quarta-feira, 9 de setembro de 2020

Portugal | Auditem, auditem. Sempre com ar de que não são ladrões!


Portugal menor. Dia de curtir com João Silvestre, do Expresso, no Curto. Bom dia, se conseguir. É que João lembra-nos sobre as maldades que nos têm sido infligidas por via do Novo Banco, que é mau. Que é um embuste.

Os portugueses não deitaram para trás das costas o caso Novo Banco nem as vigarices do BES, nem as complacências cúmplices do Banco de Portugal e de certos e incertos políticos, nem o dito por Cavaco em Macau sobre o merecimento de confiança do BES quando todos já sabíamos que íamos ter uma conta gigantesca infligida pelo Salgado intragável que para campanhas eleitorais comprava quase todos os partidos políticos, fora o resto. Os portugueses não esquecem isso. Mas encontram forma de suportar as agruras pensando e dizendo (em muitos casos bem) que “eles são todos uns aldrabões, uns grandes ladrões”. Porém na volta vão votar praticamente nos mesmos de sempre: nos ladrões e nas pandilhas que se alapam aos ladrões, cumpliciando-se. Aquela máfia. E pronto. Lá voltamos sempre ao mesmo quando estoura uma ou outra bronca, um ou vários roubos que transbordam para o conhecimento do “tou xim” que anda por lá nos montes a pastar as cabras e ovelhas. A plebe contida e muito mal paga. Explorada ao estilo esclavagista, com o assentimento dos governantes passados, presentes e futuros – que mentem com todos os dentes que têm e mais umas quantas dentaduras postiças suplementares… É a vida. É sina. É borreguice.

Mais Curto para ler. Por aqui fechamos a loja. O parágrafo anterior diz quanto baste dos da alta finança e dos seus “pinhões de ataque” que são eleitos para os servir e nos tramarem com sorrisos, hipocrisias, mentiras, alçapões legislativos e outras tramas de benefícios que prejudicam os milhões que produzem a riqueza. O esquema é sempre o mesmo, só as variantes é que são ligeiramente diferentes, para baralhar e levar o enriquecimento de alguns a bom porto – gerando prejuízo e miséria na maioria dos plebeus.

Bom dia, se conseguir. Amanhã é quinta-feira, um dia de merda que é igual a tantos outros. Parece que o melhor é nem pensar o quanto estamos a ser enganados… e roubados. Sina de um Portugal menor onde povo que cala consente. E tudo fica no segredo dos deuses, dos vigaristas, dos ladrões.

Curto parido, para quem o quiser. Merece ser lido e "viajarem" nas referências lincadas. Pois.


MM | PG

 

Bom dia, este é o Expresso Curto

A auditoria. Qual auditoria?

João Silvestre | Expresso

Bom dia,

A discussão política em torno da auditoria da Deloitte ao Novo Banco ganhou contornos dignos de um sketch do Gato Fedorento. Porque se atrasou para lá do prazo. Porque serviria para validar transferências do Fundo de Resolução que já tinham acontecido. Porque iria permitir saber tudo sobre o que se passou no BES (e no Novo Banco a partir de 2014) e afinal deixa muito por explicar. Porque houve comunicados oficiais fora de horas sobre as suas conclusões sem que ninguém a conhecesse. Porque ficou trancada na Assembleia da República deixando-nos a debater no vazio. E porque foi, entretanto, divulgada pelo Parlamento depois de expurgada daquilo que, alegadamente, é sigiloso para efeitos bancários.

Ficámos satisfeitos? Não, nem por isso. Continuamos sem saber muito mais do que já sabíamos. Para não se perder, tem aqui um resumo do documento que revela falhas do BES e no Novo Banco e onde há devedores escondidos e compradores de ativos por conhecer. Há vários detalhes que ficámos a conhecer:

- O Novo Banco vendeu a carteira de créditos Nata sem acabar a avaliação dos conflitos de interesse e da adequação de uma das entidades compradoras. O banco teve um prejuízo de 110 milhões de euros com o negócio.

- a conversão de títulos de dívida em ações (as chamadas VMOC) gerou perdas de 186 milhões de euros com apenas duas entidades, uma delas o Sporting

- uma parte importante das imparidades registadas nos primeiros dois anos após a venda do banco à Lone Star teve a ver com clientes que já estavam em risco muito antes disso

- o recurso a fundos de reestruturação, que ajudam os bancos a livrar-se de ativos problemáticos, custou 178 milhões de euros

São algumas das conclusões que se podem retirar do documento, mas fica por esclarecer em detalhe como tudo aconteceu. Nomeadamente, como foram feitas estas operações ruinosas, quem foram os responsáveis e quais os beneficiários delas.

Até lá tudo irá continuar como antes. O Orçamento do Estado de 2021 não deverá ter qualquer empréstimo para financiar a nova injeção de capital que o Fundo de Resolução irá fazer no Novo Banco em 2021. Disse-o Marques Mendes domingo à noite na SIC. Pode ser uma forma de ter apoio à esquerda para o Orçamento mas, de resto, pouco ou nada muda. Apenas o Fundo de Resolução terá que se financiar noutro sítio para pagar a operação sem que haja qualquer vantagem em termos de défice ou dívida pública. A edição de hoje do Jornal de Negócios discute algumas das alternativas de investimento possíveis.

Também as vendas de ativos vão continuar, agora com luz verde da Procuradoria-Geral da República que, em resposta ao governo, considerou não haver qualquer razão para travar as operações.

OUTRAS NOTÍCIAS

Cá dentro

Ontem foi a terça-feira deste verão com maior número de novos infetados de covid-19 em Portugal. Numa altura em que há mais de 20 surtos ativos em lares e em que se prepara o arranque do ano letivo. Com todas as dúvidas que isso implica e depois de, no Colégio Alemão em Lisboa, estarem já 70 alunos em quarentena. Para ter toda a informação sobre a evolução da doença siga o direto do Expresso. Confira também todos os dados nos gráficos e mapas que a equipa de infografia do Expresso actualiza diariamente.

Os trabalhadores sem proteção social já podem requerer o apoio extraordinário no valor de 438,81 euros mensais criado pelo Governo para atenuar o impacto da perda de rendimentos causada pela covid-19

Se existissem dúvidas sobre o tom da campanha das presidenciais ficaram ontem completamente desfeitas. Ana Gomes anunciou a candidatura segunda-feira e, poucas horas depois, já André Ventura, no Twitter, usava palavras impróprias – como “histérica” ou “cigana” – para a atacar. Palavras muito para lá do aceitável no debate político que já mereceram o repúdio da Pastoral dos Ciganos.

Na corrida presidencial entrou também Tino de Rans e são já oito os candidatos a Belém. O dia de ontem foi o último em que Marcelo Rebelo de Sousa poderia dissolver a Assembleia da República. Na sua coluna de opinião no Expresso online, Francisco Louçã assinalava ontem que o dia “amanheceu calmo no continente e ilhas” e que o “dramalhão” anunciado não se viu.

Os edifícios de comércio e serviços com mais 20 lugares de estacionamento vão ser são obrigados a ter carregadores de carros elétricos, avança o Público na edição de hoje.

Vicente Jorge Silva morreu ontem aos 74 anos. Criador da revista do Expresso, onde foi diretor-adjunto, e fundador do Público, é um dos jornalistas que a marca a história portuguesa nas últimas décadas. Oiça aqui, no podcast “A Beleza das Pequenas Coisas”, do Bernardo Mendonça, a última entrevista que deu ao Expresso. A Imprensa Nacional lançou um prémio de jornalismo com o seu nome.

E, já que falamos de jornais e (grandes) jornalistas, fique a saber que os maiores jornais portugueses (Expresso incluído) vão avançar com uma providência cautelar contra a rede social Telegram onde são partilhadas, de forma ilegal, as edições de muitas publicações portuguesas e internacionais.

A selecção portuguesa de futebol venceu ontem à noite a Suécia por dois golos. Deu mais um passo na Liga das Nações. Marcou Ronaldo duas vezes e leva já 101 golos em jogos internacionais. Está a apenas oito do recordista de sempre, o iraniano Ali Daei.

julgamento da célula jiadista portuguesa foi adiado para 15 de Setembro. A advogada de um dos arguidos – saiba aqui quem são – alegou não estar esgotado o prazo para contestação e o juiz acedeu.

tribunal da Relação reverteu a decisão da primeira instância e condenou António Joaquim, amante de Rosa Grilo, a 25 anos de prisão pelo homicício do triatleta Luis Grilo.

Lá fora

O índice Nasdaq teve ontem uma queda de 4,1% em Nova Iorque e leva já um trambolhão acumulado superior a 10% desde a semana passada. A Tesla, a empresa do setor automóvel que estava a valorizar em contraciclo com desde a pandemia, foi a empresa mais castigada como uma descida de 21%. Em Lisboa, o PSI-20 também caiu (1,1%) mas, na abertura desta manhã, já está a recuperar.

Os ensaios da vacina para a covid-19 da universidade de Oxford e da AstraZeneca foram interrompidos depois de uma reação adversa num dos voluntários.

O governo da Bielorússia propôs uma revisão constitucional e eleições em 2022 para tentar ultrapassar a crise que se vive no país. A informação foi avançada ontem pelo diário russo RBK que revelou que a proposta foi avançada no final de agosto pelo representante do país na OSCE. Ontem, uma das líderes da oposição, Maria Kolesnikova, foi detida na fronteira com a Ucrânia.

A Austrália retirou dois jornalistas da China – Bill Birtles, da televisão pública ABC e Michael Smithd do diário Australian Financial Review – depois de terem sido interrogados por forças de segurança chinesas e de se terem refugiado nas representações diplomáticas australianas no país. Em agosto, a jornalista sino-australiana Cheng Lei foi detida na China e está incontactável desde então.

Na ilha grega de Lesbos, milhares de refugiados fugiram de acampamento por causa de incêndios.

Os incêndios na Califórnia já consumiram uma área sem precedentes desde 1987.

FRASES

“Vicente Jorge Silva era das personalidades que marcam um percurso coletivo e marcam também a vida de todos os que se cruzam com elas. Marcou o percurso coletivo na luta pela Democracia no Comércio do Funchal, fazendo de uma aventura de escassos meios uma força indomável. Como ele – uma força indomável. Marcou, depois, no Expresso, a transição e o caminho pós-democrático, com imaginação esfuziante, frontalidade total, humor inesgotável, e, sempre, uma inteligência e uma apetência cultural sem limites, que o fazia devorar livros e sonhar filmes e cultivar novos horizontes, ele que, no fundo, era um solitário que a vida não bafejou em momentos pessoais cruciais. (…)Em suma, mudou o panorama da comunicação social portuguesa e, por isso, de muita da nossa política, sobretudo entre os anos 60 e 90.”, Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República sobre a morte de Vicente Jorge Silva

“Não vale a pena colar com cuspo conhecimentos de 2+2 quando a cabeça não está ali. Primeiro faz sentido o bem-estar, depois vem o conhecimento dos livros que se adquire em qualquer altura”, Aloísio Almeida, Professor do primeiro ciclo em declarações ao Expresso sobre a necessidade de responder às dúvidas dos alunos sobre a covid-19

O QUE ANDO A LER

“Tempos Duros” é uma expressão que se pode aplicar a muito do que na atualidade vai acontecendo. Da pandemia que atinge milhões em todo o mundo e já matou largas centenas de milhares aos refugiados largados à sua sorte no Mediterrâneo. Da crise económica que lançou milhões na pobreza e na fome aos conflitos violentos que existem um pouco por todo mundo. E também dá título (em português) ao último livro de Mario Vargas Llosa que agora chegou a Portugal.

Os tempos são outros, há mais de meio século, numa Guatemala em mudança onde os EUA, através da CIA intervieram para mudar o curso da história. Vargas Llosa conta-nos a história em detalhe de algumas das personagens envolvidas (com muita ficção à mistura) e até gigantes produtores de bananas. Leia aqui uma entrevista do escritor, a propósito do livro, à edição brasileira do periódico espanhol El Pais em outubro ano passado.

É o regresso de Llosa a um dos seus temas preferidos num livro sobre o passado que nos deixa, ao mesmo tempo, muitas pistas sobre o presente.

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