terça-feira, 23 de junho de 2020

Portugal | Festas legais e ilegais


António José Gouveia | Jornal de Notícias | opinião

Tanto o primeiro-ministro como o presidente da República voltaram a sublinhar a necessidade de "um quadro punitivo" ou "medidas mais duras", respetivamente, relacionadas com os ajuntamentos que se vão vendo um pouco por todo o país, mas com maior incidência em Lisboa e no Algarve, onde as festas ilegais começaram a proliferar, quebrando assim as regras antipandemia. Ambos, com razão, mostraram a sua preocupação por uma doença que não pára, trazendo para a contabilidade dos números más notícias. Portugal passou, num espaço de dois meses, de um exemplo para a Europa no combate à covid para um dos únicos países em que é vedada a entrada nas fronteiras de uma série de estados-membros da União. Centrados em que haja aqui um equilíbrio entre a erradicação da pandemia e o voltar à normalidade, tanto António Costa como Marcelo Rebelo de Sousa deveriam tentar compreender o comportamento dos portugueses com o verão à porta. Como latinos que somos, a vivência nesta época do ano é na rua e, se possível, até de madrugada. Como é verificável, os ajuntamentos em vários pontos das cidades do país são uma alternativa ao fecho obrigatório dos cafés e afins às 23 horas. O que fez o Governo? Diminuiu ainda mais o horário para as 20 horas. Tendo em conta este cenário, o que é melhor? Parece de bom senso que uma extensão do horário dos cafés e restaurantes para além do estipulado permitiria manter as pessoas dentro das regras e com maior segurança. A outra opção é juntarem-se às centenas em jardins e espaços públicos onde o controlo do distanciamento social não existe. No fundo, em vez de estarem concentradas no espaço público, estariam espalhadas pelos vários restaurantes, cafés e esplanadas e dentro do que são as regras básicas de combate à pandemia. Ou seja, um entretenimento controlado e confinado, como aliás o fizeram Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa este fim de semana. O presidente da República no Centro Cultural de Belém, para assistir ao concerto comemorativo do aniversário da Orquestra Metropolitana de Lisboa, e o primeiro-ministro num espetáculo no Teatro Nacional D. Maria II.

*Editor-executivo

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