quarta-feira, 18 de março de 2020

Covid-19: Guiné-Bissau encerra fronteiras


Não há casos confirmados de coronavírus nos PALOP, mas medidas de prevenção estão em curso na África Ocidental. Cabo Verde e Guiné-Bissau suspendem voos. "Vai ser o último Conselho de Ministros", diz Sissoco Embaló.

Uma série de medidas preventivas no âmbito da pandemia da covid-19 entraram em vigor nesta quarta-feira (18.03) na Guiné-Bissau. O plano foi anunciado por Umaro Sissoco Embaló - o candidato declarado vencedor das presidenciais de 2019 pela Comissão Nacional de Eleições e que tomou posse simbólica como Presidente a 27 de fevereiro.

A Guiné-Bissau amanheceu com as fronteiras fechadas e o aeroporto da capital interditado para aterragens. Escolas públicas e privadas permanecerão encerradas, tal como todos os mercados. Mantêm-se apenas disponíveis os serviços essenciais para abastecimento de bens de primeira necessidade.

"[Quarta-feira] vai ser o último Conselho de Ministros", revelou Sissoco Embaló que pediu ao povo guineense para se manter unido. "Lanço um apelo, o país está em alerta contra um inimigo invisível. Estamos muito preocupados com o flagelo do covid-19 e apelo à unidade nacional", disse.

Bares e discotecas já tinham sido encerrados pelas autoridades guineenses que também tinham suspendido a realização de espectáculos, concertos e de cerimónias religiosas e tradicionais.

Considerado um dos países mais pobres do mundo, a Guiné-Bissau tem um sistema de saúde bastante frágil, sem grande capacidade de resposta - apesar de os especialistas estarem habituados a lidar com epidemias como a cólera.


Cabo Verde suspende voos

A partir desta quinta-feira (19.03), estão suspensas as ligações aéreas de Cabo Verde com 26 países assinalados com a pandemia de Covid-19, segundo resolução do Conselho de Ministros. Esta decisão será válida pelo menos até 9 de abril e, de acordo com a resolução, é justificada face ao "intenso fluxo de ligações aéreas" ao país.

A lista de países com voos interditos para Cabo Verde integra Alemanha, Portugal, Marrocos, Senegal, Nigéria, Brasil e os Estados Unidos. Até ao momento, todas as análises aos vários casos suspeitos de Covid-19 em Cabo Verde deram resultado negativo.

Reportando a números da do início da semana, a Comunidade de Países da África Ocidental (CEDEAO) deu conta da existência de 38 casos de infeção pelo coronavírus em seis dos seus 15 Estados-membros, apontando que apenas o Senegal tinha um foco local de transmissão.

No comunicado, a CEDEAO estima como efeitos económicos negativos da pandemia a quebra nas receitas provenientes do comércio de matérias-primas, pressões inflacionistas causadas pela escassez de abastecimento de comida e medicamentos, redução do investimento e gastos em saúde que não foram previstos no orçamento público.

A CEDEAO suspendeu todas as missões não críticas e de todos os encontros com participantes internacionais, como medidas de prevenção no contexto da pandemia Covid-19. 

Os números em África

O continente africano tem sido o menos atingido pela pandemia de coronavírus, registando atualmente 450 casos em 30 países. Os mais afetados são o Egito (150 casos), a África do Sul (62 casos), e a Argélia (60 casos). O primeiro caso em África foi registado no Egito a 14 de Fevereiro. Os países com mais casos estão no norte da África, onde 10 mortes foram já confirmadas.

O Senegal é o mais afetado na África Ocidental, com 27 casos - a maioria deles foi infetada por um único cidadão que tinha regressado de Itália. Como consequência, as comunidades muçulmanas suspenderam as festividades religiosas planeadas para este mês. As autoridades tunisinas também suspenderam as orações em grupo, inclusive às sextas-feiras.

Pelo menos 13 países do continente fecharam ou estão a preparar-se para encerrar as escolas até ao nível universitário. Tal como a Guiné-Bissau e Cabo Verde, vários países africanos estão a limitar as fronteiras por tempo indeterminado.

Marrocos interrompeu todos os voos internacionais e outros países estão a proibir voos. Foi o que fez o Senegal, Togo, Madagascar, Quénia, Gana, África do Sul e Costa do Marfim. Zâmbia, Nigéria, Gana e Guiné Equatorial estão entre os que insistem em quarentena para viajantes de países de alto risco.

Marta Cardoso, com agências | Deutsche Welle

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