Nobel de Economia aponta: ricos
protegem seus mercados, mas querem os de outros países abertos. Alternativa é
controlar finanças, tributar corporações (inclusive as da internet) e retomar
investimentos públicos que rompam os oligopólios
Joseph Stiglitz, entrevistado
pelo Le Monde, traduzido por Aluisio Schumacher, na Carta Maior | em Outras Palavras
Longe de proteger melhor os
perdedores da globalização, a política económica de Donald Trump agravará as
desigualdades. Em seu novo livro a ser publicado em 26 de setembro, People,
Power & Profits (Ed. The Free Links, 24 euros), Joseph Stiglitz, professor de
economia da Universidade de Colúmbia (New York), é muito crítico em relação ao
Presidente dos Estados Unidos. Se julga que os riscos de uma nova grande crise
financeira são limitados no curto prazo, o Prémio Nobel de Economia de 2001
prega por uma reforma do capitalismo, favorecendo a regulação e o papel do
Estado.
Guerra comercial, tensões de
mercado, Brexit … Devemos temer uma nova recessão ou mesmo uma crise financeira?
As incertezas são numerosas e as intervenções do Federal Reserve dos EUA (Fed, banco central), que injetou precipitadamente nos últimos dias biliões de dólares em liquidez nos mercados, deixaram muitas pessoas nervosas. A probabilidade de que tenhamos em breve uma crise financeira da mesma magnitude que a de 2008 permanece baixa. Por outro lado, é certo que nossas economias registarão uma desaceleração acentuada.
As incertezas são numerosas e as intervenções do Federal Reserve dos EUA (Fed, banco central), que injetou precipitadamente nos últimos dias biliões de dólares em liquidez nos mercados, deixaram muitas pessoas nervosas. A probabilidade de que tenhamos em breve uma crise financeira da mesma magnitude que a de 2008 permanece baixa. Por outro lado, é certo que nossas economias registarão uma desaceleração acentuada.
Na Europa, as novas medidas de
acomodação adotadas em setembro pelo Banco Central Europeu (BCE) serão
suficientes para combater essa desaceleração?
A ação do BCE retirou a zona do euro da crise da dívida soberana de 2012, mas falhará em restaurar um crescimento dinâmico. A redução das taxas novamente tem agora um efeito desprezível ou mesmo negativo em atividades como a oferta de crédito. Hoje, a único instrumento que pode efetivamente apoiar o crescimento é a política fiscal – especialmente em estados com espaço de manobra nessa área, como a Alemanha.
A ação do BCE retirou a zona do euro da crise da dívida soberana de 2012, mas falhará em restaurar um crescimento dinâmico. A redução das taxas novamente tem agora um efeito desprezível ou mesmo negativo em atividades como a oferta de crédito. Hoje, a único instrumento que pode efetivamente apoiar o crescimento é a política fiscal – especialmente em estados com espaço de manobra nessa área, como a Alemanha.
Os outros países membros, como a
França, estão limitados pelas regras do pacto de estabilidade. O ideal seria
flexibilizá-las e que a área do euro adotasse também um real instrumento
orçamentário comum. Mas isso requer reformas complexas e demora para
implementar.