Na
Venezuela tão citada pelo “gado bolsonarista”, o colunista Leandro Fortes, do
Jornalistas pela Democracia, lembra que "ao invés de marchar com
empresários para a Suprema Corte, colocando a economia acima da vida humana,
Maduro pagará os salários de trabalhadores para que fiquem em casa"
Leandro
Fortes*, para o Jornalistas pela Democracia - Um pouco para agradar
aos Estados Unidos, mas muito para manter o gado de classe média mobilizado,
Jair Bolsonaro saiu do Supremo Tribunal Federal dizendo de sua preocupação
principal: evitar que, por conta da paralisação da economia provocada pela
pandemia da Covid-19, o Brasil vire uma Venezuela.
Foi
um movimento bem calculado, porque, mesmo sendo a narrativa de um idiota, ela
ainda se enquadra ideologicamente nos noticiários de todas as mídias do País. É
o tipo de declaração que mesmo sendo feita por qualquer orelha seca da Câmara
de Vereadores de Piracicaba vai encontrar apoio e assentimento imediato nas
alvíssimas bancadas da Globo News e da CNN Brasil.
Isso
porque a Venezuela é a mamadeira de piroca geopolítica do bolsonarismo. Não
importa o absurdo que se diga sobre o país governado por Nicolás Maduro, o gado
bolsonarista e a apavorada classe média brasileira engolem com se fosse capim
gordura. Faz parte da narrativa de mundo bizarro consolidada na cabeça do
brasileiro médio pela cultura de fake news que pôs no Palácio do Planalto um
presidente com visíveis problemas mentais.
O
fato é que, no mundo real, a Venezuela, país com o menor índice de contaminação
e de mortes pelo novo coronavírus, na América Latina, luta para, justamente,
não se transformar no Brasil – apontado como epicentro da pandemia, na região,
caminhando para quase 130 mil casos e nove mil mortes.
Lá,
ao invés de marchar com empresários para a Suprema Corte, colocando a economia
acima da vida humana, Maduro pagará os salários de trabalhadores públicos e
privados, por seis meses, para que fiquem em casa. Os refugiados,
usados maciçamente na propaganda antichavista alimentada pelos Estados Unidos,
agora, sem serventia ideológica, pedem para voltar para casa.
Mas
o gado segue mugindo e ruminando, em direção ao abatedouro.
*Publicado
em Brasil 247, opinião | Imagem: Reuters
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