Paula Ferreira |
Jornal de Notícias | opinião
A descolagem parece mais difícil
a cada dia que passa. A construção do aeroporto no Montijo, como complemento ao
da Portela, está num impasse.
Depois do "veto" dos
autarcas da Moita, Seixal, Sesimbra, Setúbal e Palmela, sabe-se agora que a
Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) também desaconselha essa opção. Ou
seja: as condições de segurança não estão garantidas.
À luz do novo dado, continuará o
Governo a dizer que não existe plano B? Perante tantas condições adversas,
manda o bom senso encontrar uma alternativa.
No parecer enviado à Agência
Portuguesa de Ambiente em setembro, e agora divulgado, A ANPC destaca o risco
de acidentes com aves, mas também a suscetibilidade da zona a sismos e
tsunamis. Mais uma entidade a juntar-se ao coro dos que consideram errada a
localização do futuro aeroporto. Terá António Costa condições para insistir
numa solução que parece apenas interessar à ANA? Em janeiro de 2019, a empresa
de gestão aeroportuária assinou um acordo com o Governo no sentido de expandir
o aeroporto para a Margem Sul, adaptando a base aérea do Montijo.
Reconhecer um erro é uma grande
virtude. Está na altura de o Governo de António Costa traçar novo destino, ao
invés de equacionar a mudança da legislação para contornar o chumbo dos
autarcas ao projeto, cujo parecer é vinculativo.
Construir no Montijo, numa zona
de proteção de aves, significaria também impactos diretos na qualidade de vida
de milhares de pessoas, sobretudo devido ao ruído. Vai o Montijo mitigar o
problema de ter um aeroporto junto a uma grande cidade? Basta olhar o mapa para
se perceber que não. Seria a oportunidade de o Governo mostrar genuíno
interesse pelo interior. A Base Aérea de Beja, com capacidade para aviões de
grandes dimensões, está à disposição e potenciaria a criação de acessibilidades
rodoviárias e ferroviárias para o interior alentejano. Uma solução, sem dúvida,
com múltiplos benefícios.
*Editora-executiva-adjunta
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