vitória socialista no país vizinho. Terem a expetativa de verem a Península Ibérica confiada a governos socialistas constitui-lhes pesadelo, que ameaça causar-lhes insónias por muitos e bons anos.


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