Díli, 21 fev 2020 (Lusa) -- O
secretário-geral da Fretilin, maior partido no parlamento timorense, disse hoje
ter um "otimismo moderado" sobre a possibilidade de formar um novo
Governo com uma maioria parlamentar em Timor-Leste.
"Posso dizer que há um
otimismo moderado do nosso lado sobre a possibilidade de sermos nós a formar
Governo com uma coligação, inclusão e incidência parlamentar", disse hoje
Mari Alkatiri, em declarações à Lusa.
"É aquilo que já tinha
avançado em 2017 [depois da vitória da Fretilin nas legislativas desse ano].
Garantindo à partida uma maioria parlamentar porque a chave aqui está no
parlamento, não no Governo", explicou.
O dirigente da Frente
Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) disse ainda assim que o
seu otimismo moderado "é justificado" e que no sábado "haverá
luz ao fundo do túnel", garantindo uma aliança a "100 por cento"
com o Partido Libertação Popular (PLP), do atual primeiro-ministro, Taur Matan
Ruak.
Uma opção, explicou, que garante
à coligação 31 dos 65 lugares no parlamento (23 da Fretilin e oito do PLP) a
que se somam "dois outros" dos partidos mais pequenos -- sem explicar
quais -- e mais um em modelo de incidência parlamentar.
Em causa estão os apoios dos três
deputados dos partidos mais pequenos no parlamento, Partido Unidade e
Desenvolvimento Democrático (um deputado), Frente Mudança (um) e União
Democrática Timorense (um).
Os mesmos deputados são apontados
também como podendo integrar a coligação que primeiro foi anunciada, liderada
pelo Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT) de Xanana Gusmão -- 21
deputados -- com os cinco cada do Partido Democrático (PD) e Kmanek Haburas Unidade
Nacional Timor Oan (KHUNTO).
Um alto dirigente do CNRT disse à
Lusa que os três deputados das forças mais pequenas "estão
garantidos" na coligação liderada por Xanana Gusmão.
A mesma informação foi confirmada
por um alto dirigente do PD que hoje escreveu ao CNRT a confirmar a sua
participação na coligação.
A Lusa tentou confirmar a
posições dos três partidos, não tendo conseguido obter qualquer comentário até
ao momento.
Questionado sobre o facto de o
partido recuar nas repetidas afirmações de que não estava interessado em
liderar ou integrar uma coligação de Governo -- feitas nas últimas semanas --
Mari Alkatiri disse que o partido "não tinha outra alternativa" no
momento atual.
"A Fretilin só entrou nestes
novos arranjos porque não tinha outra opção. Tinha de entrar para criar
alternativa porque se não teria havido uma única alternativa e não haveria
escolha", disse.
"Mas não estava dentro da
estratégia da Fretilin governar agora ou participar no Governo", afirmou.
Questionado sobre quem liderará o
Governo -- em cima da mesa pode estar a continuidade do atual
primeiro-ministro, Taur Matan Ruak, segundo fontes partidárias -, Mari Alkatiri
recusou comentar.
"Eu prefiro não adiantar
nada sobre isso. Não me preocupo muito com isto", afirmou.
Sobre o facto da Fretilin vir a
assumir eventualmente as rédeas do Governo a meio do mandato, Alkatiri disse
que as prioridades do partido se mantêm.
"Naturalmente que governar
dois anos e meio não é o mesmo que governar cinco anos. Seria um programa pela
metade. Mas as prioridades para a Fretilin são sempre claras: assumimos que o
mal é sistémico e que temos de corrigir muito do sistema", sublinhou.
Timor-Leste vive há vários anos
uma crise política que se adensou depois do chumbo ao Orçamento Geral do Estado
(OGE) para 2020.
ASP // VM
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