quarta-feira, 18 de março de 2020

ENTRE MORTOS E DOENTES ALGUÉM HÁ-DE ESCAPAR


Quando algo que temos de fazer e nos custa, há aquela definição  que é dita: sangue, suor e lágrimas. Por estas últimas semanas a definição é outra: coronavírus, medo e morte. Mas pelo meio fica a luta com que muitos têm vencido a terrível doença que ameaça a humanidade. Não pensem que não há, uma luz ao fundo do túnel.

É por causa desse terrível vírus, também chamado por Covid-19, que surgem questões para além do medo que a tantos assola justificadamente. Estado de Emergência? Injeções de milhões à economia? Cercas sanitárias aqui e ali em casos justificados, em vilas e cidades? Nunca antes se vira isto, o caos o mais possível bem organizado no combate. Todos os dias se apela à recorrência a medidas quase extremas… Vai ser assim que entre mortos e os mais ou menos gravemente doentes que alguém há-de escapar. E a maioria tem escapado.

Opiniões (também estas) falíveis e infalíveis. Concordantes ou discordantes… Que opiniões podemos ter, com sucesso rápido, face à presença de inimigo tão poderoso nesta guerra contra o coronavírus? Dai tempo ao tempo, dizem os antigos. E é isso. As medidas impostas vão nesse sentido. Dar luta ao inimigo mas não perder a cabeça. Fazer certo o mais possível e não perder a cabeça, não nos precipitarmos. E como é que isso se faz? Não sabemos exatamente. Estamos perante um sorrateiro novo inimigo que é letal. É, afinal, uma arma de destruição massiva que importa descobrir quem a ativou, sabendo nós que já faz parte do arsenal de países que têm por lá elites e lideres militares aloucados,  desumanos, extremistas. Fulanos que desprezam a humanidade e só vêem o lucro e os seus umbigos.

Há os que defendem a tese de que o vírus manipulado foi criado e libertado para exterminar os velhos… Arma capitalista com componente de servir vários objetivos, sendo um deles poupar nas reformas que os velhos auferem. Morrendo já não precisam delas. Bate certo, Mas não bate certo. Há juventude a morrer, não são só os velhos. Sendo verdade que aqueles, os velhos, são os mais fragilizados. Bem, este mundo está louco, é o que se sabe por nada se saber. Os povos pensam tão mal das deformações morais dos líderes - servis executantes dos tais 1% que dominam o mundo - que já vêem em todo o lado, em todos os acontecimentos negativos, gente francamente hedionda, criminosa, assassina, em prol da posse quase exclusiva do vil metal e da posse de bens imensuráveis…

Será isso certo? Não sabemos. Talvez seja tudo muito mais simples e que a causa esteja na natureza desrespeitada a vingar-se com a sabedoria inquestionável com que se organiza para nos exibir e causar hecatombes. O ideal era que a humanidade aprendesse a respeitá-la em vez dos deuses. Sim, porque ela é o próprio deus que regula diariamente, ao milésimo de segundo, este planeta que é a nossa casa.

Desistamos pois de não aprender com os erros. Aprendamos que o erro, o mal, é principalmente um: o capitalismo selvagem, a ganância, a desumanidade associada por via da exploração e mortandade que causa. Essa sim, tão ou mais perigosa que o Covid-19. Globalmente. Testemunham-no as vítimas que causa todos os dias, a todas as horas, de minuto a minuto. Quanto ganham, esses tais dos 1% por cada morte, por cada assassínio definido como danos colaterais apesar de em consciência premeditados?

Assim sendo, o que fazer? Todos sabem. Todos sabemos. Pena que sejam poucos (apesar de serem milhões) os que estão dispostos a dar a cara para derrotar esse vírus, principal explorador e inimigo da humanidade.

O Expresso Curto a seguir, atrasado mas sempre disposto a trazer algo para derrotar o desconhecimento.

Bom resto de dia. Avante, para o Curto, já!

MM | PG



Mandar já fechar isto tudo? Ou ir fechando aos poucos?

Pedro Lima | Expresso

Bom dia

Este vai ser um dia importante, porque é o dia em que o Presidente da República vai finalmente dizer como vai ser a nossa vida daqui para a frente. O combate à pandemia de Covid-19 é um combate para o qual todos somos convocados, a questão é saber se seremos forçados a fazê-lo mais depressa com a declaração do estado de emergência ou se nos será dada a responsabilidade de o irmos fazendo voluntariamente num quadro crescente de restrições. Qualquer das hipóteses encerra riscos, mas está na hora de decidir e depois agir em conformidade, qualquer que seja a decisão.

Marcelo Rebelo de Sousa quer decretar o estado de emergência e já tem o decreto preparado nesse sentido. O Conselho de Estado vai reunir às 10 horas a pedido do Presidente para analisar a situação. São 19 pessoas sentadas à volta de uma ‘mesa virtual’ – o encontro será feito por videoconferência. Se o Conselho de Estado der luz verde e se depois a Assembleia da República confirmar, o estado de emergência no país poderá começar logo à meia-noite.

O Presidente da República fez um segundo teste à doença, que deu negativo e voltou de imediato ao trabalho no Palácio de Belém. Não havia grandes dúvidas de que pretendia declarar o estado de emergência através do qual são suspensos uma série de “direitos, liberdades e garantias”, como alertou o primeiro-ministro, António Costa, na entrevista que deu à SIC na segunda-feira. A alternativa a isso seria continuar a ‘limitar’ cada vez mais os movimentos dos cidadãos, à medida que se justificasse, através do encerramento de mais espaços e serviços, depositando neles a responsabilidade – e a esperança – de evitar contágios, mas assim tentando proteger a economia (e aqui entenda-se muitos pequenos negócios). O governo preferia continuar a aumentar as restrições, não gastando já todos os cartuchos. Até porque “fechar o país” terá um impacto ainda mais duro na economia portuguesa do que aquele que a atual situação já vai ter.

Precisamente por causa dos impactos na economia, este é também um dia importante porque os ministros das Finanças e da Economia anunciaram já esta manhã medidas para evitar que a seguir a esta crise sanitária voltemos a ter uma gigantesca crise económica.

Mário Centeno fala numa economia em "tempos de guerra" e assegura que o Estado atuará na área das garantias públicas, no sistema bancário, e na flexibilização das obrigações fiscais e contributivas. Pedro Siza Vieira anunciou linhas de crédito garantidas pelo Estado, com um crédito disponível para as empresas no montante de 3 mil milhões de euros: 600 milhões irão para as enpresas da restauração, 1100 milhões irão para a área do turismo e 1300 milhões irão para diversos sectores da indústria.

Vários países anunciaram também pacotes anti-crise robustos. A Comissão Europeia já fez saber quais as ajudas que está a ponderar. Aliás, neste momento admite-se mesmo a hipótese de serem lançadas obrigações europeias. A chanceler alemã Angela Merkel admitiu essa hipótese de emissão de dívida conjunta dos estados-membros da União Europeia na reunião extraordinária do Conselho Europeu desta terça-feira. E as bolsas europeias fecharam ontem a subir perante a perspetiva de uma resposta musculada dos governos contra a pandemia.

Ontem foi mais um dia intenso, um corrupio de informação sobre esta maldição que se abateu sobre o mundo. Os últimos números, pelas 12h de ontem, apontavam para 448 infetados em Portugal pelo coronavírus, com uma morte a lamentar, na segunda-feira. Tivemos a primeira declaração de estado de calamidade numa região em Portugal, em Ovar, tivemos a suspensão dos voos internacionais, com algumas exceções, tivemos uma requisição civil dos estivadores do porto de Lisboa. Nasceu um bébé filho de doentes de coronavírus, cujo primeiro teste de despiste deu negativo, e houve um primeiro caso na Madeira.

Provavelmente tem ouvido várias vezes a expressão “achatar a curva”. E você, de que forma tem contribuído para “achatar a curva”? Para o fazer tem mesmo de reduzir os contactos sociais e ficar em casa. E têm-se multiplicado as sugestões para ocupar o seu tempo dentro de quatro paredes. Por exemplo, se gosta de música, não perca os concertos de hoje e dos próximos dias numa iniciativa que se iniciou ontem e dura até domingo, através da internet. Trata-se do Festival Eu Fico Em Casa, transmitido através das páginas de Instagram de uma série de músicos portugueses. Tem aqui o programa completo com a indicação das respetivas páginas.

É uma forma de tentar contornar a verdadeira razia que foi feita às nossas agendas sociais, cujo impacto está já a ser muito significativo na indústria do turismo e do entretenimento.

No mundo do desporto, a Liga de Futebol considera que ainda será possível concluir o campeonato de futebol português até ao final de junho. Por outro lado, confirmou-se que o Europeu de Futebol foi adiado para 2021. Já quanto à Liga dos Campeões e à Liga Europa, a intenção da UEFA é que estas provas se realizem ainda esta época. Mas só “se a situação melhorar”. Já o torneio de ténis de Roland Garros foi adiado para setembro. Mas os Jogos Olímpicos de Tóquio mantêm-se. Vale também a pena espreitar o vídeo de ontem de Aníbal Capela, o futebolista português que joga em Itália e está lá de quarentena – a rubrica chama-se “Quarentena à Capela”.

OUTRAS NOTÍCIAS COVID-19

Pode acompanhar todas as notícias relevantes no “direto” que o Expresso tem sobre a pandemia. Mas aqui ficam também em registo rápido algumas notícias, nacionais e internacionais, que marcaram e marcam a atualidade sobre o Covid-19:

-Só estão garantidos testes ao Covid-19 em 18 hospitais.

-A Ordem dos Médicos diz que uma fatia importante dos infetados com Covid-19 são médicos e alertou para a falta de equipamentos de proteção.

-Foi aprovada a contratação de 450 profissionais de saúde e há mais 1800 médicos disponíveis para reforçar o Serviço Nacional de Saúde.

-Os hospitais privados estão a limitar serviços que não são urgentes.

-O Serviço Nacional de Saúde tem 1142 ventiladores e os privados têm mais 200.

-Os cientistas portugueses pediram ao governo que disponibilize informação para poderem investigar o vírus.

-Os preços das máscaras e dos desinfetantes dispararam. A associação de defesa do consumidor DECO já começou a receber reclamações sobre este assunto.

-Os consumidores de energia terão mais 30 dias para pagar as dívidas.

-A TAP está a tentar ajustar-se ao desastre que está a atingir o sector da aviação enquanto aguarda pelos auxílios do Estado.

-A fábrica de Cacia da Renault também vai fechar temporariamente, como aconteceu com a Autoeuropa e a PSA.

-A Continental decidiu encerrar a produção em Palmela.

-A capital portuguesa está a menos que meio gás, é o que mostra uma volta por Lisboa onde quase só se vê turistas – aparentemente indiferentes ao que se está a passar.

-A Invicta está deserta. Uma volta pelo Porto mostra que o silêncio tomou conta de sítios antes cheios de vida.

-O imobiliário já está a sofrer, com investidores asiáticos e europeus a adiarem negócios em Portugal.

-O debate instrutório da Operação Marquês foi adiado. E não foi marcado novo prazo.

E LÁ FORA…

-A Organização Mundial de Saúde pediu à Europa medidas mais “audaciosas” para combater o vírus. A Comissão Europeia diz que espera uma vacina até ao outono. Nos EUA, um grupo de cientistas começou também a testar uma possível vacina em humanos. E a China também diz que está pronta para testar uma vacina contra o novo coronavírus.

-Espanha anunciou um pacote de medidas no valor de 200 mil milhões de euros para tentar suavizar a crise que se antecipa no tecido empresarial.

-França anunciou uma ajuda de 45 mil milhões de euros para trabalhadores e empresa.

-O Reino Unido parece ter acordado para a pandemia de Covid-19.

-A Airbus fechou temporariamente as suas fábricas em França e em Espanha.

OUTROS ASSUNTOS

Luto Morreu o músico Pedro Barroso

Menos IMI para quem tem filhos Subiu de 220 para 235 o número de municípios que decidiu atribuir desconto no Imposto Municipal sobre Imóveis para quem tem filhos

Juros em alta Os juros das obrigações do Tesouro a 10 anos mais do que triplicaram em menos de uma semana.

Défice zero A Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) estima que em 2019 Portugal tenha tido um défice zero.

O QUE ANDO A LER

“Aprender com os melhores – 2”, do escritor espanhol Francisco Alcaide Hernández. Trata-se de um segundo volume com pequenos textos sobre algumas conhecidas figuras mundiais, nomeadamente do mundo dos negócios. As suas experiências de vida – e as suas reflexões - têm algo para nos ensinar, é o que nos garante o seu autor.

O QUE ANDO A OUVIR

Há muita música portuguesa a ser lançada por estes dias. Dois discos recentes que vale a pena escutar em recolhimento: “O método”, de Rodrigo Leão e “The gambler song”, de Mazgani.

Tenha um bom dia, tranquilo, na nossa companhia, sempre em www.expresso.pt. E proteja-se, tornando-se num agente ativo de combate ao vírus, sempre na mira dos melhores dias que virão depois destes estranhos tempos que estamos a viver.

Sugira o Expresso Curto a um/a amigo/a

Sem comentários:

Mais lidas da semana