sábado, 13 de julho de 2019

Portugal | MP investiga ‘truque’ de Berardo para enfraquecer bancos


Empresário madeirense alterou os estatutos da Associação Coleção Berardo enfraquecendo a posição dos bancos.

Ministério Público (MP) está a investigar a alegada ‘golpada’ de Joe Berardo aos bancos Caixa Geral de Depósitos, BCP e Novo Banco, através da Associação Coleção Berardo, a dona das obras de arte e cujos títulos de participação foram dados em penhor da dívida de 1.000 milhões de euros junto dos bancos.

Os referidos bancos tinham então um penhor sobre 100% dos títulos da Associação, contudo, o empresário alterou os estatutos da mesma e fez aumentos de capital que acabaram por diluir a posição da banca, tornando praticamente impossível chegar aos quadros.

Na audição a Joe Berardo, os deputados perceberam por que razão a posição dos bancos tinha sido enfraquecida. “Eles [os credores pensam que têm maioria, mas não têm”, disse na altura, dando conta de que foram dados "aumentos de capital”. Ou seja, nas palavras de Berardo, a posição dos bancos não era diluída “se tivessem ido aos aumentos de capital”.

Portugal | Estado da Nação


Ana Alexandra Gonçalves* | opinião

Para além da reposição de parte dos rendimentos e da resistência à tentação de aplicar cortes tão do agrado do anterior governo, o actual Executivo dedicou-se quase exclusivamente à redução do défice, e com algum sucesso.

No entanto, essa redução do défice tem sido feita à custa do desinvestimento, à semelhança do que tem sido feito no passado, ou da não reposição do investimento necessário para o funcionamento adequado dos serviços, comprometendo, consequentemente, o próprio Estado Social.

Assim, e para se atingir as metas anunciadas com pompa e circunstância, o Governo deixa que a degradação na Saúde, Educação, transportes e noutros serviços do Estado considerados essenciais, continue a fazer o seu caminho.

Portugal | O estado da vida


Manuel Carvalho da Silva * | Jornal de Notícias | opinião

Assistimos esta semana a uma discussão vazia sobre o "estado da nação", quando tanto precisamos de análises sérias sobre os problemas muito concretos que marcam a vida dos portugueses e portuguesas e de propostas simples para a sua resolução. Diz-se que este tipo de discussão é natural em período de campanha eleitoral. Digo não a esse argumento. Primeiro, porque todos os debates regulares sobre a situação do país devem ser rigorosos. Segundo, a campanha eleitoral para as eleições de outubro não deve ser vazia de respostas objetivas, pois isso esvaziará a democracia e afastará as pessoas do ato do dever de votar.

Os portugueses não precisam de um concurso entre partidos sobre a melhor propaganda para vender a promessa de "mais investimento público" ou de "descer impostos". Precisamos sim de garantias reais para fazer chegar os recursos disponíveis aonde eles são necessários e têm de ser investidos - não basta o compromisso de colocar verbas nos orçamentos do Estado. Na questão fiscal, o que interessa mesmo é saber-se com rigor três coisas: i) as receitas que o país pode ter e de que precisa, à luz da sua capacidade económica e financeira e dos serviços que o Estado deverá garantir às pessoas; ii) conhecer-se as medidas que vão impedir a fuga fiscal; iii) garantir que a carga fiscal seja distribuída com mais justiça e aplicar o princípio mais solidário de todos, que é, cada cidadão pagar em cada ano os impostos correspondentes à riqueza adquirida nesse ano.

O enigma da sobrevivência neoliberal


Como um projeto fracassado, social e economicamente, mantém-se há 30 anos? Em parte, devido ao poder de uma minoria ínfima. Mas é preciso encontrar resposta mais profunda – e, em especial, uma saída que convença as maiorias

Robert Kuttner | Outras Palavras | Tradução: Antonio Martins

Desde o final dos anos 1970, vivemos um enorme experimento para testar a afirmação segundo a qual mercados “livres” realmente funcionam bem. Esta ressurreição ocorreu apesar do fracasso do laissez-faire, nos anos 1930, a humilhação consequente da teoria dos mercados “livres” e, em contraste, o sucesso do capitalismo regulado, durante o boom de três décadas do pós-II Guerra.

Quando o crescimento arrefeceu, nos anos 1970, a teoria econômica ultraliberal teve uma nova chance. Ela demonstrou ser muito conveniente para os conservadores, que voltaram ao poder na década seguinte. A contrarrevolução neoliberal, na teoria e na prática, reverteu ou solapou quase todos os aspectos do capitalismo regulado – a tributação progressiva, as transferências de renda em favor do bem-estar, as políticas antitruste, o empoderamento dos trabalhadores e a regulamentação dos bancos e outros grandes setores econômicos.

A premissa neoliberal sustenta que mercados “livres” podem regular a si mesmos; que o Estado tem incompetência inerente, deixa-se capturar por certos interesses e representa uma intrusão na eficiência do mercado; que, em termos da distribuição de riquezas, os resultados sancionados pelo mercado são, em essência, merecidos; e que a redistribuição cria incentivos perversos, ao punir os vencedores econômicos e recompensar os perdedores. Por isso o Estado deveria afastar-se das relações de mercado.

Os Irmãos Muçulmanos como auxiliares do Pentágono


Thierry Meyssan*

Prosseguimos a publicação do livro de Thierry Meyssan, «Sous nos yeux» (Sob os Nossos Olhos). Neste episódio, ele descreve como a organização terrorista dos Irmãos Muçulmanos foi integrada no Pentágono. Ela foi ligada às redes anti-Soviéticas constituídas com antigos nazis durante a Guerra Fria.

Este artigo é extraído do livro Sob os nossos olhos. Ver o Índice dos assuntos.

5— Os islamistas nas mãos do Pentágono

No início dos anos 90, o Pentágono decide incorporar os islamistas —que até aí estavam unicamente na dependência da CIA— às suas operações. É a Operação Gládio B, em referência aos Serviços Secretos da OTAN na Europa (Gládio A [1]).

Durante uma década, todos os chefes islamistas —aí incluídos Osama Bin Laden e Ayman al-Zawahiri— se deslocam a bordo de aviões da US Air Force (Força Aérea americana). O Reino Unido, a Turquia e o Azerbaijão participam na operação [2]. Por conseguinte, os islamistas —que até aí eram combatentes da sombra— são agora «publicamente» integrados nas Forças da Otan.

A Arábia Saudita que é ao mesmo tempo um Estado e propriedade privada dos Saud— torna-se oficialmente a instituição responsável pela gestão do islamismo mundial. O Rei proclama uma Lei Fundamental, em 1992, segundo a qual «O Estado protege a fé islâmica e aplica a Charia. Impõe o Bem e combate o Mal. Cumpre os deveres do Islão (...) A defesa do islamismo, da sociedade e da pátria muçulmana é o dever de todo o súbdito do Rei».

Em 1993, Carlos, o Príncipe de Gales, coloca o Oxford Center for Islamic Studies sob o seu patrocínio, enquanto o Chefe dos Serviços Secretos sauditas, o Príncipe Turki, toma a direcção do mesmo.

Londres torna-se abertamente o centro nevrálgico da Gládio B, a tal ponto que se fala de «Londonistan» («Londristão»-ndT) [3]. Sob a égide da Liga Islâmica Mundial, os Irmãos Muçulmanos árabes e a Jamaat-i-Islami paquistanesa criam uma quantidade de associações culturais e religiosas ligadas à mesquita de Finsbury Park. Este dispositivo irá permitir recrutar inúmeros kamikazes, desde aqueles que irão atacar a escola russa de Beslan até Richard Reid, o «Shoe bomber». O Londristão inclui, em especial, inúmeros média, editoras, jornais (al-Hayat e Asharq al-Awsat —ambos dirigidos por filhos do actual Rei Salman da Arábia—) e televisões (o grupo MBC do Príncipe Walid bin Talal emite uma vintena de canais), que não são destinados à diáspora muçulmana no Reino Unido, mas, sim com emissões dirigidas ao mundo árabe; tendo o acordo entre os Islamistas e a Arábia Saudita sido estendido ao Reino Unido –-total liberdade de acção, mas interdição de ingerência na política interna. Este conglomerado emprega vários milhares de pessoas e movimenta gigantescas quantias de dinheiro. Ele irá permanecer aberto até aos atentados de 11 de Setembro de 2001, quando se tornará impossível aos Britânicos continuar a justificar a sua existência.

França | A greve nas urgências hospitalares continua a estender-se


Rémy Herrera

Desde há quase quatro meses, a mobilização do pessoal dos serviços das urgências hospitalares públicas não cessa de ganhar importância. Este movimento, travado por enfermeiros/as e auxiliares de cuidados, no essencial, mas igualmente por médicos, começou em 18 de Março último no hospital Saint-Antoine (no Leste de Paris) quando os cuidadores deste estabelecimento decidiram protestar contra a degradação das suas condições de trabalho – e agressões que têm sido vítimas vários membros da sua equipe médica (nomeadamente em 13 de Janeiro). Algumas semanas mais tarde, no fim de Maio, cerca de sessenta serviços se puseram em greve prorrogável(reconductible) em todo o território francês; em meados de Junho, cerca de uma centena lhes haviam seguido os passos. E agora, no princípio de Julho, eram 154 serviços públicos de urgências (dos 524 com que conta o país) que haviam entrado na luta, agora com ligações de solidariedade com seus colegas grevistas ou em estreito contacto com o colectivo Inter-Urgências que foi constituído para estruturar e reforçar esta greve. No presente momento, 22 dos 39 hospitais do grupo Assistance publique - Hôpitaux de Paris (AP-HP), dentre os quais alguns dos maiores estabelecimentos da capital (como os de La Pitié-Salpêtrière, Lariboisière, Saint-Louis, Tenon, etc.), declararam-se oficialmente em greve ilimitada. 

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