domingo, 21 de junho de 2020

China quer estabelecer "órgão de segurança nacional" em Hong Kong


Pequim, 20 jun 2020 (Lusa) -- A China vai instituir um "órgão de segurança nacional" em Hong Kong, segundo o texto de um controverso projeto de lei preparado pelo parlamento chinês e divulgado hoje pela agência Xinhua.

O texto prevê também que a lei em preparação tenha precedência sobre as da antiga colónia britânica que entrariam em conflito com ela, de acordo com o projeto que se prepara para impor o regime comunista, apesar dos apelos dos países ocidentais que dizem temer o fim da autonomia do território.

Após as enormes manifestações do ano passado contra a influência de Pequim, o regime do Presidente Xi Jinping anunciou o mês passado uma lei sobre a segurança nacional em Hong Kong, vista pela oposição democrata local como um meio de a silenciar.

O princípio da lei foi aprovado no final de maio na sessão plenária anual da Assembleia Nacional Popular (ANP, o parlamento chinês), que atribuiu ao seu comité permanente a missão de redigir um projeto de lei. O seu texto foi divulgado hoje pela agência Nova China.


O documento estipula que será instituído um órgão de segurança nacional, presidido pelo chefe do executivo de Hong Kong. A atual titular do cargo, Carrie Lam, é denunciada pelos seus adversários como uma marioneta de Pequim.

Não é indicada uma data para a aprovação do texto, mas a Xinhua diz que o projeto será concluído "em breve".

O comité permanente da ANP considera que o projeto de lei "reforçará" a autonomia do território e o modelo de "um país, dois sistemas", pelo qual se regem as relações da China com Hong Kong, visando igualmente "erradicar qualquer possibilidade de interferência estrangeira" na cidade.

A lei sobre a segurança nacional em Hong Kong deve proibir "qualquer ato de traição, secessão, sedição, subversão contra o governo popular central" ou o "roubo de segredos de Estado", de acordo com o princípio da legislação aprovado em maio.

A polícia e o Departamento de Justiça de Hong Kong deverão formar "unidades especiais" para "tratar da maioria dos casos".

A aprovação em maio deu origem a novos protestos em Hong Kong, considerando advogados e organizações da sociedade civil que o projeto viola a Lei Básica do território.

As potências do G7 apelaram esta semana a Pequim para reconsiderar o projeto, um pedido rejeitado "firmemente" pelo governo chinês.

PAL // HB

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