Ana Alexandra Gonçalves* | opinião
Para além da reposição de parte
dos rendimentos e da resistência à tentação de aplicar cortes tão do agrado do
anterior governo, o actual Executivo dedicou-se quase exclusivamente à redução
do défice, e com algum sucesso.
No entanto, essa redução do
défice tem sido feita à custa do desinvestimento, à semelhança do que tem sido
feito no passado, ou da não reposição do investimento necessário para o
funcionamento adequado dos serviços, comprometendo, consequentemente, o próprio
Estado Social.
Assim, e para se atingir as metas
anunciadas com pompa e circunstância, o Governo deixa que a degradação na
Saúde, Educação, transportes e noutros serviços do Estado considerados
essenciais, continue a fazer o seu caminho.
Deste modo, o estado da Nação que
se discute só pode ser visto de uma forma genericamente negativa. O Governo de
António Costa escolheu os ditames europeus, sem qualquer contestação, em
detrimento da melhoria dos serviços públicos. O ministro das Finanças, também
Presidente do Eurogrupo, prefere os cortes assimétricos para o cumprimento de
metas absurdas do que melhorar o funcionamento desses serviços. De resto, não
se vislumbra o Presidente do Eurogrupo, que passa a vida a mandar postas de
pescada aos países menos cumpridores, contestar estas regras draconianas.
Em suma, o estado da Nação
continuará a andar pelas ruas da amargura enquanto se insistir na escolha do
cumprimento acéfalo das regras sem qualquer espécie de espírito crítico. Resta
saber até quando os partidos à esquerda do PS, que viabilizaram a actual
solução governativa, continuarão a alinhar nesta farsa.
*Ana Alexandra Gonçalves | Triunfo da Razão
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