#Publicado em português do Brasil
Visar a "pacificação da sociedade" e o controle do poder
Coletivo D.E. Latinoamericano
Segue em andamento na América
Latina (A.L.) um plano de reformulação do Estado Nacional e da Sociedade Civil,
no sentido de eliminar o poder das eleições e impor as decisões do capital
transnacional e de seus representantes locais àquele que consideram seu
inimigo: "o eleitor – contra o qual não se medem esforços para manipular as ideias e, assim, posicioná-lo contrário
aos projetos considerados nacionalistas e orientados aos interesses populares e
à causa dos trabalhadores.
Dessa forma, visando dominar nações, tomar posse de seus recursos naturais,
públicos e financeiros e explorar seus territórios e populações ( dominação de espectro total ),
utilizam a dissonância cognitiva como estratégia de guerra de
informação e promove-se uma falsa compreensão e consequente negação da
realidade, transformando o eleitor comum em peça de fácil manobra no jogo
político configurado num contexto – mais amplo – de uma guerra híbrida.
A DEA, agência norte-americana "reguladora"
do tráfico de drogas internacional ( aspas ironicamente
colocadas por Romulus Maya ), tem um papel fundamental nesse processo
e age para criar condições e dar garantias para que o consórcio formado entre
autoridades de vários setores institucionais da sociedade e o narcotráfico,
possa administrar negócios legais e ilegais na região, sob a tutela de governos
alçados ao poder pelas mãos cuidadosas do Estado Profundo (Deep
State) norte-americano e seus tentáculos nos países de seu interesse, cujo
financiamento é pago pelos traficantes.
A presença da DEA na América Latina garante, em troca de informações e caminhos privilegiados para o narcotráfico, o pagamento (ao Tio Sam e seus parceiros) de um percentual acordado pelos "negócios" realizados pelos traficantes. Esse pagamento é feito através de depósitos em paraísos fiscais, usando doleiros , e, parte desse dinheiro, vai financiar operações secretas e de desestabilização mundo afora, promovidas pelo Deep State estadunidense (espionagem, primaveras, golpes, invasões, etc.);
Assim, o capital financeiro acumulado pelo tráfico é "reciclado" em paraísos fiscais, protegidos pelos EUA (com a banca dando cobertura a todo o esquema), e o dinheiro sujo é lavado, por exemplo, na compra de ativos financeiros como as ações de empresas com altos volumes de negociação e valor de mercado (os chamados blue-chips da Bolsa de Valores );
Os EUA abatem parte do seu déficit direto em conta corrente e o dinheiro, que antes ficava enterrado em malas sob o solo de fazendas (como fazia Pablo Escobar, morto pela DEA), volta limpo para o país e ajuda a "montar um caixa" para financiar a investida sobre os Países não alinhados aos seus interesses imperialistas;
Para se ter uma ideia do montante que a livre circulação de dinheiro que esse esquema gera , entre 1990 e 1999 houve o acréscimo de USD 4 trilhões (milhões de milhões) nos fluxos financeiros internacionais dos EUA sem origem identificada.
No Brasil, esse esquema
estabelece relação com o "milagre" do agronegócio, mas
também explica, em parte, a pujante ascensão financeira de determinadas
derivações religiosas nos últimos anos.
É de conhecimento geral que o agronegócio funciona como lavanderia para o crime organizado ,
camuflando a origem do dinheiro sujo do narcotráfico em operações fictícias de
venda de bois e grãos – estratagema conhecido como vaca-papel e soja-papel – e
também mascarando o escoamento das drogas, através dos carregamentos de soja e
outros grãos.
Da mesma forma, não é de hoje que se sabe da existência de um estreitamento de laços entre o tráfico e uma parcela
representativa de igrejas com o objetivo de facilitar a lavagem do dinheiro oriundo dos negócios ilegais do
crime organizado. Assim, a doação dos fiéis, nos templos onde esses laços são
estabelecidos, junta-se "milagrosamente" ao dinheiro do tráfico .
Aliás, em várias regiões do Brasil há uma pressão , por parte de facções criminosas, para
que as pessoas se convertam a específicas representações de igrejas.
A ideia desse esquema é submeter o povo a uma governança formatada nos
moldes "milicianos" , onde contravenções são
toleradas e o narcotráfico faz a reciclagem do capital financeiro que acumula
em suas transações, institucionalmente amparado pela juristocracia (que age
em sinergia com
setores militares) e com o suporte da banca, que dá cobertura a todo o esquema
(milícia = Estado; milicianos+evangélicos = votos e poder;
milícia e tráfico = sócios).
Então, quando não conseguem alçar ("de primeira") seus alinhados ao
poder, agem vigorosamente para desestabilizar os governantes que não
compartilham do esquema ou que podem atrapalhá-lo, e, consequentemente, também
podem atrapalhar os interesses imperialistas, traçados pelo Deep State americano sob influência
de Israel , junto com seus representantes locais.
As lideranças não alinhadas são defenestradas do poder, enquanto os membros ou
aqueles a serviço do "Deep State" em sua versão Tabajara (no
sistema judiciário e militar) permanecem, mantendo e fortalecendo, a estrutura
da organização que os garante no poder. Como bem lembrou Romulus Maya , quase se chegou ao
clímax desse esquema , com o Aécio eleito presidente: "Pior do
que está, só quando um "chefe" sair eleito".
Dessa forma, enquanto os meios de comunicação, a justiça, as polícias e os
partidos políticos desviam o foco, e não apresentam denúncias sérias e realizam
investigações mais incisivas e com real poder de enfrentamento ao narcotráfico,
os "negócios" (inclusive os religiosos) e o crime organizado vão
caminhando de mãos dadas (como no enredo da música, na surdina e " por debaixo
dos panos ").
Na organização de todo esse esquema, a operação Lava-Jato
e o Juiz Sérgio Moro , com seu "combate" ao crime organizado
no Brasil, fazem
o papel que a DEA, com sua "Guerra" às Drogas, faz na América Latina ,
e cujo "objetivo" é "pacificar", protegendo quem pagar o
"percentual acertado". Os inimigos dos que pagam a taxa de proteção
são perseguidos, e, é claro, para mostrar serviço para a classe média, de vez
em quando, exterminam alguns pretos e pobres.
O caso, envolvendo a prisão do falso advogado americano-argentino-israelense, Marcelo
D'Alessio (o chefe da DEA na Argentina), ilustra bem como funciona o
esquema e a sua semelhança com a Lava Jato é muito reveladora.
Escondido pela imprensa brasileira, o caso revela como o juiz federal
(argentino) Alejo Ramos Padilla, que não estava no esquema orquestrado
pelo Império
anglo/saxão/sionista , processou D'Alessio como integrante de uma
associação ilícita, com ligação com a espionagem americana e israelense e com a
atuação de membros do Judiciário da "Lava-Jato argentina", do cartel
midiático local (Clarín) e também do governo argentino (de direita),
para tentar incriminar Cristina Kirchner e aliados.
O juiz Padilha identificou a existência dessa articulação entre os serviços de
inteligência argentino e americano com a Justiça local, atentando contra o
sistema democrático na Argentina, e apontou a formação de dossiês e as armações
e direcionamentos de causas judiciais como principais estratégias utilizadas para
esse intento, implodindo, assim, a versão portenha da operação Lava-Jato
brasileira.
Graças ao empenho desse juiz, a Argentina, pelo menos momentaneamente,
conseguiu se libertar das garras e do jugo imperialista e venceu a tentativa de
golpe judiciário/midiático sofrida, o que infelizmente
não aconteceu por aqui .
Ao contrário do que aconteceu na Argentina, Sérgio Moro nunca intimou o
mega-doleiro Dario Messer , que, fazendo um paralelo com o caso
portenho, supostamente realiza(va), aqui, função semelhante a de D'Alessio,
tendo ambos (doleiros) estreitas ligações com os EUA e Israel.
E a pergunta que fica, é: por que, apesar do nome de Dario Messer constar na
delação de vários diretores da Odebrecht, colhidas por Sérgio Moro no âmbito da
Lava-Jato, ele nunca foi "convidado" para prestar depoimento em
Curitiba?
A resposta a esta pergunta passa, necessariamente, pela compreensão do que está
por trás dos interesses dos EUA e de Israel na A.L. e no Brasil. E, é claro,
que além da questão da nossa subserviência e colonização, visando a subtração
do nosso patrimônio e a nossa manutenção como meros fornecedores de
matéria-prima e de mão-de-obra barata, tem relação com a garantia da livre
circulação do pó.
Essa garantia (da livre circulação do pó) é um importante fator para a
manutenção de um círculo que tende a se perpetuar: o narcotráfico alimenta os
cofres imperialistas, que promovem desestabilização e ascensão de governos – de
acordo com seus interesses – e estes governos, por sua vez, com o apoio do
narcotráfico, tendem a permanecer no poder e, assim, retroalimentam todo o
sistema.
A parceria estabelecida entre Israel e o governo Macri na Argentina para
"patrulhar" o Rio Paraná, na Tríplice Fronteira
Brasil/Argentina/Paraguai (zona de grande circulação de drogas), e o atual
interesse do governo brasileiro em fazer parcerias com o tão distante governo
de Israel e ser, tão ridiculamente subalterno aos EUA, nos ajudam a entender o
funcionamento desse processo e como esses governantes chegaram ao
poder (quem os financiou).
Além disso, esse esquema com o narcotráfico, favorece a estruturação de uma economia paralela, muito útil a governos
cujas economias foram fragilizadas e que se organizam principalmente
nos setores menos complexos (por exemplo, o agronegócio). Neste contexto, o
crime organizado fornece "empregos" e realiza ações de
"bem-estar" e de "segurança" onde o poder público não tem
interesse de ir e/ou de realizar.
Portanto, com a diminuição das funções do Estado e a degradação da economia, o
crime organizado vai substituindo o poder público no seu papel de gerador de
oportunidades e empregos, assim como, vai suprindo as lacunas relacionadas aos
cuidados com a população. Dessa forma, indicadores econômicos e relativos à
violência são melhorados ( "pacificação do crime" ), com a vantagem de
que o crime organizado ainda pode exercer a função de "auxiliar" na
repressão de atividades inconvenientes aos olhos do governo, como os ativismos
político e social.
Em síntese, podemos dizer, em acordo com o DEcionário (glossário
com os termos criados e usados no Duplo Expresso ),
que a expressão "Evangelistão do Pó" caracteriza a aliança entre o
narcotráfico e autoridades (militares e civis com ligações no ambiente
político, judiciário e religioso) visando o controle, entre outras coisas, do
fluxo do comércio ilegal de drogas e de armas, lavagem de dinheiro e caixa 2 de
parcela da classe política.
Essa aliança se estabelece como parte de um plano para a institucionalização do
crime organizado, selada por meio de um acordo de "armistício" entre
organizações criminosas e o Estado (sob a gerência militar), e visa,
principalmente, reduzir a mortalidade e a criminalidade "aparente" na
sociedade, além de garantir o controle do poder e a manutenção da ordem pública
através da ação do crime organizado.
Uma forma ampliada de um sistema conhecido como a "Pax
Paulistana" , também conhecida como a "Pax
Brasiliensis". Esquema no qual o crime organizado recebe, em troca dos
"favores" que presta ao Estado, caminhos privilegiados para o
narcotráfico e para a lavagem de dinheiro via "negócios",
contravenções toleradas, etc.
Parcela representativa das igrejas evangélicas faz parte desse processo, servindo como um depósito de mão-de-obra e um privilegiado
espaço para esquentar o dinheiro frio do crime . Em decorrência disso,
esse esquema ficou conhecido como o "Evangelistão
do Pó" ou a "Pax do Evangelistão do Pó" . Um esquema que
envolve um processo muito dinâmico, que vai das corporações
do crime organizado a cúpula mais alta do governo , e cuja estrutura
de funcionamento explica, em grande parte, o golpe de 2016 e a ação imperialista
no Brasil e na América Latina.
Portanto, esse é um esquema de
fundamental importância na atual engrenagem de configuração política e
econômica do Brasil, um Estado Nacional submetido a uma agressiva guerra
híbrida, cujo espectro – tema do livro de Piero Leirner – precisa ser
estudado , conforme palavras de Pepe Escobar, sob pena de não se
conseguir entender a complexidade do que se passa no País.
Segue abaixo uma lista com links para melhor entendimento e aprofundamento do
tema:
Sobre a geopolítica das drogas e golpes
Organograma do Evangelistão do Pó
Sobre lavagem de dinheiro CC5gate/Banestadoleaks/Pepe Escobar
Sobre Dario Messer/Moro/Lava-Jato/Banestado
Sobre Messer e sua negociação de herança com MPF
Sobre a relação Moro/Eduardo Cunha
Sobre o papel do Banco Central no golpe
Sobre o caso Marielle e sua relação com o Evangelistão do Pó
Sobre a ultradireita nacional, militares e cooptação cultural dos EUA
Sobre igrejas evangélicas servindo como um depósito de mão de obra e espaço de lavagem de dinheiro
Sobre a participação do HSBC no escândalo com o narcotráfico
Sobre a associação entre tráfico, igrejas e milícias no Río de Janeiro
Romulus Maya falando sobre o Evangelistão do Pó
Romulus Maya falando sobre Lava-Jato e o Esquema com Rosângela Moro/Sérgio Moro
Romulus Maya sobre o Evangelistán do Pó/Deep State/Trump e Bolsonaro
Sobre Evangelistão/Colômbia/assassinatos de ativistas – Trump/guerras/Irán
Sobre a parcialidade da Lava-Jato
Sobre o conceito de civilização judaico-cristã
Sobre o Deep State e a influência de Israel
01/Outubro/2020
Ver também:
A
infernal máquina brasileira de lavar dinheiro , de Pepe Escobar
O original encontra-se em duploexpresso.com/?p=115204
Este artigo encontra-se em https://resistir.info/
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