sexta-feira, 8 de maio de 2020

8 de Maio: derrota total ou libertação da Alemanha?


O fim da Segunda Guerra foi seguido por uma batalha ideológica sobre culpa e responsabilidade históricas. Enquanto o lado ocidental foi aos poucos alinhando discurso, o Leste comunista sempre teve estratégia clara.

Em 8 de maio de 1945, as armas finalmente silenciaram na Europa. A Segunda Guerra Mundial, desencadeada pela Alemanha nazista em 1939, havia terminado no continente – na Ásia, continuaria até agosto. Com a capitulação incondicional da Wehrmacht, as forças armadas de Adolf Hitler, o derramamento de sangue, que custara milhões de vidas, se encerrava.

Para os países que formaram a coalizão internacional anti-Hitler – liderada por União Soviética, EUA, Reino Unido e França – o 8 de Maio é desde então, apesar de toda a carga negativa associada à guerra, também motivo de celebração. 

Ao mesmo tempo, o clima na Alemanha devastada pela guerra, dividida pelas potências vencedoras em quatro zonas de ocupação, era diferente. A derrota militar total foi acompanhada de um sentimento de culpa e vergonha. Ao invadir a Polónia, o Terceiro Reich desencadeou a guerra e se tornou culpado de crimes sem precedentes contra a Humanidade, sobretudo o extermínio sistemático de seis milhões de judeus.

Mas mesmo todo o horror causado pela guerra não foi suficiente para levar, nos anos seguintes a 1945, a enorme maioria dos alemães a pensar no 8 de Maio como um dia de libertação. Assim também foi nos países da Europa que, durante os seis anos de guerra, foram ocupados por soldados alemães. 

Finda a guerra, a situação era diferente: era a Alemanha, perdedora, que estava ocupada. E na guerra ideológica entre a União Soviética comunista e os aliados ocidentais democráticos, a divisão da Alemanha, mas também da Europa, se delineia.

RUMO A UM RENDIMENTO MÍNIMO EUROPEU


Este é o momento para a UE olhar para o futuro e prosseguir o seu programa, tendo em vista a apresentação de um plano de ação para a implementação do Pilar Europeu dos Direitos Sociais e, assim, lançar um “escudo social europeu”.

Ana Mendes Godinho, Pablo Iglesias Turrión. Nunzia Catalfo | Público | opinião

A Europa enfrenta atualmente o maior desafio da sua história desde a Segunda Guerra Mundial: combater a pandemia de covid-19, salvando o maior número possível de vidas. Os impactos sociais e económicos desta crise começam a fazer-se sentir ao nível nacional e europeu, com particular enfoque para o mercado de trabalho, com impactos profundos na vida dos cidadãos.

Temos de dar particular atenção aos grupos mais vulneráveis e adotar medidas ambiciosas e corajosas de solidariedade para evitar o risco de pobreza e exclusão social. Atualmente, a Europa tem mais de 113 milhões de pessoas em risco de pobreza e exclusão social e 25 milhões de crianças que vivem abaixo do limiar da pobreza. Torna-se necessário adotar medidas urgentes para evitar o aumento desse número e, ao invés, contribuir para a sua redução.

Portugal | Trivela contra vozes de burros, cabazada de Quaresma


Ferreira Fernandes | Diário de Notícias | opinião

Eu não vou falar da coelha anã "Acácia, a coelha anã do deputado do Chega", fotografada em pose e em gesto fofo com o referido político. Não vou porque também tive um sagui com o qual dormia, agarradinho ao meu pescoço. É certo que eu ainda não tinha idade para ser elegível, tinha oito anos, mas defendo que todos temos direito às nossas idiossincrasias peludas e não devemos ser julgados por elas.

Outra coisa é o caráter que um eleito revela em público. Se for muito peçonhento há que estar atento. Vota-se, espero, pelas propostas políticas de um candidato, mas alguns traços da personalidade ajudam ou desajudam - e, às vezes chegam a ser determinantes. Ao André Ventura, chegam-me as suas ideias políticas, que me repugnam. Acresce, porém, que o homem, pessoa, vai consoante o seu papel político.

Sorte a do bem público, porque assim, juntar a pessoa mais as ideias, tudo mau, então, aumentam as probabilidades do político ser rechaçado - dirá um ingénuo. Errado. Primeiro, porque aquelas inomináveis criaturas serem o Donald e o Jair, não as impediu de serem eleitas com os execráveis programas deles. Segundo, porque o narcisismo patológico, de um, e o ser calhau, de outro, tiveram um efeito de corrupção sobre as sociedades respetivas. E a maré pútrida já se espalhou mundo fora.

É assim que os malefícios que são de prever vindos do político André Ventura, mesmo antes de se transformarem em leis, salvo seja, já o seu comportamento público faz razias sociais. Deixar-se enxovalhar num programa televisivo da CMTV, engolir os insultos, de "vigarista!" a "palhaço!", não desminto a justeza, preocupa-me é o exemplo, é de um, como dizer... pusilânime. Repetir semanas a fio esses tristes diálogos com o mesmo indivíduo que o amarrota e humilha é de um... de um... não há volta a dar, um pusilânime.

E que é um pusilânime? É uma coisa em forma de descer as escadarias da Assembleia da República, numa manif de polícias, os olhinhos circundantes, medrosos, "onde m"estou a meter, valha-me Deus...", apesar do seu grupinho lhe ter garantido o afeto, "e, credo!, se eles me confundem com um político a sério..." Um pusilânime nota-se pelos olhinhos e transpira pusilanimidade pelos poros.

Também há pusilânimes lá fora. O mais famoso foi um adepto de futebol, desses raquíticos e língua de víbora, com um truque: ele insultava os atletas famosos porque estes tinham tudo a perder se respondiam... Ter na mão um poderoso, ah o prazer cobarde da chantagem!

A amiba, num dia de 1995, apanhou o Cantona a caminho do balneário. Cantona, soberbo, costas direitas, cabeça erguida, gola levantada, e o nosso pusilânime, a metro e meio, tungas: insultou. O Cantona levou nove meses de suspensão, e os adeptos do truque sentiram um choque (um deles, literalmente): se calhar é melhor não... Foi remédio santo.

Portugal | ACERCA DE UM POPULISTA, RACISTA, FASCISTA...


Costa critica André Ventura: "O senhor deputado foi de trivela e levou um baile do Quaresma"

O primeiro-ministro salientou esta quinta-feira que "não há nenhum problema" com a comunidade cigana e criticou o deputado André Ventura (Chega), que "foi de trivela" e levou "um baile do Quaresma", em referência à resposta do jogador.

Durante o debate quinzenal que decorreu na Assembleia da República, em Lisboa, o deputado único do Chega questionou António Costa se "concorda ou não que há um problema com a comunidade cigana em Portugal", questionado também o que pensa fazer "com o reiterado incumprimento" às normas de confinamento por causa da pandemia da covid-19.

"Não, não há um problema com a comunidade cigana em Portugal. Agora o senhor deputado é que tem um problema, é que já foi de trivela", respondeu o primeiro-ministro, numa referência à resposta do jogador de futebol Ricardo Quaresma, cuja trivela (jogar a bola com a parte de fora do pé) é a sua "imagem de marca".

António Costa concretizou que existem sim problemas "com pessoas que cumprem ou não cumprem as normas sanitárias".

"E a resposta que temos que ter com qualquer dessas pessoas, qualquer que seja a sua etnia, qualquer que seja o seu local de vida, qualquer que seja a sua origem, qualquer que seja a sua religião, qualquer que seja a sua raça, é muito simples, a lei é para cumprir e deve ser aplicada a todos por igual", salientou.


Brasil | Como o governo sabota estados e municípios


Pandemia faz arrecadação desabar e afeta serviços públicos — em especial, os de Saúde. Mas, ao votar “pacote de ajuda” no Congresso, União libera pouquíssimos recursos e ainda proíbe reajustes nos salários de servidores por 18 meses…

 Eduardo Tadeu Pereira* | Outras Palavras

Ainda não chegou ao fim o longo e tortuoso caminho para os municípios e estados receberem a justa e necessária ajuda da União para enfrentar a crise econômica e fiscal decorrente da pandemia da covid-19, uma vez que esses entes não podem emitir dinheiro ou títulos da dívida, que são prerrogativas da União.

Os municípios brasileiros têm, em geral, cumprido sua parte, tanto na incessante busca pelo controle do contágio, tratamento da doença – investindo na estrutura de saúde – na segurança alimentar e no apoio a micro e pequenas empresas.

O governo, em 2019, enviou ao Congresso o Projeto de Lei Complementar (PLP) nº 149, que estabelecia o Programa de Acompanhamento e Transparência Fiscal e o Plano de Promoção do Equilíbrio Fiscal, que ficou conhecido como plano Mansueto.  A iniciativa previa ajuda da União aos estados, exigindo como contrapartidas uma extensa lista de ações sonhadas por Guedes:

1. Privatização generalizada para quitação de dívidas;
2. Redução de 10% de incentivos ou benefícios;
3. Retirada de benefícios e vantagens do funcionalismo;
4. Estabelecimento de Teto de Gastos;
5. Desvinculação do Orçamento, mantendo só o que está na Constituição;
6. Privatização do saneamento.
Enfim, previa impor a estados um modelo ultraliberal, no estilo FMI nos anos 80.

Com a pandemia da covid-19 e a necessidade de respostas rápidas dos diferentes níveis de governo, a Câmara Federal encaminhou a proposta, mudando-a substancialmente, de forma a transformá-la no Plano de Auxílio a Estados, Distrito Federal e Municípios para mitigar os efeitos da Pandemia da covid-19.

Assim, o documento finalizado pela Câmara previa a compensação pela União a estados, DF e municípios das perdas com ICMS e ISS, através do repasse, por seis meses, de maio a outubro, da diferença entre a arrecadação desses impostos em 2020 em relação a 2019. Com isso, estados e municípios teriam como recompor o orçamento no mínimo nos valores de 2019.

Bolsonaro, o "capitão corona", marca churrascão para 30 pessoas, com "peladinha"


Jair Bolsonaro fez o anúncio no dia em que o Brasil superou 9 mil mortos por coronavírus e, mais uma vez, contrariou as recomendações da OMS e do Ministério da Saúde

247 – Jair Bolsonaro anunciou nesta quinta-feira, dia em que o Brasil superou 9 mil mortos por coronavírus, que fará um churrasco para 30 pessoas, com direito a partida de futebol – o que contraria as recomendações de isolamento social preconizadas pela Organização Mundial de Saúde e pelo Ministério da Saúde. “Vou fazer churrasco sábado aqui em casa. Vamos bater um papo, quem sabe uma peladinha. Devem ser uns 30 (convidados). Não vai ter bebida. Vai ter vaquinha, R$ 70,00”, disse ele, no fim do dia.

"Bolsonaro disse aos jornalistas que vai fazer, no sábado, um churrasco para 30 convidados no Alvorada, "e quem sabe uma peladinha". festinha... com mais de nove mil brasileiros mortos e nenhuma palavra de conforto. zero empatia, zero compaixão, zero liderança", afirmou a jornalista Rosa Riscala, em seu twitter.

Brasil 247 | Imagem: Divulgação redes sociais

No mundo real, a Venezuela luta para não se transformar no Brasil


Na Venezuela tão citada pelo “gado bolsonarista”, o colunista Leandro Fortes, do Jornalistas pela Democracia, lembra que "ao invés de marchar com empresários para a Suprema Corte, colocando a economia acima da vida humana, Maduro pagará os salários de trabalhadores para que fiquem em casa"

Leandro Fortes*, para o Jornalistas pela Democracia - Um pouco para agradar aos Estados Unidos, mas muito para manter o gado de classe média mobilizado, Jair Bolsonaro saiu do Supremo Tribunal Federal dizendo de sua preocupação principal: evitar que, por conta da paralisação da economia provocada pela pandemia da Covid-19, o Brasil vire uma Venezuela.

Foi um movimento bem calculado, porque, mesmo sendo a narrativa de um idiota, ela ainda se enquadra ideologicamente nos noticiários de todas as mídias do País. É o tipo de declaração que mesmo sendo feita por qualquer orelha seca da Câmara de Vereadores de Piracicaba vai encontrar apoio e assentimento imediato nas alvíssimas bancadas da Globo News e da CNN Brasil.

Isso porque a Venezuela é a mamadeira de piroca geopolítica do bolsonarismo. Não importa o absurdo que se diga sobre o país governado por Nicolás Maduro, o gado bolsonarista e a apavorada classe média brasileira engolem com se fosse capim gordura. Faz parte da narrativa de mundo bizarro consolidada na cabeça do brasileiro médio pela cultura de fake news que pôs no Palácio do Planalto um presidente com visíveis problemas mentais.

O fato é que, no mundo real, a Venezuela, país com o menor índice de contaminação e de mortes pelo novo coronavírus, na América Latina, luta para, justamente, não se transformar no Brasil – apontado como epicentro da pandemia, na região, caminhando para quase 130 mil casos e nove mil mortes.

Lá, ao invés de marchar com empresários para a Suprema Corte, colocando a economia acima da vida humana, Maduro pagará os salários de trabalhadores públicos e privados, por seis meses, para que fiquem em casa. Os refugiados, usados maciçamente na propaganda antichavista alimentada pelos Estados Unidos, agora, sem serventia ideológica, pedem para voltar para casa.

Mas o gado segue mugindo e ruminando, em direção ao abatedouro.

*Publicado em Brasil 247, opinião | Imagem: Reuters

A Baía dos Porcos de Trump na Venezuela


Um par de desembarques armados abortados por mercenários liderados pelos EUA na costa da Venezuela no início desta semana deixou claro que a pandemia global de coronavírus e a morte e devastação que causou ao povo americano não fizeram nada para conter a busca predatória e criminal do imperialismo norte-americano. interesses geoestratégicos na América do Sul e em todo o mundo.

O primeiro dos dois desembarques ocorreu no início da manhã de domingo em Maputo, no estado de La Guaira, a apenas meia hora de carro da capital venezuelana de Caracas. Oito dos homens armados que desembarcaram, incluindo o líder do grupo, um ex-capitão do exército venezuelano conhecido como "Pantera" (a pantera), foram mortos e o restante capturado.

Um segundo pouso ocorreu na segunda-feira na península de Chuao, no estado de Aragua, também na costa do Caribe da Venezuela, a oeste de Caracas. Aqui, os invasores armados foram detectados pelos pescadores locais, que os entregaram às forças de segurança venezuelanas.

Entre os capturados estava Josnars Adolfo Baduel, filho de um ex-ministro da Defesa venezuelano enviado à prisão por acusações de corrupção, que esteve no centro de uma série de conspirações. Também foram presos dois cidadãos americanos, Luke Denman, 34, e Airan Berry, 41, ambos identificados como ex-soldados das operações especiais dos EUA. Baduel disse às autoridades venezuelanas que os dois americanos haviam dito a ele que trabalhavam para a força de segurança do presidente dos EUA, Donald Trump.

Autoridades venezuelanas mostraram os passaportes da mídia e os cartões de identificação militar dos dois americanos capturados, além de fotografias de armamentos capturados junto com os mercenários. Eles também divulgaram um vídeo de um interrogatório de Denman, que disse que sua missão era tomar o controle de um aeroporto de Caracas para receber aviões que executariam a entrega do presidente da Venezuela, Maduro, aos EUA. Perguntado sobre quem estava dirigindo a operação, ele respondeu: "Presidente Donald Trump".

No centro da operação estava um Jordan Goudreau, um ex-veterano de boinas verdes do Iraque e Afeganistão, que dirige uma empresa de contratação de segurança privada com sede na Flórida, a SilverCorp USA. Por sua própria conta, Goudreau estava ligado à direita venezuelana e a suas conspirações apoiadas pelos EUA por Keith Schiller, guarda-costas de longa data de Trump, que atuou como diretor de operações do Salão Oval. Desde então, surgiram vídeos mostrando Goudreau trabalhando com segurança nos comícios de Trump.

Os laços do contratante militar com a inteligência dos EUA e o direito venezuelano se tornaram aparentes quando ele foi contratado em fevereiro de 2019 para garantir a segurança de um concerto pago pelo bilionário britânico Richard Branson na fronteira venezuelano-colombiana como parte de uma operação fracassada da CIA Trojan Horse para forçar comboios de ajuda falsos para a Venezuela.

Martin Luther King Jr. e a luta pela igualdade social


Tom Mackaman e Niles Niemuth | WSWS

Na segunda-feira, os Estados Unidos comemoraram o Dia de Martin Luther King Jr., um feriado que marca o nascimento do líder dos direitos civis.

Desde a sua criação nos anos 1980, o feriado teve como objetivo transformar King em um ícone inofensivo da conciliação social, ofuscando ao mesmo tempo suas críticas radicais ao capitalismo e ao militarismo estadunidenses. Mas hoje, em 2020, isso foi somado a um novo impulso. A concepção de King de um movimento democrático de massa pelos direitos civis baseado na ação unificada de todas as seções oprimidas da população está sendo substituída por uma narrativa essencialmente racialista que apresenta toda a história dos EUA em termos de uma luta entre brancos e negros. Essa narrativa racial exige a marginalização do papel histórico de King.

Isso se mostra claramente no Projeto 1619 do New York Times, que faz uma “reformulação” da história das relações raciais estadunidense sem mencionar King. Isso não é um descuido por parte de um projeto que se declara nada menos do que um novo currículo para a educação básica. O centro da política de King - a luta pela igualdade - é contrária aos objetivos do liberalismo contemporâneo, que é baseado em uma luta por privilégios dentro da classe média alta.

King, um pastor e teólogo batista, tornou-se o mais proeminente líder e voz da massiva luta dos direitos civis pela igualdade racial que surgiu no período após a Segunda Guerra Mundial - desde o boicote dos ônibus de Montgomery contra a segregação Jim Crow no estado do Alabama em 1955 até 1968, quando King foi assassinado em Memphis, no estado do Tennessee, enquanto estava apoiando os lixeiros em greve.

King nasceu na cidade de Atlanta, Georgia em 1929, durante um período que os acadêmicos chamaram de o “pior momento” das relações raciais nos EUA. No Sul durante as leis Jim Crow, a partir dos anos 1890, um conjunto de leis retirou o direito ao voto da ampla maioria dos negros. Todos os espaços públicos foram segregados pela lei ou pelo costume - escolas e faculdades; ônibus, trens, bondes; bebedouros e banheiros; restaurantes e cinemas. O casamento inter-racial era ilegal e mesmo interações casuais entre brancos e negros, por exemplo em calçadas, aconteceriam dentro de uma etiqueta criada para humilhar e depreciar os negros.

O Partido Democrata governou o Sul durante as leis Jim Crow sem ser desafiado. Por trás dele havia a ameaça constante da violência racista sancionada pelo governo. Estima-se que multidões e gangues de assassinos lincharam mais de 4 mil negros no Sul dos anos 1870 até os anos 1940.

Contudo, o racismo não era um fim em si próprio. Conforme C. Vann Woodward estabeleceu há muito tempo em A estranha carreira de Jim Crow (1955), ele foi imposto como uma resposta direta ao movimento Populista de fazendeiros pobres, que, nos anos 1880, havia levantado o espectro da união inter-racial entre os oprimidos. O fato de que o livro de Woodward era tido como “a bíblia histórica” do movimento dos direitos civis refletia a concordância desse movimento com sua decisiva conclusão, que, como King disse, “a segregação racial como um estilo de vida não surgiu como um resultado natural do ódio entre as raças” - a posição promovida pelo Projeto 1619 - mas “foi na verdade um estratagema político empregado pelos interesses dos Bourbon no Sul para manter as massas sulistas divididas e o trabalho sulista o mais barato na região”.

O movimento Populista entrou em colapso algumas décadas antes do nascimento de King. A sua incapacidade de superar a oligarquia sulista foi resultado da sua composição social de fazendeiros rurais isolados, uma seção indiferenciada e em rápido declínio da população. Ainda assim, suas conquistas foram extraordinárias. Abalando o sistema de dois partidos até as suas bases, o desafio do Populismo ao capitalismo impulsionou em última instância o surgimento do socialismo estadunidense.

REGRESSAMOS, APÓS BREVE INTERRUPÇÃO

Devido a avarias na engrenagem da internet, que possibilita os recursos imprescindíveis para manter o Página Global online, tem sido impossível proceder à  publicação quotidiana do PG.

Estamos a envidar todos os esforços para conseguirmos a normalização das habituais publicações, contudo é muito provável que durante alguns dias continuemos a sentir dificuldades nesse nosso proposito.

Para além de apresentarmos o nosso lamento e reiteradas desculpas pelas referidas dificuldades passamos a partir de agora a estarmos presentes apesar das limitações sentidas. Estimamos que ao longo de mais três dias voltaremos à normalização da assiduidade que há muitos anos nos caracteriza.

Fazemos questão de vos agradecer por nos acompanharem tão fielmente. Melhores dias virão. É aquilo que desejamos para toda a humanidade, principalmente para os mais injustiçados e oprimidos.

Regressamos, depois de mais de 24 horas de interrupção.

PG

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