Não há casos confirmados de
coronavírus nos PALOP, mas medidas de prevenção estão em curso na África
Ocidental. Cabo Verde e Guiné-Bissau suspendem voos. "Vai ser o último
Conselho de Ministros", diz Sissoco Embaló.
Uma série de medidas preventivas
no âmbito da pandemia da covid-19 entraram em vigor nesta quarta-feira (18.03)
na Guiné-Bissau. O plano foi anunciado por Umaro Sissoco Embaló - o
candidato declarado vencedor das presidenciais de 2019 pela Comissão Nacional
de Eleições e que tomou posse simbólica como Presidente a 27 de
fevereiro.
A Guiné-Bissau amanheceu com as
fronteiras fechadas e o aeroporto da capital interditado para aterragens.
Escolas públicas e privadas permanecerão encerradas, tal como todos os
mercados. Mantêm-se apenas disponíveis os serviços essenciais para abastecimento
de bens de primeira necessidade.
"[Quarta-feira] vai ser o
último Conselho de Ministros", revelou Sissoco Embaló que pediu ao povo
guineense para se manter unido. "Lanço um apelo, o país está em alerta
contra um inimigo invisível. Estamos muito preocupados com o flagelo do
covid-19 e apelo à unidade nacional", disse.
Bares e discotecas já tinham sido
encerrados pelas autoridades guineenses que também tinham suspendido a
realização de espectáculos, concertos e de cerimónias religiosas e tradicionais.
Considerado um dos países mais
pobres do mundo, a Guiné-Bissau tem um sistema de saúde bastante frágil, sem
grande capacidade de resposta - apesar de os especialistas estarem habituados
a lidar com epidemias como a cólera.
Cabo Verde suspende voos
A partir desta quinta-feira
(19.03), estão suspensas as ligações aéreas de Cabo Verde com 26 países
assinalados com a pandemia de Covid-19, segundo resolução do Conselho de
Ministros. Esta decisão será válida pelo menos até 9 de abril e, de acordo com
a resolução, é justificada face ao "intenso fluxo de ligações aéreas"
ao país.
A lista de países com voos
interditos para Cabo Verde integra Alemanha, Portugal, Marrocos, Senegal,
Nigéria, Brasil e os Estados Unidos. Até ao momento, todas as análises aos
vários casos suspeitos de Covid-19 em Cabo Verde deram resultado negativo.
Reportando a números da do início
da semana, a Comunidade de Países da África Ocidental (CEDEAO) deu conta da
existência de 38 casos de infeção pelo coronavírus em seis dos seus 15
Estados-membros, apontando que apenas o Senegal tinha um foco local de
transmissão.
No comunicado, a CEDEAO estima
como efeitos económicos negativos da pandemia a quebra nas receitas
provenientes do comércio de matérias-primas, pressões inflacionistas causadas
pela escassez de abastecimento de comida e medicamentos, redução do investimento
e gastos em saúde que não foram previstos no orçamento público.
A CEDEAO suspendeu todas as
missões não críticas e de todos os encontros com participantes internacionais,
como medidas de prevenção no contexto da pandemia Covid-19.
Os números em África
O
continente africano tem sido o menos atingido pela pandemia de coronavírus, registando
atualmente 450 casos em 30 países. Os mais afetados são o Egito (150 casos), a
África do Sul (62 casos), e a Argélia (60 casos). O primeiro caso em África foi
registado no Egito a 14 de Fevereiro. Os países com mais casos estão no norte
da África, onde 10 mortes foram já confirmadas.
O Senegal é o mais afetado na
África Ocidental, com 27 casos - a maioria deles foi infetada por um único
cidadão que tinha regressado de Itália. Como consequência, as comunidades
muçulmanas suspenderam as festividades religiosas planeadas para este mês. As
autoridades tunisinas também suspenderam as orações em grupo, inclusive às
sextas-feiras.
Pelo menos 13 países do
continente fecharam ou estão a preparar-se para encerrar as escolas até ao
nível universitário. Tal como a Guiné-Bissau e Cabo Verde, vários países
africanos estão a limitar as fronteiras por tempo indeterminado.
Marrocos interrompeu todos os
voos internacionais e outros países estão a proibir voos. Foi o que fez o
Senegal, Togo, Madagascar, Quénia, Gana, África do Sul e Costa do Marfim.
Zâmbia, Nigéria, Gana e Guiné Equatorial estão entre os que insistem em
quarentena para viajantes de países de alto risco.
Marta Cardoso, com agências |
Deutsche Welle
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